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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA PSICOLOGIA REFLEXÃO DO FILME “Como Estrelas na Terra” ELENA COLINA RA D85281-7 SÃO PAULO 2022 1. Análise do Filme “Como Estrelas na Terra” é um filme indiano lançado em 2007 e dirigido por Aamir Khan e Amole Gupteque. A história retrata a vida de Ishaan Awasthi, um menino de nove anos muito alegre e criativo, que se aventura nas mais diversas brincadeiras, mas que padece de algumas dificuldades em seu desenvolvimento escolar. Nas primeiras cenas do filme podemos verificar toda criatividade do menino, que desenha, brinca em sua cidade, e demonstra muita alegria e espontaneidade. Por outro lado, a todo momento é repreendido por todos ao seu redor, que o acusam de ser preguiçoso e indisciplinado por conta de suas eventuais dificuldades de aprendizado. Além de tudo, também o comparavam constantemente com seu irmão mais velho que obtinha muito sucesso acadêmico. Por não conseguir acompanhar sua turma na escola, Ishaan corre o risco de uma terceira repetição, o que é compreendido por seu pai como um grande fracasso. A família e todos professores acreditam na intensa necessidade do êxito escolar e profissional, retratando a visão da importância do sucesso e da formação de cidadãos trabalhadores. Assim se vê então como única solução a transferência do menino para um colégio interno. Em diversos momentos podemos verificar o despreparo dos pais de Ishaan e dos professores para lidar com a criança, sempre castigando e humilhando o menino. A singularidade do menino não é levada em consideração nesta transferência de colégio, e Ishaan sem entender o que está acontecendo, sofre pela separação da família e por acreditar que está sendo castigado. Nesse ensejo o garoto ilustra um pequeno livro, onde retrata a sua cisão de sua família. Ao ser recebido no novo colégio, percebemos a mesma postura advinda dos docentes, que repreendem Ishaan com castigos físicos e violência verbal. Agora, além do sofrimento propiciado pela instituição, o garoto se vê longe de sua família, não tendo a quem recorrer. Desse modo, ao passarem os dias neste novo colégio, Ishaan que antes era um garoto alegre, espontâneo e criativo se desmotiva, perdendo o interesse por suas atividades favoritas e passando a ser uma criança triste, deprimida e quieta. O filme evidencia com clareza a realidade vivida na maioria das escolas ao receberem um aluno com alguns transtornos de aprendizagem. Não é verificado qualquer preparo para lidar com tais adversidades, e ainda é compreendido que seja melhor uma sala de aula com alunos iguais que não tragam grandes preocupações aos professores. A situação de Ishaan e suas dificuldades somente são compreendidas e vistas quando um novo professor de artes chega ao colégio, o senhor Ram Shankar Nikumbh, que adota metodologias totalmente inovadoras e mais flexíveis de ensino. Ram Shankar percebe a grande dificuldade do garoto e seu estado de ânimo deprimido, e passa a investigar mais a fundo seu desempenho acadêmico, procurando por seus cadernos e atividades. Esse docente acreditava nas potencialidades e habilidades de cada criança, e consegue verificar que Ishaan sofria de Dislexia, por isso era tão incompreendido e não conseguia acompanhar a turma. Neste ensejo percebemos que tal profissional é o único a verificar a dificuldade da criança, evidenciando o silenciamento do transtorno do menino e a dificuldade de pais e professores em lidar com estas adversidades. Em momento algum é questionado pelos outros personagens se as dificuldades do menino poderiam advir de outros fatores, sempre o culpabilizando por suas contrariedades, ignorando fatores ambientais. Ishaan após tanto tempo sendo chamado de idiota, mal, burro e preguiçoso, passa a acreditar nisso, perdendo todo sua autoconfiança. O professor Ram também lecionava no turno inverso na Escola Tulipa de Educação Especial, local onde somos apresentados a novos métodos de ensino, e uma aprendizagem fora dos muros da sala de aula. Ram empenhado em ajudar o garoto, visita a casa de Ishaan para conversas com seus pais, que ao receber a hipótese diagnóstica de dislexia, reagem com muita decepção, questionando o professor acerca do futuro do garoto e como ele poderia trabalhar e ter sucesso. O professor chega a relatar para a família as grandes habilidades artísticas do garoto, fato esse que é renegado pelo pai que questiona o que importa essa aptidão se ele não conseguiria ser alguém na vida. Frente a tal indisponibilidade da família, Ram recorre ao diretor do internato, pedindo permissão para trabalhar fora dos horários de aula com Ishaan ajudando-o com diferentes métodos para ler e escrever. O diretor por sua vez se mostra desacreditado dos novos métodos propostos por Ram, alegando ainda que precisava de um motivo para expulsar o garoto do colégio. Mesmo frente às resistências encontradas, o professor não desiste e passa a ensinar Ishaan a ler e escrever de diferentes formas, incluindo jogos lúdicos e brincadeiras sensoriais. O professor ensina o garoto explorando o mundo, dando um novo significado ao aprendizado. A partir dessa intervenção propiciada pelo professor Ram, Inshan aprende a ler e escrever, conseguindo agora se empenhar mais efetivamente em suas atividades e tarefas acadêmicas. Ressaltamos que Ram não apenas forneceu o suporte do aprendizado para o menino, mas também um espaço para a valorização de suas singularidades; Inshan agora se sente mais confiante para se expressar e dar voz a sua criatividade. Neste sentido, torna-se indispensável na prática docente a maior clareza do processo de inclusão, bem como a importância de tais processos na formação dos educadores, visando assim facilitar o trabalho nas escolas, de forma que todos tenham melhores condições de aprendizagem. Dessa forma, o filme retrata a prática da inclusão. Chegando ao final do filme, o professor Ram sugere um concurso de artes na comunidade no colégio. Nesse evento, Ishaan demonstra todos seus progressos, vencendo com a apresentação do melhor desenho, sendo esse posteriormente impresso na agenda anual do colégio. Mesmo tendo ganho, o garoto se mostra desacreditado de sua vitória, cena que nos mostra mais uma vez os impactos das antigas punições e humilhações em sua autoconfiança. No fim, vemos Ishaan novamente alegre, sorridente e correndo com outras crianças. O filme evidencia a importância das práticas inclusivas, e nos faz refletir e repensar práticas acadêmicas arcaicas que perduram até hoje. 2. Referências Bibliográficas COMO ESTRELAS na Terra. Direção: Aamir Khan Amole Gupteque. Índia: [s. n.], 2007. Disponível em: Netflix. Acesso em: 15 jun. 2022.