Buscar

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 53 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Neurociências das Emoções 1
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
NEUROCIÊNCIAS DAS 
EMOÇÕES
Neurociências das Emoções 1
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
DA SILVA, Veronica Gabriela Ribeiro, 2021. 
Neurociências das Emoções - Jupiter Press - São Paulo/SP
52 páginas;
Palavras-chave: 1. Neurociências 2. Emoções 3. Educação
Neurociências das Emoções 2
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
s
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................4
1. A EVOLUÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS ................................................................................5
1.1 ENTENDENDO NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................5
1.2 RAZÃO X EMOÇÃO - UMA DICOTOMIA ULTRAPASSADA ............................................8
2. AS BASES NEUROPSICOLÓGICAS DAS EMOÇÕES ...........................................................12
2.1 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO NEUROFUNCIONAL DO SISTEMA
 NERVOSO...............................................................................................................................................12
2.2 A NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES ............................................................................16
2.3 EMOÇÕES: UNIVERSAIS OU CULTURAIS ...................................................................22
3. NEUROCIÊNCIAS, APRENDIZAGEM E EMOÇÕES .............................................................24
4. AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIAS ....................................................................................................27
 4.1 INTELIGÊNCIA - O QUE É? PARA QUÊ SERVE? ......................................................27
4.2 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NAS TEORIAS DO 
DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................................32
5. PLASTICIDADE CEREBRAL E AS EMOÇÕES ...........................................................................40
 5.1 MEMÓRIAS, EMOÇÕES E NEUROPLASTICIDADE ...............................................42
6. AFETIVIDADE E SEUS TRANSTORNOS .......................................................................................45
 6.1 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS .........................................................................................45
 6.2 TRANSTORNO BIPOLAR .......................................................................................................47
6.3 ESQUIZOFRENIA ........................................................................................................................48
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................50
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................51
*
* A navegação deste e-book por meio de botões interativos pode variar de funcionalidade dependendo de cada leitor de PDF.
Neurociências das Emoções 3
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), é com imensa satisfação que apresento a você o 
conteúdo da disciplina Neurociências das Emoções. Nesse e-book você 
encontrará o que há de mais cientificamente atual e contextualizado no que diz 
respeito aos conhecimentos sobre as bases neuropsicobiológicas das emoções, 
o processo evolutivo humano, a importância de conhecer e saber lidar com as 
emoções em vários contextos e principalmente na área educacional, sabendo 
também reconhecer transtornos e algumas dificuldades que afetam nosso 
sistema em termos emocionais.
No primeiro e segundo capítulos apresentarei evidências de como as 
pressões naturais e sociais influenciaram o desenvolvimento das emoções e 
relações, fomentando, assim, comportamentos que auxiliaram a sobrevivência de 
nossa espécie e nossa existência há milhares de anos. Conversaremos também 
sobre a organização biológica do cérebro e como ter o conhecimento de suas 
estruturas e propriedades permite a estudiosos e profissionais de qualquer área 
manusear métodos e ferramentas para otimizar seu uso.
No terceiro e quarto capítulos discutiremos melhor as influências das 
emoções e da afetividade no processo de ensino-aprendizagem que é inerente 
a qualquer área do conhecimento. Afinal, somos eternos aprendizes assimilando, 
(re)conhecendo e (re)significando coisas novas todos os dias. 
Por fim, no quinto e sexto capítulos conversaremos e discutiremos melhor 
o processo de adaptabilidade do cérebro, seus processos e flexibilidade, assim 
como também suas falhas, que acabam por gerar transtornos e dificuldades que 
permeiam a vida de milhares de pessoas e a sociedade como um todo.
Sendo assim, o material visa abordar alguns principais temas ligados às 
Neurociências das Emoções, lhe dando base para continuar seus estudos e se 
aprofundar ainda mais no assunto.
Espero que seja uma leitura útil e envolvente e que desperte seu interesse 
ainda maior pelo fascinante mundo do cérebro e das emoções. Excelente estudo!
Neurociências das Emoções 4
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
1. A EVOLUÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS
1.1 ENTENDENDO NOSSA HISTÓRIA
Você já parou para pensar e perceber o quanto e como as emoções afetam 
seu dia-a-dia e suas relações sociais? E isso não é de hoje! Nossos ancestrais do 
gênero Homo há milhões de anos atrás e outros animais atualmente, convivem, 
sobrevivem e se adaptam ao meio baseados em suas emoções. Muitas vezes, 
contudo, sem perceber sua importância e influenciam em diversos setores de sua 
vida.
Imagem 1. A evolução do cérebro.
Fonte. saberatualizadonews.com/
Mas e a evolução biológica das nossas emoções, como foi que aconteceu? 
E o que nos propiciou? Para responder essas e outras perguntas, é necessário 
voltar no tempo levando em consideração toda a história da humanidade e seu 
desenvolvimento. E uma das maneiras mais didáticas que os pesquisadores 
encontraram para explicar esse desenvolvimento foi dividindo em três grandes 
e importantes revoluções a nossa história: a Revolução Cognitiva, bem no ínicio 
do surgimento dos primeiros indivíduos da espécie Homo sapiens, 70 mil anos 
atrás, que permitiu uma intensa evolução em termos biológicos e diversidade 
comportamental; a Revolução Agrícola, há 12 mil anos, que passou a acelerar 
nosso desenvolvimento social e uma expansão em termos de espaço e perspectiva 
de futuro; e, por fim, a Revolução Científica, na qual ainda nos encontramos e 
Neurociências das Emoções 5
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
iniciou por volta de 500 anos atrás, deixando a cada ano seu legado de avanço 
e refinamento de métodos, conhecimento e práticas em diversos contextos 
(HARARI, 2011).
Para entender melhor
Tem curiosidade de saber mais sobre as Revoluções que impactaram nossa 
história e outras questões ligadas à evolução e sobrevivência da nossa espécie no 
contexto atual? Veja a resenha do best seller Sapiens - Uma Breve História da 
Humanidade (2011) do professor e escritor Yuval Harari, reconhecido como um 
dos maiores pesquisadores contemporâneos.
Mas você pode estar se perguntando: o que essas revoluções na história 
da humanidade tem a ver com o desenvolvimento e evolução neurobiológica 
das emoções? Para explicar melhor sobre os processos, pontuamos algumas 
questões já discutidas pela pesquisadora Katherine Peil Kauffman ao longo dos 
seus estudos. Entre elas, a hipótese principal de que o maior propósito da emoção 
é a autorregulação, e que tal premissa faria dela precursora de qualquer outro 
sentido desenvolvido, seja ele tato, olfato, visão ou audição.
https://youtu.be/AdkDyqxJULE
Neurociências das Emoções 6
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 2. Visão holística sobre as emoções
Fonte: Shutterstock.com
Isso nos faz inferir que ao longo dos milênios e milênios de maturaçãoe 
adaptação, a emoção se tornou o papel central para entendermos questões 
do âmbito da cognição, motivação, aprendizado e cultura, e até mesmo para 
identificar como e porquê socializamos e o que isso traz de benéfico ou não para 
a existência humana.
Kauffman pontua também que as emoções são um produto evolutivo 
da sensibilidade de todos os sistemas vivos em resposta adaptativa ao meio, 
corroborando com a ideia central de um dos principais pesquisadores da História 
das Ciências, o naturalista Charles Darwin (1809-1892), em sua obra intitulada 
A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais (1872). Aqui, entende-se 
que as emoções formam um sentido primitivo, comum a todos os animais - sim, 
inclusive os humanos! - que nos propiciam capacidade de resistência, proteção, 
fuga e reprodução, fomentando, de forma geral, o princípio de reprodução da 
espécie, inerente a todo organismo. Sobrevivência, adaptação e autorregulação 
formam, portanto, o tripé do propósito evolutivo das emoções.
Neurociências das Emoções 7
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
1.2 RAZÃO X EMOÇÃO - UMA DICOTOMIA 
ULTRAPASSADA
Você já deve ter percebido o quanto as concepções de razão e emoção são 
utilizadas com frequência de maneira opostas, como diretamente excludentes. 
É como se uma não pudesse coexistir com a outra em um mesmo espaço, em 
um argumento, em qualquer ação… dentro de você. E mais: no geral as emoções 
são utilizadas como sinônimo de fraqueza, pieguice e estão diretamente ligadas 
a ideias negativas ou inferiores. Enquanto que a razão sempre dá a ideia de 
superioridade, argumentação forte e irrefutável ou de alguém muito seguro de si. 
Mas e se eu lhe dissesse que a ciência já provou não ser tão simples assim?
Para explicar melhor tudo isso, precisamos voltar alguns séculos e entender 
outro dualismo também bem comum em nossa história: mente e corpo como 
entidades distintas e sem relação. É claro que desde que a espécie humana 
existe, o homem vem se preocupando com sua existência e procurando maneiras 
de sobreviver às adversidades do meio. Uma dessas formas desenvolvidas foi 
também começar a se questionar sobre sua própria existência, sua origem e 
função dentro do espaço que ocupava e na sua relação com seus pares da mesma 
espécie, tribo, sociedade e com outros animais e elementos bióticos e abióticos 
(aqueles providos e desprovidos de vida, respectivamente).
Imagem 3. Platão
Fonte: freepik.com
Neurociências das Emoções 8
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
No registro da História da humanidade, grandes filósofos tiveram um 
papel de destaque e entre eles, um dos mais conhecidos: Platão (séc. IV a. C.). 
Documentalmente, ele foi um dos primeiros a questionar sobre a origem das 
emoções e da razão, o porquê de existirem e ao quê e a quem estavam relacionados. 
A priori, foi sendo contra a filosofia de Heráclito que ele botou em questionamento 
a transitoriedade das coisas. A fim de buscar a verdade sobre aquilo que o cercava, 
Platão pontuou que não era possível existirem verdades subjetivas, particulares ou 
relativas na criação e desenvolvimento do conhecimento e que nossas emoções, 
fruto de experiências bastante individualizadas, nos enganavam e deturpavam 
nossas ideias sobre o mundo. Para tal filósofo, as emoções estavam ligadas ao 
corpo físico, que era mutável e dependia diretamente do seu contexto, enquanto 
que a razão estava ligada ao mundo lógico, pelo qual o acesso a realidade se dava 
e era possível entender e tirar conclusões universais. Para Platão, portanto, alma e 
corpo eram de naturezas distintas (Schultz & Schultz, 2019).
No período moderno (historicamente delimitado entre o final do século XV e 
século XVIII, com as grandes revoluções científicas e econômicas), outro grande 
pensador e cientista merece o devido destaque nessa discussão: René Descartes 
(1596 - 1650). Descartes foi um dos principais defensores da dualidade mente-
corpo mas, diferentemente de Platão, defendia uma influência mútua dessas 
duas entidades. Ainda assim, seu método cartesiano - descrito como base do 
conhecimento científico através de evidência, análise, síntese e enumerações em 
sua mais conhecida obra Discurso do Método - distinguiu três categorias desse 
dualismo: 
1. Dualismo de substância: sugere que mente e corpo possuem 
fundamentalmente matérias de origem distintas, e pontua que a matéria 
de origem mental pode existir fora do corpo;
2. Dualismo de propriedade: sugere distinção ontológica (que está ligada 
à essência) entre mente e corpo, principalmente quando reduzidos aos 
seus elementos psicológicos e biológicos.
3. Dualismo de predicado: sugere a irredutibilidade de propriedades 
mentais a propriedades físicas. Em outras palavras, não seria possível 
entender e/comparar fenômenos mentais com os físicos.
Neurociências das Emoções 9
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 4. René Descartes
Fonte: filosofianaescola.com
René Descartes ainda lançou outra obra bastante conhecida chamada As 
Paixões da Alma (1649). Nela o cientista pontua que o que conhecemos como 
“paixões”, na verdade são sensações precursoras das emoções. Traduzindo 
tal noção para os entendimentos fisiológicos atuais, as paixões atuam como 
combustível para as emoções e essas movem o “espírito”. Essa é uma das formas 
pelas quais Descartes entendia que a alma ou mente, influenciava o corpo, como 
define no trecho a seguir: 
“As percepções ou sensações ou excitações das emoções, que são cau-
sadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos espíritos [...] 
movem o corpo em todas as diferentes maneiras pelas quais este pode 
ser movido”
(DESCARTES, 1989, p.24)
Já na contemporaneidade, a discussão é um pouco diferente e mais avançada, 
e se aproxima cada vez do que a ciência tem provado ao longo dos últimos anos. 
Com o advento de grandes revoluções científicas, principalmente baseada 
em grandes obras como A Origem das Espécies (Darwin, 1859), vem sendo 
comprovada a grande influência do meio nos processos mentais, cognitivos e 
comportamentais e, a partir disso, uma consequente pressão para adaptação.
Atualmente, o pesquisador mais conhecido que tem se debruçado em 
entender o papel das emoções, sua relação com o meio e sua estreita ligação com 
os processos racionais é o neurologista português António Damásio. 
Neurociências das Emoções 10
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Sua principal teoria e linha de estudo é baseada na Hipótese do Marcador 
Somático, que sugere que emoções têm um papel fundamental na habilidade de 
tomada de decisões racionais em situações complexas, incertas e desafiadoras 
(Damásio, 2005).
Mas afinal, o que seriam marcadores somáticos? Sousa (2020), a partir 
das produções científicas de Damásio e outros pesquisadores da área, os 
definem como reações emocionais, baseadas em nossas experiências de vida 
e principalmente fruto das influências do meio, que aumentam a eficiência e a 
precisão do processo de tomada de decisão. O autor também chama a atenção 
para explicar que nem sempre os marcadores somáticos se expressariam em 
formas comportamentais, podendo também agir na forma de mecanismos 
atencionais, ajudando na escolha de alternativas dentro do processo decisório. 
Evolutivamente, significa a otimização de recursos como energia e tempo, 
propiciando melhor adaptação do meio e sobrevivência.
Quer entender melhor e de forma sintética sobre a principal obra de António 
Damásio, na qual ele discute algumas proposições feitas por René Descartes e os 
avanços do entendimento sobre a relação de Razão e Emoção? Leia a resenha de 
O Erro de Descartes feita por pesquisadores brasileiros: 
No próximo capítulo, resgataremos um pouco mais sobre os estudos 
de Damásio e explicaremos melhor sobre as áreas anatômicas funcionais e a 
fisiologia envolvida nas Neurociências das Emoções. Continue sua leitura e nos 
encontramos em breve!
https://psicologiacatalao.com.br/2020/02/16/tomada-de-decisao-e-emocao/
https://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a13v02n2.pdfNeurociências das Emoções 11
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
2. AS BASES NEUROPSICOLÓGICAS DAS EMOÇÕES
É possível fazermos uma longa viagem a pé, de olhos fechados e mesmo assim 
chegar ao nosso destino? Sim, é possível. Mas além de ser algo extremamente 
trabalhoso e cansativo, as condições nos levam a caminhos equivocados, 
perigosos, muitas vezes sem orientação, e que demandam muito mais tempo do 
que se tivéssemos o conhecimento prévio dos mesmos, com os devidos meios 
e ferramentas e sabendo onde e como procurar ajuda quando precisássemos. É 
assim a nossa vida sem os conhecimentos básicos do principal sistema e órgão 
mediador entre o mundo interno e externo. Sendo assim, esse capítulo visa 
apresentar melhor as organização estrutural e funcional do sistema nervoso, as 
funções do cérebro e seu papel na regulação das emoções.
2.1 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO NEUROFUNCIONAL DO 
SISTEMA NERVOSO
As Neurociências se propõem a desmistificar o cérebro, seu padrão de 
formação e ação, suas funções e seus constituintes celulares. O cérebro é para 
os animais, em geral, o principal órgão gerador e regulador de respostas aos 
estímulos do meio. Desse modo, o cérebro é o órgão responsável pelas emoções 
e comportamento e, para obter sucesso na empreitada da vida, toda e qualquer 
pessoa deve compreender como o sistema nervoso se desenvolve, se organiza e 
funciona como um todo.
O primeiro passo é, portanto, identificar e caracterizar segundo à forma, 
localização e função os constituintes neurobiológicos que fazem parte de 
processos comportamentais e cognitivos, tal como atenção, memória, raciocínio, 
leitura, linguagem, capacidade de julgamento, locomoção e interação. Todos 
esses processos são frutos de circuitos nervosos formados a partir das células 
especializadas do sistema, os neurônios, que de acordo com sua organização, 
morfologia e interações entre si, permitem arranjos complexos capazes de 
decodificar estímulos e gerar ações.
Os neurônios são os principais responsáveis pelo processamento e 
transmissão de informações. São células diferenciadas que compõem a unidade 
básica do sistema nervoso, levando impulsos elétricos do cérebro – órgão de 
processamento – aos demais sistemas do organismo. Morfologicamente é 
composto pelas seguintes partes, como representado na figura: 
Neurociências das Emoções 12
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 5. Partes de um neurônio
Fonte: freepik.com
• Corpo celular ou Soma, 
• Núcleo celular; 
• Dendritos - prolongamentos numerosos e curtos do corpo celular, os 
receptores de impulsos; 
• Axônio - prolongamento que transmite o impulso nervoso vindo do corpo 
celular; 
• Telodendritos ou terminais axonais - onde o impulso passa de um 
neurônio para o outro, ou para outro órgão.
 
Os impulsos nervosos, responsáveis por levar informações de um lado 
para o outro no organismo ou frutos da interação com o meio, são disparados 
continuamente, modulando tais informações e repassando-as para outros 
neurônios por meio das sinapses – locais onde acontecem e regulam a passagem 
dos impulsos – através da ação de neurotransmissores, que pode excitar ou 
inibir essa transmissão. A qualidade de realização de uma ação, seja ela de 
forma intelectual, linguística e/ou motora depende diretamente da eficiência 
das transmissões sinápticas, que podem transformar estímulos sensoriais em 
impulsos elétrico os quais serão decodificados por áreas superiores do sistema 
nervoso, gerando o que chamamos de percepção.
Vale aqui ressaltar que nem todos os estímulos para os quais somos 
apresentados geram de fato a percepção. No processo de aprendizagem, por 
exemplo, no qual a percepção é gerada e modulada, ocorre uma seleção dos 
Neurociências das Emoções 13
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
estímulos externos em ordem gradativa por meio de processos cognitivos como 
a atenção e a memória (temas que aprofundaremos nos próximos capítulos deste 
material). Parte de toda gama de estímulos que recebemos continuamente é 
selecionada e processada, enquanto outra parte é diminuída e descartada.
Outra região também de extrema importância para o entendimento do 
sistema nervoso, a porção externa do cérebro, é chamada de córtex cerebral, 
responsável pelas operações de capacidade cognitivas, como linguagem, 
memória, planejamento de ações, raciocínio crítico – conhecidas também como 
funções superiores. 
A partir da função de cada área cerebral, o córtex é subdividido em lobos, os 
quais - apesar de indissociáveis no sistema e em seus processos como um todo 
– desempenham funções específicas. São eles: lobo frontal, lobo parietal, lobo 
temporal e lobo occipital, como na imagem 6.
Imagem 6. Subdivisão funcional do córtex cerebral
Fonte: infoescola.com
A tabela 1, logo a seguir, descreve as funções de cada lobo já reconhecidas 
cientificamente, buscando promover a melhores estratégias e recursos baseados 
no cérebro:
Neurociências das Emoções 14
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
LOBO FUNÇÕES
 
 
 
 
Lobo Frontal
· Controle das funções motoras – pla-
nejamento dos atos e organização 
psicomotora;
· Julgamento, interpretação da emo-
ção, modulação da memória imediata 
e atenção;
· Flexibilidade em resolução de pro-
blemas, comportamento social e mo-
tivação;
· Responsabilidade pela fala articula-
da, fluência verbal e identificação de 
erros
 
Lobo Parietal
· Processamento da sensibilidade – 
percepção relacionada ao esquema 
corporal (processamento espacial);
· Reconhecimento tátil de objetos e 
formas.
 
Lobo Occipital
· Processamento da visão – análise 
de lugar, movimento e cor de objetos;
· Controle da fixação visual;
· Interpretação da percepção visual.
 
 
 
Lobo Temporal
· Processamento da informação audi-
tiva – classificação de sons;
· Processamento de emoções e me-
mória episódica;
· Controle de emoções, saciedade, 
desejo de fuga, impulso sexual, luta e 
proteção;
· Percepção e reconhecimento o olfa-
to e do paladar
Tabela 1. Os lobos corticais e suas respectivas funções
Fonte: Cosenza & Guerra, 2011 (adaptada).
Neurociências das Emoções 15
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Em resumo, os processos sensoriais começam sempre nos receptores 
especializados em captar um tipo de neurotransmissores e os impulsos são 
propagados pelos neurônios, gerando um circuito que leva as informações até 
áreas superiores (corticais) para serem processadas. O entendimento e manuseio 
das ações cognitivas permite o reconhecimento de padrões de entrada, 
elaboração e saída de informações recebidas, permitindo assim também que haja 
identificação prévia de possíveis dificuldades, podendo reelaborar estratégias 
prévias que visem alcançar resultados mais expressivos, quanto a objetivos que 
podem ser educacionais, pessoais, intelectuais, entre outros.
Sendo assim, as Neurociências colaboram para uma reformulação dos 
saberes e práticas cotidianas. Saber lidar com nossa formação biológica natural 
nos permite ter controle sobre as mais variadas ações e reações. E no mai diversos 
contextos, as estratégias propostas baseadas nos conhecimentos do cérebro 
podem ajudar a transformar qualquer pessoa em um sujeito autônomo, capaz, 
flexível, estrategista e motivado, adaptando-se aos seus objetivos e contexto, 
gerando mudanças profundas nos paradigmas.
2.2 A NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES
No subcapítulo anterior você pode perceber como algumas partes do cérebro 
são mais especializadas, desenvolvidas e definidas do que outras para assimilar, 
reconhecer e processar alguns procedimentos cognitivos e comportamentais 
que influenciam as ações e vivências humanas. No geral, isso não significa 
que apenas uma parte do cérebro é responsável por apenas uma função, mas 
significa, sobretudo, que ela é a principal responsável pelo bom funcionamento 
daquele processo. Nunca se esqueça que o cérebro e todo o sistema nervoso 
são integrados. O seu bom funcionamento depende da correta performance e 
ligaçãode toda as estruturas.
No caso das emoções e seus processos afetivos, a situação não é muito 
diferente. Paul Broca (1824 - 1880), cirurgião e antropólogo francês, promoveu 
excelentes contribuições para o estudo das emoções ao longo de suas pesquisas, 
como a nomeação e intensas pesquisas sobre o grande centro de processamento 
emocional que ele chamou de Sistema Límbico.
Neurociências das Emoções 16
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
O sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, é o 
responsável e/ou está diretamente ligado aos comportamentos ligados à memória 
e respostas emocionais. Sabe aquela emoção que surge ao perceber o cheiro de 
uma pessoa querida sem a presença dela? Ou sentir de longe o cheiro de comida 
de vó que relembra a infância? É o sistema límbico em ação!
São partes fundamentais do cérebro emocional estruturas como:
• Giro do Cíngulo - Constituído de fibras nervosas capazes de interligar os 
dois hemisférios cerebrais, tal estrutura é responsável pela percepção de 
odores e ativação de memórias agradáveis, bem como também responsável 
por respostas reguladoras de dor e de comportamento agressivos;
• Corpo Amigdalóide (ou amígdalas cerebrais, uma em cada hemisfério 
do cérebro, mas que nada têm a ver com a estrutura de gânglios linfáticos 
que temos em nossa garganta) - estrutura de ligação com hipocampo e 
hipotálamo através o fórnix (estrutura de feixes nervosos cuja principal 
função é a transmissão de sinais biológicos), é uma das principais 
reguladoras de atividades autônomas, como pressão arterial batimentos 
cardíacos e respiração, por exemplo, assim se tornando também uma das 
principais reguladoras de agressividade. Dentre as áreas e estruturas 
reguladoras, é uma das mais importantes geradoras de respostas 
emocionais que advém do comportamento social, tanto entre humanos, 
como em outros mamíferos, entre eles o reprodutivo e o de sobrevivência;
• Tálamo - é responsável por funções motoras e sensitivas, regulando tanto 
a consciência, como o sono e também os estados de alerta. Tem também 
uma importante função de comunicação entre as demais estruturas desse 
sistema; 
• Hipotálamo - Estrutura envolvida com estados de prazer e raiva, e 
principalmente no controle de temperatura corporal. Tais funções internas 
são denominadas de vegetativas, e estão relacionadas de forma geral ao 
comportamento. É um das principais áreas responsáveis pelos transtornos 
de ansiedade, através de uma retroalimentação negativa de emoções;
Neurociências das Emoções 17
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 7. Principais estruturas do Sistema Límbico.
Fonte: todamateria.com.br
• Hipocampo - Principal responsável pela memória, principalmente a de 
longa duração ; 
• Septo - área correlacionada a prazer, principalmente o sexual, coordenando 
sensações como a do orgasmo, por exemplo;
• Corpo Mamilar - Responsável pela manutenção de memória recente e 
espacial, que permite localizar objetos e eventos;
• Tronco Encefálico - possui papel integrador e coordenador de fenômenos 
emocionais;
• Área pré-frontal - é considerada parte funcional do sistema límbico 
por integrar áreas do mesmo como o corpo amigdalóide e tálamo. 
Está relacionada ao raciocínio, percepções, tomada de decisões 
e comportamento afetivo e social e, quando lesionada, afeta 
biopsicosocialmente o indivíduo.
Neurociências das Emoções 18
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
CURIOSIDADE
Lembra do livro O Erro de Descartes mencionado no capítulo 
anterior? Nele, seu autor António Damásio faz referência a um 
caso clínico bastante conhecido, o de Phineas Gage, um sobre-
vivente norte-americano de uma explosão durante seu trabalho 
na construção de trilhos em uma rodovia, na metade do século 
XIX. Apesar de sobreviver, o acidente provocou uma grave lesão 
com uma perfuração de seu crânio por uma barra de ferro, como 
mostra a figura a seguir:
Fonte: sutori.com
 Para conhecer um pouco mais sobre essa história e sua relação 
com a neurobiologia das emoções, assista a resenha feita pelo 
psicólogo Lucas Silva no seu canal no YouTube chamado Leitu-
ras do Lucas, clicando na imagem abaixo:
https://youtu.be/aehk2ksb76E
Neurociências das Emoções 19
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Além desse caso, há outros espalhados no mundo inteiro nos quais lesões 
ou má formação em áreas ou estruturas do cérebro afetaram o sistema límbico 
e suas funções emocionais, como você pode conferir nessa reportagem da BBC 
News Brasil.
Além da formação estrutural e depois de conhecer melhor sobre o funcional 
neural das emoções, você deve estar se perguntando: mas afinal, emoções e 
sentimentos são a mesma coisa? E as Neurociências respondem: biologicamente 
não!
Segundo Relvas (2009), “as emoções são conjuntos de reações químicas e 
neurais que ocorrem no cérebro emocional e que usam o corpo como ‘teatro’, 
ocasionando até as emoções viscerais que afetam os órgão internos, de acordo 
com sua intensidade.”. De fato, as emoções estão sempre acompanhadas de 
respostas autônomas, também conhecidas como respostas involuntárias, pois 
independem da consciência do indivíduo. Tais respostas podem ser ainda de 
origem endócrina ou muscular, e dependem totalmente das áreas corticais 
do sistema nervoso. Sendo assim, as emoções são resultados dos variados 
microsistemas cerebrais que encontram-se distribuídos por todo o organismo, 
tornando inviável a separação de mecanismos fisiológicos das emoções e 
cognição.
Reportagem da BBC News Brasil
Clique aqui para acessar
Para gravar
Neurociências das Emoções 20
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 8. Emoções e Sentimentos.
Fonte: freepik.com
Por outro lado, os sentimentos são a experiência mental fruto das emoções, 
que de maneira muito particular refletem a individualidade de cada sujeito. De 
forma geral, segundo Damásio e LeDoux (2014) sentimento é o significado 
que o cérebro dá para a experiência fisiológica que a emoção gerou. Então, é a 
percepção consciente dessa experiência.
E para ter mais exemplos da distinção entre emoção e sentimentos, sugiro 
a você um vídeo do canal NeuroVOX, onde o Professor Doutor Pedro Calabrez 
mostra um pouco mais o que acontece em seu corpo nas mais variadas situações. 
Assista ao material.
O Que São Emoções e Sentimentos? 
Clique aqui para acessar
Para gravar
Neurociências das Emoções 21
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
2.3 EMOÇÕES: UNIVERSAIS OU CULTURAIS
Segundo Dalgalarrondo (2018), atualmente os pesquisadores da área se 
dividem em 2 grandes grupos, que entendem e pesquisam cientificamente 
formas de caracterizar e organizar metodologicamente as emoções humanas. A 
primeira hipótese, a do caráter universal, que tem como grande e reconhecido 
idealizador Charles Darwin, sugere que toda a humanidade, independente de 
subgrupos ou características culturais, possui um grupo básico de emoções. 
No entanto, mesmo que por vezes seja tomada como contraponto, a hipótese 
da relatividade cultural das emoções - que sugere que tipos de vivências 
emocionais são localizados no tempo histórico e nas diferentes sociedades e 
culturas humanas (Rosenwein, 2011) - pode também ser incluída e corroboram 
para o entendimento contemporâneo sobre os princípios das emoções, pois 
assim com Darwin postulou e outros vários cientistas, como António Damásio, já 
comprovaram, o ambiente tem forte influência sobre os estados mentais humanos 
e possíveis mudanças neurobiológicas do organismo. 
Como comentado anteriormente, a teoria darwinista proposta na obra 
intitulada A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais (1872) pontua 
que emoções como raiva, medo, ciúmes e amor materno estariam presentes 
em todas as classes de animais e tais manifestações (tanto faciais quanto 
comportamentais) ao longo da evolução, principalmente em espécies com 
ancestrais em comum, se tornariam comuns a humanos e outros animais.
Imagem 9. Comparação do cérebro do homem e outros animais.Fonte: adaptado de Ribas (2006)
Neurociências das Emoções 22
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Já Damásio (2012) dividiu as emoções humanas em 3 tipos: emoções básicas, 
ou primárias; emoções secundárias; e emoções de fundo. No caso das emoções 
universais, seu entendimento tem forte influência da concepção proposta pelo 
psicólogo norte-americano Paul Ekman (1934-) reconhecido pelo trabalho 
desenvolvido desde 1957 no qual ele pontua que os humanos tem 6 emoções 
básicas: alegria, tristeza, medo, raiva, nojo (aversão ou repugnância) e surpresa 
(Ekman; Friesen, 1971).
As emoções secundárias ou sociais têm um caráter bem mais complexo, 
pois advém de uma confluência neuropsicológica e social, e formam um grande 
conjunto de emoções, como vergonha, culpa, remorso, simpatia, compaixão, 
embaraço, orgulho, ciúmes, inveja, gratidão, admiração, submissão, indignação e 
desprezo. (Dalgalarrondo, 2018)
Por fim, para as emoções de fundo, Damásio (2012) atribui características 
que podem até se confundir com humor. São exemplos sensações de bem ou 
mal-estar, variações de energia, fadiga, entre outros. E, nesse sentido, há um 
forte contraponto de estudiosos que afirmam ser difícil delimitar a separação das 
emoções primárias das secundárias, por não haver base empírica suficiente para 
comprovar esses limites.
E você, o que acha? Já parou para pensar se suas emoções são puramente 
primárias e iguais em todos os contextos, mesmo comparado a outras pessoas? 
Ou você percebe a variação de suas emoções de acordo com as variáveis sociais 
que lhe rodeiam? Pense nisso!
Neurociências das Emoções 23
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
3. NEUROCIÊNCIAS, APRENDIZAGEM E EMOÇÕES
Imagem 10. A neuroeducação na sala de aula.
Fonte: iberdrola.com
 
Ter o conhecimento básico do funcionamento do sistema nervoso e aliá-
lo com a crescente evolução tecnológica é uma tendência que está elevando 
o nível de condução do processo de ensino-aprendizagem e contornando 
as dificuldades que a educação tradicional encontra frente à variabilidade de 
inteligências despertadas atualmente. Nesse sentido, é cada vez maior o interesse 
pela nossa formação neurobiológica, pelo entendimento de padrões e funções 
cerebrais e de como dominar e aperfeiçoar a capacidade do cérebro em fazer 
coisas extraordinárias.
Ainda assim é muito raro ver profissionais da área educacional utilizarem 
conhecimentos neurobiológicos para pautar suas aulas, atividades e ter sucesso 
no engajamento de todo corpo docente e discente. E em meio a tantos estudos 
e modelos já colocados em prática, acredita-se que com o conhecimento 
da formação biológica humana e da variação dos estilos de aprendizagem, 
juntamente às ferramentas práticas de identificação e resolução de problemas 
estudadas por áreas como a Psicologia e até mesmo o Design, é possível criar 
um novo paradigma social para uma formação ainda mais completa e eficaz, que 
contribui tanto para a formação do público quanto do educador/tutor.
Neurociências das Emoções 24
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Mas o que é aprender, afinal? Neurocientificamente, o processo de 
aprendizagem, que é fruto de nossas experiências pessoais em interação com o 
meio juntamente à nossa predisposição genética, causa uma série de mudanças 
a nível celular, transformando e rearranjando inúmeras conexões neuronais 
capazes de modificar padrões e estruturas. Tais mudanças, como consequência, 
são processadas e convertidas em alterações comportamentais e emocionais, 
reproduzindo nossa forma de pensar e agir frente a um contexto. Levando em 
consideração essas afirmações, é possível inferir, portanto, que cada indivíduo 
assimila, desenvolve, aprimora e reproduz o conhecimento de uma forma única, 
formando assim o que nós chamamos de inteligências múltiplas.
Quando tratamos do processo educacional, lidamos também com a 
capacidade do professor-mediador em aprimorar o seu entendimento das fases 
e necessidades dos aprendizes com uma visão individualizada sobre as diferentes 
aprendizagens. Nesse sentindo, as Neurociências encaixam-se como ferramenta 
de aperfeiçoamento dessa relação de professor-aluno, trazendo à tona discussões 
importantes para a evolução do processo como um todo. No entanto, Cosenza 
& Guerra (2011) alertam a respeito do uso destes conhecimentos para que não 
caiamos em soluções simplistas: 
“Embora muitas vezes se observe certa euforia em relação às contribui-
ções das neurociências para a educação, é importante esclarecer que 
elas não propõem uma nova pedagogia nem prometem soluções defini-
tivas para as dificuldades da aprendizagem. Podem, contudo, colaborar 
para fundamentar práticas pedagógicas que já se realizam com sucesso 
e sugerir ideias para intervenções, demonstrando que as estratégias pe-
dagógicas que respeitam a forma como o cérebro funciona tendem a ser 
mais eficientes” 
(COSENZA & GUERRA, 2011, p. 142)
Sendo assim, a proposta das Neurociências é contribuir para o entendimento 
e articulação do processo de ensino-aprendizagem cada vez mais consciente e 
eficaz, tornando o caminho menos confuso e “doloroso”, tanta para educadores 
quanto para aprendizes.
Como educadores, portanto, é preciso conhecer e compreender 
as peculiaridades que otimizarão o aprendizado do aluno, e a partir das 
especificidades neurobiológicas trabalhar com as adaptações necessárias.
Neurociências das Emoções 25
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Clique aqui e acompanhe importantes reflexões sobre as emoções no 
processo educacional feitas pelo psicanalista, pedagogo, autor de diversas obras 
e grande pesquisador na área, o Prof Dr. Geraldo Peçanha de Almeida.
https://youtu.be/5TdeC13looo
Neurociências das Emoções 26
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
4. AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIAS
 
Agora que você já conhece melhor sobre a bioestrutura funcional das 
emoções e a sua aplicabilidade, principalmente no contexto educacional - afinal, 
em todas as áreas de nossa vida somos eternos aprendizes - é hora de entender 
um pouco melhor como as emoções propiciam mecanismos de adaptação e 
sobrevivência em diversos setores de nossa vida, refletindo principalmente em 
nossa qualidade de vida.
 4.1 INTELIGÊNCIA - O QUE É? PARA QUÊ SERVE?
Seja na vida pessoal ou profissional, é comum você se deparar com a frase 
“use sua inteligência!” ou “fulano fez uma escolha inteligente”, entre outras. Mas 
afinal, o que é a inteligência e como ela é influenciada pelas emoções no dia-a-
dia?
Por definição, inteligência, de forma geral, é a capacidade de adaptar-se 
efetivamente às mais variadas situações, contextos e ambientes. Deixou de ser 
algo puramente mensurado pelo sucesso acadêmico e passou a ser entendido 
pela capacidade de raciocínio, planejamento, resolução de problemas, abstração, 
compreensão do complexo e aprendizado eficaz por meio da experiência.
No entanto, há diversas maneiras de analisar e/ou conceber tal adaptação: 
mudando a nós mesmos, mudando o ambiente ou ainda simplesmente trocando 
de ambiente (Relvas, 2009, p.98). De qualquer forma que se dê, tal adaptação 
necessita usar ativamente e corretamente funcional as propriedades cerebrais. 
Ou seja, o cérebro, a partir de vários processos, entre eles o cognitivo, emocional 
e/ou motor, integra-se para promover a inteligência e, consequentemente, a 
adaptação.
A partir desse entendimento, portanto, surgiram várias hipóteses, linhas de 
estudo e divisões didáticas para entender de que forma “produzimos” inteligência 
e como ela pode se apresentar. Uma das mais conhecidas é a de Howard Gardner 
e as Múltiplas Inteligências, que postula que as mesmas são desenvolvidas e 
realizadas distintamentes, de acordo com estímulos que podem ser tanto internos 
ou externos. 
Neurociências das Emoções 27
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 11. A multiplicidade de inteligências, segundo Howard Gardner 
Fonte: universoracionalista.org/
Segundo Gardner, os humanos têm capacidade dedesenvolver 8 (oito) tipos 
de inteligências, que estão relacionadas funcionalmente, portanto, a diferentes 
áreas e estruturas do cérebro. São elas: 
• Inteligência Lógico-Matemática - capacidade/facilidade de realizações 
de operações numéricas, entendimento geométrico do espaço e 
dedutivas. São responsáveis por ela todas as conexões neurais do encéfalo 
e do córtex pré-frontal;
• Inteligência Linguística: capacidade de usar a fala e a escrita para um 
fim, como a comunicação, transmissão de ideias ou para aprender outros 
idiomas, por exemplo. Áreas como Wernicke e Broca são responsáveis por 
tal inteligência;
• Inteligência Espacial: diz respeito à capacidade de compreensão, 
reconhecimento e manipulação do contexto espacial. São responsáveis 
por essa inteligência as áreas parietal e temporal do hemisfério direito do 
encéfalo;
Neurociências das Emoções 28
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
• Inteligência Corporal-Cinestésica: está relacionada ao autocontrole 
do corpo, podemos entendê-la como uma “inteligência corporal” e a sua 
capacidade de utilizar os movimentos corporais para resolução de algo. 
Vai desde montar um brinquedo até contribuir na construção de um carro 
ou uma casa. A área parietal superior motora é a principal envolvida nesse 
processo;
• Inteligência Interpessoal e Intrapessoal (separadas, a priori, porém 
depois agrupadas): a primeira está ligada ao entendimento das intenções 
e desejos de terceiros. Reflexo direto na relação social do indivíduo em 
grupo, o que propicia o desenvolvimento de gestores, professores, políticos 
e demais líderes sociais. Enquanto que a segunda está diretamente 
ligada ao desenvolvimento de uma compreensão de si, o que favorece o 
desenvolvimento pessoal. Essa é a inteligência que é trabalhada para se 
conhecer e poder agir para alcançar objetivos pessoais. Está envolvidas 
em ambas a área pré-frontal do encéfalo e na segunda, também há a 
contribuição do sistema límbico;
• Inteligência Musical: é o que muitos chamam de talento musical. É 
aquela aptidão por compor, distinguir sons e acompanhar ritmos. Mobiliza 
principalmente as regiões temporais de ambos os hemisférios cerebrais.
Posteriormente, o pesquisador propôs também o seguinte tipo de inteligência:
Inteligência Natural: aquela que está relacionada ao reconhecimento e 
classificação de uma espécie da natureza. E está ligada ao hemisfério cerebral 
direito, mobilizando também o sistema hipotálamo-hipofisário-pineal.
Ter a capacidade de reconhecer os componentes e tipos de inteligência é 
fundamental para entender princípios das grandes teorias (Relvas, 2009, p.99). E 
ainda no embalo de entender a inteligência humana sob diversos prismas, temos 
uma das teorias mais sólidas e relevantes proposta pelo pesquisador Sternberg, 
no qual ele correlacionado os componentes da inteligência com o processo 
evolutivo, como explica a tabela adaptada abaixo de Relvas (2009):
Neurociências das Emoções 29
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Tabela 2. Componentes da Inteligência, segundo Sternberg 
Fonte: adaptado de Relvas, 2009.
Por fim, uma teoria bastante discutida e conhecida na literatura é a da 
Inteligência Emocional, sugerida e estudada pelo pesquisador Daniel Goleman. 
Como já vem sendo discutido aqui ao longo dos capítulos, já sabemos que as 
nossas emoções são fruto de um valioso processamento de informações e nos 
ajudam nos mais variados contextos e fundamentalmente em nossas tomadas de 
decisões.
Imagem 12. A inteligência emocional
Fonte: ecommercenapratica.com/
Neurociências das Emoções 30
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Para Goleman (1995), 80% de nosso sucesso pessoal advém de 
nossa inteligência emocional, que é basicamente sustentada por 5 pilares: 
autoconhecimento, gestão das emoções (autocontrole), motivação, empatia e 
sociabilidade (relações interpessoais). Essa e outras habilidades cognitivas, aliada 
a busca de uma melhor qualidade de vida, podem impactar em vários contextos 
sociais, trazendo benefícios tais como (segundo Relvas, 2009):
• Autoconfiança: que é a capacidade de confiar em si mesmo e cuidar de 
suas próprias responsabilidades;
• Compostura: capacidade de lidar com frustrações;
• Criatividade: capacidade de criar soluções aos problemas;
• Empatia: lidar com emoções, sentimentos e motivações dos outros;
• Humildade: consciências das próprias limitações;
• Planejamento: prioridade nas ações.
O importante, segundo os estudos de Goleman (1995) e Relvas (2009) é 
capacitar as pessoas a suportar adversidades, construindo novos comportamentos, 
pensamentos e hábitos, cultivando o equilíbrio. Na batalha ideológica sobre as 
formas de inteligências, deve-se levar em consideração, sobretudo, o contexto 
no qual o indivíduo está inserido. Isso significa, em outras palavras, que a mente 
humana é capaz de lidar com grandes volumes e diversidade de conteúdo, e 
tende a mesclar diversos tipos de inteligência para a realização de uma tarefa, 
combinando as que melhor se encaixarem para a eficácia de atividades complexas, 
que estão presentes em toda a história da evolução humana.
No geral, não significa que o cultivo de um tipo de inteligência deva anular a 
outra. Porém, cada vez mais a ciência tem comprovado que o progresso humano 
só será efetivo e trará felicidade e prosperidade quando tais inteligências, através 
de mecanismo educacionais, forem desenvolvidas conjuntamente para maior 
desenvolvimento e autonomia, respeitando culturas e peculiaridades do contexto 
dos indivíduos.
Neurociências das Emoções 31
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
PARA SABER MAIS
Sugiro que você assista o filme em animação chamado Divertida Mente 
(Walt Disney e Pixar, 2015). Através dele você poderá reconhecer didaticamente 
e de maneira bem descontraída como as emoções influenciam no cotidiano, nas 
relações e nas tomadas de decisões diárias na vida de uma pessoa.
Fonte: pinterest.com
4.2 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NAS TEORIAS DO 
DESENVOLVIMENTO
Iniciamos este subcapítulo com uma reflexão:
“O professor é o marinheiro dos novos tempos. No momento em que se 
descobrem as verdades das inteligências múltiplas e se configura o novo 
papel da educação, centrada em um aluno a ser descoberto em sua ex-
trema singularidade, emerge, como um dos mais importantes profissio-
nais do século, todos os que têm o extremo, privilégio de fazer surgir, des-
te novo aluno, um novo ser humano.”
(ANTUNES, 2001, p9)
Neurociências das Emoções 32
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
No que diz respeito às grandes teorias do desenvolvimento e a importância da 
afetividade na maturação da inteligência, são 3 os grandes nomes que devemos 
mencionar e estudar: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon.
A literatura destaca Jean Piaget (1896-1980), biólogo e epistemólogo, 
como um dos pioneiros a relacionar a afetividade como processo fundamental 
no desenvolvimento dos indivíduos. Biologicamente, Piaget pontua que o 
desenvolvimento humano apresenta 3 estruturas: as filogeneticamente herdadas, 
ou seja, características básicas já programadas da espécie homo sapiens; 
estruturas parcialmente programadas, que dependem de rearranjos sinápticos 
resultantes da interação com o meio externo; e estruturas nada programadas, que 
são aquelas estruturas subjetivas, frutos de processos mentais individualizados e 
específicas para o ato de conhecer. (Relvas, 2009)
Imagem 13. Jean Piaget
Fonte: gettyimages.com
 De modo geral, o que Piaget destaca é que a aquisição de conhecimento 
depende tanto de estruturas inerentes ao próprio sujeito, das cognitivas e também 
daquelas que já estão em seu genoma - ou seja, no conjunto de informações 
hereditárias repassadas através do DNA - quanto também da interação do sujeito 
com o objeto.
Neurociências das Emoções 33
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Para explicar esse processo, Piaget ainda conceituou duas operações mentais 
que regulam as trocas de informações do sujeito com o meio,o adaptando: 
assimilação e acomodação Na assimilação, “o sujeito integra a sua realidade à 
estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos 
modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado 
precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se 
à nova situação.” (Piaget, 1996, p. 13). A acomodação, no entanto, se refere ao 
processo de modificações dos sistemas de assimilação por influência do meio 
externo.
Além disso, Piaget pontuou ainda 4 estágios cognitivos no processo de 
aprendizagem e formação de inteligências:
• Estágio de inteligência sensório-motora (0 a 2 anos de idade): a criança 
apresenta prática e regulada pela percepção;
• Estágio de inteligência pré-operatória (2 a 8 anos de idade): conhecido 
como estágio da inteligência simbólica, no qual a criança é capaz de 
substituir um objeto ou acontecimento por uma representação. É 
também um estágio de aquisição inicial da linguagem e manifestação do 
pensamento intuitivo (Relvas, 2009);
Obs.: Nessa etapa, contudo, a criança não abandona a inteligência sensório-
motora desenvolvida na fase anterior, e sim a otimiza, utilizando dela para realizar 
ações mais refinadas e intuitivas.
• Estágio de inteligência operatório-concreta (8 a 11 anos de idade): 
as interações sociais são mais exploradas e a relação da criança com os 
números se torna mais estreita. É capaz de fazer relação entre objetos e 
ações e abstrair informações deles. A partir disso, desenvolve também 
noção de tempo, espaço, causalidade e ordem;
• Estágio de inteligência operatório-formal (a partir de 12 anos de idade): 
é um estágio de rápido e elevado desenvolvimento cognitivo do indivíduo, 
caracterizado principalmente pelo raciocínio lógico e sistemático. A partir 
desse estágio, é possível formular hipóteses e buscar soluções a problemas. 
Neurociências das Emoções 34
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
FIQUE ATENTO(A)!
Segundo Relvas (2009, p. 117), Piaget diferencia o processo cognitivo 
em dois momentos: aprendizagem e desenvolvimento.
• ❖A aprendizagem estaria relacionada à aquisição de uma resposta 
particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma 
sistemática ou não;
• ❖O desenvolvimento é uma aprendizagem de fato, sendo este o 
responsável pela formação dos conhecimentos.
Piaget, por fim, pontua que “a afetividade constitui aspecto indissociável 
da inteligência, pois ela impulsiona o sujeito a realizar as atividades propostas” 
e completa que “os educandos alcançam um rendimento infinitamente melhor 
quando se apela para seus interesses e quando os conhecimentos propostos 
correspondem às suas necessidades”. 
Lev Vygostsky foi outro importante pesquisador na área de desenvolvimento 
humano. Como psicólogo, ele não acreditava que as funções psicológicas 
superiores eram hereditariamente herdadas e nem que eram adquiridas através 
de pressões do meio externo. Entre essas funções, destacam-se os papéis 
desempenhados pelas emoções. Vygotsky (1998, p. 61) pontua que as emoções 
não são instintos gerado a partir de heranças biológicas, contudo, as emoções 
atuam conjuntamente ao funcionamento mental geral, tendo uma participação 
ativa em sua configuração. 
Neurociências das Emoções 35
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 14. Lev Vygotsky
Fonte: gettyimages.com
Assim como Piaget, Vygotsky (1998) também distingue a aprendizagem do 
desenvolvimento em dois processos distintos, destacando que desenvolvimento 
é mais lento que os processos de aprendizagem e que apesar de estarem 
intimamente ligados, não ocorrem paralelamente.
No processo de aprendizagem, Vygotsky ressalta ainda que o papel do 
professor vai muito além de fazer com que o aluno assimile e aprenda o conteúdo. A 
maior preocupação do professor deve ser relacionar os conhecimentos adquiridos 
com as demandas afetivas de seus estudantes, caso contrário a aquisição pode se 
tornar inútil (Vygotsky, 2021).
Além disso, durante seus estudos sobre a aprendizagem, Vygotsky 
identificou dois níveis de desenvolvimento: desenvolvimento real ou efetivo 
e desenvolvimento potencial. No primeiro, o desenvolvimento se relaciona 
com os ciclos realizados e completos e suas conquistas; no segundo, refere-
se às capacidades que estão na iminência da realização, no caminho de serem 
construídas (Relvas, 2009). A partir desse entendimento foi desenvolvido 
um dos conceitos mais importantes do trabalho de Vygotsky, o de Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP) que, de maneira sintética, é um estágio que 
reflete a diferença entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, a capacidade 
que o indivíduo apresenta em desenvolver a solução de um problema sem ajuda 
Neurociências das Emoções 36
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
e o nível de desenvolvimento potencial, que é aquele que o indivíduo precisa da 
ajuda ou supervisão de alguém mais experiente para a resolução de uma situação.
Imagem 15. Esquema didático sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal
Fonte: youtube.com
Em suma, Vygotsky, em sua abordagem sociointeracionista, estabeleceu 
uma relação direta das emoções com o meio sociocultural, sendo elas um 
reflexo dos estímulos do meio e principal influenciadoras e diversificadoras de 
comportamento. E assim, resumo a importância das emoções no desenvolvimento 
humano: 
“Se fazemos alguma coisa com alegria as reações emocionais de alegria 
não significam nada senão que vamos continuar tentando fazer a mes-
ma coisa. Se fazemos algo com repulsa isso significa que no futuro pro-
curaremos por todos os meios interromper essas ocupações. Por outras 
palavras, o novo momento que as emoções inserem no comportamento 
consiste inteiramente na regulagem das reações pelo organismo.” 
(VIGOTSKI, 2001, p. 139)
 
Finalmente, destacamos aqui a importância de Henry Wallon, filósofo e 
psicólogo, para as pesquisas sobre afetividade, inteligência e desenvolvimento 
humano. Para ele, o sujeito deve ser entendido pela integralização de afetividade, 
emoções, movimento e espaço físico, tendo fatores orgânicos e sociais como 
determinantes. Portanto, o meio externo, na teoria de Wallon, exerce forte 
influência sobre o desenvolvimento do indivíduo.
Neurociências das Emoções 37
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 16. Henry Wallon
Fonte: gettyimages.com
Quanto às emoções, Wallon as defende como um dos principais propósitos 
do processo de ensino-aprendizagem. La Taille (1992, p. 114) explica que “na teoria 
de Wallon, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo 
de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar 
com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento 
individual.”
No campo do desenvolvimento, Wallon sugere 5 estágios que não se limitam 
apenas ao aspecto cognitivo. São eles:
• Impulsivo-emocional (do nascimento até 1 ano de idade): há a 
predominância afetiva e de desenvolvimento emocional na criança, e é a 
partir das emoções que elas interagem com o meio externo;
• Sensório-motor e Projetivo (de 1 a 3 anos de idade): há uma interação 
maior com objetos e assim uma exploração do espaço físico e também de 
ações projetadas do pensamento. Nesse estágio, há uma predominância 
da inteligência prática;
• Personalismo (de 3 aos 6 anos de idade): desenvolve-se uma maior 
consciência na criança e assim a diferenciação do que o eu e o que é o 
outro. É um período crucial para a formação da personalidade do indivíduo;
Neurociências das Emoções 38
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Categorial (de 6 a 11 anos de idade): há uma exploração maior do mundo 
físico, e assim uma acentuação da inteligência sobre o lado instintivo. Há maior 
desenvolvimento de atenção e memória e, assim, aumento da capacidade de 
categorização, classificação e agrupamentos;
Puberdade e Adolescência (a partir de 11 anos de idade): exploração de 
si como indivíduo e reconhecimento de sua autonomia, no qualhaverá pela 
expressão e a criação de novos espaços físicos e mentais no qual possa explorar e 
expandir sua cognição.
A partir de todos os conceitos e teorias explorados nesse capítulos, podemos, 
enfim, entender o papel do educador na mediação de processos de ensino-
aprendizagem levando em consideração principalmente o papel das emoções 
em todo o desenvolvimento.
E você, como vê o envolvimento da afetividade no processo de ensino-
aprendizagem? Como educador(a) ou futuro educador(a), consegue pensar 
em estratégias para viabilizar a utilização das emoções no dia-a-dia de trocas de 
conhecimentos? Pense nisso!
Neurociências das Emoções 39
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
5. PLASTICIDADE CEREBRAL E AS EMOÇÕES
Por muito e muito tempo se imaginou erroneamente que o cérebro não se 
regenera. Os cientistas defendiam na literatura que a capacidade de “crescimento” 
e desenvolvimento cerebral alcança seu pico na fase adulta e então declina na 
velhice, até a nossa morte. Mas como explicar a capacidade de aprender coisas 
novas, mesmo na 3ª idade? Hoje, com a população mundial crescendo cada vez 
mais rápido na faixa etária dos 60 anos ou mais e tomando conta de boa parcela 
da sociedade e dos serviços que ela dispõe, não é difícil encontrar bons exemplos 
da incrível capacidade de regeneração e/ou manutenção do corpo.
Imagem 13. Cérebro em adaptação.
Fonte: dorcronica.blog.br
Mas isso tudo só é possível graças à extraordinária capacidade de adaptação 
e regulação de nosso cérebro - também conhecida como plasticidade cerebral 
ou neuroplasticidade. A partir dela, as células funcionais do sistema nervoso 
se modificam em função e se reorganizam em estrutura, de modo permanente 
ou prolongado, a partir de estímulos externos, respostas às experiências vividas. 
Tal mudança pode acontecer fruto de pequenas alterações comportamentais 
como a introdução de um novo hábito, desenvolvimento de novas habilidades 
ou produção de novas memórias, mas também em situações graves de respostas 
à lesões ou perdas estruturais e funcionais de qualquer parte do corpo (LENT, 
2010).
Neurociências das Emoções 40
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Apesar de presente em todas as fases de nossa vida, cientistas já constataram, 
porém, que há períodos do desenvolvimento humano em que a capacidade 
neuroadaptativa é mais intensa. Chamamos essa fase de período crítico, na qual o 
indivíduo fica mais sensível e absorve melhor os contínuos estímulos provocados 
pelo meio. Na criança, os primeiros anos de vida são fundamentais para o seu 
desenvolvimento. Estímulos como ouvir a voz de sua mãe, ter contato físico com 
outras pessoas, experimentar tatilmente objetos, entre outros, enriquecem o 
ambiente provocando o aparecimento e fortalecimento de conexões sinápticas. 
Relvas (2009) pontua que “as emoções e o equilíbrio psicológico dependem 
do exercício cerebral realizado nos primeiros minutos de existência e que se 
estende até a adolescência”, para isso, busca-se a introdução de estímulos através 
de desafios de raciocínio lógico, musicalidade, inteligência espacial, que além de 
estimular, fortalecem o sistema límbico.
Em adultos, no entanto, os estímulos devem ser mais diferenciados, como 
ambientes e situações desafiadoras, que sejam ao mesmo tempo agradáveis 
e divertidas e provoquem o bem estar. Para Relvas (2009), “essa plasticidade 
dispara um mecanismo pelo qual o cérebro se remodela, para aprender a sentir-
se melhor, ou pode ser induzido a se autorreparar, quando estimulado”. Para isso, 
então, existem dois tipos de neuroplasticidade: estrutural e funcional.
A neuroplasticidade funcional, também conhecida como plasticidade do 
desenvolvimento, está bastante presente nos primeiros anos de vida do indivíduo, 
e trata-se, substancialmente, da mudança de conexões entre os neurônios, ou 
seja, nas sinapses, que podem acontecer tanto de forma neuroquímica quanto 
de forma elétrica. Durante ela, podem acontecer dois fenômenos característicos:
I. Migração Neuronal: processo no qual os neurônios se deslocam do 
seu local de origem e passam a desenvolver áreas corticais do cérebro 
que futuramente passarão a ser especializadas em certos tipos de ati-
vidades de acordo com os estímulos e seus receptores sensoriais;
II. Neurogênese: é basicamente o processo de formação de novos neu-
rônios, que ocorre mais densamente no período de desenvolvimento, 
mas que estudos recentes já tem mostrado e cientificamente com-
provado sua presença em adultos.
Neurociências das Emoções 41
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Outro tipo de neuroplasticidade é a funcional e essa depende de dois 
processos, principalmente: aprendizagem e memória. E a partir desses processos, 
as sinapses também se reestruturam, se fortalecem, remodelando também as 
estruturas celulares, mas sobretudo, permitindo que o organismo se readapte 
funcionalmente segundo os estímulos.
 5.1 MEMÓRIAS, EMOÇÕES E NEUROPLASTICIDADE
Como já pontuado anteriormente, há duas grandes fontes de 
neuroplasticidade envolvida em processos orgânicos humanos, que são a memória 
e aprendizagem. E não coincidentemente tais processos estão interligados entre 
si. Contudo, como explicado em capítulos anteriores, não há aprendizado eficaz 
sem que haja um processo afetivo presente. 
“A emoção está para o prazer, assim como o prazer está para o aprendiza-
do, e a autoestima é a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar 
bons resultados.”
(RELVAS, 2009, p.59)
 Memória, segundo Izquierdo (2011), significa aquisição, formação, 
conservação e evocação de informações. E, basicamente, aquilo que adquirimos 
e conseguimos evocar, ou seja, recuperar, chamamos de aprendizado. Há, 
no entanto, diversos tipos de memória, capazes de recordar os mais diversos 
acontecimentos e, assim, ajudar na formação da consciência e entendimento do 
mundo. Porém, o diferencial do processo de memorização e de sua recuperação 
se dá a partir da modulação de redes neuronais através das emoções e de áreas 
ou estruturas corticais envolvidas em seu processamento, como é o caso do 
hipocampo e do lobo frontal.
Na construção de memórias, o hipocampo passa a agir selecionando dados 
importantes que serão armazenados. Ou seja, novas informações que vão se 
tornar estímulos que modularão novas sinapses e rearranjos funcionais de ligações 
neuronais. Enquanto isso, o lobo frontal estará coordenando, classificando essas 
novas informações, de modo que sejam armazenadas e possam ser resgatadas 
organizadamente. A memória, portanto, não é uma estrutura isolada no cérebro: 
é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo um conjunto de estruturas 
cerebrais que permitem e viabilizam o funcionamento juntas (Relvas, 2009).
Neurociências das Emoções 42
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Imagem 14. Tipos de memória.
Fonte: https://folhadirigida.com.br
Entre os tipos de memória destacam-se: 
a) Declarativas: entre aquelas de longa duração, que podemos declarar que 
existem ou relatar como as adquirimos. São responsáveis por armazenar 
fatos e eventos e são coordenadas funcionalmente pelo hipocampo e suas 
conexões. Tal tipo de memória é bem mais suscetível à modulação pelas 
emoções e podem ainda ser divididas em episódicas (referente a momen-
tos que presenciou ou participou) ou semânticas (que envolve conceitos 
atemporais ou conhecimentos de forma geral);
b) Procedurais ou de procedimentos: que são aquelas memórias ligadas à 
habilidades, tarefas e hábitos. São conduzidas e coordenadas pelo núcleo 
caudado, substância negra e cerebelo e pouco tem influência das emo-
ções. Podendo ainda ser dividida em associativa (quando associa compor-
tamento a um fato) ou não associativa (quando for resgatada por meio de 
estimulação repetitiva);
Neurociências das Emoções 43
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Na diferenciação dos tipos de memórias, Izquierdo (2011) aponta ainda a 
memória de trabalho ou operacional, que se utiliza de algumas poucasvias do 
córtex pré-frontal para manter brevemente a informação adquirida e “gerenciar 
a realidade” e, diferentes das demais, não deixa rastro informacional em nosso 
cérebro, não criando arquivos. 
“O papel gerenciador da memória de trabalho decorre do fato de que 
esta, no momento de receber qualquer tipo de informação, deve deter-
minar, entre outras coisas, se essa informação é nova ou não e, em últi-
mo caso, se é útil, para o organismo ou não. Para fazer isso, a memória de 
trabalho deve ter acesso rápido às memórias preexistentes no indivíduo; 
se a informação que lhe chega é nova, não haverá registro dela no resto 
do cérebro, e o sujeito pode aprender (formar uma nova memória) aquilo 
que está recebendo do mundo externo ou interno”
(IZQUIERDO, 2011, p.27)
Há também o que chamamos de memória sensorial, proveniente dos sentidos 
humanos. Tem como característica reter e analisar as informações por um curto 
tempo, passando logo para memória de curto prazo, a qual não gera “arquivos”, 
pois as informações são descartadas logo que utilizadas. Entre as modalidades de 
armazenamento sensorial mais estudadas destacam-se a visuais e a auditiva, as 
quais são chamadas de memória icônica e de memória ecóica, respectivamente.
E é por isso que para fomentar processos de neuroplasticidade é necessário o 
exercício contínuo que treinem e fortaleçam a utilização da memória. A constante 
estimulação evita perda precoce de ligação neural e retarda o envelhecimento e 
enfraquecimento das sinapses. Para isso, sugere-se um estilo de vida saudável, 
proativo e pela busca do novo. Sabendo disso, você já se perguntou: o que estou 
fazendo para melhorar minha neuroplasticidade?
Contudo, nem sempre a plasticidade neural resulta em algo benéfico para o 
organismo. Por vezes, acabam por produzir mau funcionamento do sistema ou gera 
patologias graves, causando lesões no tecido e provocando perda da qualidade 
de vida do sujeito, segundo a área atingida e níveis de comprometimento. E é 
sobre esses e outros transtornos que vamos falar no próximo e último capítulo 
desse material.
Neurociências das Emoções 44
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
6. AFETIVIDADE E SEUS TRANSTORNOS
Falar sobre afetividade é entrar em um campo vasto que engloba vários 
aspectos, contextos e situações, e se correlacionam diretamente com as 
vivências em termos de emoções e sentimentos. Segundo Dalgalarrondo (2019, 
p. 282), afeto é a “qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia 
ou representação mental.” Torna-se um componente emocional, podendo 
caracterizar também estados de humor ou sentimento. 
Para Relvas (2015, p. 95), “aprendizagem emocional é uma parte integral da 
aparente aprendizagem cognitiva. [...] A emoção vai dando forma à cognição e à 
aprendizagem. As crises emocionais, naturais do desenvolvimento ou específica da 
pessoa, vão influenciar de forma crônica a evolução desta mesma aprendizagem.” 
Isso quer dizer que, na medida em que ocorre o desenvolvimento e com ele a 
inerente neuroadaptação, vários rearranjos orgânicos podem influenciar o 
comportamento e a qualidade de vida do indivíduo. O mesmo pode acontecer 
também de maneira hereditária. Na verdade, para a ciências, os transtornos de 
humor são multifatoriais. Mas quais são as formas e tipos mais conhecidos?
 6.1 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS
Talvez a doença que mais afeta pessoas no mundo inteiro e a que primeiro 
passou pela sua mente foi a depressão, não foi? Segundo os relatório da 
OMS (Organização Mundial da Saúde) são cerca de 300 milhões de pessoas 
sofrendo desse mal. Aqui no Brasil, já atinge por volta de 10% da população. Por 
definição, a doença se caracteriza por uma tristeza crônica e forte sentimento 
de desesperança, de perfil multifatorial, que apresenta uma constância, mesmo 
aparentemente sem motivos. Pode ainda ser caracterizada em diferentes graus 
entre leve, moderada e grave. Ainda assim, independente do grau, pode se tornar 
uma doença extremamente incapacitante, influenciando em toda a perspectiva 
de vida de quem a desenvolveu.
De forma geral, o quadro depressivo possui uma variedade de sintomas 
afetivos, instintivos, ideativos, que refletem na autoconsciência do indivíduo e 
consequentemente afeta sua autovalorização e toda sua perspectiva em termos 
cognitivos e psicomotores (Dalgalarrondo, 2018).
Neurociências das Emoções 45
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Sintomas afetivos e de humor em quadros depressivos
• ❖Tristeza: sentimento de melancolia recorrente e quase 
sempre diário;
• ❖Choro fácil e/ou frequente;
• ❖Apatia afetiva (indiferença, falta de sentimento);
• ❖Tédio ou aborrecimento crônico;
• ❖Irritabilidade acentuado aos estímulos externos (a ruídos, 
pessoas, vozes, etc.) de forma recorrente e/ou diária.
Tabela 3. Sintomas das síndromes depressivas na esfera da afetividade
Fonte: Adaptado de Dalgalarrondo (2018)
Há ainda outros subtipos de depressão que são avaliados e tratados 
clinicamente segundo suas peculiaridades. Abaixo estão listados de acordo com 
a Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde 
(CID-11) e o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5):
• Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 
e DSM-5);
• Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM-
5);
• Depressão atípica (DSM-5);
• Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5);
• Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5);
• Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5);
• Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e 
DSM-5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11);
• Depressão unipolar ou depressão bipolar;
• Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5);
• Depressão mista (DSM-5);
Neurociências das Emoções 46
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
• Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição 
médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância 
ou medicamento) (CID-11 e DSM-5).
Existem casos, contudo, em que a depressão é aliada a outros sintomas que não 
são típicos de seu quadro clínico e acabam por agravar o estado de saúde mental 
e físico do indivíduo, gerando um novo quadro clínico, com suas características, 
peculiaridades e tratamentos específicos, como é o caso dos Transtornos Bipolar.
 6.2 TRANSTORNO BIPOLAR
O Transtorno Bipolar também é um dos maiores transtornos de humor 
e afetivo já reconhecidos pela literatura científica. Por definição, trata-se de 
uma doença psíquica que mescla episódios de mania - estado de loucura - e 
depressão, e por isso a patologia também é reconhecida como Transtorno 
Maníaco-Depressivo.
Para entender melhor o que seria a mania em termos psicopatológicos, 
destaca-se sintomas como: euforia, alegria exacerbada, egocentrismo, 
grandiosidade ou irritabilidade marcante, sempre desproporcionais aos contexto 
(Dalgalarrondo, 2018). Quando analisado o comportamento de adultos, é possível 
identificar também exagero de consumos, como compras, bebidas alcoólicas, 
bem como atos ofensivos sem motivos, promiscuidade sexual e julgamentos 
inadequados (Relvas, 2015)
Segundo Relvas (2015, p. 99), há a distinção da doença em dois tipos: 
Transtorno Bipolar I e II:
• Transtorno Bipolar I: caracterizado pelos episódio maníacos, podendo ou 
não apresentar o quadro de depressão maior;
• Transtorno Bipolar II: um quadro maníaco mais leve, sem a presença de 
julgamentos inadequados, mas que sempre está associado a um quadro 
depressivo.
Neurociências das Emoções 47
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
No que diz respeito aos componentes neurobiológicos da doença, o 
Transtorno Bipolar reflete um comprometimento de áreas como o córtex do 
cíngulo anterior dorsal, e os córtices pré-frontais dorsolaterais e dorsomediais, 
assim como, em contraste, haveria desregulação por hiper-responsividade de 
áreas límbicas e paralímbicas, como a amígdala, o córtexfrontal ventrolateral e 
o córtex do cíngulo anterior ventral e, por isso, acaba por desregular o controle 
cognitivo-comportamental do indivíduo (Dalgalarrondo, 2018).
Sendo assim, e apesar de ter tratamentos variados que permitem amenizar 
suas influências, a doença é um transtorno mental grave, que provoca prejuízos 
substanciais a qualidade de vida, tanto a parte mental quanto física, bem como 
também ocasiona prejuízo neuropsicológico e risco aumentado de doenças 
físicas e suicídio. Por isso, a atenção, o cuidado clínico e o acompanhamento 
multiprofissional do indivíduo são importantes para reabilitação e prolongamento 
de uma vida saudável e funcional. 
6.3 ESQUIZOFRENIA
Por fim, resumimos alguns dos principais transtornos de humor falando um 
pouco da esquizofrenia, que é uma das principais psicoses ou síndrome psicótica 
já estudadas e catalogadas, e atinge milhões de pessoas no mundo.
Na doença, o sintomas são dividido em Positivos e Negativos, que segundo 
Relvas (2015, p. 100), estão classificado dessa forma:
• Positivos: o indivíduo apresenta pensamentos e comportamentos 
anormais, como delírio, alucinações, discursos desorganizado e 
comportamento agressivo;
• Negativos: o indivíduo tem uma ausência de respostas que normalmente 
estão presentes, como redução da expressão da emoção, discurso pobre 
e dificuldade de iniciar um comportamento dirigido.
Contudo, há também alternância de humor em um estado da doença 
conhecido como paradoxo emocional da esquizofrenia. Nele há uma combinação 
de redução da expressão emocional com maior reatividade emocional 
(principalmente quando expostos a constantes e variados estímulos).
Neurociências das Emoções 48
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Há também um outra classificação, como exposta em Relvas (2015, p. 101), na 
qual a Esquizofrenia pode ser pontuada como:
• Paranoide: com delírios desorganizados e alucinações, que podem 
gerar maniar de perseguição. Este tipo, contudo, tem maior chance de 
reabilitação;
• Catatônica: a qual apresenta distúrbios psicomotores, repetição de frases 
ou palavras sem sentido.
No mais, ainda que para a maioria desses transtornos não se tenha uma 
causa definida, são doenças que afetam o sistema nervoso e influenciam a 
cognição, percepção e consciência daqueles que são afetados. Esses, portanto, 
são os maiores desafios das Neurociências em busca de soluções e métodos que 
permitam uma maior qualidade de vida.
PARA ENTENDER UM POUCO MELHOR
Veja uma palestra com um dos principais pesquisadores 
brasileiros, psiquiatra e especialista no tratamento de transtornos 
afetivos, Dr Teng Chei Tung.
https://youtu.be/NSm5Eneozhg
Neurociências das Emoções 49
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Prezado(a) aluno(a), é com imensa satisfação que finalizo seu material 
da disciplina Neurociências das Emoções. Aqui, nós pudemos entender e 
contextualizar desde o início a história das emoções, suas dicotomias, perspectivas 
e análises. Discutimos as teorias mais conhecidas e bem validadas cientificamente, 
seus principais pesquisadores e toda a influência nos processos mentais, no 
comportamento e no ensino-aprendizagem.
Espero ter contribuído de alguma forma para que você se interesse ainda 
mais no assunto e possa mergulhar no fascinante mundo do cérebro e de seus 
encantos. Ainda há sempre mais a aprender. Então não esqueça de estudar a 
fundo as referências que disponho no final deste arquivo. 
Por fim, desejo que você tenha sucesso nos estudos, nas avaliações e na 
profissão que está aperfeiçoando. A prática profissional baseada em constantes 
estudos torna você um profissional diferenciado no mercado de trabalho.
Tenha muito sucesso e até a próxima!
Neurociências das Emoções 50
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANTUNES, C. Marinheiro e Professores. Petrópolis: Vozes, 2001. 
COSENZA, R. M. e GUERRA, L. Neurociência e educação: como o cérebro 
aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011.
DAMÁSIO, A. Ao encontro de Espinosa: As emoções sociais e a neurologia 
do sentir. Lisboa: Círculo de Leitores, 2012.
DAMÁSIO, A. O Erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. 
DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: 
Companhia das Letras 2009. (Trabalho original publicado em 1872)
DARWIN, C. On the origin of species by means of natural selection. 
London: John Murray, 1859.
DESCARTES, R. As paixões da alma. São Paulo: Abril Cultural, 1989.
EKMAN, P. A methodological discussion of nonverbal behavior. Journal of 
Psychology, v. 43, p. 141-149, 1957.
EKMAN, P. Basic emotions. In: DALGLEISH, T.; POWER, M. Handbook of 
cognition and emotion. Sussex: John Wiley & Sons, 1999.
EKMAN, P.; FRIESEN, W.V. Constants across cultures in the face and 
emotion. Journal of Personality and Social Psychology, v. 17, p. 124-129, 1971.
GARDNER, H. Inteligências Múltiplas - Ao Redor Do Mundo. Artmed. 
2010.
GOLEMAN, D. Inteligência Emocional. A teoria revolucionária que define 
Neurociências das Emoções 51
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
o que é ser inteligente. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
HARARI, Y. N. Sapiens: Uma breve história da humanidade. Porto Alegre: 
L&PM Editores S. A., 2011.
DALGALARRONDO, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos 
mentais. Porto Alegre: Editora Artes Médicas do Sul, 2019. 
KANDEL E. R, SCHWARTZ J. H, JESSELL T. M. Princípios de Neurociências. 
5ª Ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.
LA TAILLE, Y. de et al. Piaget. Vygotsky, Wallon: teorias psicogenéticas em 
discussão. São Paulo: Summus, 1992.
PIAGET, J. Biologia e Conhecimento. Petrópolis: Vozes, 1996.
RELVAS, M. P. Fundamentos Biológicos da Educação – Despertando 
Inteligências e Afetividade no processo da Aprendizagem. Rio de Janeiro: 
WAK Editora, 2009.
 
RELVAS, M. P. Neurociência e Transtornos de Aprendizagem – As Múltiplas 
Eficiências para uma Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2015.
LENT, R. Cem bilhões de neurônios: conceitos fundamentais de 
neurociência. São Paulo: Editora Atheneu, 2010.
SCHULTZ, D. P.; SHULTZ, S. E. História da psicologia moderna. São Paulo: 
Saraiva, 2019.
VYGOTSKY, L. S. O desenvolvimento psicológico na infância. São Paulo: 
Martins Fontes, 1998. 
VYGOTSKY, L. S. Psicologia pedagógica. São Paulo: Martins Fontes, 2001.
Neurociências das Emoções 52
Volte ao Sumário
Navegue entre os capítulos
Desenho Instrucional: Veronica Ribeiro
Supervisão Pedagógica: Laryssa Campos
Revisão pedagógica: Veronica Ribeiro
Design editorial/gráfico: Trayce Melo
2021
	Sumário
	Introdução
	INTRODUÇÃO
	1. A evolução das emoções humanas
	1.1 Entendendo nossa história
	1.2 Razão x Emoção - Uma dicotomia ultrapassada
	2. As bases neuropsicológicas das emoções
	2.1 Organização e Estruturação Neurofuncional do Sistema Nervoso
	2.2 A Neurobiologia das Emoções
	2.3 Emoções: universais ou culturais
	3. Neurociências, aprendizagem e emoções
	4. Afetividade e inteligências
	 4.1 Inteligência - O que é? Para quê serve?
	4.2 A influência da Afetividade nas Teorias do Desenvolvimento
	5. Plasticidade cerebral e as emoções
	 5.1 Memórias, Emoções e Neuroplasticidade
	6. Afetividade e seus transtornos
	 6.1 Transtornos Depressivos
	 6.2 Transtorno Bipolar
	6.3 Esquizofrenia
	Considerações Finais
	Referências Bibliográficas
	Sumário 51: 
	Page 1: 
	Page 2: 
	Page 3: 
	Page 4: 
	Page 5: 
	Page 6: 
	Page 7: 
	Page 8: 
	Page 9: 
	Page 10: 
	Page 11: 
	Page 12: 
	Page 13: 
	Page 14: 
	Page 15: 
	Page 16: 
	Page 17: 
	Page 18: 
	Page 19: 
	Page 20: 
	Page 21: 
	Page 22: 
	Page 23: 
	Page 24: 
	Page 25: 
	Page 26: 
	Page 27: 
	Page 28: 
	Page 29: 
	Page 30: 
	Page 31: 
	Page 32: 
	Page 33: 
	Page 34: 
	Page 35: 
	Page 36: 
	Page 37: 
	Page 38: 
	Page 39: 
	Page 40: 
	Page 41: 
	Page 42: 
	Page 43: 
	Page 44: 
	Page 45: 
	Page 46: 
	Page 47: 
	Page 48: 
	Page 49: 
	Page 50: 
	Page 51: 
	Page 52: 
	Page 53: 
	Botão 60173: 
	Page 1: 
	Page 2: 
	Page 3: 
	Page 4: 
	Page 5: 
	Page 6: