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Neurociências das Emoções 1 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos NEUROCIÊNCIAS DAS EMOÇÕES Neurociências das Emoções 1 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos DA SILVA, Veronica Gabriela Ribeiro, 2021. Neurociências das Emoções - Jupiter Press - São Paulo/SP 52 páginas; Palavras-chave: 1. Neurociências 2. Emoções 3. Educação Neurociências das Emoções 2 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos s SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................................4 1. A EVOLUÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS ................................................................................5 1.1 ENTENDENDO NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................5 1.2 RAZÃO X EMOÇÃO - UMA DICOTOMIA ULTRAPASSADA ............................................8 2. AS BASES NEUROPSICOLÓGICAS DAS EMOÇÕES ...........................................................12 2.1 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO NEUROFUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO...............................................................................................................................................12 2.2 A NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES ............................................................................16 2.3 EMOÇÕES: UNIVERSAIS OU CULTURAIS ...................................................................22 3. NEUROCIÊNCIAS, APRENDIZAGEM E EMOÇÕES .............................................................24 4. AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIAS ....................................................................................................27 4.1 INTELIGÊNCIA - O QUE É? PARA QUÊ SERVE? ......................................................27 4.2 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO.......................................................................................................................32 5. PLASTICIDADE CEREBRAL E AS EMOÇÕES ...........................................................................40 5.1 MEMÓRIAS, EMOÇÕES E NEUROPLASTICIDADE ...............................................42 6. AFETIVIDADE E SEUS TRANSTORNOS .......................................................................................45 6.1 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS .........................................................................................45 6.2 TRANSTORNO BIPOLAR .......................................................................................................47 6.3 ESQUIZOFRENIA ........................................................................................................................48 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................................51 * * A navegação deste e-book por meio de botões interativos pode variar de funcionalidade dependendo de cada leitor de PDF. Neurociências das Emoções 3 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos INTRODUÇÃO Prezado(a) aluno(a), é com imensa satisfação que apresento a você o conteúdo da disciplina Neurociências das Emoções. Nesse e-book você encontrará o que há de mais cientificamente atual e contextualizado no que diz respeito aos conhecimentos sobre as bases neuropsicobiológicas das emoções, o processo evolutivo humano, a importância de conhecer e saber lidar com as emoções em vários contextos e principalmente na área educacional, sabendo também reconhecer transtornos e algumas dificuldades que afetam nosso sistema em termos emocionais. No primeiro e segundo capítulos apresentarei evidências de como as pressões naturais e sociais influenciaram o desenvolvimento das emoções e relações, fomentando, assim, comportamentos que auxiliaram a sobrevivência de nossa espécie e nossa existência há milhares de anos. Conversaremos também sobre a organização biológica do cérebro e como ter o conhecimento de suas estruturas e propriedades permite a estudiosos e profissionais de qualquer área manusear métodos e ferramentas para otimizar seu uso. No terceiro e quarto capítulos discutiremos melhor as influências das emoções e da afetividade no processo de ensino-aprendizagem que é inerente a qualquer área do conhecimento. Afinal, somos eternos aprendizes assimilando, (re)conhecendo e (re)significando coisas novas todos os dias. Por fim, no quinto e sexto capítulos conversaremos e discutiremos melhor o processo de adaptabilidade do cérebro, seus processos e flexibilidade, assim como também suas falhas, que acabam por gerar transtornos e dificuldades que permeiam a vida de milhares de pessoas e a sociedade como um todo. Sendo assim, o material visa abordar alguns principais temas ligados às Neurociências das Emoções, lhe dando base para continuar seus estudos e se aprofundar ainda mais no assunto. Espero que seja uma leitura útil e envolvente e que desperte seu interesse ainda maior pelo fascinante mundo do cérebro e das emoções. Excelente estudo! Neurociências das Emoções 4 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 1. A EVOLUÇÃO DAS EMOÇÕES HUMANAS 1.1 ENTENDENDO NOSSA HISTÓRIA Você já parou para pensar e perceber o quanto e como as emoções afetam seu dia-a-dia e suas relações sociais? E isso não é de hoje! Nossos ancestrais do gênero Homo há milhões de anos atrás e outros animais atualmente, convivem, sobrevivem e se adaptam ao meio baseados em suas emoções. Muitas vezes, contudo, sem perceber sua importância e influenciam em diversos setores de sua vida. Imagem 1. A evolução do cérebro. Fonte. saberatualizadonews.com/ Mas e a evolução biológica das nossas emoções, como foi que aconteceu? E o que nos propiciou? Para responder essas e outras perguntas, é necessário voltar no tempo levando em consideração toda a história da humanidade e seu desenvolvimento. E uma das maneiras mais didáticas que os pesquisadores encontraram para explicar esse desenvolvimento foi dividindo em três grandes e importantes revoluções a nossa história: a Revolução Cognitiva, bem no ínicio do surgimento dos primeiros indivíduos da espécie Homo sapiens, 70 mil anos atrás, que permitiu uma intensa evolução em termos biológicos e diversidade comportamental; a Revolução Agrícola, há 12 mil anos, que passou a acelerar nosso desenvolvimento social e uma expansão em termos de espaço e perspectiva de futuro; e, por fim, a Revolução Científica, na qual ainda nos encontramos e Neurociências das Emoções 5 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos iniciou por volta de 500 anos atrás, deixando a cada ano seu legado de avanço e refinamento de métodos, conhecimento e práticas em diversos contextos (HARARI, 2011). Para entender melhor Tem curiosidade de saber mais sobre as Revoluções que impactaram nossa história e outras questões ligadas à evolução e sobrevivência da nossa espécie no contexto atual? Veja a resenha do best seller Sapiens - Uma Breve História da Humanidade (2011) do professor e escritor Yuval Harari, reconhecido como um dos maiores pesquisadores contemporâneos. Mas você pode estar se perguntando: o que essas revoluções na história da humanidade tem a ver com o desenvolvimento e evolução neurobiológica das emoções? Para explicar melhor sobre os processos, pontuamos algumas questões já discutidas pela pesquisadora Katherine Peil Kauffman ao longo dos seus estudos. Entre elas, a hipótese principal de que o maior propósito da emoção é a autorregulação, e que tal premissa faria dela precursora de qualquer outro sentido desenvolvido, seja ele tato, olfato, visão ou audição. https://youtu.be/AdkDyqxJULE Neurociências das Emoções 6 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 2. Visão holística sobre as emoções Fonte: Shutterstock.com Isso nos faz inferir que ao longo dos milênios e milênios de maturaçãoe adaptação, a emoção se tornou o papel central para entendermos questões do âmbito da cognição, motivação, aprendizado e cultura, e até mesmo para identificar como e porquê socializamos e o que isso traz de benéfico ou não para a existência humana. Kauffman pontua também que as emoções são um produto evolutivo da sensibilidade de todos os sistemas vivos em resposta adaptativa ao meio, corroborando com a ideia central de um dos principais pesquisadores da História das Ciências, o naturalista Charles Darwin (1809-1892), em sua obra intitulada A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais (1872). Aqui, entende-se que as emoções formam um sentido primitivo, comum a todos os animais - sim, inclusive os humanos! - que nos propiciam capacidade de resistência, proteção, fuga e reprodução, fomentando, de forma geral, o princípio de reprodução da espécie, inerente a todo organismo. Sobrevivência, adaptação e autorregulação formam, portanto, o tripé do propósito evolutivo das emoções. Neurociências das Emoções 7 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 1.2 RAZÃO X EMOÇÃO - UMA DICOTOMIA ULTRAPASSADA Você já deve ter percebido o quanto as concepções de razão e emoção são utilizadas com frequência de maneira opostas, como diretamente excludentes. É como se uma não pudesse coexistir com a outra em um mesmo espaço, em um argumento, em qualquer ação… dentro de você. E mais: no geral as emoções são utilizadas como sinônimo de fraqueza, pieguice e estão diretamente ligadas a ideias negativas ou inferiores. Enquanto que a razão sempre dá a ideia de superioridade, argumentação forte e irrefutável ou de alguém muito seguro de si. Mas e se eu lhe dissesse que a ciência já provou não ser tão simples assim? Para explicar melhor tudo isso, precisamos voltar alguns séculos e entender outro dualismo também bem comum em nossa história: mente e corpo como entidades distintas e sem relação. É claro que desde que a espécie humana existe, o homem vem se preocupando com sua existência e procurando maneiras de sobreviver às adversidades do meio. Uma dessas formas desenvolvidas foi também começar a se questionar sobre sua própria existência, sua origem e função dentro do espaço que ocupava e na sua relação com seus pares da mesma espécie, tribo, sociedade e com outros animais e elementos bióticos e abióticos (aqueles providos e desprovidos de vida, respectivamente). Imagem 3. Platão Fonte: freepik.com Neurociências das Emoções 8 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos No registro da História da humanidade, grandes filósofos tiveram um papel de destaque e entre eles, um dos mais conhecidos: Platão (séc. IV a. C.). Documentalmente, ele foi um dos primeiros a questionar sobre a origem das emoções e da razão, o porquê de existirem e ao quê e a quem estavam relacionados. A priori, foi sendo contra a filosofia de Heráclito que ele botou em questionamento a transitoriedade das coisas. A fim de buscar a verdade sobre aquilo que o cercava, Platão pontuou que não era possível existirem verdades subjetivas, particulares ou relativas na criação e desenvolvimento do conhecimento e que nossas emoções, fruto de experiências bastante individualizadas, nos enganavam e deturpavam nossas ideias sobre o mundo. Para tal filósofo, as emoções estavam ligadas ao corpo físico, que era mutável e dependia diretamente do seu contexto, enquanto que a razão estava ligada ao mundo lógico, pelo qual o acesso a realidade se dava e era possível entender e tirar conclusões universais. Para Platão, portanto, alma e corpo eram de naturezas distintas (Schultz & Schultz, 2019). No período moderno (historicamente delimitado entre o final do século XV e século XVIII, com as grandes revoluções científicas e econômicas), outro grande pensador e cientista merece o devido destaque nessa discussão: René Descartes (1596 - 1650). Descartes foi um dos principais defensores da dualidade mente- corpo mas, diferentemente de Platão, defendia uma influência mútua dessas duas entidades. Ainda assim, seu método cartesiano - descrito como base do conhecimento científico através de evidência, análise, síntese e enumerações em sua mais conhecida obra Discurso do Método - distinguiu três categorias desse dualismo: 1. Dualismo de substância: sugere que mente e corpo possuem fundamentalmente matérias de origem distintas, e pontua que a matéria de origem mental pode existir fora do corpo; 2. Dualismo de propriedade: sugere distinção ontológica (que está ligada à essência) entre mente e corpo, principalmente quando reduzidos aos seus elementos psicológicos e biológicos. 3. Dualismo de predicado: sugere a irredutibilidade de propriedades mentais a propriedades físicas. Em outras palavras, não seria possível entender e/comparar fenômenos mentais com os físicos. Neurociências das Emoções 9 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 4. René Descartes Fonte: filosofianaescola.com René Descartes ainda lançou outra obra bastante conhecida chamada As Paixões da Alma (1649). Nela o cientista pontua que o que conhecemos como “paixões”, na verdade são sensações precursoras das emoções. Traduzindo tal noção para os entendimentos fisiológicos atuais, as paixões atuam como combustível para as emoções e essas movem o “espírito”. Essa é uma das formas pelas quais Descartes entendia que a alma ou mente, influenciava o corpo, como define no trecho a seguir: “As percepções ou sensações ou excitações das emoções, que são cau- sadas, mantidas e amplificadas por alguns movimentos dos espíritos [...] movem o corpo em todas as diferentes maneiras pelas quais este pode ser movido” (DESCARTES, 1989, p.24) Já na contemporaneidade, a discussão é um pouco diferente e mais avançada, e se aproxima cada vez do que a ciência tem provado ao longo dos últimos anos. Com o advento de grandes revoluções científicas, principalmente baseada em grandes obras como A Origem das Espécies (Darwin, 1859), vem sendo comprovada a grande influência do meio nos processos mentais, cognitivos e comportamentais e, a partir disso, uma consequente pressão para adaptação. Atualmente, o pesquisador mais conhecido que tem se debruçado em entender o papel das emoções, sua relação com o meio e sua estreita ligação com os processos racionais é o neurologista português António Damásio. Neurociências das Emoções 10 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Sua principal teoria e linha de estudo é baseada na Hipótese do Marcador Somático, que sugere que emoções têm um papel fundamental na habilidade de tomada de decisões racionais em situações complexas, incertas e desafiadoras (Damásio, 2005). Mas afinal, o que seriam marcadores somáticos? Sousa (2020), a partir das produções científicas de Damásio e outros pesquisadores da área, os definem como reações emocionais, baseadas em nossas experiências de vida e principalmente fruto das influências do meio, que aumentam a eficiência e a precisão do processo de tomada de decisão. O autor também chama a atenção para explicar que nem sempre os marcadores somáticos se expressariam em formas comportamentais, podendo também agir na forma de mecanismos atencionais, ajudando na escolha de alternativas dentro do processo decisório. Evolutivamente, significa a otimização de recursos como energia e tempo, propiciando melhor adaptação do meio e sobrevivência. Quer entender melhor e de forma sintética sobre a principal obra de António Damásio, na qual ele discute algumas proposições feitas por René Descartes e os avanços do entendimento sobre a relação de Razão e Emoção? Leia a resenha de O Erro de Descartes feita por pesquisadores brasileiros: No próximo capítulo, resgataremos um pouco mais sobre os estudos de Damásio e explicaremos melhor sobre as áreas anatômicas funcionais e a fisiologia envolvida nas Neurociências das Emoções. Continue sua leitura e nos encontramos em breve! https://psicologiacatalao.com.br/2020/02/16/tomada-de-decisao-e-emocao/ https://www.scielo.br/pdf/epsic/v2n2/a13v02n2.pdfNeurociências das Emoções 11 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 2. AS BASES NEUROPSICOLÓGICAS DAS EMOÇÕES É possível fazermos uma longa viagem a pé, de olhos fechados e mesmo assim chegar ao nosso destino? Sim, é possível. Mas além de ser algo extremamente trabalhoso e cansativo, as condições nos levam a caminhos equivocados, perigosos, muitas vezes sem orientação, e que demandam muito mais tempo do que se tivéssemos o conhecimento prévio dos mesmos, com os devidos meios e ferramentas e sabendo onde e como procurar ajuda quando precisássemos. É assim a nossa vida sem os conhecimentos básicos do principal sistema e órgão mediador entre o mundo interno e externo. Sendo assim, esse capítulo visa apresentar melhor as organização estrutural e funcional do sistema nervoso, as funções do cérebro e seu papel na regulação das emoções. 2.1 ORGANIZAÇÃO E ESTRUTURAÇÃO NEUROFUNCIONAL DO SISTEMA NERVOSO As Neurociências se propõem a desmistificar o cérebro, seu padrão de formação e ação, suas funções e seus constituintes celulares. O cérebro é para os animais, em geral, o principal órgão gerador e regulador de respostas aos estímulos do meio. Desse modo, o cérebro é o órgão responsável pelas emoções e comportamento e, para obter sucesso na empreitada da vida, toda e qualquer pessoa deve compreender como o sistema nervoso se desenvolve, se organiza e funciona como um todo. O primeiro passo é, portanto, identificar e caracterizar segundo à forma, localização e função os constituintes neurobiológicos que fazem parte de processos comportamentais e cognitivos, tal como atenção, memória, raciocínio, leitura, linguagem, capacidade de julgamento, locomoção e interação. Todos esses processos são frutos de circuitos nervosos formados a partir das células especializadas do sistema, os neurônios, que de acordo com sua organização, morfologia e interações entre si, permitem arranjos complexos capazes de decodificar estímulos e gerar ações. Os neurônios são os principais responsáveis pelo processamento e transmissão de informações. São células diferenciadas que compõem a unidade básica do sistema nervoso, levando impulsos elétricos do cérebro – órgão de processamento – aos demais sistemas do organismo. Morfologicamente é composto pelas seguintes partes, como representado na figura: Neurociências das Emoções 12 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 5. Partes de um neurônio Fonte: freepik.com • Corpo celular ou Soma, • Núcleo celular; • Dendritos - prolongamentos numerosos e curtos do corpo celular, os receptores de impulsos; • Axônio - prolongamento que transmite o impulso nervoso vindo do corpo celular; • Telodendritos ou terminais axonais - onde o impulso passa de um neurônio para o outro, ou para outro órgão. Os impulsos nervosos, responsáveis por levar informações de um lado para o outro no organismo ou frutos da interação com o meio, são disparados continuamente, modulando tais informações e repassando-as para outros neurônios por meio das sinapses – locais onde acontecem e regulam a passagem dos impulsos – através da ação de neurotransmissores, que pode excitar ou inibir essa transmissão. A qualidade de realização de uma ação, seja ela de forma intelectual, linguística e/ou motora depende diretamente da eficiência das transmissões sinápticas, que podem transformar estímulos sensoriais em impulsos elétrico os quais serão decodificados por áreas superiores do sistema nervoso, gerando o que chamamos de percepção. Vale aqui ressaltar que nem todos os estímulos para os quais somos apresentados geram de fato a percepção. No processo de aprendizagem, por exemplo, no qual a percepção é gerada e modulada, ocorre uma seleção dos Neurociências das Emoções 13 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos estímulos externos em ordem gradativa por meio de processos cognitivos como a atenção e a memória (temas que aprofundaremos nos próximos capítulos deste material). Parte de toda gama de estímulos que recebemos continuamente é selecionada e processada, enquanto outra parte é diminuída e descartada. Outra região também de extrema importância para o entendimento do sistema nervoso, a porção externa do cérebro, é chamada de córtex cerebral, responsável pelas operações de capacidade cognitivas, como linguagem, memória, planejamento de ações, raciocínio crítico – conhecidas também como funções superiores. A partir da função de cada área cerebral, o córtex é subdividido em lobos, os quais - apesar de indissociáveis no sistema e em seus processos como um todo – desempenham funções específicas. São eles: lobo frontal, lobo parietal, lobo temporal e lobo occipital, como na imagem 6. Imagem 6. Subdivisão funcional do córtex cerebral Fonte: infoescola.com A tabela 1, logo a seguir, descreve as funções de cada lobo já reconhecidas cientificamente, buscando promover a melhores estratégias e recursos baseados no cérebro: Neurociências das Emoções 14 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos LOBO FUNÇÕES Lobo Frontal · Controle das funções motoras – pla- nejamento dos atos e organização psicomotora; · Julgamento, interpretação da emo- ção, modulação da memória imediata e atenção; · Flexibilidade em resolução de pro- blemas, comportamento social e mo- tivação; · Responsabilidade pela fala articula- da, fluência verbal e identificação de erros Lobo Parietal · Processamento da sensibilidade – percepção relacionada ao esquema corporal (processamento espacial); · Reconhecimento tátil de objetos e formas. Lobo Occipital · Processamento da visão – análise de lugar, movimento e cor de objetos; · Controle da fixação visual; · Interpretação da percepção visual. Lobo Temporal · Processamento da informação audi- tiva – classificação de sons; · Processamento de emoções e me- mória episódica; · Controle de emoções, saciedade, desejo de fuga, impulso sexual, luta e proteção; · Percepção e reconhecimento o olfa- to e do paladar Tabela 1. Os lobos corticais e suas respectivas funções Fonte: Cosenza & Guerra, 2011 (adaptada). Neurociências das Emoções 15 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Em resumo, os processos sensoriais começam sempre nos receptores especializados em captar um tipo de neurotransmissores e os impulsos são propagados pelos neurônios, gerando um circuito que leva as informações até áreas superiores (corticais) para serem processadas. O entendimento e manuseio das ações cognitivas permite o reconhecimento de padrões de entrada, elaboração e saída de informações recebidas, permitindo assim também que haja identificação prévia de possíveis dificuldades, podendo reelaborar estratégias prévias que visem alcançar resultados mais expressivos, quanto a objetivos que podem ser educacionais, pessoais, intelectuais, entre outros. Sendo assim, as Neurociências colaboram para uma reformulação dos saberes e práticas cotidianas. Saber lidar com nossa formação biológica natural nos permite ter controle sobre as mais variadas ações e reações. E no mai diversos contextos, as estratégias propostas baseadas nos conhecimentos do cérebro podem ajudar a transformar qualquer pessoa em um sujeito autônomo, capaz, flexível, estrategista e motivado, adaptando-se aos seus objetivos e contexto, gerando mudanças profundas nos paradigmas. 2.2 A NEUROBIOLOGIA DAS EMOÇÕES No subcapítulo anterior você pode perceber como algumas partes do cérebro são mais especializadas, desenvolvidas e definidas do que outras para assimilar, reconhecer e processar alguns procedimentos cognitivos e comportamentais que influenciam as ações e vivências humanas. No geral, isso não significa que apenas uma parte do cérebro é responsável por apenas uma função, mas significa, sobretudo, que ela é a principal responsável pelo bom funcionamento daquele processo. Nunca se esqueça que o cérebro e todo o sistema nervoso são integrados. O seu bom funcionamento depende da correta performance e ligaçãode toda as estruturas. No caso das emoções e seus processos afetivos, a situação não é muito diferente. Paul Broca (1824 - 1880), cirurgião e antropólogo francês, promoveu excelentes contribuições para o estudo das emoções ao longo de suas pesquisas, como a nomeação e intensas pesquisas sobre o grande centro de processamento emocional que ele chamou de Sistema Límbico. Neurociências das Emoções 16 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos O sistema límbico, também conhecido como cérebro emocional, é o responsável e/ou está diretamente ligado aos comportamentos ligados à memória e respostas emocionais. Sabe aquela emoção que surge ao perceber o cheiro de uma pessoa querida sem a presença dela? Ou sentir de longe o cheiro de comida de vó que relembra a infância? É o sistema límbico em ação! São partes fundamentais do cérebro emocional estruturas como: • Giro do Cíngulo - Constituído de fibras nervosas capazes de interligar os dois hemisférios cerebrais, tal estrutura é responsável pela percepção de odores e ativação de memórias agradáveis, bem como também responsável por respostas reguladoras de dor e de comportamento agressivos; • Corpo Amigdalóide (ou amígdalas cerebrais, uma em cada hemisfério do cérebro, mas que nada têm a ver com a estrutura de gânglios linfáticos que temos em nossa garganta) - estrutura de ligação com hipocampo e hipotálamo através o fórnix (estrutura de feixes nervosos cuja principal função é a transmissão de sinais biológicos), é uma das principais reguladoras de atividades autônomas, como pressão arterial batimentos cardíacos e respiração, por exemplo, assim se tornando também uma das principais reguladoras de agressividade. Dentre as áreas e estruturas reguladoras, é uma das mais importantes geradoras de respostas emocionais que advém do comportamento social, tanto entre humanos, como em outros mamíferos, entre eles o reprodutivo e o de sobrevivência; • Tálamo - é responsável por funções motoras e sensitivas, regulando tanto a consciência, como o sono e também os estados de alerta. Tem também uma importante função de comunicação entre as demais estruturas desse sistema; • Hipotálamo - Estrutura envolvida com estados de prazer e raiva, e principalmente no controle de temperatura corporal. Tais funções internas são denominadas de vegetativas, e estão relacionadas de forma geral ao comportamento. É um das principais áreas responsáveis pelos transtornos de ansiedade, através de uma retroalimentação negativa de emoções; Neurociências das Emoções 17 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 7. Principais estruturas do Sistema Límbico. Fonte: todamateria.com.br • Hipocampo - Principal responsável pela memória, principalmente a de longa duração ; • Septo - área correlacionada a prazer, principalmente o sexual, coordenando sensações como a do orgasmo, por exemplo; • Corpo Mamilar - Responsável pela manutenção de memória recente e espacial, que permite localizar objetos e eventos; • Tronco Encefálico - possui papel integrador e coordenador de fenômenos emocionais; • Área pré-frontal - é considerada parte funcional do sistema límbico por integrar áreas do mesmo como o corpo amigdalóide e tálamo. Está relacionada ao raciocínio, percepções, tomada de decisões e comportamento afetivo e social e, quando lesionada, afeta biopsicosocialmente o indivíduo. Neurociências das Emoções 18 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos CURIOSIDADE Lembra do livro O Erro de Descartes mencionado no capítulo anterior? Nele, seu autor António Damásio faz referência a um caso clínico bastante conhecido, o de Phineas Gage, um sobre- vivente norte-americano de uma explosão durante seu trabalho na construção de trilhos em uma rodovia, na metade do século XIX. Apesar de sobreviver, o acidente provocou uma grave lesão com uma perfuração de seu crânio por uma barra de ferro, como mostra a figura a seguir: Fonte: sutori.com Para conhecer um pouco mais sobre essa história e sua relação com a neurobiologia das emoções, assista a resenha feita pelo psicólogo Lucas Silva no seu canal no YouTube chamado Leitu- ras do Lucas, clicando na imagem abaixo: https://youtu.be/aehk2ksb76E Neurociências das Emoções 19 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Além desse caso, há outros espalhados no mundo inteiro nos quais lesões ou má formação em áreas ou estruturas do cérebro afetaram o sistema límbico e suas funções emocionais, como você pode conferir nessa reportagem da BBC News Brasil. Além da formação estrutural e depois de conhecer melhor sobre o funcional neural das emoções, você deve estar se perguntando: mas afinal, emoções e sentimentos são a mesma coisa? E as Neurociências respondem: biologicamente não! Segundo Relvas (2009), “as emoções são conjuntos de reações químicas e neurais que ocorrem no cérebro emocional e que usam o corpo como ‘teatro’, ocasionando até as emoções viscerais que afetam os órgão internos, de acordo com sua intensidade.”. De fato, as emoções estão sempre acompanhadas de respostas autônomas, também conhecidas como respostas involuntárias, pois independem da consciência do indivíduo. Tais respostas podem ser ainda de origem endócrina ou muscular, e dependem totalmente das áreas corticais do sistema nervoso. Sendo assim, as emoções são resultados dos variados microsistemas cerebrais que encontram-se distribuídos por todo o organismo, tornando inviável a separação de mecanismos fisiológicos das emoções e cognição. Reportagem da BBC News Brasil Clique aqui para acessar Para gravar Neurociências das Emoções 20 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 8. Emoções e Sentimentos. Fonte: freepik.com Por outro lado, os sentimentos são a experiência mental fruto das emoções, que de maneira muito particular refletem a individualidade de cada sujeito. De forma geral, segundo Damásio e LeDoux (2014) sentimento é o significado que o cérebro dá para a experiência fisiológica que a emoção gerou. Então, é a percepção consciente dessa experiência. E para ter mais exemplos da distinção entre emoção e sentimentos, sugiro a você um vídeo do canal NeuroVOX, onde o Professor Doutor Pedro Calabrez mostra um pouco mais o que acontece em seu corpo nas mais variadas situações. Assista ao material. O Que São Emoções e Sentimentos? Clique aqui para acessar Para gravar Neurociências das Emoções 21 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 2.3 EMOÇÕES: UNIVERSAIS OU CULTURAIS Segundo Dalgalarrondo (2018), atualmente os pesquisadores da área se dividem em 2 grandes grupos, que entendem e pesquisam cientificamente formas de caracterizar e organizar metodologicamente as emoções humanas. A primeira hipótese, a do caráter universal, que tem como grande e reconhecido idealizador Charles Darwin, sugere que toda a humanidade, independente de subgrupos ou características culturais, possui um grupo básico de emoções. No entanto, mesmo que por vezes seja tomada como contraponto, a hipótese da relatividade cultural das emoções - que sugere que tipos de vivências emocionais são localizados no tempo histórico e nas diferentes sociedades e culturas humanas (Rosenwein, 2011) - pode também ser incluída e corroboram para o entendimento contemporâneo sobre os princípios das emoções, pois assim com Darwin postulou e outros vários cientistas, como António Damásio, já comprovaram, o ambiente tem forte influência sobre os estados mentais humanos e possíveis mudanças neurobiológicas do organismo. Como comentado anteriormente, a teoria darwinista proposta na obra intitulada A Expressão das Emoções nos Homens e nos Animais (1872) pontua que emoções como raiva, medo, ciúmes e amor materno estariam presentes em todas as classes de animais e tais manifestações (tanto faciais quanto comportamentais) ao longo da evolução, principalmente em espécies com ancestrais em comum, se tornariam comuns a humanos e outros animais. Imagem 9. Comparação do cérebro do homem e outros animais.Fonte: adaptado de Ribas (2006) Neurociências das Emoções 22 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Já Damásio (2012) dividiu as emoções humanas em 3 tipos: emoções básicas, ou primárias; emoções secundárias; e emoções de fundo. No caso das emoções universais, seu entendimento tem forte influência da concepção proposta pelo psicólogo norte-americano Paul Ekman (1934-) reconhecido pelo trabalho desenvolvido desde 1957 no qual ele pontua que os humanos tem 6 emoções básicas: alegria, tristeza, medo, raiva, nojo (aversão ou repugnância) e surpresa (Ekman; Friesen, 1971). As emoções secundárias ou sociais têm um caráter bem mais complexo, pois advém de uma confluência neuropsicológica e social, e formam um grande conjunto de emoções, como vergonha, culpa, remorso, simpatia, compaixão, embaraço, orgulho, ciúmes, inveja, gratidão, admiração, submissão, indignação e desprezo. (Dalgalarrondo, 2018) Por fim, para as emoções de fundo, Damásio (2012) atribui características que podem até se confundir com humor. São exemplos sensações de bem ou mal-estar, variações de energia, fadiga, entre outros. E, nesse sentido, há um forte contraponto de estudiosos que afirmam ser difícil delimitar a separação das emoções primárias das secundárias, por não haver base empírica suficiente para comprovar esses limites. E você, o que acha? Já parou para pensar se suas emoções são puramente primárias e iguais em todos os contextos, mesmo comparado a outras pessoas? Ou você percebe a variação de suas emoções de acordo com as variáveis sociais que lhe rodeiam? Pense nisso! Neurociências das Emoções 23 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 3. NEUROCIÊNCIAS, APRENDIZAGEM E EMOÇÕES Imagem 10. A neuroeducação na sala de aula. Fonte: iberdrola.com Ter o conhecimento básico do funcionamento do sistema nervoso e aliá- lo com a crescente evolução tecnológica é uma tendência que está elevando o nível de condução do processo de ensino-aprendizagem e contornando as dificuldades que a educação tradicional encontra frente à variabilidade de inteligências despertadas atualmente. Nesse sentido, é cada vez maior o interesse pela nossa formação neurobiológica, pelo entendimento de padrões e funções cerebrais e de como dominar e aperfeiçoar a capacidade do cérebro em fazer coisas extraordinárias. Ainda assim é muito raro ver profissionais da área educacional utilizarem conhecimentos neurobiológicos para pautar suas aulas, atividades e ter sucesso no engajamento de todo corpo docente e discente. E em meio a tantos estudos e modelos já colocados em prática, acredita-se que com o conhecimento da formação biológica humana e da variação dos estilos de aprendizagem, juntamente às ferramentas práticas de identificação e resolução de problemas estudadas por áreas como a Psicologia e até mesmo o Design, é possível criar um novo paradigma social para uma formação ainda mais completa e eficaz, que contribui tanto para a formação do público quanto do educador/tutor. Neurociências das Emoções 24 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Mas o que é aprender, afinal? Neurocientificamente, o processo de aprendizagem, que é fruto de nossas experiências pessoais em interação com o meio juntamente à nossa predisposição genética, causa uma série de mudanças a nível celular, transformando e rearranjando inúmeras conexões neuronais capazes de modificar padrões e estruturas. Tais mudanças, como consequência, são processadas e convertidas em alterações comportamentais e emocionais, reproduzindo nossa forma de pensar e agir frente a um contexto. Levando em consideração essas afirmações, é possível inferir, portanto, que cada indivíduo assimila, desenvolve, aprimora e reproduz o conhecimento de uma forma única, formando assim o que nós chamamos de inteligências múltiplas. Quando tratamos do processo educacional, lidamos também com a capacidade do professor-mediador em aprimorar o seu entendimento das fases e necessidades dos aprendizes com uma visão individualizada sobre as diferentes aprendizagens. Nesse sentindo, as Neurociências encaixam-se como ferramenta de aperfeiçoamento dessa relação de professor-aluno, trazendo à tona discussões importantes para a evolução do processo como um todo. No entanto, Cosenza & Guerra (2011) alertam a respeito do uso destes conhecimentos para que não caiamos em soluções simplistas: “Embora muitas vezes se observe certa euforia em relação às contribui- ções das neurociências para a educação, é importante esclarecer que elas não propõem uma nova pedagogia nem prometem soluções defini- tivas para as dificuldades da aprendizagem. Podem, contudo, colaborar para fundamentar práticas pedagógicas que já se realizam com sucesso e sugerir ideias para intervenções, demonstrando que as estratégias pe- dagógicas que respeitam a forma como o cérebro funciona tendem a ser mais eficientes” (COSENZA & GUERRA, 2011, p. 142) Sendo assim, a proposta das Neurociências é contribuir para o entendimento e articulação do processo de ensino-aprendizagem cada vez mais consciente e eficaz, tornando o caminho menos confuso e “doloroso”, tanta para educadores quanto para aprendizes. Como educadores, portanto, é preciso conhecer e compreender as peculiaridades que otimizarão o aprendizado do aluno, e a partir das especificidades neurobiológicas trabalhar com as adaptações necessárias. Neurociências das Emoções 25 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Clique aqui e acompanhe importantes reflexões sobre as emoções no processo educacional feitas pelo psicanalista, pedagogo, autor de diversas obras e grande pesquisador na área, o Prof Dr. Geraldo Peçanha de Almeida. https://youtu.be/5TdeC13looo Neurociências das Emoções 26 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 4. AFETIVIDADE E INTELIGÊNCIAS Agora que você já conhece melhor sobre a bioestrutura funcional das emoções e a sua aplicabilidade, principalmente no contexto educacional - afinal, em todas as áreas de nossa vida somos eternos aprendizes - é hora de entender um pouco melhor como as emoções propiciam mecanismos de adaptação e sobrevivência em diversos setores de nossa vida, refletindo principalmente em nossa qualidade de vida. 4.1 INTELIGÊNCIA - O QUE É? PARA QUÊ SERVE? Seja na vida pessoal ou profissional, é comum você se deparar com a frase “use sua inteligência!” ou “fulano fez uma escolha inteligente”, entre outras. Mas afinal, o que é a inteligência e como ela é influenciada pelas emoções no dia-a- dia? Por definição, inteligência, de forma geral, é a capacidade de adaptar-se efetivamente às mais variadas situações, contextos e ambientes. Deixou de ser algo puramente mensurado pelo sucesso acadêmico e passou a ser entendido pela capacidade de raciocínio, planejamento, resolução de problemas, abstração, compreensão do complexo e aprendizado eficaz por meio da experiência. No entanto, há diversas maneiras de analisar e/ou conceber tal adaptação: mudando a nós mesmos, mudando o ambiente ou ainda simplesmente trocando de ambiente (Relvas, 2009, p.98). De qualquer forma que se dê, tal adaptação necessita usar ativamente e corretamente funcional as propriedades cerebrais. Ou seja, o cérebro, a partir de vários processos, entre eles o cognitivo, emocional e/ou motor, integra-se para promover a inteligência e, consequentemente, a adaptação. A partir desse entendimento, portanto, surgiram várias hipóteses, linhas de estudo e divisões didáticas para entender de que forma “produzimos” inteligência e como ela pode se apresentar. Uma das mais conhecidas é a de Howard Gardner e as Múltiplas Inteligências, que postula que as mesmas são desenvolvidas e realizadas distintamentes, de acordo com estímulos que podem ser tanto internos ou externos. Neurociências das Emoções 27 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 11. A multiplicidade de inteligências, segundo Howard Gardner Fonte: universoracionalista.org/ Segundo Gardner, os humanos têm capacidade dedesenvolver 8 (oito) tipos de inteligências, que estão relacionadas funcionalmente, portanto, a diferentes áreas e estruturas do cérebro. São elas: • Inteligência Lógico-Matemática - capacidade/facilidade de realizações de operações numéricas, entendimento geométrico do espaço e dedutivas. São responsáveis por ela todas as conexões neurais do encéfalo e do córtex pré-frontal; • Inteligência Linguística: capacidade de usar a fala e a escrita para um fim, como a comunicação, transmissão de ideias ou para aprender outros idiomas, por exemplo. Áreas como Wernicke e Broca são responsáveis por tal inteligência; • Inteligência Espacial: diz respeito à capacidade de compreensão, reconhecimento e manipulação do contexto espacial. São responsáveis por essa inteligência as áreas parietal e temporal do hemisfério direito do encéfalo; Neurociências das Emoções 28 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos • Inteligência Corporal-Cinestésica: está relacionada ao autocontrole do corpo, podemos entendê-la como uma “inteligência corporal” e a sua capacidade de utilizar os movimentos corporais para resolução de algo. Vai desde montar um brinquedo até contribuir na construção de um carro ou uma casa. A área parietal superior motora é a principal envolvida nesse processo; • Inteligência Interpessoal e Intrapessoal (separadas, a priori, porém depois agrupadas): a primeira está ligada ao entendimento das intenções e desejos de terceiros. Reflexo direto na relação social do indivíduo em grupo, o que propicia o desenvolvimento de gestores, professores, políticos e demais líderes sociais. Enquanto que a segunda está diretamente ligada ao desenvolvimento de uma compreensão de si, o que favorece o desenvolvimento pessoal. Essa é a inteligência que é trabalhada para se conhecer e poder agir para alcançar objetivos pessoais. Está envolvidas em ambas a área pré-frontal do encéfalo e na segunda, também há a contribuição do sistema límbico; • Inteligência Musical: é o que muitos chamam de talento musical. É aquela aptidão por compor, distinguir sons e acompanhar ritmos. Mobiliza principalmente as regiões temporais de ambos os hemisférios cerebrais. Posteriormente, o pesquisador propôs também o seguinte tipo de inteligência: Inteligência Natural: aquela que está relacionada ao reconhecimento e classificação de uma espécie da natureza. E está ligada ao hemisfério cerebral direito, mobilizando também o sistema hipotálamo-hipofisário-pineal. Ter a capacidade de reconhecer os componentes e tipos de inteligência é fundamental para entender princípios das grandes teorias (Relvas, 2009, p.99). E ainda no embalo de entender a inteligência humana sob diversos prismas, temos uma das teorias mais sólidas e relevantes proposta pelo pesquisador Sternberg, no qual ele correlacionado os componentes da inteligência com o processo evolutivo, como explica a tabela adaptada abaixo de Relvas (2009): Neurociências das Emoções 29 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Tabela 2. Componentes da Inteligência, segundo Sternberg Fonte: adaptado de Relvas, 2009. Por fim, uma teoria bastante discutida e conhecida na literatura é a da Inteligência Emocional, sugerida e estudada pelo pesquisador Daniel Goleman. Como já vem sendo discutido aqui ao longo dos capítulos, já sabemos que as nossas emoções são fruto de um valioso processamento de informações e nos ajudam nos mais variados contextos e fundamentalmente em nossas tomadas de decisões. Imagem 12. A inteligência emocional Fonte: ecommercenapratica.com/ Neurociências das Emoções 30 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Para Goleman (1995), 80% de nosso sucesso pessoal advém de nossa inteligência emocional, que é basicamente sustentada por 5 pilares: autoconhecimento, gestão das emoções (autocontrole), motivação, empatia e sociabilidade (relações interpessoais). Essa e outras habilidades cognitivas, aliada a busca de uma melhor qualidade de vida, podem impactar em vários contextos sociais, trazendo benefícios tais como (segundo Relvas, 2009): • Autoconfiança: que é a capacidade de confiar em si mesmo e cuidar de suas próprias responsabilidades; • Compostura: capacidade de lidar com frustrações; • Criatividade: capacidade de criar soluções aos problemas; • Empatia: lidar com emoções, sentimentos e motivações dos outros; • Humildade: consciências das próprias limitações; • Planejamento: prioridade nas ações. O importante, segundo os estudos de Goleman (1995) e Relvas (2009) é capacitar as pessoas a suportar adversidades, construindo novos comportamentos, pensamentos e hábitos, cultivando o equilíbrio. Na batalha ideológica sobre as formas de inteligências, deve-se levar em consideração, sobretudo, o contexto no qual o indivíduo está inserido. Isso significa, em outras palavras, que a mente humana é capaz de lidar com grandes volumes e diversidade de conteúdo, e tende a mesclar diversos tipos de inteligência para a realização de uma tarefa, combinando as que melhor se encaixarem para a eficácia de atividades complexas, que estão presentes em toda a história da evolução humana. No geral, não significa que o cultivo de um tipo de inteligência deva anular a outra. Porém, cada vez mais a ciência tem comprovado que o progresso humano só será efetivo e trará felicidade e prosperidade quando tais inteligências, através de mecanismo educacionais, forem desenvolvidas conjuntamente para maior desenvolvimento e autonomia, respeitando culturas e peculiaridades do contexto dos indivíduos. Neurociências das Emoções 31 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos PARA SABER MAIS Sugiro que você assista o filme em animação chamado Divertida Mente (Walt Disney e Pixar, 2015). Através dele você poderá reconhecer didaticamente e de maneira bem descontraída como as emoções influenciam no cotidiano, nas relações e nas tomadas de decisões diárias na vida de uma pessoa. Fonte: pinterest.com 4.2 A INFLUÊNCIA DA AFETIVIDADE NAS TEORIAS DO DESENVOLVIMENTO Iniciamos este subcapítulo com uma reflexão: “O professor é o marinheiro dos novos tempos. No momento em que se descobrem as verdades das inteligências múltiplas e se configura o novo papel da educação, centrada em um aluno a ser descoberto em sua ex- trema singularidade, emerge, como um dos mais importantes profissio- nais do século, todos os que têm o extremo, privilégio de fazer surgir, des- te novo aluno, um novo ser humano.” (ANTUNES, 2001, p9) Neurociências das Emoções 32 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos No que diz respeito às grandes teorias do desenvolvimento e a importância da afetividade na maturação da inteligência, são 3 os grandes nomes que devemos mencionar e estudar: Jean Piaget, Lev Vygotsky e Henri Wallon. A literatura destaca Jean Piaget (1896-1980), biólogo e epistemólogo, como um dos pioneiros a relacionar a afetividade como processo fundamental no desenvolvimento dos indivíduos. Biologicamente, Piaget pontua que o desenvolvimento humano apresenta 3 estruturas: as filogeneticamente herdadas, ou seja, características básicas já programadas da espécie homo sapiens; estruturas parcialmente programadas, que dependem de rearranjos sinápticos resultantes da interação com o meio externo; e estruturas nada programadas, que são aquelas estruturas subjetivas, frutos de processos mentais individualizados e específicas para o ato de conhecer. (Relvas, 2009) Imagem 13. Jean Piaget Fonte: gettyimages.com De modo geral, o que Piaget destaca é que a aquisição de conhecimento depende tanto de estruturas inerentes ao próprio sujeito, das cognitivas e também daquelas que já estão em seu genoma - ou seja, no conjunto de informações hereditárias repassadas através do DNA - quanto também da interação do sujeito com o objeto. Neurociências das Emoções 33 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Para explicar esse processo, Piaget ainda conceituou duas operações mentais que regulam as trocas de informações do sujeito com o meio,o adaptando: assimilação e acomodação Na assimilação, “o sujeito integra a sua realidade à estruturas prévias, que podem permanecer invariáveis ou são mais ou menos modificadas por esta própria integração, mas sem descontinuidade com o estado precedente, isto é, sem serem destruídas, mas simplesmente acomodando-se à nova situação.” (Piaget, 1996, p. 13). A acomodação, no entanto, se refere ao processo de modificações dos sistemas de assimilação por influência do meio externo. Além disso, Piaget pontuou ainda 4 estágios cognitivos no processo de aprendizagem e formação de inteligências: • Estágio de inteligência sensório-motora (0 a 2 anos de idade): a criança apresenta prática e regulada pela percepção; • Estágio de inteligência pré-operatória (2 a 8 anos de idade): conhecido como estágio da inteligência simbólica, no qual a criança é capaz de substituir um objeto ou acontecimento por uma representação. É também um estágio de aquisição inicial da linguagem e manifestação do pensamento intuitivo (Relvas, 2009); Obs.: Nessa etapa, contudo, a criança não abandona a inteligência sensório- motora desenvolvida na fase anterior, e sim a otimiza, utilizando dela para realizar ações mais refinadas e intuitivas. • Estágio de inteligência operatório-concreta (8 a 11 anos de idade): as interações sociais são mais exploradas e a relação da criança com os números se torna mais estreita. É capaz de fazer relação entre objetos e ações e abstrair informações deles. A partir disso, desenvolve também noção de tempo, espaço, causalidade e ordem; • Estágio de inteligência operatório-formal (a partir de 12 anos de idade): é um estágio de rápido e elevado desenvolvimento cognitivo do indivíduo, caracterizado principalmente pelo raciocínio lógico e sistemático. A partir desse estágio, é possível formular hipóteses e buscar soluções a problemas. Neurociências das Emoções 34 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos FIQUE ATENTO(A)! Segundo Relvas (2009, p. 117), Piaget diferencia o processo cognitivo em dois momentos: aprendizagem e desenvolvimento. • ❖A aprendizagem estaria relacionada à aquisição de uma resposta particular, aprendida em função da experiência, obtida de forma sistemática ou não; • ❖O desenvolvimento é uma aprendizagem de fato, sendo este o responsável pela formação dos conhecimentos. Piaget, por fim, pontua que “a afetividade constitui aspecto indissociável da inteligência, pois ela impulsiona o sujeito a realizar as atividades propostas” e completa que “os educandos alcançam um rendimento infinitamente melhor quando se apela para seus interesses e quando os conhecimentos propostos correspondem às suas necessidades”. Lev Vygostsky foi outro importante pesquisador na área de desenvolvimento humano. Como psicólogo, ele não acreditava que as funções psicológicas superiores eram hereditariamente herdadas e nem que eram adquiridas através de pressões do meio externo. Entre essas funções, destacam-se os papéis desempenhados pelas emoções. Vygotsky (1998, p. 61) pontua que as emoções não são instintos gerado a partir de heranças biológicas, contudo, as emoções atuam conjuntamente ao funcionamento mental geral, tendo uma participação ativa em sua configuração. Neurociências das Emoções 35 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 14. Lev Vygotsky Fonte: gettyimages.com Assim como Piaget, Vygotsky (1998) também distingue a aprendizagem do desenvolvimento em dois processos distintos, destacando que desenvolvimento é mais lento que os processos de aprendizagem e que apesar de estarem intimamente ligados, não ocorrem paralelamente. No processo de aprendizagem, Vygotsky ressalta ainda que o papel do professor vai muito além de fazer com que o aluno assimile e aprenda o conteúdo. A maior preocupação do professor deve ser relacionar os conhecimentos adquiridos com as demandas afetivas de seus estudantes, caso contrário a aquisição pode se tornar inútil (Vygotsky, 2021). Além disso, durante seus estudos sobre a aprendizagem, Vygotsky identificou dois níveis de desenvolvimento: desenvolvimento real ou efetivo e desenvolvimento potencial. No primeiro, o desenvolvimento se relaciona com os ciclos realizados e completos e suas conquistas; no segundo, refere- se às capacidades que estão na iminência da realização, no caminho de serem construídas (Relvas, 2009). A partir desse entendimento foi desenvolvido um dos conceitos mais importantes do trabalho de Vygotsky, o de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) que, de maneira sintética, é um estágio que reflete a diferença entre o nível de desenvolvimento real, ou seja, a capacidade que o indivíduo apresenta em desenvolver a solução de um problema sem ajuda Neurociências das Emoções 36 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos e o nível de desenvolvimento potencial, que é aquele que o indivíduo precisa da ajuda ou supervisão de alguém mais experiente para a resolução de uma situação. Imagem 15. Esquema didático sobre a Zona de Desenvolvimento Proximal Fonte: youtube.com Em suma, Vygotsky, em sua abordagem sociointeracionista, estabeleceu uma relação direta das emoções com o meio sociocultural, sendo elas um reflexo dos estímulos do meio e principal influenciadoras e diversificadoras de comportamento. E assim, resumo a importância das emoções no desenvolvimento humano: “Se fazemos alguma coisa com alegria as reações emocionais de alegria não significam nada senão que vamos continuar tentando fazer a mes- ma coisa. Se fazemos algo com repulsa isso significa que no futuro pro- curaremos por todos os meios interromper essas ocupações. Por outras palavras, o novo momento que as emoções inserem no comportamento consiste inteiramente na regulagem das reações pelo organismo.” (VIGOTSKI, 2001, p. 139) Finalmente, destacamos aqui a importância de Henry Wallon, filósofo e psicólogo, para as pesquisas sobre afetividade, inteligência e desenvolvimento humano. Para ele, o sujeito deve ser entendido pela integralização de afetividade, emoções, movimento e espaço físico, tendo fatores orgânicos e sociais como determinantes. Portanto, o meio externo, na teoria de Wallon, exerce forte influência sobre o desenvolvimento do indivíduo. Neurociências das Emoções 37 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 16. Henry Wallon Fonte: gettyimages.com Quanto às emoções, Wallon as defende como um dos principais propósitos do processo de ensino-aprendizagem. La Taille (1992, p. 114) explica que “na teoria de Wallon, tanto a emoção quanto a inteligência são importantes no processo de desenvolvimento da criança, de forma que o professor deve aprender a lidar com o estado emotivo da criança para melhor poder estimular seu crescimento individual.” No campo do desenvolvimento, Wallon sugere 5 estágios que não se limitam apenas ao aspecto cognitivo. São eles: • Impulsivo-emocional (do nascimento até 1 ano de idade): há a predominância afetiva e de desenvolvimento emocional na criança, e é a partir das emoções que elas interagem com o meio externo; • Sensório-motor e Projetivo (de 1 a 3 anos de idade): há uma interação maior com objetos e assim uma exploração do espaço físico e também de ações projetadas do pensamento. Nesse estágio, há uma predominância da inteligência prática; • Personalismo (de 3 aos 6 anos de idade): desenvolve-se uma maior consciência na criança e assim a diferenciação do que o eu e o que é o outro. É um período crucial para a formação da personalidade do indivíduo; Neurociências das Emoções 38 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Categorial (de 6 a 11 anos de idade): há uma exploração maior do mundo físico, e assim uma acentuação da inteligência sobre o lado instintivo. Há maior desenvolvimento de atenção e memória e, assim, aumento da capacidade de categorização, classificação e agrupamentos; Puberdade e Adolescência (a partir de 11 anos de idade): exploração de si como indivíduo e reconhecimento de sua autonomia, no qualhaverá pela expressão e a criação de novos espaços físicos e mentais no qual possa explorar e expandir sua cognição. A partir de todos os conceitos e teorias explorados nesse capítulos, podemos, enfim, entender o papel do educador na mediação de processos de ensino- aprendizagem levando em consideração principalmente o papel das emoções em todo o desenvolvimento. E você, como vê o envolvimento da afetividade no processo de ensino- aprendizagem? Como educador(a) ou futuro educador(a), consegue pensar em estratégias para viabilizar a utilização das emoções no dia-a-dia de trocas de conhecimentos? Pense nisso! Neurociências das Emoções 39 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 5. PLASTICIDADE CEREBRAL E AS EMOÇÕES Por muito e muito tempo se imaginou erroneamente que o cérebro não se regenera. Os cientistas defendiam na literatura que a capacidade de “crescimento” e desenvolvimento cerebral alcança seu pico na fase adulta e então declina na velhice, até a nossa morte. Mas como explicar a capacidade de aprender coisas novas, mesmo na 3ª idade? Hoje, com a população mundial crescendo cada vez mais rápido na faixa etária dos 60 anos ou mais e tomando conta de boa parcela da sociedade e dos serviços que ela dispõe, não é difícil encontrar bons exemplos da incrível capacidade de regeneração e/ou manutenção do corpo. Imagem 13. Cérebro em adaptação. Fonte: dorcronica.blog.br Mas isso tudo só é possível graças à extraordinária capacidade de adaptação e regulação de nosso cérebro - também conhecida como plasticidade cerebral ou neuroplasticidade. A partir dela, as células funcionais do sistema nervoso se modificam em função e se reorganizam em estrutura, de modo permanente ou prolongado, a partir de estímulos externos, respostas às experiências vividas. Tal mudança pode acontecer fruto de pequenas alterações comportamentais como a introdução de um novo hábito, desenvolvimento de novas habilidades ou produção de novas memórias, mas também em situações graves de respostas à lesões ou perdas estruturais e funcionais de qualquer parte do corpo (LENT, 2010). Neurociências das Emoções 40 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Apesar de presente em todas as fases de nossa vida, cientistas já constataram, porém, que há períodos do desenvolvimento humano em que a capacidade neuroadaptativa é mais intensa. Chamamos essa fase de período crítico, na qual o indivíduo fica mais sensível e absorve melhor os contínuos estímulos provocados pelo meio. Na criança, os primeiros anos de vida são fundamentais para o seu desenvolvimento. Estímulos como ouvir a voz de sua mãe, ter contato físico com outras pessoas, experimentar tatilmente objetos, entre outros, enriquecem o ambiente provocando o aparecimento e fortalecimento de conexões sinápticas. Relvas (2009) pontua que “as emoções e o equilíbrio psicológico dependem do exercício cerebral realizado nos primeiros minutos de existência e que se estende até a adolescência”, para isso, busca-se a introdução de estímulos através de desafios de raciocínio lógico, musicalidade, inteligência espacial, que além de estimular, fortalecem o sistema límbico. Em adultos, no entanto, os estímulos devem ser mais diferenciados, como ambientes e situações desafiadoras, que sejam ao mesmo tempo agradáveis e divertidas e provoquem o bem estar. Para Relvas (2009), “essa plasticidade dispara um mecanismo pelo qual o cérebro se remodela, para aprender a sentir- se melhor, ou pode ser induzido a se autorreparar, quando estimulado”. Para isso, então, existem dois tipos de neuroplasticidade: estrutural e funcional. A neuroplasticidade funcional, também conhecida como plasticidade do desenvolvimento, está bastante presente nos primeiros anos de vida do indivíduo, e trata-se, substancialmente, da mudança de conexões entre os neurônios, ou seja, nas sinapses, que podem acontecer tanto de forma neuroquímica quanto de forma elétrica. Durante ela, podem acontecer dois fenômenos característicos: I. Migração Neuronal: processo no qual os neurônios se deslocam do seu local de origem e passam a desenvolver áreas corticais do cérebro que futuramente passarão a ser especializadas em certos tipos de ati- vidades de acordo com os estímulos e seus receptores sensoriais; II. Neurogênese: é basicamente o processo de formação de novos neu- rônios, que ocorre mais densamente no período de desenvolvimento, mas que estudos recentes já tem mostrado e cientificamente com- provado sua presença em adultos. Neurociências das Emoções 41 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Outro tipo de neuroplasticidade é a funcional e essa depende de dois processos, principalmente: aprendizagem e memória. E a partir desses processos, as sinapses também se reestruturam, se fortalecem, remodelando também as estruturas celulares, mas sobretudo, permitindo que o organismo se readapte funcionalmente segundo os estímulos. 5.1 MEMÓRIAS, EMOÇÕES E NEUROPLASTICIDADE Como já pontuado anteriormente, há duas grandes fontes de neuroplasticidade envolvida em processos orgânicos humanos, que são a memória e aprendizagem. E não coincidentemente tais processos estão interligados entre si. Contudo, como explicado em capítulos anteriores, não há aprendizado eficaz sem que haja um processo afetivo presente. “A emoção está para o prazer, assim como o prazer está para o aprendiza- do, e a autoestima é a ferramenta que movimenta os estímulos para gerar bons resultados.” (RELVAS, 2009, p.59) Memória, segundo Izquierdo (2011), significa aquisição, formação, conservação e evocação de informações. E, basicamente, aquilo que adquirimos e conseguimos evocar, ou seja, recuperar, chamamos de aprendizado. Há, no entanto, diversos tipos de memória, capazes de recordar os mais diversos acontecimentos e, assim, ajudar na formação da consciência e entendimento do mundo. Porém, o diferencial do processo de memorização e de sua recuperação se dá a partir da modulação de redes neuronais através das emoções e de áreas ou estruturas corticais envolvidas em seu processamento, como é o caso do hipocampo e do lobo frontal. Na construção de memórias, o hipocampo passa a agir selecionando dados importantes que serão armazenados. Ou seja, novas informações que vão se tornar estímulos que modularão novas sinapses e rearranjos funcionais de ligações neuronais. Enquanto isso, o lobo frontal estará coordenando, classificando essas novas informações, de modo que sejam armazenadas e possam ser resgatadas organizadamente. A memória, portanto, não é uma estrutura isolada no cérebro: é um fenômeno biológico e psicológico envolvendo um conjunto de estruturas cerebrais que permitem e viabilizam o funcionamento juntas (Relvas, 2009). Neurociências das Emoções 42 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Imagem 14. Tipos de memória. Fonte: https://folhadirigida.com.br Entre os tipos de memória destacam-se: a) Declarativas: entre aquelas de longa duração, que podemos declarar que existem ou relatar como as adquirimos. São responsáveis por armazenar fatos e eventos e são coordenadas funcionalmente pelo hipocampo e suas conexões. Tal tipo de memória é bem mais suscetível à modulação pelas emoções e podem ainda ser divididas em episódicas (referente a momen- tos que presenciou ou participou) ou semânticas (que envolve conceitos atemporais ou conhecimentos de forma geral); b) Procedurais ou de procedimentos: que são aquelas memórias ligadas à habilidades, tarefas e hábitos. São conduzidas e coordenadas pelo núcleo caudado, substância negra e cerebelo e pouco tem influência das emo- ções. Podendo ainda ser dividida em associativa (quando associa compor- tamento a um fato) ou não associativa (quando for resgatada por meio de estimulação repetitiva); Neurociências das Emoções 43 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Na diferenciação dos tipos de memórias, Izquierdo (2011) aponta ainda a memória de trabalho ou operacional, que se utiliza de algumas poucasvias do córtex pré-frontal para manter brevemente a informação adquirida e “gerenciar a realidade” e, diferentes das demais, não deixa rastro informacional em nosso cérebro, não criando arquivos. “O papel gerenciador da memória de trabalho decorre do fato de que esta, no momento de receber qualquer tipo de informação, deve deter- minar, entre outras coisas, se essa informação é nova ou não e, em últi- mo caso, se é útil, para o organismo ou não. Para fazer isso, a memória de trabalho deve ter acesso rápido às memórias preexistentes no indivíduo; se a informação que lhe chega é nova, não haverá registro dela no resto do cérebro, e o sujeito pode aprender (formar uma nova memória) aquilo que está recebendo do mundo externo ou interno” (IZQUIERDO, 2011, p.27) Há também o que chamamos de memória sensorial, proveniente dos sentidos humanos. Tem como característica reter e analisar as informações por um curto tempo, passando logo para memória de curto prazo, a qual não gera “arquivos”, pois as informações são descartadas logo que utilizadas. Entre as modalidades de armazenamento sensorial mais estudadas destacam-se a visuais e a auditiva, as quais são chamadas de memória icônica e de memória ecóica, respectivamente. E é por isso que para fomentar processos de neuroplasticidade é necessário o exercício contínuo que treinem e fortaleçam a utilização da memória. A constante estimulação evita perda precoce de ligação neural e retarda o envelhecimento e enfraquecimento das sinapses. Para isso, sugere-se um estilo de vida saudável, proativo e pela busca do novo. Sabendo disso, você já se perguntou: o que estou fazendo para melhorar minha neuroplasticidade? Contudo, nem sempre a plasticidade neural resulta em algo benéfico para o organismo. Por vezes, acabam por produzir mau funcionamento do sistema ou gera patologias graves, causando lesões no tecido e provocando perda da qualidade de vida do sujeito, segundo a área atingida e níveis de comprometimento. E é sobre esses e outros transtornos que vamos falar no próximo e último capítulo desse material. Neurociências das Emoções 44 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos 6. AFETIVIDADE E SEUS TRANSTORNOS Falar sobre afetividade é entrar em um campo vasto que engloba vários aspectos, contextos e situações, e se correlacionam diretamente com as vivências em termos de emoções e sentimentos. Segundo Dalgalarrondo (2019, p. 282), afeto é a “qualidade e o tônus emocional que acompanham uma ideia ou representação mental.” Torna-se um componente emocional, podendo caracterizar também estados de humor ou sentimento. Para Relvas (2015, p. 95), “aprendizagem emocional é uma parte integral da aparente aprendizagem cognitiva. [...] A emoção vai dando forma à cognição e à aprendizagem. As crises emocionais, naturais do desenvolvimento ou específica da pessoa, vão influenciar de forma crônica a evolução desta mesma aprendizagem.” Isso quer dizer que, na medida em que ocorre o desenvolvimento e com ele a inerente neuroadaptação, vários rearranjos orgânicos podem influenciar o comportamento e a qualidade de vida do indivíduo. O mesmo pode acontecer também de maneira hereditária. Na verdade, para a ciências, os transtornos de humor são multifatoriais. Mas quais são as formas e tipos mais conhecidos? 6.1 TRANSTORNOS DEPRESSIVOS Talvez a doença que mais afeta pessoas no mundo inteiro e a que primeiro passou pela sua mente foi a depressão, não foi? Segundo os relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde) são cerca de 300 milhões de pessoas sofrendo desse mal. Aqui no Brasil, já atinge por volta de 10% da população. Por definição, a doença se caracteriza por uma tristeza crônica e forte sentimento de desesperança, de perfil multifatorial, que apresenta uma constância, mesmo aparentemente sem motivos. Pode ainda ser caracterizada em diferentes graus entre leve, moderada e grave. Ainda assim, independente do grau, pode se tornar uma doença extremamente incapacitante, influenciando em toda a perspectiva de vida de quem a desenvolveu. De forma geral, o quadro depressivo possui uma variedade de sintomas afetivos, instintivos, ideativos, que refletem na autoconsciência do indivíduo e consequentemente afeta sua autovalorização e toda sua perspectiva em termos cognitivos e psicomotores (Dalgalarrondo, 2018). Neurociências das Emoções 45 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Sintomas afetivos e de humor em quadros depressivos • ❖Tristeza: sentimento de melancolia recorrente e quase sempre diário; • ❖Choro fácil e/ou frequente; • ❖Apatia afetiva (indiferença, falta de sentimento); • ❖Tédio ou aborrecimento crônico; • ❖Irritabilidade acentuado aos estímulos externos (a ruídos, pessoas, vozes, etc.) de forma recorrente e/ou diária. Tabela 3. Sintomas das síndromes depressivas na esfera da afetividade Fonte: Adaptado de Dalgalarrondo (2018) Há ainda outros subtipos de depressão que são avaliados e tratados clinicamente segundo suas peculiaridades. Abaixo estão listados de acordo com a Classificação internacional de doenças e problemas relacionados à saúde (CID-11) e o Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais (DSM-5): • Episódio de depressão e transtorno depressivo maior recorrente (CID-11 e DSM-5); • Transtorno depressivo persistente e transtorno distímico (CID-11 e DSM- 5); • Depressão atípica (DSM-5); • Depressão tipo melancólica ou endógena (CID-11 e DSM-5); • Depressão psicótica (CID-11 e DSM-5); • Estupor depressivo ou depressão catatônica (DSM-5); • Depressão ansiosa ou com sintomas ansiosos proeminentes (CID-11 e DSM-5) e transtorno misto de depressão e ansiedade (CID-11); • Depressão unipolar ou depressão bipolar; • Depressão como transtorno disfórico pré-menstrual (CID-11 e DSM-5); • Depressão mista (DSM-5); Neurociências das Emoções 46 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos • Depressão secundária ou transtorno depressivo devido a condição médica (incluindo aqui o transtorno depressivo induzido por substância ou medicamento) (CID-11 e DSM-5). Existem casos, contudo, em que a depressão é aliada a outros sintomas que não são típicos de seu quadro clínico e acabam por agravar o estado de saúde mental e físico do indivíduo, gerando um novo quadro clínico, com suas características, peculiaridades e tratamentos específicos, como é o caso dos Transtornos Bipolar. 6.2 TRANSTORNO BIPOLAR O Transtorno Bipolar também é um dos maiores transtornos de humor e afetivo já reconhecidos pela literatura científica. Por definição, trata-se de uma doença psíquica que mescla episódios de mania - estado de loucura - e depressão, e por isso a patologia também é reconhecida como Transtorno Maníaco-Depressivo. Para entender melhor o que seria a mania em termos psicopatológicos, destaca-se sintomas como: euforia, alegria exacerbada, egocentrismo, grandiosidade ou irritabilidade marcante, sempre desproporcionais aos contexto (Dalgalarrondo, 2018). Quando analisado o comportamento de adultos, é possível identificar também exagero de consumos, como compras, bebidas alcoólicas, bem como atos ofensivos sem motivos, promiscuidade sexual e julgamentos inadequados (Relvas, 2015) Segundo Relvas (2015, p. 99), há a distinção da doença em dois tipos: Transtorno Bipolar I e II: • Transtorno Bipolar I: caracterizado pelos episódio maníacos, podendo ou não apresentar o quadro de depressão maior; • Transtorno Bipolar II: um quadro maníaco mais leve, sem a presença de julgamentos inadequados, mas que sempre está associado a um quadro depressivo. Neurociências das Emoções 47 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos No que diz respeito aos componentes neurobiológicos da doença, o Transtorno Bipolar reflete um comprometimento de áreas como o córtex do cíngulo anterior dorsal, e os córtices pré-frontais dorsolaterais e dorsomediais, assim como, em contraste, haveria desregulação por hiper-responsividade de áreas límbicas e paralímbicas, como a amígdala, o córtexfrontal ventrolateral e o córtex do cíngulo anterior ventral e, por isso, acaba por desregular o controle cognitivo-comportamental do indivíduo (Dalgalarrondo, 2018). Sendo assim, e apesar de ter tratamentos variados que permitem amenizar suas influências, a doença é um transtorno mental grave, que provoca prejuízos substanciais a qualidade de vida, tanto a parte mental quanto física, bem como também ocasiona prejuízo neuropsicológico e risco aumentado de doenças físicas e suicídio. Por isso, a atenção, o cuidado clínico e o acompanhamento multiprofissional do indivíduo são importantes para reabilitação e prolongamento de uma vida saudável e funcional. 6.3 ESQUIZOFRENIA Por fim, resumimos alguns dos principais transtornos de humor falando um pouco da esquizofrenia, que é uma das principais psicoses ou síndrome psicótica já estudadas e catalogadas, e atinge milhões de pessoas no mundo. Na doença, o sintomas são dividido em Positivos e Negativos, que segundo Relvas (2015, p. 100), estão classificado dessa forma: • Positivos: o indivíduo apresenta pensamentos e comportamentos anormais, como delírio, alucinações, discursos desorganizado e comportamento agressivo; • Negativos: o indivíduo tem uma ausência de respostas que normalmente estão presentes, como redução da expressão da emoção, discurso pobre e dificuldade de iniciar um comportamento dirigido. Contudo, há também alternância de humor em um estado da doença conhecido como paradoxo emocional da esquizofrenia. Nele há uma combinação de redução da expressão emocional com maior reatividade emocional (principalmente quando expostos a constantes e variados estímulos). Neurociências das Emoções 48 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Há também um outra classificação, como exposta em Relvas (2015, p. 101), na qual a Esquizofrenia pode ser pontuada como: • Paranoide: com delírios desorganizados e alucinações, que podem gerar maniar de perseguição. Este tipo, contudo, tem maior chance de reabilitação; • Catatônica: a qual apresenta distúrbios psicomotores, repetição de frases ou palavras sem sentido. No mais, ainda que para a maioria desses transtornos não se tenha uma causa definida, são doenças que afetam o sistema nervoso e influenciam a cognição, percepção e consciência daqueles que são afetados. Esses, portanto, são os maiores desafios das Neurociências em busca de soluções e métodos que permitam uma maior qualidade de vida. PARA ENTENDER UM POUCO MELHOR Veja uma palestra com um dos principais pesquisadores brasileiros, psiquiatra e especialista no tratamento de transtornos afetivos, Dr Teng Chei Tung. https://youtu.be/NSm5Eneozhg Neurociências das Emoções 49 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos CONSIDERAÇÕES FINAIS Prezado(a) aluno(a), é com imensa satisfação que finalizo seu material da disciplina Neurociências das Emoções. Aqui, nós pudemos entender e contextualizar desde o início a história das emoções, suas dicotomias, perspectivas e análises. Discutimos as teorias mais conhecidas e bem validadas cientificamente, seus principais pesquisadores e toda a influência nos processos mentais, no comportamento e no ensino-aprendizagem. Espero ter contribuído de alguma forma para que você se interesse ainda mais no assunto e possa mergulhar no fascinante mundo do cérebro e de seus encantos. Ainda há sempre mais a aprender. Então não esqueça de estudar a fundo as referências que disponho no final deste arquivo. Por fim, desejo que você tenha sucesso nos estudos, nas avaliações e na profissão que está aperfeiçoando. A prática profissional baseada em constantes estudos torna você um profissional diferenciado no mercado de trabalho. Tenha muito sucesso e até a próxima! Neurociências das Emoções 50 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANTUNES, C. Marinheiro e Professores. Petrópolis: Vozes, 2001. COSENZA, R. M. e GUERRA, L. Neurociência e educação: como o cérebro aprende. Porto Alegre: Artmed, 2011. DAMÁSIO, A. Ao encontro de Espinosa: As emoções sociais e a neurologia do sentir. Lisboa: Círculo de Leitores, 2012. DAMÁSIO, A. O Erro de Descartes. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. DARWIN, C. A expressão das emoções no homem e nos animais. São Paulo: Companhia das Letras 2009. (Trabalho original publicado em 1872) DARWIN, C. 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Neurociências das Emoções 52 Volte ao Sumário Navegue entre os capítulos Desenho Instrucional: Veronica Ribeiro Supervisão Pedagógica: Laryssa Campos Revisão pedagógica: Veronica Ribeiro Design editorial/gráfico: Trayce Melo 2021 Sumário Introdução INTRODUÇÃO 1. A evolução das emoções humanas 1.1 Entendendo nossa história 1.2 Razão x Emoção - Uma dicotomia ultrapassada 2. As bases neuropsicológicas das emoções 2.1 Organização e Estruturação Neurofuncional do Sistema Nervoso 2.2 A Neurobiologia das Emoções 2.3 Emoções: universais ou culturais 3. Neurociências, aprendizagem e emoções 4. Afetividade e inteligências 4.1 Inteligência - O que é? Para quê serve? 4.2 A influência da Afetividade nas Teorias do Desenvolvimento 5. Plasticidade cerebral e as emoções 5.1 Memórias, Emoções e Neuroplasticidade 6. Afetividade e seus transtornos 6.1 Transtornos Depressivos 6.2 Transtorno Bipolar 6.3 Esquizofrenia Considerações Finais Referências Bibliográficas Sumário 51: Page 1: Page 2: Page 3: Page 4: Page 5: Page 6: Page 7: Page 8: Page 9: Page 10: Page 11: Page 12: Page 13: Page 14: Page 15: Page 16: Page 17: Page 18: Page 19: Page 20: Page 21: Page 22: Page 23: Page 24: Page 25: Page 26: Page 27: Page 28: Page 29: Page 30: Page 31: Page 32: Page 33: Page 34: Page 35: Page 36: Page 37: Page 38: Page 39: Page 40: Page 41: Page 42: Page 43: Page 44: Page 45: Page 46: Page 47: Page 48: Page 49: Page 50: Page 51: Page 52: Page 53: Botão 60173: Page 1: Page 2: Page 3: Page 4: Page 5: Page 6: