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Saúde da Criança Choque Definição Estado fisiológico caracterizado por perfusão inadequada dos tecidos para atender as necessidades metabólicas e a oxigenação tecidual. Todos os tipos de choque podem resultar na função debilitada dos órgãos vitais: • Cérebro: redução do nível de consciência • Rins: baixo débito urinário e filtração ineficaz • Coração: instabilidade hemodinâmica Fisiopatologia A principal função do sistema cardiopulmonar é transferir O2 aos tecidos corporais e eliminar as consequências metabólicas do metabolismo celular. Quando a transferência de O2 é inadequada para atender à demanda dos tecidos, as células usam o metabolismo anaeróbio para produzir energia, mas isso gera ácido lático. O metabolismo anaeróbico só consegue manter a função celular limitadamente. A menos que a transferência de O2 seja restaurada, poderá ocorrer disfunção ou falência dos órgãos. Componentes do transporte de oxigênio Teor de O2 no sangue Fluxo sanguíneo adequado para os tecidos (débito cardíaco) Distribuição apropriada do fluxo sanguíneo para os tecidos Fração de ejeção ventricular É a quantidade de sangue ejetado pelos ventrículos a cada contração (volume diastólico final) • Pré-carga: Volume de sangue presente no ventrículo antes da contração • Contratilidade: Força da contração • Pós-carga: Resistência de ejeção do ventrículo (pode aumentar em situações como pneumotórax, derrame pericárdico e pleural maciços, tamponamento cardíaco, trombos) Mecanismos compensatórios • Taquicardia • Aumento da resistência vascular sistêmica (RVS)- vasoconstrição (fisiologicamente, é um efeito da adrenalina, que causa vasodilatação da coronária e vasoconstrição periférica) • Aumento da força de contração cardíaca (contratilidade) • Aumento do tônus do músculo liso venoso (relacionado ao potássio) Choque Compensado Refere-se a um estado clínico no qual existem sinais clínicos de perfusão deficiente, mas pressão arterial sistólica normal. Nesse caso, o mecanismo lança mão de todos os seus recursos para compensá-lo. Manifestações clínicas Mecanismo compensatório Sinal Aumento da Resistência Vascular Sistêmica (RVS) Pele: fria, pálida, moteada, diaforética Circulação periférica: preenchimento capilar retardado Pulsos periféricos fracos Aumento da resistência vascular renal e esplânica Oligúria, vômitos, íleo paralítico Autorregulação cerebral Alteração do estado mental, ansiedade, irritabilidade, coma Frequência Cardíaca Elevada Taquicardia Classificação • Choque distributivo: distribuição imprópria do volume e fluxos sanguíneos • Choque hipovolêmico: volume sanguíneo ou capacidade de transporte de oxigênio inadequados • Choque cardiogênico: contratilidade cardíaca debilitada ou patologias canal-dependente. • Choque obstrutivo: fluxo sanguíneo obstruído Hipovolêmico Estado clínico com redução do volume intravascular. Pós-carga aumentada em uma tentativa de compensação do quadro (resistência vascular aumentada). Causas: diarreia, vômitos, hemorragias, baixa ingesta, queimaduras, diurese osmótica. Tratamento: drogas vasoativas. Choque Distributivo Estado clínico caracterizado por redução da resistência vascular sistêmica, o que causa a distribuição inadequada do volume e do fluxo sanguíneo. • Choque séptico • Choque anafilático • Choque neurogênico Cardiogênico Refere-se à redução do débito cardíaco secundária à função cardíaca anormal ou a uma falha da bomba. Causas: • Doença cardíaca congênita • Miocardite o Arritmias • Sepse o Envenenamento ou toxicidade farmacológica • Lesão miocárdica Obstrutivo Refere-se a estados que prejudicam fisicamente o fluxo sanguíneo, por limitarem o retorno venoso ao coração ou o bombeamento do sangue vindo do coração. Causas: • Tamponamento cardíaco • Pneumotórax • Cardiopatias congênitas canal dependente Patologias Canal Dependente Monitorização Marcadores laboratoriais de perfusão tecidual: • Lactato (> 2mEq/L (ou 18 mg/dL) é considerado anormal- objetivo no tratamento < 4 mEq/L) • Saturação venosa central de oxigênio: (< 70%) • Gap de dióxido de carbono (PCO2 sangue venoso central – PaCO2 coletada na amostra de sangue arterial periférico) -> 6 mmHg • Biomarcadores (troponina e peptídeo natriurético B) • Pressão venosa central: é uma estimativa da pré-carga do ventrículo direito (VD) • Pressão arterial invasiva • Ecocardiograma Tratamento • Melhorar a transferência de O2 • Equilibrar a perfusão dos tecidos e as necessidades metabólicas • Reverter as anormalidades da perfusão • Fornecer suporte à função dos órgãos ü • Evitar a progressão para PCR. • Administração de alta concentração de oxigêniomáscara não- reinalante, ventilação não- invasiva, ventilação invasiva • Correção da concentração de hemoglobina • Controle do esforço respiratório elevado, dor, ansiedade e febre. • Hipoglicemia (> 60 mg/dL), com soro glicosado 5%, de 0,5-1g/kg., em bolus. • Hipocalcemia • Hipercalemia • Acidose metabólica Em pacientes com choque séptico, é aconselhável administrar fluidos em alíquotas de 10 mL/kg ou 20 mL/kg com reavaliação frequente. Entre os bebês e as crianças com choque hemorrágico depois de trauma, é aconselhável administrar derivados do sangue, quando disponíveis, em vez de cristaloides, para ressuscitação de volume contínuo. Utilizar solução isotônica, em alíquotas de 10 – 20 ml/Kg, em bolus por 10-30 minutos. • Piora da condição respiratória • Creptações ou evidência de edema pulmonar • Hepatomegalia Tratamento medicamentoso Indicado para melhorar a contratilidade miocárdica, a frequência cardíaca e a resistência vascular, quando persistirem os sinais e sintomas, apesar de adequada ressuscitação com fluidos.
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