Prévia do material em texto
Cecília Correia Odontologia Terapêutica @cecicorreiaa_ | UFPE Anestesia local em pacientes hipertensos Em todo o mundo, especialmente nas sociedades industrializadas, tem aumentado o número de indivíduos portadores de doenças cardiovasculares, com alto índice de morbidade e mortalidade. Muitos desses pacientes, invariavelmente, necessitam de tratamento odontológico aos cuidados de um clínico geral ou especialista. Para atendê-los, o profissional deve estar apto a evitar qualquer intercorrência que coloque em risco a saúde deles. Não é incomum encontrarmos aqueles que apresentam dois ou mais problemas cardiovasculares, dificultando ainda mais o entendimento por parte do profissional. Daí a importância de se referir ao médico cardiologista para obter informações sobre as condições gerais de saúde desses indivíduos. 01 Posso empregar soluções anestésicas com vasoconstritor em pacientes portadores de doença cardiovascular? Como a epinefrina está contida em muitas das soluções anestésicas de uso odontológico, seus efeitos devem ser considerados na frequência cardíaca (FC), no volume sistólico, no débito cardíaco, na demanda de oxigênio pelo miocárdio e na resistência vascular periférica. Os efeitos da epinefrina na pressão arterial (PA) dependem da dose e da via de administração. Pequenas doses administradas pela via subcutânea podem resultar em pequena ou nenhuma alteração na PA. Doses elevadas, particularmente quando administradas acidentalmente no interior dos vasos sanguíneos, podem acarretar uma brusca elevação da PA, devida primariamente à vasoconstrição periférica. O maior objetivo no atendimento odontológico de pacientes com doença cardiovascular é reduzir a liberação endógena de catecolaminas. Isso pode ser conseguido por meio da sedação mínima farmacológica, que complementa as técnicas de condicionamento psicológico. Tal cuidado é muito mais importante do que simplesmente empregar soluções anestésicas sem vasoconstritor. Com base nessa afirmação, pode-se entender que, além de se considerar um protocolo de sedação mínima para o controle da ansiedade, a anestesia local em pacientes com problemas cardiovasculares deve garantir a completa ausência de dor durante o procedimento, o que é mais facilmente obtido com soluções anestésicas com vasoconstritor. Também se deve lembrar que a incorporação de epinefrina às soluções anestésicas locais proporciona um controle mais adequado da hemostasia. E quando a epinefrina estiver contraindicada? Quando a epinefrina estiver contraindicada (p. ex., pacientes portadores de certos tipos de arritmia cardíaca), o cirurgião-dentista tem a alternativa de empregar uma solução de prilocaína 3% com felipressina. Outra opção de que o dentista dispõe é aplicar uma solução que não contenha um agente vasoconstritor (mepivacaína 3%), para procedimentos nos quais não haja necessidade de anestesia pulpar prolongada e controle do sangramento. Cecília Correia Odontologia Terapêutica @cecicorreiaa_ | UFPE Anestesia local em pacientes hipertensos 02 Hipertensão arterial A hipertensão arterial sistêmica é a elevação persistente dos níveis da pressão arterial sanguínea (PA), com valores ≥ 140/90 mmHg. Estima-se que a doença atinja ~ 22% da população brasileira > 20 anos, sendo responsável pela maioria dos casos de acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio. A hipertensão arterial é primária ou essencial (sem causa aparente) na grande maioria dos casos, ~ 90-95%. Seu tratamento se baseia na mudança de hábitos alimentares e na prática de exercícios físicos, tendo como objetivo a perda de peso, além da restrição do tabagismo e da ingestão de álcool. Quando isso não é suficiente para o controle da doença, são empregados medicamentos anti-hipertensivos: betabloqueadores, diu- Hipertensão estágio 1 PA diastólica = 90-99 ou PA sistólica = 140-159 mmHg Hipertensão estágio 2 PA diastólica ≥ 100 PA sistólica ≥ 160 mmHg réticos, bloqueadores dos canais de cálcio, bloqueadores alfa-adrenérgicos, agentes poupadores de potássio e inibidores da enzima conversora de angiotensina, geralmente empregados de forma associada. A hipertensão secundária representa apenas 5-10% dos casos, e é decorrente de outras patologias, como o hipertireoidismo, o feocromocitoma e enfermidades renais. O tratamento é direcionado para a doença de base, causadora da hipertensão arterial. Cecília Correia Odontologia Terapêutica @cecicorreiaa_ | UFPE Anestesia local em pacientes hipertensos 03 DE ANDRADE, Eduardo Dias. Terapêutica medicamentosa em odontologia. Artes Médicas Editora, 2014. Referência