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Obesidade Definição e medição Obesidade é um estado de excesso de massa adiposa, não associado diretamente ao peso. É mais bem- definida pela avaliação de sua ligação com a morbidade e mortalidade. Geralmente, as mulheres têm mais gordura corporal do que os homens. A gordura intra-abdominal e a subcutânea abdominal são mais importantes que a gordura subcutânea presente nas nádegas e nos membros inferiores para causar implicações importantes de morbidade. Índice de massa corporal (IMC): peso/altura2, kg/m2. Relação cintura-quadril (RCQ): masculino >1,0 e feminino > 0,9. Circunferência abdominal (CA): masculino > 102 cm e feminino > 88cm. Prevalência Atinge cerca de 1,7 bilhão de pessoas no mundo. No brasil, 40% da população está em sobrepeso e 10% em algum grau de obesidade. Mortalidade de 50-100%. A obesidade é mais comum entre mulheres e pobres e entre negros e hispânicos, mas a prevalência em crianças está aumentando. Regulação fisiológica do equilíbrio energético Há evidencias substâncias de que o peso corporal é regulado por fatores endócrinos e neurais que influenciam os braços efetores da absorção e do dispêndio de energia. Quando há perda de peso, o apetite aumenta e o dispêndio de energia diminui. Com o excesso de alimentação, o apetite diminui e o dispêndio de energia aumenta. Porém, o último mecanismo compensatório falha com frequência obesidade. O apetite é influenciado por muitos fatores integrados no cérebro, sobretudo no hipotálamo: Impulsos vagais. Sinalizadores hormonais: leptina, insulina, cortisol e os peptídeos intestinais (grelina, peptídeo YY e Colecistocinina). A hipoglicemia induz a fome. Fatores psicológicos e culturais também estão relacionados. O gasto de energia envolve: Taxa metabólica basal ou em repouso (70% do gasto diário fixo). Custo energético da metabolização e do armazenamento do alimento. Efeito térmico do exercício. Termogênese adaptativa, que varia em função da ingestão calórica de longo prazo. Adipócito e o tecido adiposo O tecido adiposo é formado pelas células adiposas (que armazenam lipídios) e por um compartimento estromático e vascular, onde ficam células com os pré-adipócitos e macrófagos. A massa adiposa aumenta com o crescimento das células adiposas à medida que mais lipídios se depositam, bem como pelo aumento do número de adipócitos. O tecido adiposo obeso também se caracteriza por maior número de macrófagos infiltrados. O adipócito também é uma célula endócrina liberando: Leptina: regula o equilíbrio energético. Citocinas: como fator de necrose tumoral alfa (TNF) e a IL-6. Adipsina: fatores complementares. Agentes pró-trombóticos: como o inibidor da ativação do plasminogênio I. Angiotensinogênio: componente do sistema de regulação da PA. Obs: a adiponectina, proteína abundante derivada do tecido adiposo cujos níveis ficam reduzidos na obesidade, aumenta a sensibilidade à insulina e a oxidação lipídica e oferece efeitos protetores a vasculatura. Obs: já a resistina e RBP4, cujos níveis se mostram aumentados na obesidade, podem induzir resistência à insulina. Etiologia da obesidade Causas primárias: (95%). Fatores genéticos e ambientais. Causas secundárias: (1-5%). Endocrinopatias (Síndrome de Cushing, hipotireoidismo, deficiência de GH, hipogonadismo). Insulinoma. Síndrome do ovário policístico. Síndrome genéticas (Prader-Willi, Ahlstrom, Bardet-Biedl, Cohen, Borjesen-Forssman- Lehmann, Frohlich). Drogas: haloperidol, anticonvulsivantes, antidepressivo tricíclico, lítio, corticoides, glitazonas, sulfonilureias, insulina, antagonista adrenérgico. Consequências patológicas da obesidade Resistência à insulina e diabetes melito do tipo 2: A hiperinsulinemia e a resistência à insulina são comuns na obesidade. Pioram com o ganho de peso e diminuem com sua perda. A resistência à insulina está mais relacionada com a gordura intra-abdominal que a gordura em outras localizações. Fatores que podem modificam a ação da insulina nos obesos: A própria insulina, ao induzir à subrregulação do receptor. Os ácidos graxos livres, que ficam elevados e podem bloquear a ação da insulina. O acúmulo intracelular de lipídios. Os vários peptídeos circulantes produzidos pelos adipócitos como as citocinas TNFalfa, IL-6, RBP4 bem como as adipocinas e a resistina. Outros mecanismos são a inflamação ligada à obesidade (infiltração de macrófagos nos tecidos como gordura) e indução de resposta ao estresse de reticulo endoplasmático, que pode produzir resistência à ação da insulina nas células. A perda de peso e o exercício, ainda que modestos, aumentam a sensibilidade à insulina e muitas vezes melhoram o controle da glicose no diabetes. Distúrbios da reprodução: Homem: hipogonadismo masculino está associado a um aumento do tecido adiposo. A testosterona livre pode diminuir em homens com obesidade mórbida cujo o peso excesso 200% do peso corporal ideal. Mulheres: a obesidade está associada a anormalidade menstruais. A maioria das mulheres obesas com oligomenorreia apresenta SOP e 40% das mulheres com SOP são obesas. Distúrbios cardiovasculares: Obesidade é fator de risco para doença arterial coronariana, acidente vascular encefálico e ICC. Também está associada a hipertensão arterial que pode melhorar com a perda de peso. Distúrbios pulmonares: Diminuição da complacência da parede torácica, aumento do esforço respiratório e diminuição da capacidade pulmonar total. A obesidade grave pode estar associada à apneia obstrutiva do sono e Síndrome de hipoventilação da obesidade, com respostas ventilatórias hipóxicas e hipercaneicas atenuadas. A apneia do sono pode ser obstrutiva (mais comum), central ou mista, e está associada a hipertensão. Doença hepatobiliar: Esteatohepatite não alcoólica inflamatória que melhora após perda de peso. Pode aumentar também a secreção biliar de colesterol, a supersaturação da bile e elevar a incidência de cálculos biliares. Obs: o jejum também aumenta a supersaturação da bile ao reduzir o componente fosfolipídico. A colecistite induzida pelo jejum é uma complicação das dietas extremas. Doença dos ossos, das articulações e da pele: Obesidade pode aumentar o risco de osteoartrose. Entre as afecções cutâneas encontram-se a acantose nigricans (escurecimento e espessamento das dobras da pele no pescoço, nos cotovelos e espaços interfalangianos dorsais). A friabilidade da pele também pode aumentar, sobretudo nas dobras, o que aumenta o risco de infecções por leveduras e fungos. Avaliação da obesidade Anamnese voltada para a obesidade Que fatores contribuem para a obesidade do paciente? De que forma a obesidade está afetando a saúde do paciente? Qual o nível de risco da obesidade para o paciente? Quais as metas e expectativas do paciente? O paciente está motivado para começar um programa de controle de peso? De que tipo de ajuda a paciente precisa? Exame físico para determinar o grau e o tipo de obesidade Índice de massa corporal (IMC): peso/altura2, kg/m2. Relação cintura-quadril (RCQ): masculino >1,0 e feminino > 0,9. Circunferência abdominal (CA): masculino > 102 cm e feminino > 88cm. Tratamento Tratamento é multidisciplinar, envolvendo uma dieta hipocalórica, exercícios físicos regulares e uma terapia comportamental. Metas: Diminuição do peso 5-10% em 6 meses. Diminuição de 0,5-1kg/semana. Indicações para o tratamento medicamentoso: IMC maior ou igual a 30. IMC maior ou igual a 27 + Comorbidades. Falha com o tratamento conservador. Caso haja falha no tratamento: (Cirurgia bariátrica) Obesidade grau III. Obesidade grau II + comorbidades. Para ocorrer a bariátrica: Falha no tratamentoclínico por 2 anos. Estabilidade psiquiátrica e ausência de dependência química. Conhecimento da cirurgia e das suas sequelas por parte do paciente e familiares. Motivação individual. Ausência de problemas clínicos que contraindique a cirurgia. Idade acima de 16 anos. Síndrome metabólica: triglicerídeos, glicemia, circunferência abdominal, hipertensão e HDL.
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