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castanhal_14x21_miolo Evolução 1

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Prévia do material em texto

© Hugo Luiz de Souza, 2016. 
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra, de qualquer forma 
ou por qualquer meio sem a autorização prévia e por escrito do autor. 
A violação dos Direitos Autorais (Lei n.º 9610/98) é crime estalecido 
pelo artigo 184 do Código Penal.
DIREÇÃO EDITORIAL
Regina Gregório
DIAGRAMAÇÃO
Priscilla Carvalho
CAPA
Ocelio Targino
REVISÃO
Telma César Lemos
FOTOGRAFIAS DE CASTANHAL
Acervo de Amílcar Carneiro, e do autor 
Hugo Luiz de Souza
Souza, Hugo Luiz de.
Castanhal e suas Raízes - Evolução de uma Cidade / Hugo Luiz de 
Souza
São Paulo: Editora Gregory, 2015.
120 p.
ISBN: 978-85-8381-105-3
1. História. 2. Castanhal. 3. Evolução. I. Título
Editora Gregory - 2012. 
Avenida: Alberto Ramos, 149 – Jd. Independência. 
03222-000 – São Paulo/SP
Telefone: (11) 4508-2048
www.editoragregory.com.br / www.livrariagregory.com.br
Apresentação
Caro leitor,
Através deste livro, uma mistura de ficção e realidade, vamos 
saber de alguns fatos pitorescos e inusitados que aconteceram no 
decorrer da história de Castanhal, do seu início da colonização, até 
o ano de 1972. Vamos conhecer algumas figuras cômicas, como: 
Severino do Buraco e Caroço, o comedor de vidro, giletes e pregos. 
Vamos conhecer alguns dos primeiros comerciantes, políticos e 
outros que escreveram seus nomes na história de Castanhal, até 
aquela data. Vamos buscar entender o que essas pessoas signifi-
caram para o crescimento da outrora “Vila de Castanhal”, hoje uma 
grande Cidade. Vamos buscar conhecer algumas histórias dramá-
ticas e cômicas de moradores que aqui constituíram famílias, se 
divertiram, trabalharam, e enriqueceram nosso passado e ajudaram 
no desenvolvimento de nossa Cidade. Pessoas que deixaram suas 
marcas e suas histórias.
Vamos também conhecer histórias de pessoas que irão nos 
confirmar a veracidade dos fatos, por exemplo, uma história cari-
nhosa e apaixonante, um momento de puro amor, a protagonista 
desta bela história de amor é uma amiga e confiou-me para ser 
revelado neste livro um pouco de seu passado. Seu nome está nas 
páginas seguinte em: Uma Bela História de Amor.
 Também são protagonistas deste livro os Srs. José Lopes 
Guimarães, Antônio de Oliveira Pereira (Rubal), Leocádio Alves do 
Prado, Adalberto de Moraes e Maria de Castro Batista (Pauzinho), 
que aqui narram suas histórias. 
Dedicatória 
Com uma menção especial, dedico este livro ao pioneirís-
simo Coronel Antônio de Souza Leal, e a todos os desbravadores 
Nordestinos, primeiros a chegarem aqui, aos seus descendentes 
que também ajudaram a cultivar a terra a que deram o nome de 
Castanhal. 
Talvez seja uma dedicatória tardia, mas honrosa, àqueles 
migrantes que fugiram da violenta seca Nordestina, partindo em 
busca do sustento de suas famílias, encontram neste, outrora, 
torrão de mata verde a céu aberto, razão para viverem, fixaram 
seus sonhos, nomes e juntos construíram suas histórias numa outra 
história. Esta história: Castanhal e Suas Raízes. 
Maria Fumaça e Estação Ferroviária de Castanhal ao fundo
Agradecimentos especiais 
Adalberto de Moraes
Aldo Ferreira do Vale
Amílcar Queiroz Carneiro
Antônio de Oliveira Pereira (Rubal)
Antônio Carneiro Filho
Antônio Salustiano Barbosa
Antônio Teixeira da Costa (Preto)
Carlos Araújo
Genésio Martins da Silva
Gildo Soares da Costa
José Lopes Guimarães
José Francisco de Souza (Tio Zeca)
José Sampaio da Silva Melo (Zé Dantas)
Leocádio Alves do Prado
Maria de Castro Batista (Pauzinho)
Nadir Maria de Magalhães Pereira
Nelson Fernandes
Omar Nascimento
Profª Telma César Lemos
Terezinha Nascimento
Zélia Nascimento
A todos aqueles que direta e indiretamente ajudaram a 
contar, neste livro, um pouco da história de Castanhal.
Relato do autor
Um dia, deparei-me com algo fantástico chamado cinema. 
Foi um acontecimento inesquecível para um garoto de 12 anos, 
naquele final dos anos 60. Passados exatos quarenta anos, percebo 
que as crianças daquela época eram ingênuas, se comparadas com 
as de hoje. Naquela época a garotada tentava enganar o porteiro do 
cinema para assistir a filmes impróprios para menores de 18 anos, 
hoje, encontramos filmes pornôs nas calçadas, porém, a beleza e o 
fascínio do cinema daquele tempo me esperavam na grande tela 
nos filmes de western, não nos filmes proibidos.
Eu quero ser ator! Eu disse depois de assistir a uma sessão 
de cinema. O malabarismo com as armas, os galopes a cavalos, as 
brigas que nunca perdiam.... Tudo que é novo encanta, mas nem 
sempre é o que você quer ou precisa ser ou fazer.
Nas brincadeiras dos meninos daquele tempo, costumávamos 
incluir as corridas a cavalo. Eu corria em cima de uma palha de açaí, 
como se fosse um cavalo, açoitando minhas próprias pernas, numa 
alegria para mim bem explicável: ali eu era o mocinho do filme que 
assistira na tarde de domingo passado.
Naqueles dias, começou em mim um desejo imenso de ser 
ator. Foi quando paralelamente nasceu também outro desejo, o 
de casar com uma loura parecida com aquelas italianas ou ameri-
canas dos filmes de western, minha fixação. O tempo foi passando 
e eu notando que não podendo ser um ator veio-me outra ideia na 
cabeça: Tornar-me um cantor. As músicas dos Beatles, Renato e 
seus Blue Caps e The Feevers embalavam-me cheio de sentimentos 
com o famoso ritmo iê, iê, iê. Ouvia também nossa famosa música 
popular brasileira, aquela que pode se ouvir sem agredir os ouvidos.
As duas fantasias se misturaram na minha mente: cinema e 
música, e fui crescendo com elas na cabeça.
Nos finais de semana, quando de minhas primeiras voltas na 
“rua” (ir ao centro da cidade) para assistir a filmes no Cine Argus 
ou dar uma “volta” na Praça da Igreja Matriz de São José, isso já no 
início dos anos 70, a beleza das coisas, as luzes da cidade, as casas 
de comércio, o movimento na estação, tudo era encanto para um 
menino de bairro pobre.
Os anos foram se passando, o tempo das fantasias também, 
juntamente com minha puberdade e adolescência. Pensamentos 
mais concretos vieram logo após a adolescência e juventude, 
tornar-me um advogado; um grande empresário, ou mesmo um 
bom contador – pois achava que tinha tendência para área contábil 
– e ter meu próprio escritório, não vingaram. Nada disso aconteceu. 
Sou tímido por natureza, e desde quando eu namorava ou 
tentava namorar, só me manifestava para as meninas através de 
cartas, bilhetes e/ou poesias. Assim foi nascendo e crescendo a 
vontade de escrever e me manifestar através da escrita. 
Já adulto e casado, nasceu meu primeiro filho, Hugo Júnior, 
mais um incentivo para escrever, pois o assistindo sorrir e sua 
beleza de bebê fui inspirado a escrever sobre ele, num poema. Foi 
então que em 31 de março do ano de 2004 iniciei meu primeiro 
livro, um romance chamado “Elisa”, concluído no ano de 2007 e 
publicado em 2008. Em 2009 publiquei o meu segundo trabalho o 
livro “Interior A Força dos Sentimentos Positivos”. 
Agora, decorridos 40 anos daquela primeira fantasia, estou 
no meu terceiro trabalho, Castanhal e Suas Raízes: evolução de 
uma cidade, livro em que recordo as memórias do povo castanha-
lense, vividas na belle époque da história de nossa Cidade Modelo. 
Primeira parte ........................................................................................................17
Origem dos fatos históricos ..................................................................................17
Capítulo I .................................................................................................................17
Traços da História da Castanhal antes de se fazer Cidade ................................17
Poesia em homenagem aos nordestinos, pioneiros de Castanhal ....................19
As Raças do Futuro ................................................................................................19
Capítulo II ...............................................................................................................20
Capítulo III ..............................................................................................................22O grande tapete verde ............................................................................................22
Capítulo IV ..............................................................................................................24
Lei 646 (Castanhal como Distrito) .......................................................................24
Capítulo V ...............................................................................................................25
Decreto Lei 600 (Castanhal como Cidade) .........................................................25
Capítulo VI ..............................................................................................................26
Histórias para recordar .........................................................................................26
Tributo aos Nordestinos – Retirantes em campos verdes .................................26
Capítulo VII ............................................................................................................30
Castanhal de muitos tempos .................................................................................30
Capítulo VIII ...........................................................................................................35
Nasce uma metrópole ............................................................................................35
Capítulo IX ..............................................................................................................37
A construção do Cliper ..........................................................................................37
Segunda parte .........................................................................................................38
Biografi as, depoimentos e ensaios ........................................................................38
Capítulo X................................................................................................................38
Pioneiros na história Castanhalense. ...................................................................38
Manoel do Nascimento Sobrinho ........................................................................38
Biografi a ...................................................................................................................38
Adalberto de Moraes - relatado pelo próprio Sr. Adalberto. ............................40
Biografi a ...................................................................................................................40
Antônio de Oliveira Pereira ..................................................................................43
Biografi a ...................................................................................................................43
Casemiro Marques Guimarães .............................................................................48
Biografi a ...................................................................................................................48
Maria de Castro Batista e Hugo Souza ................................................................50
Sumário
Biografia ..................................................................................................................50
Leocádio Alves do Prado .......................................................................................57
Capítulo XI ..............................................................................................................58
Aconteceu... Eles me contaram ............................................................................58
Uma Bela História de Amor ..................................................................................58
Por Nadir Silva de Magalhães Pereira ..................................................................58
Nasci de novo ..........................................................................................................61
Por Gildo Soares da Costa .....................................................................................61
Gildo Soares da Costa, nasceu na Vila 17 do Chico Correa, ou km 17 da 
Estrada de Curuçá-Castanhal, no dia 10/12/1943. ............................................61
Uma peripécia de quatro meninos .......................................................................64
Por Hugo Luiz de Souza .......................................................................................64
A História ...............................................................................................................66
Uma tragédia em família .......................................................................................68
Por Antônio Salustiano Barbosa ..........................................................................68
Antonio Teixeira da Costa (Preto) .......................................................................71
Antônio Carneiro Filho .........................................................................................73
José Sampaio da Silva Melo (José Dantas) ..........................................................77
José Francisco de Souza (Tio Zeca) .....................................................................80
Biografia e ensaio ....................................................................................................80
Astúcia de menino, Por Aldo Ferreira do Vale ...................................................83
Terceira parte ..........................................................................................................86
Demolição da Estação Ferroviária de Castanhal ................................................86
Romanceada ............................................................................................................86
Capítulo XII ............................................................................................................86
Dor Num Dia de 1972............................................................................................86
Um dia qualquer - NA Castanhal de Outrora ....................................................92
Por: Amilcar Queiroz Carneiro ...........................................................................92
No Cinzano Bar ...................................................................................................103
O picolezeiro e a Cigana ....................................................................................103
História de caçador (Caindo no buraco) ..........................................................108
A caminho da Prefeitura ....................................................................................110
Considerações .....................................................................................................111
“Uma cidade sem memória é um povo sem história”. ...................................111
Alguns rezadores fizeram seus nomes em Castanhal, a saber: .....................114
Glossário: ..............................................................................................................115
Referências ..........................................................................................................117
Bibliografia: ..........................................................................................................118
Prefácio 
Recebi o convite de meu confrade na Academia Castanhalense 
de Letras, o escritor Hugo Luiz de Souza, para prefaciar o seu livro 
“Castanhal e suas raízes”, tão subida honra emocionou-me.
Ao ler o original, fiz o solicitado pelo autor aos seus futuros 
leitores, fechei os olhos, alcei voo e vieram-me os questionamentos: 
Como nasce uma cidade? E será que podemos empregar este 
verbo? Uma cidade nasce? Falo de nascer no sentido de ser gerada, 
pensada, premeditada e ai... acabada. Ah! Meu caro leitor, não falo 
de cidades planejadas como Brasília e Goiânia, mas, daquelas que 
surgem, silenciosamente, à sombra de alguma árvore. Com suas 
histórias. 
É assim que nasceu e nascea cada dia a cidade de Castanhal 
e deste nascer, Hugo nos mostra o legitimar, através de uma labo-
riosa pesquisa sobre os textos oficiais: “A certidão de nascimento de 
Castanhal. ” Não seria diferente para este castanhalense que correu 
por sobre os trilhos, com saco de mangas às costas.
Ele elenca alguns nomes dentre aqueles que viram Castanhal se 
tornar cidade. Narra-nos fatos, vidas, histórias de amor, de alegria, de 
dor, ou seja, histórias que compõem vida e a vida.
Mas o ineditismo da obra subjaz de o fato desta história-
-romance partir a partir de um recorte no tempo, para relatar o 
que poderia ter se passado no coração e na mente dos castanha-
lenses que presenciaram um marco, a tênue linha entre o passado 
e o futuro, a demolição da Estação Ferroviária e suas histórias de 
idas e vindas.
Destas vindas faço parte, embora me aportando na Estação 
Rodoviária, pois nos idos de 1975 já havia passado três anos de tão 
doída demolição.
Ao ler esta, que é a terceira obra do escritor Hugo Luiz, 
percebo um imbricar de historia e literatura, mas vejo sobretudo 
que idas e vindas são movimentos que fazem nascer uma cidade e 
seus personagens.
Aceito o convite e alço vôo é a senha.
Ouso plagiar o poeta mineiro de Itabira: Chega mais perto 
contempla a cidade de Castanhal vista pelo escritor Hugo Luiz.
“Trouxeste a chave? ” Hugo a nos dá. Entre...
Professora Telma César Lemos
Os relatos/depoimentos contados neste livro, por alguns dos 
pioneiros de Castanhal, são da Castanhal de um passado distante, 
até o dia da demolição da Estação, ocorrida no ano de 1972, quando 
se inicia nossa história romanceada.
Hugo Luiz de Souza
17
Primeira parte 
Origem dos fatos históricos
Capítulo I
Traços da História da Castanhal antes de se fazer Cidade
A origem do povo castanhalense é mais antiga do que 
se pensa, é composta por vários períodos, e neste livro vamos 
comentar alguns fatos compreendidos no período de 1893 até o 
ano de 1972. Um período pouco antes da data de 1893, precisa-
mente em 1891 quando a seca do Nordeste estava matando de fome 
e sede o povo Cearense. Por todos os lados havia morte e miséria. 
A construção da Estrada de Ferro no Estado do Ceará havia para-
lisado, levando milhares de nordestinos ao êxodo. Grande parte 
destes retirantes invadiu a Amazônia para trabalhar nas grandes 
plantações de seringais na extração de látex. 
No ano de 1893, no dia 02 de maio, chegaram os primeiros 
trilhos da Estrada de Ferro de Bragança, para serem assentados 
no local, onde dez anos depois foi construída a nossa estação de 
Castanhal. 
O tempo foi passando, meio devagar, caminhando para o 
futuro daquela pequena Vila. No ano de 1902, essa Vila começava 
a experimentar grandes modificações, na época o Governador do 
Estado do Pará o Dr. Paes de Carvalho dividiu a região em sete 
colônias que foram se desenvolvendo ao longo dos anos, a principal 
Colônia conhecida como José de Alencar, hoje centro da nossa 
cidade. 
*****************
Hugo Luiz de Souza
19
Poesia em homenagem aos nordestinos, pioneiros de 
Castanhal
As Raças do Futuro
Fazem anos.... Nosso chão verde e ondulado
Ainda selvagem, sem o homem, ele se abria... 
Erraram nuvens pelo céu e então o gado
Pelas campinas deste meu sertão mugia.
Fazem anos, quase ontem.... Um belo dia
O trem de ferro conhecemos, afinal
Berrou, fumou, atravessou em correria
De Bragança em direção à Capital.
Olho-te mudo, hoje, em tua paisagem
Até que a noite, com seu ar tão puro
Fala que o trem fez a última viagem
E o nordestino, vejo, a erguer seus braços
Para gritar às raças do futuro
Que Castanhal há de seguir seus passos. 
As Raças do Futuro - Poesia de Carlos Araújo, escrita pelo 
autor no dia 24 de fevereiro de 1984, quando Castanhal ainda 
chorava a destruição da Estação Ferroviária.
*****************
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
20
Capítulo II
Naqueles dias (Início do Século XX).
Naqueles dias, nossa cidade, que algum tempo atrás era 
conhecida como “Núcleo Colonial de Castanhal” e décadas antes 
chamada de “Campos de Castanhal”, era chamada de “Vila de 
Castanhal”.
Tudo começara com um pequeno Núcleo ao redor ou as 
margens de um bonito e grande igarapé chamado de “Igarapé 
Castanhal”, localizado onde é hoje o Camping Ibirapuera. A 
nascente desse igarapé localizava-se bem atrás do Camping e era 
chamado Nascente Riacho Fundo. Para o conhecimento do leitor, a 
nascente Riacho Fundo ainda existe e continua enchendo o igarapé 
do Camping Ibirapuera.
A história de Castanhal se funde com a história de Bragança, 
essa elevada à categoria de cidade no dia 2 de outubro de 1854.
Diz-se que pelos idos anos de 1858, Bragança que já era um 
importante centro e possuía agência de correios e telégrafo, havia 
sido explorada por Franceses nos anos 1613, e Castanhal servira de 
passagem entre Belém e Bragança. 
Chamada anteriormente de Vila do Caeté e depois Pérola do 
Caeté, posteriormente Souza do Caeté é hoje, Bragança, que desde 
o ano de 1854 era também centro de zona agrícola, já capaz de 
abastecer o mercado da Capital Belém com gêneros alimentícios 
básicos, desta época em diante, poderíamos dizer que Castanhal 
começa a dar os primeiros passos rumo à construção do que é hoje 
a cidade de Castanhal. 
Talvez possamos dizer que igualmente a Cidade de Bragança, 
Castanhal fora também explorada, primeiramente por Franceses e 
Índios Tupinambá, uma vez que há fatos históricos contados em livros 
que eles estiveram aqui, lemos esta informação no livro “História do 
Povo Castanhalense”, dos autores Carujo e José Lopes Guimarães. 
Hugo Luiz de Souza
21
Segundo a história de Castanhal, contada no livro “História 
do Povo Castanhalense”, de Carujo e José Lopes Guimarães, 
Castanhal pode ter sido habitada pelos índios Tupinambás lá pelos 
idos 1616, quando da fundação de Belém. No livro consta que “a 
História do Povo Castanhalense está intimamente ligada às origens 
da fundação da cidade de Belém...”. No livro “História do Povo 
Castanhalense”, podemos encontrar uma história rica que traz 
informações de diversos livros como exemplo: “História do Pará”, 
Vol. I, p: 52 de Ernesto Cruz; “Caminhos Antigos e Povoamento do 
Brasil”, de Capristano de Abreu, e “Revista do Instituto Histórico e 
Geográfico do Pará”, Vol. I, p: 19. 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
22
Capítulo III
O grande tapete verde
Mata fechada representando Castanhal de outrora, ainda sem casas edifi-
cadas, ainda sem moradores...
Voltando aos anos 1800, sem precisar a data, convido o 
leitor a imaginar – com um olhar lá do alto – o que era naqueles 
dias chamada “Campos de Castanhal”. 
Como num sonho imaginemos agora de olhos bem fechados 
um enorme tapete verde a perder de vista. Como visionário, vamos 
pensar ser uma ave planando e pousando no ar, deixar se arrastar 
pela correnteza dos ventos, por alguns minutos e viajar no tempo. 
Nessa nossa viagem, que começa agora, vamos abrir nossos olhos e 
olhar calmamente para baixo. Vamos voar um pouco no lado Norte 
e ver as futuras cidades de Curuçá, Marapanim, Marudá e o oceano 
banhando-as com lindas praias verdes... Agora vamos em direção 
Hugo Luiz de Souza
23
ao lado Oeste, e veremos Santa Izabel do Pará, Santo Antonio do 
Tauá. Que maravilha ver tudo isso do alto! Agora vamos voar para 
o lado Leste e ver São Francisco do Pará e Santa Maria do Pará. Não 
dá vontade nem de descer daqui, é tudo tão bonito! Agora vamos 
dar uma volta no ar e olhar para o lado Sul, veremos Inhangapi com 
o seu maravilhoso rio e São Miguel do Guamá, também com seu 
belo rio cortando a cidade, mas estamos em 1800 e toda essa imagi-
nação ainda é sonho e tudo que vemos neste momento é o grande 
tapete verde. Lá embaixo, além de inúmeras espécies de caças, de 
pássaros, árvores frutíferas e entre diversas espécies de madeira 
nobres, vemos castanheiras centenárias, ali nascidas, doadas a nós 
pela própria natureza, pois esta natureza desejará batizar nossa 
cidade de Castanhal.Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
24
Capítulo IV
Lei 646 (Castanhal como Distrito)
Depois do período de desbravamento, povoamento e coloni-
zação da nossa sonhada Castanhal já ter recebido o título de Núcleo 
Colonial no ano de 1889, foi então criado o Distrito de Castanhal 
no dia 06 de junho de 1899, passando à categoria de Vila pela Lei 
nº 646 e instalada a Lei no dia 15 de agosto de 1901. No dia 1º de 
novembro de 1905, sob a Lei 957, a Vila de Castanhal foi incorpo-
rada ao Município de Belém, causando grande decepção do povo e 
total alvoroço da classe política de Castanhal, sendo logo reparado 
o erro cometido. A partir dessa tentativa, ascendeu o grande desejo 
do Castanhalense em tonar sua Cidade independente do jugo da 
Capital do Estado.
Hugo Luiz de Souza
25
Capítulo V
Decreto Lei 600 (Castanhal como Cidade)
Privilegiadamente localizada entre Belém e Bragança, já nos 
primeiros anos como Vila, Castanhal servia como pólo para as duas 
cidades e outros municípios vizinhos. O rápido desenvolvimento da 
Vila de Castanhal a transforma em Município no dia 28 de janeiro 
de 1932, sob o Decreto Lei nº 600, assinado pelo então Major 
Interventor Joaquim de Magalhães Cardoso Barata. Castanhal a 
partir daí só cresceu impulsionada por seu povo Nordestino e seus 
descendentes que com amor e sacrifício plantaram e colheram os 
frutos da terra por eles adotada. Esse mesmo povo nordestino que 
segundo alguns disseram no passado, pode ter nomeado a cidade 
com o nome de Castanhal, porque a princípio eles se instalavam 
nas sombras de grandes e frondosas castanheiras que existiam nas 
margens do “Igarapé Castanhal”. 
Após a inauguração do Mercado Municipal, em 02 de feve-
reiro de 1933, no mês de julho de 1939 dava-se início a construção 
da Prefeitura Municipal, sendo esta inaugurada no mês de março 
de 1940, na administração do Prefeito Maximino Porpino da Silva. 
Castanhal rumava ao seu sucesso de grande Cidade.
*****************
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
26
Capítulo VI
Histórias para recordar 
Tributo aos Nordestinos – Retirantes em campos verdes
Em uma das primeiras viagens da locomotiva a vapor, 
ainda inaugurais, podemos dizer assim: talvez numa Terça ou 
Quinta-Feira os dias de viagens do comboio misto de passageiros e 
cargas, para a Estação da Vila de Castanhal; Ou talvez num dia de 
Domingo no Comboio chamado de Recreio, que saía de Belém às 
4 horas da manhã também rumo à nossa Estação, eis que chega o 
tão esperado trem, dele desembarcam algumas famílias, vindas do 
Nordeste Brasileiro, que começam a povoar a pequena Vila.
O trem parou. É o ano de 1904. Estão todos ainda eufóricos 
e em clima de festa na Estação Ferroviária de Castanhal, pois há 
pouco tempo havia sido inaugurada a Estrada de Ferro. Imagino 
o vislumbre de crianças e até de alguns adultos chegando, e se 
deparando com aquele “grande” movimento. Imagino um menino 
correndo dentro do vagão do trem querendo logo sair e pego no 
colo por seu pai, que o ajuda a descer calmamente, pela larga porta 
do vagão, assim que esta se abre. Imagino numerosas famílias se 
aglomerando no interior da Estação com seus filhos e bagagens, 
pedindo informações sobre onde se instalar e trabalhar, mas sem 
o que fazer e na falta de dinheiro, muitos migrantes se valiam da 
Estação e das mangueiras espalhadas em toda extensão da Estrada 
de Ferro para se acomodarem e para a troca de mercadorias e 
pertences. Fico imaginando tudo isto.
Neste mesmo ano de 1904, uma família Nordestina muito 
especial, vinda do Rio Grande do Norte, chegava à Colônia de 
Icuí ou Anhanga Velha, hoje São Francisco do Pará. A família 
Sobrinho como ficou conhecida, manteve contato direto com uma 
Hugo Luiz de Souza
27
família vizinha também muito especial, a Teixeira, de onde mais 
tarde sairia o ilustre padre Manoel Teixeira, ele que viria desen-
volver grandes trabalhos espirituais com jovens em Castanhal e 
Municípios vizinhos, fazendo suscitar o desejo de servir a Deus em 
muitos desses jovens, que mais tarde se tornariam freiras e padres 
em nossa Cidade... Monsenhor Teixeira, como terminou seus dias, 
foi também o grande construtor de Capelas e Igrejas nos Bairros 
de Castanhal. Ainda nesse ano de 1904, no dia 12 de outubro, era 
inaugurado o Grupo Escolar de Castanhal (Escola Estadual Cônego 
Leitão), momento que estava em andamento a construção da Igreja 
Matriz de São José.
O tempo passou... A família Sobrinho cresceu e um menino 
se destacou entre seus irmãos, Manoel do Nascimento Sobrinho 
que tinha 10 anos ao chegar à primitiva Vila, foi crescendo em 
tamanho e também em sabedoria... Os muitos afazeres do dia a dia 
ajudando seus pais nas atividades agrícolas, não lhe davam tempo 
de ir à escola, mas face às dificuldades e distância – e sozinho, à 
luz de lamparina, deu seus primeiros passos rumo aos livros e aos 
estudos... 
O tempo foi passando, e outras famílias foram chegando, 
quer seja a pé, a cavalo em carroças e em trens. E a Vila de Castanhal 
foi crescendo em movimento e população. 
Mais um espaço de tempo... No dia 06 de janeiro do ano de 
1922 Manoel Sobrinho casou-se com Raimunda Moreira, na locali-
dade de Anhanga Velha (São Francisco do Pará), onde nasceram os 
filhos Laura, Milton, Neuza, Omar e Maria. Depois mudaria para 
a Colônia de Ianetama, onde nasceria mais uma filha, Terezinha.
No ano de 1930, o movimento no centro da Vila, nos arre-
dores da Estação, já estava em grande aceleração. Trens chegavam 
às horas marcadas, com passageiros que ficariam para tocarem suas 
vidas e outros que passariam com destino a Bragança em viagens 
de negócios. 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
28
Foto da década de 1940 - Estação Ferroviária de Castanhal – o comércio 
em expansão
Na Estação Ferroviária, paralelamente àquele movimento de 
pessoas e máquinas, entrando, saindo, vendendo e trocando, temos 
aquela que seria a notável família Sobrinho que já havia deixado a 
então Colônia de Icuí ou Anhanga Velha, e também deixara para 
trás a Colônia de Ianetama e chegava à Vila de Castanhal, agora 
a cavalo e este trazia no seu lombo e bem acomodada num caçuá 
(cesto de vime ou cipó) a menina Terezinha, nascida na Colônia 
de Ianetama, que tinha apenas um ano de idade, a ela o futuro 
reservaria o cargo de diretora das Escolas Estadual e Municipal Pe. 
Salvador Traccaiolli e Maria da Encarnação, Terezinha contribuiria 
grande parte de sua vida com a educação. 
Já bem instalado na “Cidade” na Vila Porpino, Manoel 
Sobrinho dá início a sua nova vida, com mais outros filhos que 
foram nascendo na Cidade, são eles: Pedro, Raimundo, Stela, Luíza, 
Ana Maria, Zélia e Ana, a caçula.
E Manoel Sobrinho, que desde criança, havia se dedicado 
aos estudos, sozinho e à luz de lamparina decorou livro após livro, 
tornou-se um autodidata, poeta, letrista e cantor, cantando para a 
família e para os amigos. Foi Agente de Estatística, Agente do INSS, 
guarda-livros (contador) de vários comerciantes de Castanhal, São 
Francisco do Pará e Inhangapí e Delegado de Polícia. Segundo os 
Hugo Luiz de Souza
29
depoimentos de suas filhas Omar Nascimento e Zélia Nascimento, 
o pai Manoel foi muitas vezes tentado a ser político, candidatar-se 
a vereador, mas nunca aceitou. Formou todos os filhos, se desdo-
brando em trabalhos diversos, mas não quis ser homem público.
... E Castanhal continua sua história...
“E a história de Castanhal não se completaria sem a história 
de Manuel do Nascimento Sobrinho”. 
Dados e informações sobre Manoel Sobrinho por Omar, 
Zélia e Terezinha Nascimento.
*****************
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
30
Capítulo VII
Castanhal de muitos tempos
Entre as necessidades fundamentais do povo que começou 
erguer a Cidade de Castanhal, buscando alternativas para sua 
sobrevivência, lembramos a Castanhal do tempo que para se desen-
volver nos estudos, obter o Diploma do Primário, hoje Ensino 
Fundamental, o aluno precisaria viajar paraBelém. 
Castanhal é do tempo, que para se conseguir um melhor 
desenvolvimento escolar e obter cursos secundários, hoje Ensino 
Médio, o estudante precisava procurar a Capital do Estado, Belém 
do Pará, para fazer vestibular, cursar uma faculdade precisaria 
embarcar no trem, e ir e voltar todos os dias de Belém, ou morar 
lá, quer fosse de favores nas casas de parentes ou casas alugadas, ou 
não, nas classes de melhor poder aquisitivo alugavam ou compra-
vam-se casas e apartamentos. 
Castanhal é do tempo, que para alguém conseguir um melhor 
emprego, desenvolver o talento ou exercer a profissão que sua 
formação exigia, essa pessoa precisava se deslocar para Belém.
Castanhal é do tempo, que aqui se plantava a malva, o arroz, 
o milho, o feijão e se carregava em burros, cavalos e carroças até a 
Estação para a venda ou troca. E nesse tempo esses mesmos plan-
tadores tomavam banhos em igarapés, onde hoje estão construídos 
prédios e casas, os igarapés que passavam pelos fundos dos quin-
tais, eram os banheiros de hoje.
Castanhal é do tempo, que o padeiro deixava o pão feito à 
mão nas portas das casas, e se ouvia ao chegar a Estação, às cinco 
horas da manhã, o grito do vendedor de tapioca: Olha a tapioooca! 
Tapioooca, então antes de pegar o trem o viajante comprava um 
Hugo Luiz de Souza
31
cafezinho na lanchonete da Estação ou do Cliper e a tapioca do 
vendedor ambulante. 
Castanhal é do tempo, que havia as casas de luz vermelha, 
aonde os homens iam para se divertirem, o jovem rapaz ia procurar 
sua primeira mulher. 
A Rua do Fogo, como era chamada (hoje Av. Maximino 
Porpino) eram 24 casas feitas todas elas de tábuas numeradas de A 
a Z, treze casas (quartos) de um lado da Rua (hoje Banpará, sendo 
que duas casas ficavam de frente para a Rua Senador Lemos) e mais 
onze do outro lado (hoje Microlins) que começavam no canto da 
atual Rua Maximino Porpino e seguia para a hoje BR (antes não 
havia construção, era só mato). 
As mulheres que frequentavam a “Vila” vinham de vários 
lugares (outras cidades) para Castanhal. Aqui elas alugavam os 
quartos com o proprietário chamado de Pedro Galinha, assim 
chamado porque comprava ovos e galinhas dos moradores e ia 
vender em Belém. Os quartos serviam para essas mulheres morarem 
e ao mesmo tempo levarem “seus” homens e lá ganhavam o pão de 
cada dia para seu sustento, elas que foram as primeiras prostitutas 
de Castanhal, a Castanhal de uma época distante e bem diferente 
da de hoje. Os nomes dessas mulheres e seus amantes (muitos deles 
homens influentes da época), por enquanto vão ficar somente nas 
suas memórias e nas memórias daqueles que conhecem suas histó-
rias e passaram por lá, e lá viveram momentos de suas vidas bem 
particulares. Vamos deixar que o tempo se encarregue desta tarefa. 
Castanhal é do tempo, que para se obter um remédio neces-
sário à cura de uma moléstia mais grave era preciso recorrer à 
Belém, pois a primeira farmácia, a Sampaio, do Sr. João Câncio 
Sampaio só viria surgir em Castanhal, nos anos 1913, no entanto, 
com limitação na oferta de medicamentos. Depois se instalou 
a Farmácia “São José” do Sr. Santos Rocha e posteriormente, em 
1953, a Farmácia Central, trazida pelo Sr. José Holanda Pereira, em 
parceria com o Sr. Hélio de Moura Melo. Vale aqui destacar que o 
Sr. José Holanda Pereira, tinha grande tino para o comércio e foi 
um dos grandes responsáveis pelo desenvolvimento de Castanhal, 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
32
naqueles anos 50. Empreendedor que era José Holanda Pereira não 
escolhia local para fazer seus negócios, ele armava seu “escritório” 
embaixo de mangueiras, bancos de praça, mesas de bares e balcões 
dos estabelecimentos comerciais do centro da Cidade, como exem-
plos: Café Passarinho, Cinzano Bar, Cliper e Estação Ferroviária. 
Seu sócio, o Sr. Hélio de Moura Melo indiscutivelmente foi outro 
expert no fazer negócios. Com muita visão de futuro, Hélio Melo 
cresceu como empresário e fez crescer Castanhal, junto com seu 
irmão Eládio Melo estendeu sua rede de farmácias. Ambos torna-
ram-se produtores de pimenta do reino e Hélio Melo foi um dos 
sócios fundadores, ao lado de Pedro Coelho da Mota e Inácio 
Gabriel Filho, da Hiléia Indústria de Produtos alimentícios S.A.
Foto década de 50 / 60 – Centro de Castanhal em pleno movimento – Ao 
fundo a Estação Ferroviária
Castanhal é do tempo que alguém chamado de Severino 
do Buraco, aprontava “poucas e boas” na cidade, montado no seu 
cavalo, como conta o Sr. Leocádio: 
Olha. O Severino do Buraco era um “cabra” encrenqueiro, 
gostava de mexer e fazer confusão com as pessoas, e gostava de 
brigar, puxar faca e desafiar todo mundo. O Severino morava na Rua 
28 de Janeiro com a “Manga dos Bois” ou Washington Bastos, que o 
pessoal chamou por muito tempo rua do “curre”, curro e depois rua 
Hugo Luiz de Souza
33
do “curre”, curro velho, isso porque os homens vaqueiros desciam 
do trem com bois, onde hoje é o canto da Av. Barão do Rio Branco 
com Av. Altamira, tomavam um atalho até a Rua 28 de janeiro, onde 
ficava o curro ou matadouro, esse atalho ficou conhecido como 
Rua do Curro. Naquela época, por trás do SESC, havia uma ladeira 
íngreme (foi aterrada) e era de difícil acesso chegar onde morava o 
Severino, pois o lugar onde ele ficava parecia um buraco e também 
era um esconderijo, por isso, o apelido e quando ele fazia confusão 
se escondia lá, e nem a polícia chegava perto, porque ele se armava 
e dizia: “Quem vier aqui embaixo vai morrer cortado de facão ou 
crivado de balas”.
É verdade que toda vez que o Severino ia para Cidade comprar 
o “rancho”, ele costumava adentrar no Mercado Municipal montado 
a cavalo, pedia seu quilo de carne com osso, e sem desmontar do 
animal pagava ao açougueiro, saia tranquilamente e ia embora e 
as pessoas ficavam só olhando. Severino costumava entrar também 
no Bar Esperança ou Bar dos Magalhães (hoje prédio onde funciona 
o SINE, na Av. Barão do Rio Branco. O Bar pertencia a Francisco 
Alves de Magalhães Filho, o Chico Magalhães). O Severino causava 
grande transtorno e, às vezes, muita confusão entre os frequentadores 
do Bar. Parece que Severino gostava muito de andar a cavalo ou não 
gostava de andar a pé, não é verdade? 
Severino era muito conhecido e tinha muitos amigos, inclu-
sive o Delegado Luís Quincas que era seu compadre. Mas certa vez 
Severino causou muita confusão e sem desmontar de seu cavalo, 
recebeu voz de prisão do Delegado, que lhe disse com a voz brava: 
- Severino? 
- Sim, compadre.
- Severino. Você é meu amigo e também é meu compadre, 
não leve a mal, mas vou lhe prender. Pode apear do seu cavalo e me 
acompanhar até a delegacia. 
O Severino então disse: 
- Não tem problema, não, compadre...
E Severino atendeu à autoridade sem reclamar, desceu 
do cavalo e seguiu ao lado dele até a delegacia. O Delegado Luís 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
34
Quincas foi caminhando atrás do cavalo e do Severino. Naquela 
época a coisa era assim, era muito tranquilo, havia muito respeito 
e a Lei era cumprida.
***************** 
Foto década de 40/50 – Comércio na Av. Barão do Rio Branco na lateral da 
Estação Ferroviária de Castanhal.
Hugo Luiz de Souza
35
Capítulo VIII
Nasce uma metrópole
Castanhal crescia rapidamente e se desenvolvia economica-
mente em função de sua privilegiada localização geográfica, pois 
era passagem obrigatória para os Municípios vizinhos. Até então 
sua única via de transporte era a Estrada de Ferro de Bragança, que 
cortava Castanhal para abastecer o comércio local.
Na Castanhal dos anos 40, a Casa Exportadora Primor, cujo 
proprietário chamava-se Rogério Fernandez, ficava localizada na 
esquina da Avenida Magalhães Barata com a Avenida Barão do Rio 
Branco, onde futuramente se instalaria a loja “A Elétrica”. Primor 
era uma empresa de beneficiamento de arroz, juta e algodão, 
naquela época era o comércio mais importante de Castanhal e 
sua instalação foi um momento de grande destaque para a nossa 
economia,que dava seus passos largos rumo à grande Metrópole 
que se tornaria num futuro bem próximo. 
Nos primeiros anos da década de 1950, dois grandes amigos, 
o Sr. Hélio de Moura Melo e Sr. José Holanda Pereira traziam para 
Castanhal a Farmácia Central, e a expansão do comércio se inten-
sificava a cada dia. No ano de 1955, foi inaugurada a primeira 
agência bancária, o Banco de Crédito da Amazônia, hoje Banco da 
Amazônia S.A. 
Com a abertura da Rodovia Castanhal-Belém, no ano de 
1956, o frenesi do desenvolvimento comercial tomou conta dos 
habitantes e do comércio local. Com isso muita gente de outras 
localidades, que passava pela Estação a negócio, vindo de Belém 
ou de Bragança, foi ficando por aqui mesmo, transformando 
Castanhal, a cada ano que passava, na Cidade mais desenvolvida 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
36
da Região Bragantina e Região do Salgado, o que posteriormente 
lhe fez por merecer o título de “Cidade Modelo”. 
Nos primeiros anos da década de 1960, o então Prefeito 
de Castanhal Sr. Pedro Coelho da Mota, considerado o melhor 
Prefeito que Castanhal já teve, trazia para Castanhal duas grandes 
empresas: CTC - Companhia Têxtil de Castanhal e Hiléia Indústria 
de Produtos alimentícios S.A. 
*****************
Foto década de 60 - Em destaque o Cliper, a Farmácia Sampaio ao centro e 
visão parcial da Estação Ferroviária de Castanhal. 
Hugo Luiz de Souza
37
Capítulo IX
A construção do Cliper
O Cliper era um complexo comercial, o ponto de encontro 
de muita gente que logo se tornaria famosa no meio social e político 
da cidade de Castanhal. O Cliper fora construído pelo Sr. Rubal no 
ano de 1947. “Era um tradicional espaço que abrigava uma elegante 
barbearia, (do Sr. Enéas), bar e lanchonete, algo chique para a época, 
que foi demolido na gestão do Prefeito Pedro Coelho da Mota, para 
dar lugar à urbanização da cidade que se fazia necessária no final 
da década de 1960”. Após a demolição do Cliper, fora aberta uma 
rua onde hoje se inicia a Trav. Benjamim Constant, canto com a 
Av. Barão do Rio Branco, ou seja, o Cliper ficava no largo onde 
hoje fica a loja Jomóveis e a Farmácia Sampaio, e era frequentado 
diariamente pelo Sr. Deocleciano Macedo (Deoclécio) proprietário 
do Cinzano Bar, Tio Bito, Rubal, Adalberto de Moraes, Zé Romão, 
José Francisco, Maximino Melo Ferreira e outros. 
No Cliper, foram vividas muitas aventuras, emoções e 
encontros amorosos. O Cliper foi um palco de muitos outros 
encontros: de políticos, de simples amigos, de jogadores da Seleção 
de Castanhal, de cantores da terra e dos que nos traziam seus shows 
de outras cidades e de aventureiros que passavam por Castanhal, 
enquanto o trem parava na nossa Estação para embarque e desem-
barque. Enfim, de muitos e muitos outros encontros que estão nas 
memórias do tempo.
*****************
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
38
Segunda parte
Biografias, depoimentos e ensaios
Capítulo X
Pioneiros na história Castanhalense.
Manoel do Nascimento Sobrinho
Biografia
Manoel do Nascimento Sobrinho chegou à Vila de 
Castanhal, no ano de 1904, junto com a construção da Estação 
Ferroviária de Castanhal, um dos nordestinos pioneiros que 
ajudaria no surgimento da grande Castanhal. Data de nascimento: 
09/07/1894 (Baixa Verde - João Câmara) – Rio Grande do Norte. 
Filho de Miguel Francisco do Nascimento e Maria Francisca da 
Anunciação.
 Quando chegou à Vila de Castanhal trazido por seus pais, 
Manoel Sobrinho foi trabalhar na lavoura, na Colônia Ianetama, 
localidade chamada Travessa 21, hoje um Bairro de Castanhal. 
Casou com Dona Raimunda Moreira, no dia 06 de janeiro de 1922. 
Já no ano de 1930 precisou mudar para a cidade (Castanhal), pois 
seus filhos davam início aos estudos. Alugou uma casa na Vila 
Porpino que ficava na Rua Marechal Deodoro.
 Manoel do Nascimento Sobrinho, foi mais um dos que 
chorou, pelo menos por duas vezes pela dor que sentiu em seu 
peito, por atos de pura insensatez com a história de Castanhal:
1. Quando derrubaram as velhas e frondosas mangueiras 
das ruas (o melhor programa da criançada numa época 
Hugo Luiz de Souza
39
de mangas, apanhando-as das árvores ou derruban-
do-as de baladeiras. Era toda a sorte delas: mangas 
comuns, mangas rosa, mangas espada, manguita, etc); 
2. E quando retiraram da Avenida Barão do Rio Branco 
os trilhos da Estrada de Ferro (outro divertimento para 
garotada que colocava pedaços de barras de sabão nos 
trilhos para ver o trem patinar suas rodas). 
Manoel Sobrinho foi Tesoureiro da Sociedade São Vicente 
de Paulo, no ano de 1951. 
Homem religioso e de muita fé, desenvolveu trabalho junto 
à Ação Católica, Apostolado da Oração, Irmandade do Santíssimo 
Sacramento, Conferência Vicentina e outras Associações e movi-
mentos religiosos.
Homem de presença marcante tinha a fé em Deus, a honra 
e o amor ao próximo como princípio do ser humano, tinha na 
família seu principal alvo de vida, nela se apoiava, e para ela vivia. 
Homem íntegro enxertava a dedicação à família e nos seus versos, 
suas histórias, a beleza do seu canto e das palavras à sua vida e ao 
seu modo de viver. Transformava suas idéias no lado doce da vida 
dignificando esta vida junto à esposa, aos filhos, e aos amigos, que 
agora passo a elencar:
Adalberto de Moraes, Monsenhor Manoel Teixeira, Pedro 
Coelho da Mota, Casimiro Guimarães, Álvaro Menezes da Silva, 
Francisco Cavalcante Lacerda, José Alves de Lemos, Orvácio Bastos, 
Laureno Alves de Lemos, Nilo Francisco da Silva, José Eletricista, 
Lauro Cardoso, Severino Batista de Lima e Miranda Conor.
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
40
Adalberto de Moraes - relatado pelo próprio Sr. Adalberto.
Biografia
Adalberto de Moraes, nasceu no dia 24 de dezembro de 
1919, numa casa simples e solitária no meio da floresta, casa essa, 
que, assim como um Sítio entre Macapazinho e Boa Vista, recebia 
o nome de Mazagão. Adalberto se criou na localidade de Boa Vista, 
onde quando criança descia de canoa junto com mais três amigos 
para ir à Macapazinho estudar, isso até 1930. Depois de algum 
tempo mudou-se de vez para Macapazinho. No ano de 1933, foi 
estudar na Vila do Apeú, em uma escola onde hoje está localizada a 
casa do Sr. José Martins, sua Profª era a Sra. Ana Maria Gonçalves 
Gomes, que indicou o então garoto Adalberto de Moraes para 
estudar em Castanhal, cursando a 5ª Série, por ter Adalberto, junto 
com outro garoto da época, se destacado brilhantemente na 3ª 
Série. 
No dia 1º de janeiro de 1935 Adalberto se mudou para 
Castanhal. Trouxe nas mãos a indicação para mostrar à Profª 
Emília Gimenez de Lima, naquele momento Diretora do Colégio 
Cônego Leitão, que não confiou muito no documento e pediu para 
o garoto Adalberto fazer o teste de admissão. Adalberto fez o teste 
sendo aprovado para cursar a 5ª Série. Foi o início de uma carreira 
bem-sucedida tanto na vida social como política e religiosa. 
No ano de 1944, Adalberto também foi convocado para 
atender por 15 dias, ao Governo Federal, na Segunda Guerra 
Mundial. No período que prestou serviço militar ele foi morar 
em Belém e se apresentava todos os dias no Quartel General, ele 
acompanhou o desenvolvimento de Castanhal, fez muitos amigos 
tornando-se um homem público e político. No cargo de vereador 
conseguiu com sua astúcia e inteligência 11 Escolas Municipais, 
como ele mesmo relata a seguir: 
Hugo Luiz de Souza
41
No dia 19 de janeiro de 1947, Hernani Lameira foi eleito 
Prefeito Municipal de Castanhal, derrotando seu opositor Antônio 
Lins de Albuquerque. Infelizmente o Prefeito Hernani Lameira não 
concluiu seu mandato, pois veio a falecer durante sua gestão como 
Prefeito, assumindo o cargo de Prefeito o Vice-Prefeito e presidente 
da Câmara Municipal, o Sr. Orvácio Bastos.
Eleição de 1950 – João Soares de Melo (o Joca Vicente) deixou 
o cargo de Vereador para concorrer ao cargo de Prefeito, nas eleições 
de 1950, e eu assumi em seu lugar, pois na eleição anterior eu havia 
ficado como1º suplente, no ano de 1947. Nessa época um dos meus 
amigos que também concorreu na eleição, o Inácio Gabriel Filho, foi 
eleito Vereador. Foi então que em 1950 fui novamente candidato a 
Vereador e venci, ficando, desta vez até o final do mandato. 
Eu tinha uma casa de comércio onde eu morava, hoje ainda é 
uma casa de comércio e localiza-se ao lado da Eletromóveis, na Trav. 
Benjamim Constant. Lá, eu aproveitava os momentos de descon-
tração com os colonos e ouvia suas reclamações: “Seu Adalberto! Na 
Colônia não tem escola! ” 
Aí eu lhes perguntava: Se eu fizer um abaixo-assinado, vocês 
pegam as assinaturas do povo? Depois do acordo, eu então lhes fazia 
o abaixo-assinado, e através dele conseguia as Escolas para várias 
Colônias. No final do mandato do Prefeito Joca Vicente, deixamos 22 
Escolas funcionando.
Como Vereador, fiz projeto junto ao D.E.R. (Departamento 
de Estrada de Rodagem), pedindo largura de 40m para a estrada que 
hoje é a Rodovia BR-316; Projeto junto a Câmara de Vereadores, 
com um pedido de doação do terreno (campinho de futebol onde 
eu e a garotada jogávamos bola), para as Irmãs do Preciosíssimo 
Sangue, onde hoje estão construídos o Noviciado (Casa das Irmãs) 
e Colégio São José. 
No ano de 1955, entrei na sociedade com o Português Sr. José 
Maria da Silva e mais um ex-funcionário, o Sr. Sebastião, primeiros 
sócios do estabelecimento comercial Padaria Primavera, onde fiquei 
como sócio até seu fechamento nos anos 80.
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
42
Adalberto de Moraes que com apenas nove anos de idade já 
recebia sua primeira prova de fogo: a missão de “pular” uma série 
escolar – fato raro na vida de estudantes, ele dava início a uma 
trajetória de conquistas na sua vida, sempre morando na Cidade de 
Castanhal. Menino muito inteligente, criativo e trabalhador e com 
muita intuição nos negócios e visão de futuro, Adalberto torna-se 
empresário e homem público. A despeito de muitos outros polí-
ticos, mostrou que poderia ser político honesto trabalhando com 
seriedade para uma comunidade. Hoje é um homem de 90 anos 
feliz, lúcido e trabalhando em negócio próprio, é religioso e ajuda 
o Pároco da Igreja de São José como Diácono, e o faz com muita 
sabedoria e dedicação.
 
Foto de janeiro de 2010, Hugo e Sr. Adalberto em seu estabelecimento 
comercial na Av. Barão do Rio Branco.
Hugo Luiz de Souza
43
Antônio de Oliveira Pereira
Biografia
(Rubal), nasceu no dia 03 de março de 1927, na Colônia 
Sapereira, núcleo pertencente a então Vila de Castanhal. Sapereira, 
hoje Jardim Tóquio, era também uma parada do trem que cortava 
o centro de Castanhal, mas não era parada obrigatória igual nas 
Estações, o trem só parava lá quando havia passageiros para 
embarque ou desembarque. Rubal é carinhosamente chamado, 
tendo completado 83 anos de idade, recebeu esse apelido quando 
criança, mas nem seus pais ou ele mesmo se lembra do lugar ou de 
quando foi apelidado pela primeira vez. O próprio Sr. Rubal nos 
conta: 
O apelido de Rubal vem da infância. Com a idade de cinco 
anos eu lembro bem, a família toda se mudou para a Vila de 
Castanhal, recém transformada em Município. Meu pai, Firmo 
Martins Pereira, era carpinteiro e em sua visão de futuro via muitas 
obras a serem feitas e o Município precisava de mão de obra quali-
ficada. Foi então que acompanhei o meu pai nas várias construções 
determinadas por Magalhães Barata, então Governador do Estado 
do Pará, e conduzidas por Comandante Assis, primeiro Intendente 
do novo Município. 
Eu era um garoto travesso, como a maioria dos que moravam 
às margens da Estrada de Ferro, e vivia brincando nas muitas 
mangueiras que existiam por toda a Rua Augusto Montenegro 
(hoje Av. Barão do Rio Branco). Lembro que certa vez quando eu 
estava com 12 anos, lá pelos anos de 1939 eu estava derrubando, a 
pedrada, mangas da mangueira, que ficava na frente da Prefeitura, 
nessa época o Prefeito era o Maximino Porpino da Silva. Havia 
outros garotos também atirando pedras na mangueira, e viram um 
homem se aproximar da gente, então correram, mas não deu tempo 
de me avisarem, quando de repente chegou perto de mim aquele 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
44
homem grande e gordo com cara feia, era o Delegado Apucre – ele 
era mau, era temido por todos, e parecia estar com muita raiva logo 
me questionou por que eu estava jogando pedra na Prefeitura, e fui 
surpreendido com puxões nas duas orelhas enquanto ele me dizia: 
“Então é você, moleque, que está jogando pedra!”. Ele deixou as 
minhas orelhas vermelhas, mas como era amigo do meu pai, não 
lhe contou.
Em 1932, testemunhei a construção do Mercado Municipal 
na esquina da Av. Barão do Rio Branco com a Trav. Quintino 
Bocaiúva, onde hoje está o Bradesco. Da Usina de Força e Luz, 
prédio que por muito tempo foi usado pela COSANPA. Da primeira 
caixa d`água da cidade que ficava na Trav. 1º de Maio, por trás de 
onde é hoje a Igreja Assembleia de Deus. Do primeiro Posto de 
Saúde do Município, o SESP ainda hoje erguido na esquina da Rua 
Senador Lemos, com a Trav. Cônego Leitão. 
Como ajudante de meu pai trabalhei em construções mais 
importantes a exemplo da construção da Prefeitura Municipal, 
obra de Maximino Porpino da Silva.
Na administração de Hernani Lameira, eu já era carpinteiro, 
fui incumbido de construir o Clipe, mas continuei construindo 
casas, carrocerias para caminhões e o que me pediam para fazer 
com madeira.
Numa certa vez um amigo me perguntou: 
- Oh! Rubal. Você é mestre de obras, sabe fazer de tudo com 
a madeira, mas você não tem outro sonho não, trabalhar com outra 
coisa?
Então eu lhe disse: Olha. Desde criança que trabalho e 
invento coisas, comecei vendendo água nas casas que eu carre-
gava do igarapé do burrinho, transportando em roladeiras, barris 
de madeira adaptados para o transporte de água. Também lá na 
Estação já fui vendedor de frutas que colhia nos sítios. Desde 
quando fui morar com o Padre José Maria do Lago, no Seminário, 
que trabalho inventado coisas com madeira e me dá prazer traba-
lhar com madeira, mas meu grande sonho é ser carpinteiro da EFB 
(Estrada de Ferro de Bragança), trabalhar nas oficinas de Marituba, 
Hugo Luiz de Souza
45
construindo vagões, pois além de fazer o que eu gosto também 
estaria amparado por um emprego Federal. 
O tempo passou e o sonho de ser carpinteiro da EFB nunca 
se realizou em minha vida.
Quando as estradas de rodagem começaram a surgir e o 
transporte rodoviário foi gradativamente tomando lugar dos trens, 
comecei a fabricar carrocerias. Numa época em que não havia 
ônibus, os donos de caminhões adaptavam as carrocerias para 
transporte de cargas e passageiros, eram os famosos paus-de-arara. 
A demanda cresceu muito então eu tive que contratar pessoas, 
mesmo assim não dava para atender a todos, por falta de capital 
para compra de material. Naquela época, tudo era feito a mão, mas 
tudo ficava perfeito, foi quando surgiu em Castanhal um comer-
ciante de Igarapé-Açú, pedindo com urgência uma carroceria para 
um caminhão que iria fazer linha Castanhal-Belém, era Simão 
Jatene. Ele sabia de minha reputação na Cidade e me levou a Belém 
e abriu crédito em lojas de ferragens. O tempo passou e quando os 
paus- de-arara deram lugar aos ônibus, eu já estava no comércio 
da madeira e material de construção, em sociedade com Waldir 
Pismel e Manoel de Jesus. MAVAPE era o nome de nossa firma, que 
por muitos anos foi referência no comércio castanhalense. 
Aconteceram muitas coisas na minha vida que não lembro, 
é claro. Aqui em Castanhal muita gente me conhece, mas essas 
pessoas não têm conhecimento do que já fiz aqui. Algumas coisas 
eu me lembro, por exemplo: Eu já fui vereador por dois mandatos, 
no tempo em que não havia remuneração para essa categoria. 
Participei de várias atividades a exemplo da implantação do Projeto 
de Reflorestamento do antigo IBDF. Fui assessor do Dr. Waldemar 
Cardoso junto à implantação do Campo Florestal, pois naquela 
épocahá mais de 50 anos, eu já era um homem preocupado com 
problemas ecológicos. Fui designado para assessorar os primeiros 
funcionários da ACAR-PARÁ, hoje EMATER, que precisavam dar 
orientação aos colonos que não sabiam plantar sem aquela tradi-
cional derruba e queima de coivara. Participei da Campanha para 
a Construção de Fossas Sanitárias do SESP, fundei Ação Católica 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
46
e o Círculo Operário do qual muito me orgulho. Com alguns 
poucos recursos mantive essas entidades filantrópicas, que tinham 
até Escola. Neste mesmo espaço esteve funcionando por um longo 
tempo o grupo Escolar Cônego Leitão, que em obras de reforma 
não tinha para onde remanejar seus alunos.
Aconteceu uma coisa engraçada para os dias de hoje que vale 
a pena contar: Lá no início dos anos 60 quando o INDA (Instituto 
Nacional do Desenvolvimento Agrário) veio fazer fotos e filmagens 
na cidade de Castanhal, que era candidata ao título de Município 
Modelo, fui encarregado de falar com todas as pessoas que tinham 
carros na cidade para rodarem pela Av. Barão do Rio Branco, assim 
criaria certo ar de movimento. Não consegui mais do que doze 
veículos, entre caminhões e carros pequenos. Hoje acho graça quando 
passo pela Av. Barão do Rio Branco e não vejo vaga para estacionar. 
Não nego que sou um homem predestinado a ser feliz, posso 
dizer que não tenho inimigos, e acho que ninguém tem raiva de mim. 
Gente da minha época resta pouca e pouca gente tem 82, 85 90 anos. 
Daqueles homens do passado eu sei que ainda restam alguns que 
estão vivos: Adalberto Moraes, meu grande amigo e que já completou 
90 anos e continua trabalhando. Adalberto é um homem bom, é 
religioso e trabalhador. O Outro, também meu amigo é o Leocádio 
Prado, homem decente, brincalhão, gosta de contar uma piada e 
depois que conta, ri com o outro, ele é divertido. Tem também o meu 
compadre Assis, da Casa Monteiro, tem o Zé Felix. Tem mais alguns 
que não me lembro no momento.
Rubal – O construtor de grandes obras em Castanhal e 
grande construtor de obras espirituais.
Rubal, que construiu grandes casas e prédios na outrora 
Castanhal, que se desenvolvia a passos largos, continua construindo 
obras espirituais atendendo pessoas em sua residência. Rubal é 
espírita e dá palavras de conforto, aconselha e orienta aquele que o 
procura para esse fim. Sempre de semblante sereno e muito gene-
roso, segura com um leve aperto as mãos dos que lhe busca orações 
e conforto espiritual. Rubal. Homem observador, desprovido de 
qualquer vaidade humana, vive simples como sua natureza requer. 
Hugo Luiz de Souza
47
Diz sempre a verdade e o que sente e o que precisa aquela pessoa 
necessitada de seus conselhos. 
Antônio de Oliveira Pereira (Rubal) 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
48
Casemiro Marques Guimarães
Biografia
Casemiro Marques Guimarães, nasceu na Cidade de 
Castanhal-Pará, no dia 28 de Maio de 1909, no ano em que se inau-
gurava no documento o prédio da Estação Ferroviária, construída no 
Governo Augusto Montenegro (1901 - 1908). Filho de Severino Vieira 
Guimarães e Adelaide Marques Guimarães, eles são os bravos nordes-
tinos e símbolos autênticos do povoamento do município. Casemiro, 
nome que junto a outros, por seus importantes feitos desde os tempos 
em que Castanhal era apenas uma pequena e promissora Vila, cons-
titui uma página nobre na história de Castanhal. Casemiro concluiu 
seus estudos no Grupo Escolar (atual Escola Estadual Cônego Leitão), 
único estabelecimento de ensino público daquela época, construído 
no ano de 1904. Carpinteiro de profissão, esta herdada de seu pai, 
Casemiro que por autorização do Intendente Alfredo Marques, 
também chegou a atuar como responsável pelo serviço de ilumi-
nação pública da Vila, que funcionava através do sistema de lampiões 
a carbureto, cujos aparelhos eram acesos por ele nos postes, que não 
eram mais que duas dúzias por toda a Vila. Implantado novo sistema 
de iluminação: caldeira a vapor, e já na administração do Intendente 
Francisco Assis, Casemiro não quis mais continuar no novo serviço e 
assumiu de vez a profissão herdada de seu pai: a carpintaria. Casemiro 
também foi político e teve participação importante em luta pela 
fundação do Município. Como desportista, junto a outros abnegados 
do futebol, como Ubirajara Marques, Lauro Cardoso, Gervácio Bastos, 
Joca Vicente, Vicente Lima, Dadá Pismel e Zé Torres integrou o grupo 
pioneiro do Castanhal Esporte Clube, fundado no dia 7 de setembro 
de 1924. Mas sua paixão mesmo era a carpintaria, então equipou uma 
oficina ao lado de sua casa. Na sua profissão construiu alguns prédios 
públicos e inúmeras casas residenciais de taipa na Cidadezinha que 
Hugo Luiz de Souza
49
aos poucos surgia. Seu Casemiro era perito também na confecção de 
armas de fogo, o que só deixou de fazer quando partiu para a eterni-
dade, no dia 18 de setembro de 1996. Casemiro, pelas muitas virtudes 
de que era possuidor e pelo muito que fez por esta terra, permanece 
vivo na memória de todos que o conheceram e tiveram sua amizade.
Homem simples e inteligente numa época de poucos e, 
às vezes, nenhum atrativo na Vila onde nasceu. Desde muito 
cedo Casemiro já mostrava intuição para as descobertas, quando 
começou a confeccionar armas de fogo, e como carpinteiro que logo 
se tornou inventou muitos modelos de móveis e imóveis, ficando 
conhecido na Vila de Castanhal como o carpinteiro que fazia de 
tudo. Homem de bom relacionamento com todos, Casemiro 
gostava de fazer amigos, mesmo, às vezes, preferindo ficar sozinho 
meio a reflexões. Por ter nascido no ano de 1909, acompanhou todo 
o desenvolvimento da Vila de Castanhal até tornar-se uma bonita 
e desenvolvida Cidade. Participou de vários momentos impor-
tantes, sejam eles políticos, religiosos ou sociais de nossa Cidade, 
foi jogador de futebol e um dos fundadores do Clube de Castanhal. 
Dados biográficos por José Lopes Guimarães, escritor e 
historiador e filho de Casemiro Marques Guimarães. 
Casemiro Marques Guimarães e José Lopes Guimarães
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
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Maria de Castro Batista e Hugo Souza
Biografia 
Maria de Castro Batista, nasceu no dia 26 de outubro de 1927, 
no engenho do Sr. José Paulino, na localidade chamada de Igarapé-Açú 
ou Igarapé-Açuzinho, saindo de Castanhal ficava há aproximadamente 
dois km antes do Barro Branco, lá havia um igarapé chamado Cabeça 
de Porco onde o pessoal do engenho e da Colônia tomavam banho. 
Cabeça de Porco foi o primeiro local de trabalho de Maria Batista 
ainda criança, onde raspava mandioca e também tomava banho junto 
com outras crianças e adultos. Seus pais Adelaide Castro Soares e 
João Batista dos Santos mudaram-se da Colônia de Pitimandeua para 
Igarapeaçuzinho ainda jovens...
Numa conversa verdadeira e aberta comigo, autor deste livro, 
no dia 17 de janeiro de 2010, em sua residência, dona Maria de 
Castro Batista, a Pauzinho, esclareceu alguns momentos marcantes 
de sua vida, vividos em Castanhal e Belém:
- Olha meu filho, eu era ainda uma jovem inexperiente 
quando deixei a roça, a raspagem de mandioca, os banhos no 
igarapé Cabeça de Porco e a família lá no Engenho para vir morar 
na Vila de Castanhal. Quando eu cheguei àquela antiga Vila de 
Castanhal, no dia 19 de dezembro de 1948 fui morar na residência 
do casal Dona Nazaré e Seu Herculano. Depois fui morar na casa 
do senhor José Coceira, pai do Odilardo, da Hiléia. Odilardo ainda 
era um garoto e vivia azucrinando minha paciência na cozinha, 
ele me cutucava e brincava comigo. Aí aconteceu que o Seu José 
Coceira mudou-se com a família para Belém, e até minutos antes 
de viajarem ele me perguntou:
- Oh! Maria, você não quer mesmo ir morar em Belém?
- Não, seu José. Eu tenho meu filho que está lá na Colônia 
com a minha mãe, e sei que se eu for não vou vê meu filho nova-
mente, tão cedo. Sabe como é, né?
Hugo Luiz de Souza
51
Acabei ficando mesmo por aqui. Como não consegui logoemprego, fiquei ao Deus dará. Aqui conheci muita gente bacana, 
me diverti muito e cai na vida... E fui vivendo.
Aqui havia um Delegado chamado de “Apucre”, ele era ruim 
demais, não só tinha fama não, ele era ruim mesmo, todo mundo 
tinha medo dele. Parece que ele gostava de prender as pessoas, e 
prendeu a mim também.
Durante toda minha vida fui presa sete vezes, não porque 
brigava, mas porque eu chamava “nomes feios”, só por isso. As pessoas 
tinham outra educação, não gostavam de ouvir palavrões. Eram 
outros tempos aqueles. Lembro que a primeira vez que me levaram 
presa eu era ainda muito jovem e fui incentivada por uma amiga a 
fumar maconha. Aconteceu que nessa primeira vez eu dançava numa 
festa com uns amigos, entre eles estava a minha paquera Queiroga e a 
tal amiga que me ofereceu o cigarro, e ela me disse:
- Fuma Pauzinho, que deixa a gente leve, tranquila. Tu vai 
gostar.
- Então fumei... Aí o Queiroga numa espécie de aposta disse 
para os nossos amigos: 
- Vamos dar uma garrafa de cachaça para Pauzinho para 
animar esta festa. 
Bebi e fiquei doidona, caí de porre e amanheci na casa da 
amiga. Quando acordei o Delegado Luis Quincas estava lá e recebi 
dele voz de prisão, essa foi a primeira vez que fui presa, mas não 
demorei muito lá, o Delegado recebeu um bilhete do Seu João 
Barata, homem influente na cidade e meu amigo (nada a ver com o 
Major Barata), pedindo para me soltar.
O tempo foi passando... Eis que uma vez eu estava no Café 
Passarinho, do seu Afonso. A data? Mais ou menos lá pelos anos 
1950, entraram dois homens, um deles era Eduardo, era Cearense 
e tinha uma empresa de ônibus em Belém, sua mulher Dona 
Eduarda, nascera em Portugal. Ele entrou, olhou para mim dos pés 
a cabeça, pediu um café para o seu Afonso e disse: 
- Estou procurando alguém para ir trabalhar na minha casa, 
em Belém.
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
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Decidi na hora ir com ele para Belém, pois aquela minha 
vida não estava muito legal, não. Então partimos rumo a Belém, mas 
quando o carro começou descer a ladeira, hoje Rua 28 de Janeiro, o 
frio na barriga me fez chorar de arrependimento. Mesmo assim e 
depois dele ter parado o carro e perguntado se eu queria voltar, eu 
disse que iria para Belém. Lá conheci a esposa dele Dona Eduarda 
e também a sogra dona Prazeres, eram portuguesas. Dona Eduarda 
gostava muito de beber cachaça com maracujá e acabamos bebendo 
juntas e uma vez tomamos um porre ela e eu. Mas logo no dia em que 
cheguei lá na casa, ela me chamou de lado para conversar e tivemos 
uma pequena conversa, para começar ela perguntou:
- Oh, Maria? 
- Sim senhora, eu respondi. 
- Você é moça?
- Não, senhora, eu tenho um filho que está aos cuidados de 
minha mãe, na colônia...
- Bom. O que você fizer da porta de casa para fora, eu não 
quero saber, nem me interessa.
- Um dos motoristas da empresa de ônibus do Seu Eduardo 
chamava-se Jamil e quando nos vimos pela primeira vez, houve logo 
um clima de paixão, aquela atração de primeira vez. Ele morava 
na garagem dos ônibus e tudo então ficou mais fácil para início de 
namoro entre nós dois. Da atração virou paixão, paixão daquelas 
loucas. A gente se encontrava toda noite e eu fiquei muito apaixonada, 
acho que ele também. Mas ele deixou o emprego, não me lembro o 
motivo, só sei que ele deixou a empresa e também a garagem e se 
mudou para outra cidade, eu fiquei totalmente arrasada, desgostosa 
da vida e sem vontade de viver. Para não sofrer mais (não sou mulher 
de sofrer!) Larguei o emprego e voltei para Castanhal.
Aqui em Castanhal, cheguei um pouco frágil de sentimentos 
e logo encontrei afago nos braços de outra pessoa, só que ele era 
casado, seu nome era Luís Muniz. Ele era daqueles homens descon-
trolados quando o assunto é bebida e farra, parece que quer tudo 
só para um dia. Acontece que todas as noites eu tinha que ir levá-lo 
totalmente embriagado até a casa dele. Quando a gente chegava 
Hugo Luiz de Souza
53
lá na porta da casa eu me escondia e ele chamava por sua mulher: 
“Estrogilda? Tô aqui. Depois de alguns minutos sua mulher abria a 
porta e o levava para dentro da casa enquanto eu ficava assistindo 
aquela mesma cena, todas as madrugadas, até o dia em que eu e a 
Estrogilda nos conhecemos, então eu não quis mais continuar o caso 
e o deixei de vez.
- Na minha vida, até aqui, tive algumas tristezas, mas muito 
mais alegrias. Como eu já falei sempre fui amiga de todos e todos 
sempre foram meus amigos. Mas no meio dessas pessoas há um 
homem que eu tenho que mencionar, é o Chico Magalhães. 
Meu filho, o Agenor, já estava com nove anos, e certo dia 
eu estava com ele quando encontrei o Chico e tivemos a seguinte 
conversa:
- Oh! Pauzinho? 
- Vi certa seriedade na sua pergunta, então eu respondi: sim, 
Chico. 
- Me dá esse teu filho?
- Foi uma mistura de alegria e tristeza ao mesmo tempo, 
mas aceite. O Agenor viveu com o Chico Magalhães até os 15 anos, 
quando já estava preparado para o trabalho e para o mundo. 
Aconteceu comigo outra confusão também nos anos 1950.
Eu era amiga de todo o mundo e todo mundo de mim, 
contanto que não me enchesse a paciência... pois eu não levava 
desaforo para casa.
Esse episódio que vou contar aconteceu também numa festa 
(risos), é que eu gostava mesmo muito de festa. Eu tinha meus 23 
anos e estava numa festa como já disse lá na Ajuricaba (hoje Bairro 
Nova Olinda), o salão ficava na Rua 28 de Janeiro próximo a Avenida 
Altamira, quando a Inês tirou graça comigo... Dei uma surra nela. 
Então a “turma da deixa disso” salvou ela de mais uns tapas, aí ela 
saiu correndo, dizendo que ia buscar uma faca e voltaria para me 
cortar. Pensa que eu fiquei com medo? Fiquei foi esperando ela que 
nunca apareceu (risos). Só voltei a ver a Inês depois de dois anos, 
então tudo já estava bem e tudo ficou bem.
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
54
Olha. Minha vida é cheia de muita coisa, mas eu não me 
lembro mais. Tive muitos encontros amorosos na Estação, no 
Cliper, no Café Passarinho, no Merendinha Bar, no Mercado, mas 
eu não vou contar. Bebi e me diverti muitas vezes no Cinzano Bar, 
do Deoclécio, ele era engraçado.... Conheci o Seu José Gregório, pai 
do Mundinho da Prefeitura, ele era muito engraçado, gostava de 
contar piadas para a gente se divertir, quando passava uma mulher 
se rebolando ele dizia: Mexe mais! 
Antigo prédio da Prefeitura Municipal de Castanhal 
Outro episódio que me lembro... Aconteceu quando o Major 
Joaquim Cardoso de Magalhães Barata vinha visitar Castanhal, naquela 
época havia uma espécie de rampa feita de madeira construída quase à 
frente do Mercado, era o pontilhão que dava acesso para o outro lado da 
rua, para a Prefeitura, precisamente hoje é a Trav. Quintino Bocaiuva. 
O trem parava bem ao lado dela, a porta se abria então o Major Barata 
aparecia e ficava por um instante parado no meio da porta olhando toda 
aquela gente que esperava por ele, na frente do mercado e espalhada pela 
rua. Era uma festa a chegada dele, havia a nítida manifestação dos seus 
correligionários e também a manifestação do povo aplaudindo e gritando 
o nome dele. O Seu João Barata que não tinha parentesco com o Major, 
mas era um homem influente, trabalhava na Coletoria de Castanhal, ia 
junto com a esposa dona Felícia falar com o Major, então eu pedia para 
ela que eu fosse junto, e eu conversava com o Major e peguei muitas vezes 
na mão dele, conversei muitas vezes com o Major Barata...
Hugo Luiz de Souza
55
Naquele tempo, quando era época de política eu e minha 
amiga Luzia íamos para a Coligação e nos divertíamos muito, 
bebíamos e comíamos à vontade, foi um tempo muito bom aquele.
Aqui tinha um rapaz que era meio doidão, o nome dele era 
Paulo Mata Velha. Eu era amiga dele e doidona também, e no dia do 
casamento dele, passamos a noite juntos, foi sua noite de solteiro. No 
outro dia, ele casou. Algum tempo antes dessa noite, a gente andava 
bebendo por aí nas festas e eu estava grávida, na saída de uma dessasfestas ele jogou o carro em cima de mim numa brincadeira maluca e 
causou um acidente comigo e eu perdi meu bebê.
Lá no Cliper, vi muitas cenas bacanas, bonitas, mas de lá eu vi 
uma cena muito triste foi lá no Merendinha Bar, que ficava perto da 
loja hoje Porta Larga, foi uma das cenas mais triste: O Raul Ferreira 
que era um cara muito mau, ele gostava de usar seu revólver para fazer 
confusão e intimidar pessoas, nesta vez atirou e atingiu um rapaz que 
foi socorrido no SESP, que também funcionava como hospital na época 
em Castanhal, mas o rapaz não resistiu e morreu. Teve tiroteio, mas o 
Raul Ferreira fugiu, passou um tempão longe daqui, acabou voltando 
e continuou aprontando. Uma vez eu e minha sobrinha fomos com 
ele para o Apeú tomar banho no rio. Chegando lá, havia um homem 
pescando, por nada ele queria atirar no homem, ele ia matar o pobre 
coitado, aí eu disse: Oh! Raul! Não faça isso com o homem! Ele está 
pescando para levar os peixes para a família dele! E então ele olhou 
para mim, refletiu por um instante e disse:
- É mesmo Pauzinho.
E ele não atirou no homem.
O tempo foi passando, e depois de ele ter aprontado muito, 
levou um tiro nas costas, foi atirado por um soldado de nome Joaquim 
Belério, e Raul ficou paralítico, mesmo assim não se intimidou e 
continuou aprontando, andava com um motorista particular que o 
levava para todo lugar, até que ele veio a falecer, de doença, e foi o fim 
da lenda Raul Ferreira.
O Prefeito Mimo (Maximino Porpino Filho) como eu lhe 
chamava era meu amigo desde a juventude, nós nos conhecemos 
na Galeria Porpino. A gente brincava e bebia juntos. Minha casa 
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
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foi ele quem me deu, desde o terreno e mandou construir. O Mimo 
foi só meu amigo e nunca tivemos outra relação a não ser amizade. 
Um fato muito importante: mesmo antes dele se tornar Prefeito de 
Castanhal, até sua morte, todos os Domingos eu costumava ir ao 
Camping Ibirapuera, na casa dele, buscar o meu almoço, era assim 
que ele chamava para a quantia em dinheiro que me dava.
Nunca casei, tive quatro filhos de pais diferentes, mas sou 
muito feliz. Minha vida foi mais vitoriosa do que “sacrificosa.” Minha 
mãe viveu 108 anos, quero viver só os 100 (risos).
Estes relatos são apenas um pouco (fragmentos) de minha vida.
Maria de Castro Batista (Pauzinho) 
Maria de Castro Batista, mulher de fibra, negra e guerreira, 
para conseguir seu objetivo que é ser feliz, ter liberdade, desde 
jovem encarou a vida de frente, enfrentando todas as adversidades, 
sozinha, depois que decidiu deixar os pais na Colônia criando e 
cuidando de seu primeiro filho. Aprendeu a conviver com as diver-
gências enfrentando as dificuldades com garra e muita coragem 
num tempo de preconceitos, assim conviveu e buscou ser amiga 
de todos e sempre foi respeitada por todos, até hoje, trabalhando e 
vivendo com sua filha e netos, no Bairro da Estrela, em Castanhal.
Maria de Castro Batista e Hugo Souza
Hugo Luiz de Souza
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Leocádio Alves do Prado
Leocádio Alves do Prado, nasceu em Castanhal no dia 10 
de dezembro de 1930. Seu pai Manoel Alves do Prado nasceu na 
cidade de Guarabira, no Estado da Paraíba e chegou a Castanhal 
no ano de 1901, fugindo da seca que cobria todo nordeste. Sua mãe 
Júlia de Melo Prado nasceu no Estado do Amazonas, veio para 
Castanhal antes de 1901, após o período áureo da borracha, encon-
trando aqui seu futuro marido.
Leocádio desde criança presenciou a transformação de 
Castanhal, quando nos anos 40 dava-se o início desta. Estudou na 
Escola Cônego Leitão e tem como melhor lembrança a professora 
Zilma Porpino, filha do ex-prefeito Maximino Porpino da Silva. Foi 
comerciante por longos anos na esquina da Av. Barão do Rio Branco 
com a Rua Maximino Porpino, loja Renascença, de propriedade do 
Sr. Inácio Koury Gabriel, onde presenciava e ouvia muitas histórias 
da Nêga Antônia, que diziam se transformava em Matinta Pereira, 
saia nas noites suburbanas assobiando e assustando crianças e 
adultos, ela era mãe do Vitalino, que derrubava as mangueiras, 
pago pela Prefeitura. Ouvia histórias da Chica Cipó, que nos seus 
últimos dias perambulava pela cidade como uma mendiga, porém 
num passado não muito distante teria sido “namorada” de muita 
gente “boa” de Castanhal. Como ele mesmo diz: “ouvi histórias de 
muita gente, histórias que ficaram perdidas no passado.”
Consultado sobre sua opinião acerca da modernização de 
Castanhal, Leocádio disse:
“Rapaz! Sou a favor da modernização, mas em minha 
opinião o Prefeito Almir Lima devia ter deixado um trecho de 
trilhos – um pedaço da estrada de ferro – compreendido entre a 
Estação de Castanhal até o Apeú, para servir de turismo. Quem 
nunca andou de trem, teria a oportunidade para usufruir de uma 
fantástica viagem. Castanhal ganharia dinheiro, e ainda manteria a 
construção da obra.”
Castanhal e suas raízes - Evolução de uma Cidade
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Capítulo XI
Aconteceu... Eles me contaram 
Uma Bela História de Amor
Por Nadir Silva de Magalhães Pereira
A década era de 1940, Nadir estava na flor da idade com seus 
20 anos, uma moça linda, estudante do Colégio Santa Catarina, em 
Belém, onde era muito querida no meio dos amigos e professores. 
Natural de Castanhal, Nadir tinha muitos pretendentes (teria o rapaz 
que quisesse) querendo lhe namorar, em especial um rapaz de nome 
Miranda Conor, que além de amigo era muito apaixonado por ela. 
Filha do então Prefeito de Castanhal naqueles anos 40 (1943 - 1944) o 
Sr. Francisco Alves de Magalhães, Nadir buscava de vez em quando o 
gabinete do seu pai e também as Secretarias da Prefeitura Municipal 
de Castanhal, para aprender os ofícios do trabalho, ir se adaptando 
como ela mesma diz. Com sua beleza feminina conquistou muitos 
corações na cidade daquela época, mas ela prefere falar somente da 
pessoa mais especial na sua vida, como ela narra, a seguir: 
Meu filho. Vou lhe contar como aconteceu o meu primeiro 
encontro com o grande amor de minha vida... Muitos jovens se 
aproximavam de mim para namorar, mas eu não via nada de 
interessante neles para um namoro mais sério, compreende? Eu 
não sentia no meu coração aquele desejo de iniciar namoro com 
nenhum deles... E por fim acabavam mesmo se tornando meus 
grandes amigos.
Mas num dia, num belo dia e muito especial, o meu coração 
foi finalmente conquistado. Aconteceu que não houve aula para mim 
Hugo Luiz de Souza
59
e pensando no meu aprendizado na Prefeitura viajei imediatamente 
para Castanhal e quando desci do trem logo avistei aquele rapaz 
lindo desembarcando umas malas, ele também me olhou e logo fez 
disparar o meu coração. Ficamos por uns segundos nos fitando dire-
tamente nos olhos, enquanto a paixão tomava conta de nossos cora-
ções (risos)...
Daquele dia em diante, o coração daquela jovem, que brin-
cava sem querer com os corações dos rapazes castanhalenses, foi 
fisgado pelo também jovem rapaz chamado Walder que morava 
naquela época em Jambuaçu. 
... Ele trabalhava no trem como carregador, era um rapaz 
pobre, bonito e muito inteligente. Passado alguns dias, estávamos 
conversando o Walder, o Miranda e eu, quando ele me perguntou: 
Você gosta de receber cartas? Eu lhe respondi: Adooooro. A partir 
daquele momento fomos um só, e o meu coração foi só felicidade. Ele 
foi um marido maravilhoso e me fez muito feliz. Sou uma mulher 
muito feliz.
A protagonista desta linda história de amor é Dona Nadir 
Silva de Magalhães Pereira, que relatou a mim (autor) sua bela 
história e narra sempre com o mesmo entusiasmo quando o 
assunto é o grande amor de sua vida: o seu marido. 
Dona Nadir, como é carinhosamente conhecida e chamada 
por todos os seus amigos, nasceu em Castanhal, no dia 07 de 
Outubro de 1927, casou em 1949 aos 22 anos com Walder Pereira. 
Dessa união nasceram os seus sete filhos: Eliana Barriga, Cândida, 
Antônio de Pádua, Francisco Neto, Walder Filho, Iolanda e Walber. 
Dedicou parte de sua vida à formação dos filhos e hoje com muito 
orgulho ela diz: formei

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