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Neoplasias da Tireóide

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Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 
1 NEOPLASIAS DA TIREÓIDE 
DOENÇA NODULAR DA TIREÓIDE: 
 É caracterizada pelo crescimento desordenado 
das células tireoidianas, geralmente combinado 
com o desenvolvimento gradual de fibrose. Essa 
doença inclui tanto nódulos solitários quanto 
bócios multinodulares e apresenta etiologias 
diversas e preponderantemente benignas. No 
entanto, na presença de um nódulo na tireoide, é 
fundamental que se afaste a possibilidade de 
neoplasia maligna. 
 É aparecimento comum, sendo detectados por 
palpação no exame físico em 6% das mulheres e 
2% dos homens. Essa frequência é ainda maior 
quando se utiliza a ultrassonografia, que 
possibilita a identificação de nódulos em até 50% 
de todos os adultos. A doença nodular da 
tireoide é de incidência mais comum em 
mulheres e idosos, e as regiões com deficiência 
de iodo são as mais frequentemente afetadas. 
 O câncer da tireoide é raro (cerca de 1% de 
todos os cânceres), mas trata-se da neoplasia 
endócrina maligna mais frequente. Sua 
incidência é de aproximadamente 9 por 100.000 
pessoas por ano, aumenta com a idade e é duas 
vezes mais comum em indivíduos do sexo 
feminino. 
 Nódulo autônomo: produção hormonal 
independe do estímulo do TSH e do mecanismo 
de controle de feedback negativo tireoide-
hipófise. 
 Nódulos hiperfuncionantes (autônomos). 
 A frequência de progressão de nódulos 
autônomos para hipertireoidismo nos casos não 
tratados é de 1 a 5,7% ao ano e ocorre mais 
comumente em lesões maiores do que 3 cm e 
em pacientes mais idosos (mais de 60 anos). 
ETIOLOGIA: 
 Nódulo colóide e bócio multinodular 
 Cistos simples ou secundários a outras lesões 
de tireoide 
 Tireoidites 
 Doenças garnulomatosas 
 Neoplasias: adenomas, carcinomas, linfomas, 
tumores raros e lesões metastáticas 
PATOGÊNESE: 
 O mecanismo de formação de nódulos 
tireoidianos é pouco entendido. Sugere-se que 
fatores de crescimento, incluindo o TSH, estejam 
envolvidos por efeito direto nas células 
foliculares e por associação a mutações 
 Quanto à patogênese do câncer de tireoide, 
fatores que têm sido relacionados são exposição 
à radiação, TSH, fatores de crescimento, 
oncogenes e genes supressores tumorais. 
 Os tumores malignos da tireoide têm como 
origem três tipos de células 
CARCINOMA PAPILÍFERO: 
 O carcinoma papilífero é uma neoplasia bem 
diferenciada originada nas células foliculares 
tireoidianas. Ele caracteriza-se por manter 
algumas das propriedades do tireócito normal, 
como a captação de iodeto e a síntese e a 
secreção de tireoglobulina. Seu crescimento é 
lento e apresenta baixo grau de malignidade. 
 Epidemiologia: Esse tipo de carcinoma é a forma 
mais comum de câncer de tireoide, 40 a 70% de 
todos os carcinomas tireoidianos. Ocorre em 
qualquer faixa etária, predomina em indivíduos 
mais jovens (entre os 30 e 40 anos). 20 a 80% 
são multicêntricos, um terço é bilateral, e 10% 
dos pacientes apresentam recorrência do tumor 
no lobo contralateral. De uma maneira geral, o 
prognóstico é bom. Carcinoma papilífero tende a 
ser multifocal, e sua disseminação ocorre por 
meio dos linfáticos intraglandulares, evoluindo do 
foco inicial para outras partes da tireoide e para 
linfonodos pericapsulares e cervicais. Pode 
haver também metástase hematogênica, 
particularmente no osso e no pulmão. 
CARCINOMA FOLICULAR: 
 Neoplasia bem diferenciada originada nas 
células foliculares tireoidianas que mantêm 
algumas propriedades do tireócito normal. Esse 
carcinoma apresenta crescimento lento e 
metástases à distância. 
 Epidemiologia: A incidência do carcinoma 
folicular varia em diferentes partes do mundo e é 
mais comum em áreas em que há deficiência de 
iodo. Corresponde a cerca de 20 a 40% de todos 
os carcinomas tireoidianos, seu pico de 
incidência ocorre aos 50 anos, e é três vezes 
mais frequente em mulheres. As taxas de 
mortalidade são menos favoráveis do que as do 
carcinoma papilífero, em parte porque uma 
grande proporção dos pacientes apresenta-
se em estágios mais avançados da doença. 
Quando esses tumores apresentam evidência 
histológica apenas de invasão da cápsula 
tumoral, são denominados minimamente 
invasivos e comportam-se como carcinomas 
papilíferos. Já no caso de ocorrer invasão 
vascular, comumente há associação à doença 
metastática à distância, especialmente para 
pulmões e ossos. 
 
Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 
2 NEOPLASIAS DA TIREÓIDE 
CARCINOMA INDIFERENCIADO: 
 O carcinoma indiferenciado ou anaplásico é uma 
neoplasia rara, histologicamente indiferenciada e 
clinicamente agressiva. 
 Epidemiologia: 
 Esse carcinoma corresponde a até 5% das 
neoplasias malignas da tireoide. Ele é mais 
prevalente em áreas com deficiência de iodo, 
predominando em mulheres (3 mulheres para 
cada homem) e em idosos (pico entre 65 e 70 
anos). A sobrevida em geral situa-se em torno 
de 2 a 12 meses. 
 Pode surgir em um paciente com carcinoma 
papilar ou folicular e pode estar associado a 
mutações inativadoras do gene supressor 
tumoral p53. Trata-se de uma das formas mais 
agressivas e resistentes de cânceres, com 
crescimento rápido, invasão local precoce e 
prognóstico extremamente desfavorável. 
CARCINOMA MEDULAR: 
 O carcinoma medular tem sua origem nas 
células parafoliculares (células C) da tireoide 
e caracteriza-se por produzir inúmeros 
neuropeptídeos, como a calcitonina e a 
cromogranina A, e glicoproteínas, como o 
antígeno carcinoembrionário (CEA). 
 Epidemiologia: Esse câncer representa menos 
de 5% das neoplasias de tireoide. Ele afeta 
indivíduos de ambos os sexos e em qualquer 
faixa etária. Comparado aos carcinomas 
diferenciados, tem pior prognóstico e maior 
mortali- dade. Pode apresentar-se de duas 
formas: esporádica (80% dos casos) ou familiar 
(20 a 25% dos casos). Na forma esporádica, tem 
pico de incidência entre os 50 e 60 anos e é 
mais frequente em mulheres (1,5 mulheres para 
cada homem). Nas formas familiares, 
é transmitido de modo autossômico dominante, e 
em 80 a 85% dos pacientes, o carcinoma 
medular de tireoide está associado a outras 
alterações endócrinas, constituindo as 
neoplasias endócrinas múltiplas (nems) dos tipos 
2A e 2B*. Nos outros 10 a 15% dos casos, o 
carcinoma medular ocorre de forma isolada 
(carcinoma medular de tireoide familiar). Ao se 
definir se é esporádico ou familiar, deve-se fazer 
rastreamento familiar e aconselhamento genético 
LINFOMA PRIMÁRIO DE TIREÓIDE: 
 É uma neoplasia de células não tireoidianas, 
sendo, na maioria das vezes, do tipo não 
Hodgkin. 
 Epidemiologia: O linfoma é um tumor 
relativamente raro e corresponde a cerca de 1% 
de todos os cânceres tireoidianos. O pico de 
incidência ocorre entre 50 e 80 anos de idade, é 
três vezes mais comum no sexo feminino e está 
associado à tireoidite de Hashimoto. Com o 
tratamento intensivo, a sobrevida em oito anos é 
de quase 100%. 
METÁSTASE DE TIREÓIDE: 
 As metástases de outras neoplasias primárias 
para a tireoide são raras, sendo as mais comuns 
as de rim, colo do intestino e mama 
QUADRO CLÍNICO: 
 Evolução insidiosa e assintomática 
 Frequentemente notados pelo paciente, por seus 
familiares ou, pelo médico em exame clínico de 
rotina. 
 Também podem ser detectados incidentalmente 
em avaliações por imagens da região cervical 
anterior, como ultrassonografia de carótidas e 
tomografia computadorizada ou ressonância 
magnética cervical. 
 Maioria assintomáticos, Sintomas que sugerem 
compressão ou invasão de tecidos adjacentes 
indicam possível malignidade. Isso inclui dor na 
região cervical anterior, tosse ou dispneia por 
compressão traqueal, hemoptise por invasão 
traqueal, disfonia por comprometimento do nervo 
laríngeo recorrente e disfagia ou odinofagia por 
compressão esofágica. 
 Praticamente todos os pacientes com câncer de 
tireoideapresentam-se eutireóideos. 
 No ex. Físico a malignidade é sugerida pela 
presença de nódulo fixo e linfonodomegalia 
ipsilateral ou paralisia de corda vocal 
CLASSIFICAÇÃO DE CHAMMAS: 
 Baseado na USG com doppler dos nódulos da 
tireóide 
 I – Ausência de vascularização 
 II – Vascularização periférica 
 III – Vascularização periférica maior ou igual a 
central 
 IV – Vascularização central maior que a 
periférica 
 V – Vascularização apenas central. 
 Principais características do Ultrasson com 
doppler nos nódulos benignos: 
 Ecogenicidade: Lesão anecóia (cística) ou 
hiperecogênico 
 Margens: Regulares 
 Calcificações: Calcificações grosseiras 
 Vascularização: Chammas I-III 
 Principais características do Ultrasson com 
doppler nos nódulos malignos: 
 Ecogenicidade: Lesão hipoecogênica 
 Margens: Irregulares 
Endocrinologia – Amanda Longo Louzada 
3 NEOPLASIAS DA TIREÓIDE 
 Calcificações: Microcalcificações 
 Vascularização: Chammas IV e V 
SISTEMA BETHESDA PARA LAUDOS 
CITOPATOLÓGICOS DE T IREÓIDE:

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