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HEPATOLOGIA: HEPATITES VIRAIS É qualquer quadro inflamatório no fígado causado por vírus. Pode ser provocado por diversos vírus como EBV, CMV, febre amarela e Covid, por exemplo. Mas os principais são os vírus hepatotrópicos (A, B, C, D e E). O vírus D tem apenas na amazônia e é semelhante ao B. O vírus E é raro e é semelhante ao A. Esses vírus podem causar infecção aguda ou crônica, podendo ser assintomático ou sintomático. O diagnóstico é predominantemente sorológico. As hepatites também podem ser auto-imunes, medicamentosas, por cirrose biliar primária ou por colangite esclerosante primária. O vírus da hepatite A tem seu material genético de RNA e transmissão fecal-oral, através de água e alimentos contaminados. Essa infecção possui um período de incubação de 2 a 6 semanas e causa doença aguda. Sendo uma doença limitada e de caráter benigno, não provoca cirrose. Nas crianças a sua manifestação é subclínica, sendo geralmente anictéricas. Enquanto os adultos apresentarão icterícia mais comumente. Raramente ela provoca insuficiência hepática aguda grave (fulminante). Pode se manifestar por meio de uma forma colestática, com colestase intrahepática (sem dilatação de vias biliares), essa menifestação é rara mas ocorre mais no vírus A do que nos outros HV. Não existe o estado de portador da hepatite A e não há risco para câncer de fígado. Os sintomas começam basicamente quando ocorre o pico de vírus nas fezes, fazendo com que ele contamine as pessoas antes mesmo de apresentar sintomas. Em questão de afastamento das suas atividades diárias, quando o paciente melhorar da prostração já pode ser liberado pois ele não estará mais infectando outros. O diagnóstico é por sorologia, anti-HAV IgM e dosagem de enzimas hepáticas, TGO e TGP (lesão hepática). O marcador de infecção pregressa é anti-HVA IgG. O melhor exame para avaliar função na fase aguda é o INR, também avaliamos bilirrubina e (algo). O tratamento é sintomático e a profilaxia é por vacina com vírus inativo, em uma dose IM aos 15 meses pelo SUS. A profilaxia pós-exposição é feita em paciente susceptível, quem quem tem o anti-HAV (-) até duas semanas após da seguinte forma: se saudável e de 12 a 40 anos faz vacina em dose única; se <12 ou >40 ou imunodeprimido é feita a imunização passiva com imunoglobulina humana. A hepatite B é uma doença muito frequente mundialmente de transmissão parenteral, sexual e vertical, causada por um vírus de DNA. Possui um período de incubação de 4 a 26 semanas. A maioria dos pacientes apresentam doença subclínica que evolui para recuperação. Cerca de ¼ dos pacientes evoluem para hepatite aguda, que na maioria dos casos também se recuperam e menos de 1% evolui para hepatite fulminante. Cerca de 10% dos pacientes serão apenas portadores sem manifestação clínica. E em torno de 4% terão infecção persistente que pode evoluir para recuperação ou hepatite cônica, que pode levar a cirrose (50% em 20 anos) e carcinoma hepatocelular (5-15%). Não é incomum que o paciente apresente icterícia, a frequência da icterícia nos pacientes é diretamente proporcional à idade e inversamente proporcional a chance de cronificação. A cronificação (> 6 meses) é vista em uma pequena porção dos pacientes, exceto se menores de 5 anos (adulto 5% cronifica e criança 95% cronifica). Cerca de ¼ dos pacientes com doença crônica terão replicação viral, relacionados ao risco de cirrose e câncer. O risco de carcinoma hepatocelular não é devido apenas à cirrose, o DNA viral tem ação carcinogênica direta nas células hepáticas. Pacientes com títulos elevados de IgG anti-HBSAg possuem imunidade ao vírus. A vacinação é eficaz para prevenção da hepatite B. O diagnóstico é feito com base nos fluxogramas do Ministério da Saúde. Se o paciente for >18 meses para triagem é o HBsAg (ELISA ou teste rápido) e para confirmação é o anti-HBc total. Se o paciente for <18 meses a triagem é feita da mesma forma, mas a confirmação é feita pelo anti-HBc total e HBV-DNA. Para diagnóstico de HB “oculta” é necessário o HBV-DNA. Além de esse fluxograma podemos observar o anti-HBc IgM (infecção aguda) e o HBsAg, que geralmente está presente no sangue (ele estará positivo até em um portador crônico sem manifestação clínica), sendo a sua forma crônica caracterizada pelo HBsAg positivo por mais de 6 meses. O perfil sorológico na forma crônica se apresenta com anti-HBc IgG (+) e IgM (-). O tratamento é basicamente da mesma forma da hepatite A, pois o curso natural da doença é a sua resolução. Caso o paciente se encaixe nos critérios de inclusão para tratamento antiviral, o mesmo é feito com TDF ou entecavir. A profilaxia é com vacina recombianante, que induz a produção de anti-HBs, essa vacina está no calendário vacinal infantil com 4 doses, sendo a 1ª monovalente administrada ao nascer (primeiras 12h) e as outras 3 pentavalente a cada 2 meses. Atualmente a vacinação é universal para adultos que não foram previamente vacinados, são feiras 3 doses da vacina monovalente com intervalos nos tempos 0, 1 e 6 meses. É necessário dosar o anti-HBs para verificar efetividade da vacinação? Em populações de risco, sim. Sendo elas: profissionais da saúde, imunodeprimidos e pacientes em diálise (anualmente). Se o anti-HBs for negativo deve-se repetir todo o esquema vacinal uma vez, se não for o suficiente esse paciente é refratário e não adianta vacinar de novo. A profilaxia pós-exposição pode ser feita em indivíduos não vacinados ou susceptíveis que foram expostos ao vírus, é feita até 7-14 dias após a exposição com a HBIg (imunoglobulina hiperimune). E se o indivíduo não for vacinado, após a HBIg, devemos vacinar. O vírus da hepatite C é transmitido principalmente por via parenteral (drogas, tattoo, manicure), exposição ocupacional, transmissão sexual (menos comum) e transmissão vertical. Ele é um Flavivírus-RNA. Apenas 15% desses pacientes terão resolução espontânea, 85% evoluirão para doença crônica (80% estável e 20% para cirrose) e raramente para hepatite fulminante. As manifestações clínicas da sua forma aguda são menores até em adultos. A sua forma crônica segue a regra dos 1/3, na qual cada terço corresponde a desenvolvedores de cirrose precoce (<20 anos), intermediário e lento (>50 anos). Esse vírus é geneticamente instável, com múltiplos genótipos e subtipos. Pacientes com títulos elevados de IgG não conferem imunidade efetiva. O diagnóstico é pela presença do anti-HCV (ELISA ou teste rápido) e pelo PCR. O tratamento é sempre indicado e é muito eficaz. Inicialmente avaliamos se o paciente é susceptível ao HAV e o HBV, vacinando para as duas quando necessário. Além disso, usamos Drogas Antivirais de Ação Direta (DAA) em qualquer paciente com HCV-RNA+, a menos que entre em algum critério de exclusão. Esse tratamento é feito com sofosbuvir + velpatasvir, independente do subtipo do genótipo. 12 a 24 semanas após o tratamento pedimos HCV-RNA, se indetectável temos uma resposta virológica sustentada. Manifestações Assim as hepatites virais agudas podem ser A, B ou C e apresentam curso <6 meses. As hepatites agudas são variáveis quanto a sintomatologia, podendo ser de assintomática ou sintomática, até apresentar quadro de insuficiência hepática aguda. Pode cursar com fadiga, anorexia, náuseas, mal-estar geral, adinamia, icterícia, colúria e hipocolia fecal. Esses vírus geralmente produzem sintomatologia de fase aguda mais comumente nos adultos e menor nas crianças, isso ocorre, pois, o vírus não é citopático, é a resposta imune do hospedeiro, mediada por linfócitos T CD8, que confere a sintomatologia. Elas possuem curso clínico evolutivo estereotipado, formado de 3 fases: prodrômica, ictérica e de convalescência. A fase prodômica dura 1 a duas semanas e cursa com sinais e sintomas inespecíficos, sendo então uma síndrome gripal inespecífica (também conhecida como fase catarral), é oligossintomática ou assintomática em crianças, nessafase pode ocorrer reações extrahepáticas por deposição de imunocomplexos, causando artrite, GNDA e urticária, por exemplo. Nessa fase o hemograma pode apresentar um achado típico de leucopenia com linfocitose (atípicos). A fase ictérica cursa com síndrome hepatocelular aguda, com hepatomegalia dolorosa, icterícia e colúria. Na lesão hepatocelular aguda, dentre as fases de metabolismo da bilirrubina, a mais comprometida é a excreção, pois é a etapa com maior consumo de ATP, provocando aumento da BD maior do que da BI. É nessa fase que os exames laboratoriais apresentam com TGP e TGO aumentados 10x acima do LSN, apresenta também um menor aumento de fosfatase alcalina e GGT. A fase de convaslescencia ocorre caso o paciente não evolui para uma hepatite fulminante, onde ocorre normalização gradual clínica e laboratorial devido a eficiência do sistema imune. Macroscopicamente apresenta fígado com volume aumentado, avermelhado (congesto) ou esverdeado (colestático). As alterações histológicas são semelhantes às da hepatite crônica, entretanto a ênfase maior é para alterações parenquimatosas. Sendo elas lesões hepatocelulares, colestase, regeneração hepatocelular, hipertrofia/hiperplasia das células de Kupffer e infiltrado linfomononuclear sinusoidal. Pode ter também alterações portais com necrose em saca-bocados e inflamação mononuclear, mas é mais raro. As hepatites crônicas são as hepatites com duração >6 meses e são normalmente descobertas devidos a alterações laboratoriais (elevação persistente de enzimas hepáticas), pois é assintomática ou oligossintomática na maioria dos casos. O diagnóstico é sorológico e as manifestações clínicas se apresentam em fases avançadas da doença. As alterações histológicas podem ser parenquimatosas, mas a ênfase maior é para as alterações portais. Sendo assim, ela é caracterizada por inflamação portal e hepatite da interface (necrose em saca-bocados). Evolui para fibrose e cirrose. O vírus da hepatite B geralmente deixa inclusões em vidro-fosco, enquanto o vírus da hepatite C deixa agregados linfoides portais, agressão ao epitélio ductular e esteatose. A hepatite B crônica ocorre em 3 fases (+2 em alguns) as clássicas são imunotolerancia, imunoeliminação e soroconversão, as duas adicionais são reativação e fase não reativa. Na fase de imunotolerancia o paciente está infectado (HBsAg +), o vírus está proliferando em grande quantidade (HBeAg+), elevada carga viral e aminotransferases normais. Essa fase costuma durar de 1 a 6 meses em adultos e 10 a 30 anos em crianças. A segunda fase é a fase de imunoeliminação na qual o vírus ainda está presente (HBsAg +) e proliferando (HBeAg +), com carga viral variável e aumento das aminotransferases. 10 a 15% dos doentes na fase de imunoeliminação evoluem para a soroconversão, ao ano. Esta última consiste na fase em que a replicação viral é controlada (não necessariamente cura), na qual o HBsAg continua positivo, HBeAg negativo e a carga viral é indetectável, mas o anti-HBe positiva (controle da replicação viral), nessa fase as aminotransferases tende a normalizar após surto de atividade (flare). Após a soroconversão, o paciente pode evoluir para cura (0,5 a 2% ao ano) ou reativação. Essa reativação pode ser com retorno dos marcadores de replicação viral (HBsAg+, HBeAg+ e anti-HBe-) ou com uma manifestação mutante (pré-core) na qual o HBeAg está negativo mesmo com a carga viral aumentando. Essa mutação é mais virulenta, pois foge de um controle do sistema imunológico, podendo cursar com hepatite fiulminante. A fase não reativa também decorre de uma mutação, mas não é muito bem compreendida, nela o genoma do HBV está presente na célula do hospedeiro, mas o HBsAg está negativo e o anti- HBs está positivo, podendo a doença reativar sem positivar o HBsAg, sendo denominada “hepatite B oculta”. Esse mutante é menos virulento e só consegue retornar a proliferar em indivíduos imunodeprimidos. Nos pacientes com HB crônica que possuem anti-HAV negativo, deve ser feita a vacinação contra hepatite A. Antígenos Local Significado Anticorpos Significado HBsAg Cápsula Vírus presente Anti-HBs Imunidade HBcAg Núcleo - core Antígeno estrutural, não secretado no sangue Anti-HBc IgM - Aguda IgG - Contato HBeAg Núcleo É secretado quando em replicação Anti-Hbe Já houve replicação mas não há mais (exceto se mutante)
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