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DOENÇA DE PARKINSON Prof. Tiago Vieira PARKINSONISMO É definido como uma vasta categoria de doenças que apresentam diminuição da neurotransmissão dopaminérgica nos gânglios da base. Classifica-se o parkinsonismo em 4 categorias: primário, secundário, síndromes Parkinsonplus e doenças heredodegenerativas. É uma síndrome que se manifesta pelos seguintes sinais cardinais: *Pelo menos mais um dos sinais Bradicinesia Tremor; Rigidez; Instabilidade postural.* Parkinsonismo ≠ Doença de Parkinson Parkinsonismo é um termo genérico que designa uma série de doenças com causas diferentes e que têm em comum a presença de sintomas encontrados na doença de Parkinson. A doença de Parkinson é uma das muitas formas de Parkinsonismo e também a mais frequente. DOENÇA DE PARKINSON A Doença de Parkinson é um distúrbio neurológico degenerativo crônico, que gera grande incapacidade com a progressão da doença. Afeta o sistema nervoso central, principalmente o sistema motor. É a principal causa dos casos de parkinsonismo. A doença de Parkinson também é denominada parkinsonismo primário ou doença de Parkinson idiopática. DOENÇA DE PARKINSON Acomete preferencialmente pessoas com idade superior a 50 anos de ambos os sexos, diferentes raças e classes sociais. É comum, sendo que a incidência e a prevalência aumentam com o avançar da idade: A prevalência em pessoas com idade entre 60 e 69 anos é de 700/100.000, e entre 70 e 79 anos é de 1500/100.000. No entanto, 10% dos doentes têm menos de 50 anos e 5% têm menos de 40 anos. 36 mil novos casos surgem por ano no país. DOENÇA DE PARKINSON Apresenta etiologia idiopática: acredita-se que os seus surgimentos provem de fatores ambientais e genéticos, podendo interagir e contribuir para o desenvolvimento neurodegenerativo da DP. O processo de envelhecimento está intimamente interligado a esta afecção devido à aceleração da perda de neurônios dopaminérgicos com o passar dos anos. Afeta a saúde e a qualidade de vida dos pacientes e compromete a estrutura socioeconômica da família. A doença de Parkinson está associada a níveis diminuídos de dopamina (neurotransmissor inibitório) devido à destruição das células neuronais dopaminérgicas na substância negra nos gânglios da base. A perda das reservas de dopamina nessa área do cérebro resulta em mais neurotransmissores excitatórios que inibitórios, levando à um desequilíbrio que afeta o movimento voluntário. Não é fatal, mas não tem cura e torna o paciente mais susceptível e fraco Aumenta o risco de infecções e outros episódios com potencial mortal ( ex: pneumonia de aspiração) DOENÇA DE PARKINSON FISIOPATOLOGIA ETIOLOGIA Idiopática. Conjunto de fatores: genéticos, toxinas ambientais, estresse oxidativo, anormalidades mitocondriais e/ou alterações do envelhecimento. ETIOLOGIA Questões químicas: exposições a produtos químicos industriais. Estresse oxidativo: desequilíbrio entre formação de radicais livres e agentes antioxidantes. Genética: presença de genes que favorecem a doença. Disfunções mitocondriais: fatores tóxicos/genéticos, que tendem a morte celular programada. Obs: Com relação à contribuição do envelhecimento cerebral, este estaria relacionado com a prevalência da idade, associada à perda neuronal progressiva. FISIOPATOLOGIA Núcleos da base Emitem e recebem projeções entre si e com o córtex cerebral, tálamo e tronco cerebral, e são responsáveis por diversas funções como: coordenação motora, comportamentos de rotina (bruxismo), emoções e cognição. FISIOPATOLOGIA A perda das reservas de dopamina nessa área do cérebro resulta em mais neurotransmissores excitatórios que inibitórios, levando à um desequilíbrio que afeta o movimento voluntário. Os sintomas clínicos não aparecem até que 60% dos neurônios pigmentados sejam perdidos e que os níveis de dopamina esteja diminuído em torno de 80% no corpo estriado. FISIOPATOLOGIA Excessiva ativação do corpo estriado Sinais excitatórios Sistema de controle motor corticoespinhal Movimentos involuntários DOENÇA DE PARKINSON SINAIS E SINTOMAS SINAIS E SINTOMAS O conjunto de sinais e sintomas da doença de Parkinson surge de maneira progressiva, sendo muitas vezes atribuídos ao próprio processo e envelhecimento. SINAIS E SINTOMAS Apesar da maioria dos sintomas serem de origem motora, manifestações de ordem não motora também podem ocorrer, dentre elas: comprometimento cognitivo, distúrbios do sono, depressão e alterações do sistema nervoso autônomo. Sintomas sensitivos: 40% dos portadores da doença apresentam dor e dormência, local ou generalizada. SINAIS E SINTOMAS Manifestações disautonômicas: hipotensão ortostática, sialorreia, impotência sexual, sudorese, constipação intestinal e disfunção urinária. Movimentos involuntários: mioclonia e distonia podem aparecer e desaparecer em diferentes fases da doença. Distúrbios do sono: insônia, ataques do tipo narcolepsia durante o dia, sonhos atípicos e alterações funcionais do sono REM. SINAIS E SINTOMAS A perda cognitiva leve é um sintoma constante, que ocorre desde os primeiros anos da doença. Assim sendo, a tendência é a de evolução lenta para a demência. A demência é o principal fator de risco para mortalidade nos pacientes com doença de Parkinson. SINAIS E SINTOMAS Tremor: caracterizado como sendo de repouso, com frequência de 4 a 6 ciclos por segundo, costuma envolver inicialmente as mãos, podendo atingir os lábios e membros inferiores. Raramente acomete pescoço, cabeça e voz. Pode aumentar durante a marcha, esforço mental em situações de tensão emocional, diminuindo com a movimentação voluntária do segmento afetado e desaparecendo com o sono. Pode ser uni ou bilateral. Gesto de “contar moedas”. SINAIS E SINTOMAS Rigidez muscular: decorre do aumento da resistência que os músculos oferecem ao movimento passivo. Quando um músculo é ativado para realização de determinado movimento, em condições normais seu antagonista é inibido para facilitar o movimento. Na DP, essa inibição não é feita de maneira eficaz, como consequência os músculos tornam-se mais tensos e contraídos e o doente se sente rígido e com pouca mobilidade. SINAIS E SINTOMAS A rigidez está presente por toda a amplitude do movimento 🡪 movimento em “roda denteada”. Pode ter uma distribuição desigual, iniciando em um membro ou em dos lados e eventualmente disseminando-se até envolver todo o corpo. SINAIS E SINTOMAS Bradicinesia: empobrecimento e lentidão nos movimentos. Todos os aspectos são afetados, incluindo início, alteração de direção, habilidade em interromper e reiniciar o movimento. Alterações de velocidade, alcance, amplitude, componente rotatório, reações de endireitamento, de equilíbrio, de marcha e mimica facial estão presentes. SINAIS E SINTOMAS Movimentos automáticos como deglutição, fala e tosse estão particularmente afetados. Complicações respiratórias podem ocorrer devido a ineficácia da tosse e também devido a postura adotada na DP (a postura em flexão juntamente com a rigidez da musculatura intercostal diminuem a mobilidade da caixa torácica, o que resulta em redução da expansibilidade pulmonar na inspiração e depressão torácica na expiração, levando a limitação progressiva da ventilação). SINAIS E SINTOMAS Marcha: é uma marcha lenta e arrastada 🡪 “marcha em bloco”. O persistente e típico posicionamento da cabeça e tronco para frente deslocam o centro de gravidade para adiante, resultando em uma marcha festinada, em que o paciente dá múltiplos passos curtos, para evitar que caia para frente. SINAIS E SINTOMAS “FREENZING”: perda abrupta da capacidade de iniciar ou sustentar uma atividade motora específica, mantendo as demais inalteradas. Quedas: ocorrem devido as alterações na marcha + visão deficiente + equilíbrio insuficiente+ postura inclinada + distúrbios proprioceptivos + fenômeno freenzing DOENÇA DE PARKINSON DIAGNÓSTICO DIAGNÓSTICO O diagnóstico da DP é baseado na história clínica, que pode evidenciar: Tremor ou dor em extremidades. Alterações da marcha, relatadas pela família do paciente. Didaticamente, a DP é dividida em duas formas básicas: Forma tremulante: tremor de repouso, unilateral, de início insidioso e piora progressiva. Forma rígido-acinética: maior lentidão para realizar suas atividades cotidianas. DIAGNÓSTICO O diagnóstico baseia-se principalmente nos aspectos semiológicos: Tremor de repouso; Rigidez; Perda do reflexo postural; Hipocinesia. A marcha característica, consta de pequenos passos com velocidade crescente e também denuncia a presença do distúrbio. Alterações da mímica facial, do humor, da caligrafia e da voz também são marcos significativos da doença. Tratamento Terapia sintomática Terapia neuroprotetora Terapia restauradora Neuroestimulação Tratamentos cirúrgico Palidotomia Talomotomia Fisioterapia – Acompanhamento nutricional Terapia sintomática Administração de remédios inibidores de MAO (enzima monoamina oxidase) – Fármacos que atuam contra depressão. Aumento dos níveis de dopamina (prazer e motivação) Levodopa - eficaz na diminuição da rigidez muscular e da bradicinesia - pode acelerar a degeneração - pode causar discinesia (movimentos involuntários) Outros medicamentos: Terapia neuroprotetora Selegilina – inibe o metabolismo oxidativo da Levodopa Reduzindo a produção de radicais livres e estimular a neuroproteção Neuroestimulação Ondas elétricas. Atenua a bradicinesia e a discinesia. Palidotomia Restaura o equilíbrio e melhora o desempenho motor. Diminui os movimentos involuntários anormais do corpo humano. Talomotomia Reduz tremor, rigidez, bradicinesia e discinesia Não recomendado fazer em ambos hemisférios Alternativa para pacientes em que tratamento Medicamentoso não surte mais efeito Fisioterapia Prevenção do aparecimento de complicações secundárias. Máxima manutenção das capacidades cognitivas. Manobras de alongamentos, fortalecimento muscular e tudo isso ligado com exercícios respiratório. Principal função da fisioterapia é melhorar a qualidade do paciente. Acompanhamento Nutricional Carne vermelha, leite e outros alimentos ricos em proteínas devem ser controlados. Estudos mostram que a absorção de levadopa pode ser reduzida por dietas proteicas Fibras + água : constipação intestinal Vit E, Vit C : proteção contra radicais livres REFERÊNCIAS WERNECK, Antônio Luiz S. Doença de Parkinson: Etiopatogenia, Clínica e Terapêutica. Revista Hospital Universitário Pedro Ernesto, UERJ. Ano 9, Janeiro a Junho de 2010. SOUZA, Cheylla Fabricia M. et al. A Doença de Parkinson e o Processo de Envelhecimento Motor: Uma Revisão de Literatura. Revista Neurociência 2011. COELHO, Rhaonne F. et al. Doença de Parkinson: uma revisão da literatura. UNIVALE. Governador Valadares. SAITO, C. T. A doença de Parkinson e seus tratamento: uma revisão de literatura. 2011. 36 f. Monografia (Especialização em Saúde Coletiva e Saúde da Família) – Centro Universitário Filadélfia - UniFil. Londrina - PR., 2011. REFERÊNCIAS Revista Científica da FMC. Vol. 2, nº 2, 2007. Doença de Parkinson: como diagnosticar e tratar. Moreira CS et al. Revista Neurociência. 2011. A Doença de Parkinson e o Processo de Envelhecimento Motor: Uma Revisão de Literatura. Souza CF et al. Tratado de geriatria e gerontologia/Elizabete Viana de Freitas, Ligia Py. – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016.