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TIC's Semana 2 SÍNDROME METABÓLICA Qual a relação entre a Síndrome Metabólica com a Obesidade e o Diabetes Mellitus? Segundo Lira Neto (2018), a síndrome metabólica (SM) pode ser definida como um complexo compilado de distúrbios metabólicos, acompanhado de alto risco para o desenvolvimento de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) e de doenças cardiovasculares (DCV), caracterizado por hiperglicemia, hipertensão, níveis elevados de triglicerídeos (TG), valores diminuídos de colesterol de alta densidade (HDL-c), além da obesidade abdominal. Nesse contexto, salienta-se que a predisposição genética, a resistência insulínica, a obesidade abdominal, a inatividade física, uma dieta inadequada, a presença de estados pró-inflamatórios e as alterações hormonais compõem o rol das possíveis causas relacionadas ao aparecimento da SM, havendo, ainda, uma direta relação com os diferentes grupos éticos espalhados pelo mundo. Para Lahsen (2014), a primeira consequência da obesidade visceral é o fluxo maciço de ácidos graxos, um fenômeno conhecido como lipotoxicidade, para o fígado, que induz a deposição de triglicerídeos que se infiltram no parênquima levando à esteatose hepática ou fígado gorduroso. Esta condição pode evoluir ao longo de vários anos para esteato-hepatite, cirrose e eventualmente carcinoma hepatocelular. Apesar de esteatose hepática não fazer parte das definições mais aceitas da síndrome metabólica, possivelmente é sua característica mais específica, correlacionando-se direta e significativamente com a resistência à insulina, independentemente do índice de massa corporal, obesidade total e até mesmo visceral. A maior oxidação de ácidos graxos pelo fígado está associada a menor oxidação da glicose e um aumento na gliconeogênese, que se traduz em insulina resistência. O aumento do fluxo de ácidos graxos para o fígado promove a síntese neste órgão de lipoproteínas de muito baixa densidade ou ricas em VLDL em triglicerídeos. Esses VLDL trocam seus triglicerídeos por ésteres de colesterol com lipoproteínas de baixa densidade, ou LDL, e alta densidade, ou HDL, graças à ação da enzima CETP. Desta forma, triglicerídeos agora em LDL e HDL são altamente hidrolisados por enzimas e lipase hepática, formando as formas LDL pequeno e denso, altamente aterogênico e aumentando o catabolismo HDL. Esta tríade de hipertrigliceridemia, níveis de HDL baixo e presença de LDL pequeno e denso é o que se conhece como dislipidemia aterogênica ou dislipidemia diabética. Em resposta à diminuição da ação da insulina no fígado e muscular secundária à lipotoxicidade, diferentes sinais do tecido adiposo, fígado, intestino e sistema nervoso (ácidos graxos, triglicerídeos, glicose, aminoácidos, incretinas e vias do sistema nervoso autônomo) estimulam a compensação da resistência à insulina pela célula beta pancreático, aumentando assim tanto a sua função como a sua massa. Essa compensação é responsável pela hiperinsulinemia observada. A hiperglicemia crônica e, consequentemente, a hiperinsulinemia associada podem levar a hipertensão arterial sistêmica (HAS) por vários mecanismos fisiopatológicos não totalmente esclarecidos. Um importante mecanismo descrito como causa de HAS pela hiperinsulinemia é a excitação simpática. A insulina, de forma dose dependente, estimula a liberação de noradrenalina, particularmente no tecido muscular esquelético, e aumenta a descarga neuronal simpática. Em obesos, a razão simpático/parassimpático altera para a dominância adrenérgica na fase em que há hiperinsulinemia pós-prandial, levando a um desequilíbrio, que é revertido pela perda de peso. Além disso, a hiperinsulinemia também pode causar aumento da reabsorção de sódio e água no túbulo contornado distal, que leva ao acúmulo de sal e água, ocasionando aumento do volume sanguíneo e, consequentemente, da PA (DE MORAES, 2013). Nesse sentido, de acordo com Meigs (2021), a síndrome metabólica é um importante fator de risco para o desenvolvimento subsequente de diabetes tipo 2 e/ou doença cardiovascular (DCV). Assim, a principal implicação clínica de um diagnóstico de síndrome metabólica é a identificação de um paciente que precisa de modificação agressiva do estilo de vida com foco na redução de peso e aumento da atividade física para que possa ter uma melhor qualidade de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS LIRA NETO, José Cláudio Garcia et al. Prevalência da síndrome metabólica e de seus componentes em pessoas com diabetes mellitus tipo 2. Texto & Contexto- Enfermagem, v. 27, 2018. LAHSEN, M. Rodolfo. Síndrome metabólico y diabetes. Revista Médica Clínica Las Condes, v. 25, n. 1, p. 47-52, 2014. DE MORAES, Niele Silva; DE SOUZA, José Antonio Gordillo; MIRANDA, Roberto Dischinger. Hipertensão arterial, diabetes mellitus e síndrome metabólica: do conceito à terapêutica. Rev. bras. hipertens, p. 109-116, 2013. MEIGS, James B. Metabolic syndrome (insulin resistance syndrome or syndrome X). UPTODATE. Literature review current through: Jul 2022. This topic last updated: Jul 12, 2021.
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