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História da infância

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23/08/2022 14:28 História da infância
https://stecine.azureedge.net/repositorio/00212hu/00442/index.html# 1/34
História da infância
Prof.ª Jade Dias
Descrição
Abordaremos a construção social do conceito de infância por meio de uma contextualização histórica. Para
isso, destacaremos as suas especificidades no Brasil, país permeado por desigualdades sociais que
influenciam na caracterização dela em suas diferentes nuances. Por fim, discutiremos os marcos legais
para a constituição da infância no país.
Propósito
Conhecer a história da infância significa apontar questões que definem a construção da nossa sociedade.
Isso favorece um entendimento das modificações ocorridas ao longo do tempo sobre esse tópico, além de
ampliar a visão da criança em seu papel social. Esse conhecimento também favorece a compreensão dos
avanços na legislação e a problematização de possíveis afastamentos e aproximações entre diferentes
períodos históricos, destacando as diferenças que ainda permeiam a diversidade de infâncias no contexto
brasileiro.
Objetivos
Módulo 1
A infância no Brasil
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Explicar a construção social do conceito de infância ao longo do tempo no Brasil.
Módulo 2
Diferenças sobre a ideia de criança
Identificar as diferenças históricas sobre a ideia de criança no Brasil.
Módulo 3
Marcos legais na ideia de infância
Reconhecer marcos legais importantes na construção histórica da ideia de infância no Brasil.
Assista agora a uma apresentação da professora Flávia Miguel – historiadora que atua há 15 anos na
formação de professores do ensino superior – sobre a história da infância, permitindo que você
entenda um pouco mais sobre os caminhos que passa a trilhar.
Introdução
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1 - A infância no Brasil
Ao �nal deste módulo, você será capaz de explicar a construção social do conceito de
infância ao longo do tempo no Brasil.
A construção social do conceito de infância
Quando pensamos na palavra história, comumente a atrelamos à ideia de um passado distante.
Rememoramos, portanto, momentos que marcaram nossa jornada ou que nos impactaram de alguma
maneira, concorda?
Em alguns casos, recordamos situações que aconteceram: sentindo cheiros e sabores, fazemos
comparações entre a ideia de uma “era que já se foi” e “tempo de hoje”.
Quando entramos em contato com a palavra infância, esmiuçamos um pouco mais as lembranças de
nossas histórias, aludindo a um período específico de nossas vidas delimitado pela idade (desde o
nascimento até o que chamamos de adolescência).
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Esse movimento de refazer caminhos da memória, estabelecendo conexões entre passado e presente (ou
da infância à vida adulta), nem sempre foi tão simples assim.
A infância, da maneira que a idealizamos ou discutimos hoje em dia, nem sempre existiu.
Nesse ínterim, destaca-se o trabalho e o papel da História: ao recuperar imagens e informações, você
poderá perceber que o entendimento e a vivência sobre o que é chamado de infância foi, ao longo do tempo,
constituído de elementos bem diversos.
Você sabia que a ideia de infância muda com o tempo, o espaço e as tradições familiares?
Faça um exercício de reconhecimento. Busque registros fotográficos de seus antepassados (pais, avós ou
bisavós) quando eram mais novos. Repare em suas vestimentas, procurando saber sobre suas vivências na
infância e como era a relação deles com os adultos. Reuna as informações coletadas, comparando-as ao
presente.
As diferenças não se limitam às mudanças nos costumes e nas roupas: antigamente, a própria visão sobre
a criança também era diferente. Em determinados contextos, ela aparecia como um "miniadulto". Essa visão
permeava os contextos sociais da época, forjando uma noção de infância modificada ao longo dos anos.
Você, por exemplo, pode ter ouvido histórias de algumas crianças cujo passado foi maravilhoso, sendo
protegido e vivenciado de uma forma especial. Crianças que tinham uma verdadeira rede de proteção social
e um quadro de projeção de futuro e investimento familiar. No entanto, também irá conhecer histórias tristes
sobre outras que trabalhavam efetivamente ou viviam processos migratórios, sofrendo com isso. Ainda há
aquelas cuja infância foi negada ou destruída pelos motivos mais diversos. O que você vai descobrir, a partir
de agora, é que o estudo sobre a infância é algo muito mais complexo.
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Miniadulto
De caráter histórico, a imagem do miniadulto ainda está muito presente no chamado senso comum. Em
sociedades tradicionais, as crianças comumente não eram vistas de maneira específica; afinal, um infante
precisava ser preparado para a sua inserção no mundo adulto. Dessa forma, nos antigos e primeiros
manuais de educação, havia constantemente a seguinte apresentação: até os oito anos, a criança estava
sob a responsabilidade da mãe – especialmente em sociedades ocidentais –, momento em que deveria
aprender os “modos”, ou seja, como comer, obedecer, se vestir e se alimentar. Depois disso, meninos
passavam a sofrer uma influência masculina: vestidos como o pai, tinham de reproduzir o que ele fazia até
aprender isso. Se não estivessem com ele, ficavam com os outros meninos para crescer e se desenvolver.
Já as meninas estavam restritas aos afazeres domésticos: preparadas para o casamento, elas, futuras
esposas, deviam cuidar das crianças mais novas.
Comentário
Os estudos desenvolvidos a partir do século XX articulavam campos, como, por exemplo, a Sociologia, a
Filosofia, a História, a Antropologia e a Psicologia.
Tais estudos ajudaram a desenvolver uma noção de infância que não se limita apenas à idade, mas também
a um contexto histórico e social que circunda a vida das crianças menores. Eles defendem, enfim, que esses
contextos constituem e forjam uma identidade para elas. Contudo, tal conquista ainda é recente. O
aprofundamento desses estudos permitiu que a visão da criança como um sujeito de direitos fosse
discutida e cada vez mais corroborada.
Multidisciplinaridade
No vídeo, a seguir, veja uma roda de conversa com os professores Allan Rodrigues, Camila Machado e
Simone Berle. Eles estabelecem como a multidisciplinaridade adiciona novas camadas e ressignifica o
entendimento sobre a infância e sobre o próprio conceito de criança.
Na década de 1970, os estudos de Philippe Ariès embasaram, na América e na Europa, as discussões sobre
a infância a partir de seu contexto social e histórico.

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Mas, afinal, o que isso queria dizer?
Especialmente na obra História social da criança e da família, de 1981, Ariès evidenciou a importância de
observarmos as necessidades específicas referentes à idade das crianças, um dos fatos mais importantes
para consolidar ideia de infância.
Relacionar algumas especificidades a um determinado momento da vida não era algo tão natural naquela
época; por isso, o autor foi considerado um dos precursores da discussão.
História social da criança e da família
Em História social da criança e da família, Ariès mostra como a sociedade muda quando as atitudes
daqueles que a compõem se modificam. Seu argumento baseia-se na ideia de que, a partir do século XVIII, o
compromisso dos pais com seus filhos, antes que a criança se tornasse adulta, nasceu com o controle da
natalidade e o declínio da fecundidade. A alta mortalidade incentivava uma excessiva atenção materna e
paterna.
Na sociedade medieval, destaca Philippe Áries, o conceito de infância sequer existia, porém isso não
significa que suas crianças eram negligenciadas,abandonadas ou desprezadas. Esse conceito não deve ser
confundido com a atenção aos filhos; na verdade, ele corresponde a uma tomada de consciência – até
então inexistente – da criança em particular. O autor aborda a importância das brincadeiras, as pequenas
escolas, o ensino diferenciado e a "invenção" da infância a partir do momento em que as mulheres passam
a ter menos filhos, tendo eles uma sobrevida maior em relação a épocas anteriores. A criança, portanto, é
i di l t di ti t d d lt i d l ó i f t i i id d
Ariès analisou algumas imagens de famílias europeias na Idade Média, destacando
modi�cações evidenciadas ao longo do tempo.
Como podemos ver nas duas imagens a seguir, a passagem do tempo demonstra como a relação com a
criança se modificou.
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Estudos como o de Ariès ajudaram a criar uma nova dinâmica de entendimento sobre o conceito de criança.
Nota-se que a passagem dos anos cristalizou tais mudanças na própria percepção dos pais, da sociedade e
do sistema educacional sobre o que é uma criança. Por isso, seus estudos foram tão importantes para essa
abordagem. A partir disso, começam a ser debatidas questões como:
Até que idade dura a infância e quando começa a adolescência? Quando um adulto se
torna senhor de si?
Atualmente, isso pode parecer natural para você; afinal, todos sabemos a idade necessária para abrir uma
conta, atingir a maioridade penal ou poder participar de cada série escolar. Isso definitivamente está
cristalizado em nossa mente, mas tais visões surgiram apenas nas décadas de 1960 e 1970.
Vamos percorrer os caminhos delineados por Ariès:
Seus estudos sobre a infância buscavam perceber, pela análise de determinadas imagens, alguns elementos
específicos, como o fato de as crianças estarem vestidas como adultos. O autor compreendia que isso,
além de outros fatores, simbolizava uma ausência do “sentimento de infância”.
A partir de seus estudos, podemos conceber um contexto histórico em que diferentes conceitos de infância
foram desenvolvidos. Mesmo sendo modificados pelo tempo, eles são vitais para a concepção de uma
sociedade.
Contexto histórico
O conceito de infância pode ser considerado historicamente recente. Os estudos sobre a sua história podem
abarcar três concepções:
Criança adulto
Nesta concepção, que tem origem na Idade Média, a criança era vista como um “miniadulto”. As
necessidades específicas da faixa etária sequer eram pensadas.
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Ela era tratada somente como um pequeno ser que logo se desenvolveria para exercer suas funções na
sociedade.
O sentimento de infância, como conhecemos atualmente, não existia naquele momento. Às crianças, eram
ensinados saberes necessários para que elas se tornassem adultos civilizados.
Comentário
Ser considerado um “miniadulto” significa não receber nenhum tipo específico de atenção. As crianças,
portanto, tinham o mesmo tratamento conferido aos adultos, participando da vida social ao lado deles. Elas
só exigiam alguns cuidados até o momento em que conseguissem realizar suas atividades por conta
própria.
Tratamento conferido aos adultos
À exceção dos recém-nascidos, que eram responsabilidade absoluta da mãe e cuja morte normalmente lhe
gerava uma penalidade, as crianças que superavam a chamada primeira infância (até os três anos de idade)
não recebiam nenhum favor em termos de cuidado e educação; logo, elas não estavam poupadas de
castigos físicos, assim como não eram incomuns iniciações sexuais e abusos tremendamente precoces.
Normalmente criticados pela Igreja, eles eram considerados uma manifestação de práticas rústicas.
O reflexo disso pode ser percebido nas histórias de muitos idosos; segundo seus relatos, desde muito
pequenos eles eram responsáveis por cuidar da casa e de seus irmãos mais novos, assim como iniciavam
no mercado de trabalho ainda crianças.
Na Idade Média, era muito comum o infanticídio; desse modo, a alta taxa de mortalidade de crianças era
uma questão marcante. As famílias encaravam a perda dos filhos como algo natural, pois logo eles
poderiam ser substituídos por outros.
Infanticídio
O termo refere-se à morte de crianças – em geral, as recém-nascidas. São entendidas como formas de
infanticídio as mortes daquelas que nasciam com defeitos, fracas ou com marcas, cujas mães reagiam com
depressão ou tinham dificuldade de fornecer leite, além de outras ações que poderiam ser evitadas. Ainda
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havia situações mais corriqueiras que podiam ser fatais, como baixa de temperatura, falta de higiene,
intoxicação, pequenos ferimentos etc.
Criança institucional
Na segunda concepção, a criança passa a ser compreendida como um indivíduo institucional que necessita
de cuidados específicos para cada faixa etária que são essenciais para seu desenvolvimento.
Segunda concepção
Temporalmente percebida na pesquisa de Philippe Ariès sobre a segunda metade do século XVI, esta
concepção perpetuou-se ao longo dos séculos seguintes. Muitos autores posteriores chamam este período
de momento da formação da família moderna, cujos núcleos menores e segmentados em casas diversas
justificam a adoção de cômodos específicos para adultos e crianças. Ariès também destaca que este
modelo não invalida a existência do anterior, constituindo um fenômeno de tentativa de transposição das
famílias burguesas para modelos e costumes da corte.
Neste período, ela começa a ser concebida como filho(a) e aluno(a), passando a ser tratada como criança
de fato.
Regressemos um pouco mais na história para compreendermos como tal sentimento foi se desenvolvendo.
Na França do século XVII, a inocência e a fragilidade são adjetivos que passam a acompanhar essa ideia,
forjando, desse modo, o que viria a ser entendido como “sentimento de infância”. No período, por exemplo,
passam a ser produzidas vestimentas específicas para o público infantil.
Comentário
A ideia de amor materno e da importância dos sujeitos por si só – e não por suas funções sociais
desempenhadas – é uma questão cujo desenvolvimento foi operado na sociedade ao longo do tempo. No
final do século XVIII, por exemplo, o cuidado com os filhos já é uma realidade em muitos lares. A partir de
sua ligação com a mulher, a maternidade coloca as crianças em evidência. O ato de cuidar, até então função
das “amas de leite”, agora constitui uma tarefa pertinente às mães de cada criança.
A dependência dos adultos surge aí como mote para a construção da criança como centro de atenção das
famílias. Ela é entendida como um sujeito que requer esforços de terceiros para poder se tornar um adulto
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considerado civilizado.
Embora reconhecida institucionalmente em suas especificidades, a criança ainda é considerada o sujeito da
“falta”; afinal, para ela se tornar um cidadão, falta-lhe conhecimento sobre o mundo e as suas regras. Por
isso, a escolarização é valorizada.
Nesta concepção, a família moderna, núcleo institucional que acolhe essas crianças, evoca questões sobre
o controle da população e as relações de poder que reverberam um ideal de criança – e, desse modo, as
relações estabelecidas para e com elas. Entendidos como seres irracionais que precisavam ser
“preenchidos” e moldados de acordo com as exigências da sociedade, os infantes passaram a desenvolver
um papel que constituía um ideal de futuro; por isso, sua vida precisava ser preservada, acentuando um
olhar agora mais atento para as questões ligadas à saúde e à educação.
Saiba mais
Para aprofundar seus conhecimentos, pesquise na internet e leia a resenha Família na contemporaneidade:
mudanças e permanências, de Carolina M. B. de Souza(2008).
O estudo específico desta etapa trouxe à tona a preocupação com a escolarização dos menores. Um ideal
de universalização do ensino começava a ser traçado em consonância com a (já citada) construção de um
cidadão. Consequentemente, as crianças foram se afastando cada vez mais de seus papéis ocupados nos
postos de trabalho, embora saibamos que infelizmente o trabalho infantil ainda é uma realidade em nosso
país.
O sentimento de infância então passou a ser compreendido como uma característica específica que
envolvia tanto as relações entre família e criança quanto a visão dela como alguém que difere dos adultos,
exigindo, portanto, cuidados específicos e atenção para determinados aspectos em detrimento de outros.
Criança social
A partir do século XIX, surge uma terceira maneira de conceber a criança: percebida como um sujeito de
direitos, ela se torna um ser social.
Para isso, é preciso garantir seu desenvolvimento integral por intermédio de legislações que conferem ao
Estado a responsabilidade de oferecer a escolarização. Passam a ser consideradas as potencialidades das
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crianças, que devem ser ativas, participativas e comunicativas, se desenvolvendo em sua relação com o
mundo.
Traçaremos um pequeno histórico sobre essa transformação para ilustrar o aparecimento da criança social.
Nota-se que, no século XIX, havia múltiplas visões sobre ela.
Destaca-se a criança que:
Diante desses casos, ela deixa de ser um elemento auxiliar e passa a figurar nas discussões da ordem do
dia, justificando, pouco a pouco, estudos, percepções, direitos e proposições na construção desses “seres”.
É por isso que passamos a entender a existência de um universo infantil próprio, ainda que não
sistematizado. A percepção sobre essas pesquisas e as transformações vividas é um dos méritos da
pesquisa de Ariès.
É a trabalhadora representada nas cidades no dia a dia.
Vive nos seios das famílias de classe média.
Torna-se objeto da Psicologia.
Possui uma educação que é vista como uma ciência que tenta perceber a forma como ela
aprende
Pertence à elite, preparada e direcionada para se tornar um grande líder
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A criança social é fruto de uma percepção importante de mundo. O século XX é denominado século da
infância pela maneira como ela passa a ser trabalhada e vivenciada. A criança (ou infância) social indica a
visão sobre esse período da vida como um meio próprio para ela estar no mundo.
Senso comum e concepção de criança
No vídeo a seguir, o professor Rodrigo Rainha nos ajuda a entender a relação entre Senso Comum e a
concepção de criança no século XX
Tendência
Exercitemos um pouco nosso pensamento:
Você consegue perceber resquícios e elementos dessas formas de tratar a infância no
seu dia-a-dia?
Vamos pensar na educação dos meninos e na maneira como, via de regra, suas querelas devem ser
solucionadas.
Quem já viu ou ouviu alguém reproduzir diante de uma criança a expressão: Homem não chora? Ou ainda
algo mais grosseiro e violento, como: “Se você apanhar na rua, vai apanhar novamente quando chegar a
casa.”
Para muitos, isso pode parecer uma realidade distante; no entanto, ainda é muito recorrente, evidenciando
um traço de nossa sociedade.

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Você consegue fazer um link dessa forma de “educarmos” nossos meninos com a história da infância?
Resposta
O processo de “adultização” tão discutido e presente – ainda que detentor de uma concepção bastante
tóxica sobre o que é ser homem – é a chave desta resposta.
Você entende os debates sobre a condenação de uma criança por seus crimes? Conhece a crítica que o
Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) recebe por não permitir que os pais tomem determinados
comportamentos?
Estes são alguns exemplos pertinentes para perceber que estudar História é notar o quanto suas camadas
não jazem em um passado longínquo; em vez disso, elas dialogam com o nosso cotidiano.
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
A infância em sociedades tradicionais
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Infância na modernidade
Módulo 1 - Vem que eu te explico!
Infância na ordem burguesa

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Todos
Introdução - Video
Módulo 1 - Video
Multidisciplinaridade
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Introdução Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
De acordo com os estudos de Philippe Ariès sobre a concepção de infância na Idade Média, podemos
afirmar que:
A
As crianças sempre foram compreendidas como indivíduos que possuem suas
especificidades, havendo uma preocupação integral com elas.
B
Os estudos sobre a infância sempre foram bem desenvolvidos, permitindo uma boa
compreensão do que é ser criança e do que ela necessita para se tornar uma boa cidadã.
C
O sentimento de infância foi desaparecendo, pois as crianças se interessam cada vez
mais pelo mundo adulto.
D
A compreensão da criança como ser social e histórico, que se difere do adulto e possui
especificidades, se desenvolve a partir da década de 1970 ao perceber as particularidades
das diferentes faixas etárias
E
Embora a compreensão da criança como um ser diferente do adulto, já existisse desde o
séc. XIX, foi com Philippe Ariès que se iniciaram os estudos sobre a infância.
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Parabéns! A alternativa D está correta.
A compreensão da criança como um ser diferente do adulto, que possui diferentes
particularidades e demandas, se desenvolve, de acordo com Philippe Ariès, a partir da década de
1970, quando começam surgir estudos sobre a infância.
Questão 2
Na família moderna, as crianças passam a ser relacionadas à construção do ideal de futuro. Para a
compreensão de infância, isso não implica diretamente em:
A Mais crianças ocupando postos de trabalho para dar um bom futuro às suas famílias.
B Maior preocupação com as questões de saúde.
C Investimento na educação das crianças.
D Universalização do acesso à educação.
E
Por ser compreendida como o futuro do país, ela requer mais cuidados que em séculos
anteriores.
Parabéns! A alternativa A está correta.
Com a compreensão sobre a infância, passa-se a valorizar o acesso da criança à escola e cresce
a preocupação com as questões de saúde; compreendida como o futuro do país, ela requer mais
cuidados.

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2 - Diferenças sobre a ideia de criança
Ao �nal deste módulo, você será capaz de identi�car as diferenças históricas sobre a ideia de
criança no Brasil.
As crianças do Brasil
Ao estudar o desenvolvimento da ideia de criança e infância no Brasil, precisamos estar atentos a algumas
especificidades ocorridas em nosso país.
Há diferentes maneiras de vivenciar as infâncias. Realidade em vários países, no Brasil ela não se justifica
apenas por questões históricas e culturais. Em nosso território, ela opera de acordo com a classe social e
etnia, dado o grande número de crianças negras e indígenas cujos antepassados foram escravizados.
Uma parte de nossa sociedade é composta por classes menos privilegiadas que frequentam
meios urbanos. Estudando em escolas públicas ou particulares de baixo custo, seus filhos
acabam tendo acesso limitado aos bens de consumo por condições financeiras.
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As escolhaspara nossa exposição são teórico-metodológicas. Para isso, nos basearemos na perspectiva da
educação decolonial, já que ela busca lidar com as nossas mazelas. Nosso objetivo é indicar maneiras de
Mesmo influenciados por elementos da cultura popular, outros segmentos sociais vivem em
uma realidade absolutamente inimaginável para a maior parte da população.
A gama de marginalização brasileira constitui um traço fundamental de nossa sociedade.
Nossas crianças são impactadas pela completa falta de suporte e saneamento, além de um
campo marcado por conflitos e desigualdades sociais.
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se reconhecer as características desse passado colonial, observando como elas nos marcam e
reestruturam a nossa formação.
A concepção sobre a criança no Brasil é muito influenciada por tais perspectivas; afinal, fomos colonizados
política, social e economicamente pelos europeus.
Vista como adulto, o infante inserido no mercado de trabalho é o centro de atenção das
famílias.
Negros e indígenas compõem as múltiplas facetas dessa noção de criança que ainda carrega as marcas
das diferenças que sempre permearam a história da infância. Embora devamos levar em consideração o
fato de que, no Brasil, tal história se assemelha muito à da Europa em termos teóricos e conceituais, a
perspectiva de desnaturalização do sujeito e a exploração escravista acabam por merecer alguns destaques
e um olhar mais atento.
Um dos aspectos importantes nessa discussão é a diferenciação entre os termos “infância” e “criança”.
Observe o texto, a seguir, de Sarmento (2005).
Apesar de, na maioria das vezes, serem apresentadas como sinônimos, a
sociologia da infância compreende a infância como categoria social e criança,
como o sujeito pertencente a ela.
Categoria social
Trata-se de um conjunto de agentes que, a despeito das diferentes origens de classe, é capaz de atuar
politicamente como uma unidade e de maneira relativamente autônoma, respeitando os interesses das
classes das eles quais se originam.
Desse modo, podemos destacar as múltiplas infâncias que constituíram a história no Brasil, salientando as
especificidades que abarcavam (e ainda abarcam) as inúmeras que faziam parte daqueles grupos.
História do Brasil e a infância
No vídeo a seguir, para entendermos um pouco mais sobre a relação entre a história do Brasil e a questão
da infância, vamos assistir a mais um pouco da conversa entre os professores Allan Rodrigues, Camila
Machado e Simone Berle.

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No Brasil, não existe um modelo de criança, e sim dezenas de modelagens estruturais de crianças.
Podemos, contudo, identificar um traço comum segundo o entendimento das propostas que aproximam a
história desse conjunto.
Se, no entanto, tendo em vista uma perspectiva decolonial, desejarmos refletir sobre uma história da criança
no Brasil, deveremos trilhar o caminho oposto, nos concentrando em uma concepção genérica. A música
infantil, aliás, lida com essa mazela.
Música infantil
O cunho educativo da música voltada para o público infantil tem reforçado essa visão. O grupo Palavra
Encantada, por exemplo, expressa tal viés em músicas como Criança não trabalha (PauloTatit / Arnaldo
Antunes).
Exploração e trabalho infantil
Discutir sobre a criança no Brasil é falar sobre a naturalização do trabalho infantil. No período de
colonização, a exploração de crianças negras e indígenas era comum.
A questão religiosa trazida para o país impactou não só a vida dos adultos, mas a dos
infantes também.
É possível que você esteja se perguntando: de que maneira isso ocorreu?
Entre 1500 e 1800, as crianças passaram pelo processo de catequização realizado pelos jesuítas por serem
consideradas mais acessíveis que os adultos, especialmente em termos de doutrinação religiosa.
Atividades que envolviam o trabalho com as crianças eram predominantemente comandadas pela
Companhia de Jesus. No intuito de preservar a vida dos filhos, alguns pais aceitavam a relação estabelecida
entre eles e os jesuítas, o que, no caso, não impedia a sua escravização.
Companhia de Jesus
Congregação religiosa, ligada à Igreja Católica, que via na educação catequético do nativo – que incluía
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trabalhos manuais, aprendizagem da língua latina e portuguesa, uso de instrumentos musicais – um
caminho civilizatório. O filme A Missão, de Roland Joffé, mostra como havia contradições nesse processo.
Saiba mais
Para adensar a discussão, apresentando um contraponto a esse conteúdo, indicamos a leitura da
dissertação intitulada O olhar dos jesuítas sobre a cultura indígena no Brasil – Século XVI, de Flávia Emília
Zanini (2014).
Ignorando aspectos culturais das crianças indígenas, os colonizadores consideravam atrasados todos os
outros povos que habitavam o país, não demonstrando interesse em preservar suas tradições culturais ou
lhes oferecer educação e assistência. Desse modo, a ausência de escolas e o trabalho escravo eram
justificados por um discurso que colocava essas pessoas à margem da sociedade estabelecida na época.
Dentro dela, a exploração infantil ocorria da seguinte forma:
Novamente compreendidas sob uma visão servil, as crianças nativas tinham sua força de trabalho
utilizada por senhores de escravos (órfãos ou não).
Juntamente com os indígenas, as crianças vindas do continente africano eram comercializadas e, na
maioria das vezes, separadas de seus familiares. A relação entre infância, adolescência e vida adulta
era subvertida pela lógica da utilidade de sua força de trabalho.
Estas crianças vivenciavam outra realidade. Para as meninas, predominava a preocupação com o
ensino de tarefas domésticas. Já para os meninos, prevalecia o trato com escravos – assunto “de
homem”, que envolvia gerenciamento das questões do engenho. A adultização era um mecanismo
evidente em ambos os gêneros.
Nesse contexto, com a necessidade de estabelecer vínculos na tentativa de proteger tais sujeitos, a
ideia de “apadrinhamento” surgiu a fim de manter a relação e garantir a permanência entre aqueles
pares, ainda que isso não implicasse o impedimento do trabalho escravo.
Crianças nativas 
Crianças do continente africano 
Crianças de famílias mais abastadas 
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Estas crianças, que não eram denominadas indígenas ou africanas, também não recebiam
tratamento diferenciado. Assim, reiterava-se nos diferentes contextos a ausência do sentimento de
infância sobre o qual se havia discutido em séculos anteriores. Quanto às diferenças de gênero
estabelecidas na época, aos meninos majoritariamente era atribuída a carreira militar, bem como o
trabalho em fábricas ou oficinas. Já para as meninas, predominavam as tarefas domésticas.
Tendência
Como vimos, existe um componente histórico e sociológico na relação das crianças com a própria infância.
Realidades sociais como pobreza e escravidão são componentes que exercem influência na questão, não
podendo ser ignorados. Observar o paradigma da criança no Brasil é definitivamente uma tarefa difícil.
Você reconhece estes discursos, reproduzidos de forma recorrente?
A marginalidade aumentou porque as crianças não podem trabalhar;
A maioridade tinha de diminuir;
Esta criança faz assim por falta de castigo físico (tradição que herdamos de nossa história);
Está assim porque as crianças não têm a mãe em casa, é a ausência do modelo tradicional que leva a
esse quadro confuso em que nós vivemos.
Recente em nossa história, a análise sobre a forma de se lidar com a criança e o adolescente será objeto do
nosso estudo à frente, mas a conexão entre os problemas deste e do próximo pode ser sistematizada e
provocadaa partir das ações políticas pensadas.
Você já ouviu falar do Estatuto da Criança e do Adolescente no Brasil (ECA)?
Vamos ver o que especialistas têm a nos dizer sobre a sua história nas terras do Brasil.
Constitui-se no país uma noção particular de infância e adolescência que
protela políticas sociais de atendimento à criança e ao adolescente como
Crianças nascidas em classes menos favorecidas no país 
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direitos de cidadania até a década de 1980. A proclamação da Constituição
Cidadã (Brasil, 1988) e da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente
– ECA (Brasil, 1990a), um conjunto de direitos civis, sociais, econômicos e
culturais de promoção e proteção – alteraram esse paradigma. Atualmente, o
ECA demanda do Estado brasileiro e da sociedade política e civil esforços e
continuidade nas ações, visando, por um lado, à formulação, implementação,
monitoramento e controle social de políticas constitucionais e estatutárias, e,
por outro, a ações mobilizadoras e societais capazes de ressignificar a
concepção arcaica de infância e juventude presente no imaginário social da
população.
(PEREZ; PASSONE, 2010, pp. 650-651)
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
Crianças na História do Brasil
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A Infância no Brasil republicano
Módulo 2 - Vem que eu te explico!
A Educação e a infância no Brasil
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Todos
Introdução - Video
Módulo 1 - Video
Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Introdução Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
Sobre o desenvolvimento infantil no Brasil, é correto afirmar que:
A Deu-se da mesma forma que na Europa.
B
Apesar de as crianças serem consideradas miniadultos, a exploração infantil nunca foi
aceita.
C
As formas de vivenciar a infância no Brasil possuem especificidades que se referem
principalmente à classe social e à etnia.
D Somente as crianças negras trabalhavam no Brasil para ajudar seus pais.
E
Atualmente, superamos as diferenças entre as crianças brancas, negras e indígenas, pois
a vivências de infância não eram as mesmas em séculos passados.
Parabéns! A alternativa C está correta.
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As vivências de infância não eram (e ainda não são) as mesmas para crianças brancas, negras e
indígenas. Os dois últimos grupos, por exemplo, foram vítimas do processo de escravidão.
Questão 2
A questão religiosa no período colonial impactou não somente a vida dos adultos, mas também a das
crianças. No contexto do Brasil colônia, analise as afirmações:
I. A catequização das crianças era realizada sob o discurso salvacionista, uma vez que as culturas e as
religiões indígenas e negras não foram consideradas pelos colonizadores.
II. As crianças catequizadas não eram escravizadas, o que fazia muitos pais aceitarem que seus filhos
passassem por esse processo.
III. O apadrinhamento era uma das formas encontradas para garantir a vida e a permanência das crianças
com seus pais, mas isso não impedia que fossem escravizadas.
IV. Os indígenas eram considerados povos atrasados; por isso, suas tradições culturais não eram
consideradas.
Está correto o que se afirma em:
A I, II e IV
B I, III e IV
C II e III
D III e IV
E I e II
Parabéns! A alternativa B está correta.
A catequização nem sempre impedia que as crianças deixassem de ser escravizadas. Apesar de
formar-se na religião católica, elas continuavam sendo consideradas como parte de um povo
atrasado.
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3 - Marcos legais na ideia de infância
Ao �nal deste módulo, você será capaz de reconhecer marcos legais importantes na
construção histórica da ideia de infância no Brasil.
As primeiras legislações sobre a infância no Brasil
Para pensarmos a relação entre as leis no Brasil e a infância, vamos ouvir três especialistas com olhares
diferentes sobre o tópico.
As leis no Brasil e a infância
No vídeo a seguir, percebemos uma história que precisa ser contada em diversos prismas. Para isso, vamos
ouvir a historiadora Flavia Miguel, o advogado Adriano Pinto e a pedagoga Wilma Mello.
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
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Uma das primeiras leis que visava a garantir o direito das crianças, a Lei nº 2040, conhecida como “Lei do
Ventre Livre”, foi promulgada em 1871 para garantir que as crianças nascessem livres, além de vetar a
compra e venda daquelas menores de 12 anos.
Esta lei constitui um dos grandes avanços do período escravocrata; embora não impedisse o trabalho
infantil, ela foi um marco precursor para a produção de outras leis e políticas que tratavam da proteção das
crianças.
A Constituição de 1988 e a infância no Brasil
A educação passa a ser reconhecida como direito social somente a partir da Constituição Federal de 1988,
quando o Estado assume a obrigação legal de oferecer para todos uma que seja de qualidade.
Antes disso, a educação pública já existia, mas era compreendida como uma assistência aos que não
podiam pagar, enquanto o ingresso nas escolas não era facilitado para as classes mais populares, havendo
pouca oferta de vagas e acesso limitado à informação.
A obrigatoriedade do Estado na oferta de vagas em creches e pré-escolas ao declarar como direito dos
trabalhadores a assistência gratuita de seus filhos e dependentes até os cinco anos de idade. No entanto,
seu caráter assistencialista ainda persiste, sendo uma das questões mais discutidas no campo da
educação infantil.
O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), de 1990, é considerado um marco
para os direitos das crianças e dos adolescentes.
Os direitos fundamentais enunciados pelo ECA têm como objetivo assegurar o desenvolvimento:
Físico;
Espiritual;
Moral;
Social;
Mental.
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O documento não se limita a anunciar direitos, representando um grande avanço ao nomear os
responsáveis por seu cumprimento.
A família, o poder público e a sociedade, em geral, possuem deveres com as crianças e os adolescentes do
país. Portanto, mais que o direito à educação, esse público deve estar matriculado na escola – e isso se
trata de uma obrigação legal.
Atenção!
O poder público não pode se negar à oferta de educação, assim como os familiares e a comunidade não
podem deixar de cumprir tal obrigação.
A Lei nº 9.394/1996 – denominada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) – amplia a
discussão sobre a educação infantil para além de um caráter assistencialista até então apresentado nas
políticas púbicas. Para isso, a LDB a reafirma como primeira etapa da educação básica, cuja finalidade é o
desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social. Ela constitui,
portanto, um complemento da ação da família e da comunidade.
A LDB ainda regulamenta as seguintes questões de acesso, de acordo com a faixa etária e a carga horária.
Veja a seguir:
0 - 3 anos
Direito à creche.
4 - 5 anos
Direito à pré-escola.
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Em relação à carga horária, a regulamentação um número de horas para cada tipo de turno e período. Veja a
seguir.
Meio período
A carga horária mínima, para turno parcial, é de 4 horas.
Período integral
A carga horária total, para este período, deve ser de 7 horas.
Período anual
A carga horária mínima é de 800 horas, distribuidasem 200 dias letivos.
6 anos ou mais
Direito à educação básica no ensino fundamental.
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Sobre a questão da frequência, a LDB estipula a presença mínima de 60% do total de horas, cuja fiscalização
deve ser feita pela instituição escolar.
No ano de 2013, foi promulgada a Lei nº 12.796/2013, que altera a LDB para incluir
a obrigatoriedade de matrícula das crianças de quatro anos na educação infantil.
A frequência passa então a ser exigida em consonância com a carga horária estabelecida de 200 dias
letivos. O que antes era facultativo aos pais, passa agora a ser um dever.
De acordo com a Unicef, o Brasil é um dos países com legislação mais avançada no mundo no que diz
respeito à infância e à adolescência. Entretanto, a legislação ainda não conseguiu superar suas
desigualdades sociais, geográficas e étnicas.
Saiba mais
Veja a contextualização histórica do atendimento à infância no Brasil (1889-1985).
Vem que eu te explico!
Os vídeos a seguir abordam os assuntos mais relevantes do conteúdo que você acabou de estudar.
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
Marcos da História da Infância no Brasil
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
A Constituição de 1988 e a Infância no Brasil
Módulo 3 - Vem que eu te explico!
A BNCC e a Infância no Brasil
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Todos
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Falta pouco para atingir seus objetivos.
Vamos praticar alguns conceitos?
 Todos Introdução Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 
Questão 1
É dever do Estado ofertar educação pública nas seguintes condições:
A
Atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero aos cinco anos de
idade.
B Atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de um aos seis anos de idade.
C
Atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de um aos cinco anos de
idade.
D
Atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero aos seis anos de
idade.
E
A Legislação de 2013 define que, com 5 anos, a criança deve estar matriculada no
primeiro ano do ensino fundamental.
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Parabéns! A alternativa A está correta.
O atendimento gratuito se destina às crianças de 0 a cinco anos. Anteriormente, ele estava
previsto até os seis anos, mas foi alterado em 2013 por considerar que, nesta idade, a criança
deve estar matriculada no primeiro ano do ensino fundamental.
Questão 2
A respeito da frase “A educação é um direito de todos”, marque a afirmativa correta:
A
A educação é um dever do Estado, mas é um direito dos familiares decidir pela matrícula
de seus filhos.
B A educação torna-se obrigatória a partir dos seis anos de idade.
C A educação torna-se obrigatória a partir dos quatro anos de idade.
D A educação torna-se obrigatória a partir dos três anos de idade.
E
A educação torna-se obrigatória a partir do início do Ensino Fundamental (a partir dos 5
anos de idade).
Parabéns! A alternativa C está correta.
O artigo 6º da LDB assim preconiza: “É dever dos pais e responsáveis efetuar a matrícula das
crianças na educação básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade” (BRASIL, 1996).
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Considerações �nais
A história da infância é construída, ao longo do tempo, de acordo com seu contexto social e sua época. A
concepção de infância, entre outras diferenças registradas, é por vezes modificada, suscitando tanto
concepções de um sujeito com características próprias, segundo as quais se constroem possibilidades de
um futuro, quanto a noção de criança como um miniadulto.
Conforme os estudos na área foram se aprofundando, houve a modificação desses conceitos e foi dado um
destaque às diferentes infâncias vivenciadas no Brasil. A diferença entre negros, indígenas, meninos e
meninas traçava a visão de um sujeito à margem da sociedade em que o único tipo educação acessível era
a cristã (por parte dos jesuítas). Entretanto, o trato com crianças brancas e provenientes de famílias mais
abastadas já oferecia um olhar diferenciado em relação à educação, ainda que a adultização das crianças
ainda fosse um fator presente em suas diferentes formas.
Com o avanço dos estudos na área e a necessidade de garantir direitos para esses sujeitos, surgia uma
série de políticas públicas construídas em prol dos pequenos: a Lei do Ventre Livre, que garantia, desde o
nascimento, a não escravização das crianças de outra etnia ou as menos favorecidas; a Constituição
Federal de 1988, que tornava obrigação legal do Estado o amparo à educação delas; o ECA, que se
apresentava como mecanismo de garantia da proteção e dos direitos das crianças e dos adolescentes; e,
por fim, a LDB, que impõe a obrigatoriedade de matrícula delas em creches e escolas. Elas constituem,
nesse âmbito, os principais marcos alcançados.
Pudemos então perceber os avanços e as modificações que circundam a história da infância e das crianças,
identificando os principais pontos que a compõem. Consideramos que este assunto continua produzindo
sentidos constantemente, além de abarcar questões de diferença, conquista de espaço e legitimação de um
período marcado por suas especificidades.
Podcast
Ouça agora as professoras Wilna Mello e Flávia Miguel, que nos ajudam a aprofundar um pouco mais o
conceito de “criança” ao longo da História
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Referências
ARIÈS, P. História social da criança e da família. Rio de Janeiro: Guanabara, 1981.
BARBOSA, A. A.; MAGALHÃES, M.G.D. A concepção de infância na visão de Philippe Ariès e sua relação
com as políticas públicas para a infância. In: Revista eletrônica de Ciências Sociais, História e Relações
Internacionais, v. 1, n.1, 2008. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro
de 1988, com as alterações determinadas pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94, pelas
Emendas Constitucionais nº 1/92 a 91/2016 e pelo Decreto Legislativo nº 186/2008. – Brasília: Senado
Federal, Coordenação de Edições Técnicas, 2016.
BRASIL. Lei nº 8.069/90, de 13 de julho de 1990. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
BRASIL. Lei nº 12.796, de 4 de abril de 2013. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
BRASIL. Lei nº 9394/96, de 20 de dezembro de 1996. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
PEREZ, J. R. R.; PASSONE, E. F. Políticas Sociais de Atendimento às Crianças e aos Adolescentes no Brasil.
In: Cadernos de Pesquisa, v.40, n.140, maio/ago. 2010. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
PRIORE, M. (Org.). História das crianças no Brasil. São Paulo: Contexto, 2004.
SARMENTO, M. J. Gerações e alteridade: interrogações a partir da sociologia da infância. In: Revista
Educação e Sociedade. v. 26. n. 91. Campinas, 2005. p. 361-378. Consultado na internet em: 22 mar. 2022.
Explore +
Assista ao vídeo Concepções de infância na história, disponível na Plataforma YouTube.
Leia o artigo A concepção de infância na visão de Philippe Ariès e sua relação com as políticas públicas
para a infância, de Analedy Barbosa e Maria Magalhães.
Leia a reportagem Situação das crianças e dos adolescentes no Brasil, disponível no site da UNICEF.
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