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Cirurgia Pediátrica

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AULA 2 
Cirurgia Pediátrica 
Malformações do TGI 
ATRESIA DE ESÔFAGO 
EPIDEMIOLOGIA 
1:3000 nascidos vivos, mais comum em 
meninos 
Sempre procurar algo a mais, 50% a 70% dos 
casos possuem alguma anomalia associada - 
trissomia do 18 
MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS 
VACTERL – vertebrais, anorretais, cardíacas, 
traqueais, esofágicas, renais e limbs 
(membros e extremidades) 
HISTÓRIA CLÍNICA 
• Vômitos “assim que nasce” 
• Hipersalivação 
• Engasgos 
• Desconforto respiratório 
• Sonda nasogástrica que não progride 
 
 
 
 
 
INVESTIGAR SE HÁ FISTULAS 
 
 
 
 
Tipo A – atresia pura, sem fístula. 
Tipo B – fístula proximal. 
Tipo C – fistula distal – ar passa para 
estômago – mais comum. 
Tipo D – duas fístulas, proximal e distal. 
Tipo E – fístula sem atresia, em H. 
Essa comunicação pode causar: distensão 
abdominal, sintomas respiratórios 
Pensar em atresia COM fístula se... 
• Presença de ar no estômago e nas alças à 
radiografia simples 
• Distensão abdominal 
• Piora gradual das condições respiratórias 
Pensar em atresia SEM fístula se... 
• Ausência de ar abaixo do diafragma à 
radiografia simples 
• Abdome escavado. 
PRÉ-NATAL 
• Polidrâmnio (bebê não deglute) 
• Estômago pequeno ou ausente 
• Presença de coto esofágico superior 
dilatado 
TRATAMENTO 
• Jejum, sonda e soro (como abdome agudo 
obstrutivo) 
• Cabeceira elevada 
• Jejum 
• Drenagem/aspiração de coto distal 
• Suporte hidroeletrolítico 
• Suporte ventilatória 
Sempre procurar anomalias associadas antes 
do tratamento definitivo. 
TRATAMENTO DEFINITIVO 
Variável 
• Esofagoplastia + ligadura da fístula 
• Esofagostomia + gastrostomia 
Quando ficar em pé – esôfagocoloplastia 
ESTENOSE HIPERTRÓFICA DE PILORO 
EPIDEMIOLOGIA 
1:1000 nascidos vivos, mais prevalete no sexo 
masculino, acontece por volta da 6 semana 
de vida, com pico entre 2 e 8 semanas. 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
Baixo ganho ponderal/desidratada 
Vômitos em jato – não precedidos por 
náuseas 
AULA 2 
Vômitos recorrentes – alcalose hipocalêmica 
e hipoclorêmica. 
• Vômitos – perda de H+ →perda renal 
de postássio – alcalose metabólica 
hipocalêmica 
30-60 min após a refeição, em jato, não 
biliosos 
• Criança com baixo ganho 
ponderal/desidratada 
• Vômitos em jato 
• Oliva palpável na região epigástrica 
• Ondas peristálticas da esquerda para 
a direita 
 
 
 
 
 
 
 
Oliva palpável em região epigástrica – 
hipertrofia do piloro – sensação de salsicha 
no epigástrio 
ondas peristálticas da esquerda para a 
direita 
RADIOGRAFIA 
Estômago pode estar distendido 
Alças podem estar com pouco ar 
Pouco específico 
USG 
Piloro espessado 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
EED 
Contraste passa pouco 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
Jejum sonda e soro 
Pilorotomia a Ramstedt-Fredet 
ATRESIA DUODENAL 
1:5000/1:10000 nascidos vivos, há 
divergências quanto ao sexo, comumente 
associada a outras anomalias, como 
trissomia do 21 e cardiopatias. 
HISTÓRIA CLÍNICA 
• Vômitos biliosos (pós-papila) 
• História de polidrâmnio 
• Sinal da dupla-bolha – estômago 
(maior) e duodeno – principal!! 
RADIOGRAFIA 
Sinal da Dupla bolha, também visível no USG 
e na radiografia contrastada 
 
 
 
 
 
 
AULA 2 
 
 
 
 
 
 
 
TRATAMENTO 
Jejum sonda e soro 
Correção de DHE 
Cirurgia – Duodenostomia em diamante 
Dupla bolha – duodenal 
INTUSSUSCEPÇÃO INTESTINAL 
Pico entre 3 e 12 meses, acomete mais os 
meninos, 1,5/4 a cada 1000 nascidos vivos 
Quando uma alça enluva a outra 
CAUSAS 
• Divertículo de Meckel (principal 75%) 
• Pólipos (segunda principal – 15%) 
• Hipertrofia de placas de Peyer – infecções 
virais, vacinação (rotavírus) 
• Duplicação instestinal 
• Linfoma 
HISTÓRIA CLÍNICA 
Exame físico 
• Fezes em geleia de morango 
• Pode ter desidratação 
• Pode ter massa móvel palpável 
• Pode ter peritonite (isquemia) 
• Pode ter distensão abdominal (obstrução, 
ruídos metálicos) 
• Sinal de DANCE – vazio em FID 
DIAGNÓSTICO 
• Rotina do abdome agudo – obstrução? 
pneumatose intestinal? perfuração? 
USG abdominal– sinal do alvo ou sinal do 
pseudo-rim 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tratamento 
• Jejum sonda e soro 
• Correção de DHE 
• Cirurgia se: peritonite, perfuração 
intestinal, instabilidade hemodinâmica, 
isquemia intestinal (pneumatose 
intestinal, aumento de lactato), acidose, 
sepse. 
• Redução não cirúrgica: redução com 
contraste iodado, redução pneumática. 
DOENÇA DE HIRSCHSPRUNG 
1:5000 nascidos vivos/1:50.0000 nascidos 
vivos (aganglionose total), é mais comum no 
sexo masculino, tem associação com 
cromossomopatias: trissomia do 21, 
neurofibromatose e neuroblastoma. 
MEGACÓLON AGANGLIONAR CONGÊNITO 
Ausência das células ganglionares dos plexos 
mioentérico (Auerbach) e submucoso 
(Meissner). Não faz peristaltismo pq não há 
gânglios, faz megacólon (Auerbach e 
Meissener). Geralmente ocorre em 
retossigmoide. 
Problema = Aganglionose 
Consequência = Megacólon 
HISTÓRIA CLÍNICA 
• Criança que não elimina mecônio com 
mais de 48 horas. 
• Descartado anus imperfurado 
• Distensão abdominal 
• Toque retal explosivo 
• Pode ter vômitos biliosos associados 
HISTÓRIA NÃO CLÁSSICA 
paciente mais velho, constipação desde que 
nasceu, pode ter atraso no desenvolvimento 
físico e neuropsicomotor. 
AULA 2 
DIAGNÓSTICO 
se suspeita: radiografias e enema. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
*O seguimento que acumula fezes 
geralmente é o seguimento aganglionar 
É necessário biópsia para confirmação! 
CIRURGIA 
Abaixamento do cólon – ressecção do 
segmento ganglionar e anastomose coloanal. 
 
ÂNUS IMPERFURADO 
• Conduta nas primeiras 24 horas→ 
observar/investigar – SNG e investigação 
de demais malformações (VACTERL) 
• Esperar a “exteriorização” por fístulas – 
Retoperitoneal / retourinária. 
Se fístula após 24 horas – anoplastia 
Se sem fístula após 24 horas – invertograma→ 
RX com algum objeto para direcionar. 
 
 
 
 
 
Se gás no reto abaixo do cóccix – correção 
primária (anorretoplastia posterior sagital), 
com ou sem colostomia de proteção. 
 
 
 
 
 
 
Se gás no reto acima do cóccix – colostomia 
de proteção e planejamento da correção em 
2º momento. 
DIVERTÍCULO DE MECKEL 
• Divertículo na borda anti-mesentérica do 
íleo terminal. 
• É a anomalia congênita mais comum no 
TGI 
• Maioria dos casos é assintomática 
• Se sintomático 
- Hemorragia indolor 
- Pode cursar com obstrução intestinal 
- Pode invaginar 
Se sintomático = Diverticulectomia simples 
ou enterectomia segmentar com 
anastomose primária término-terminal. 
 
 
Malformações da Parede Abdominal 
ONFALOCELE 
EPIDEMIOLOGIA 
1:5000 nascidos vivos, mais comum no sexo 
masculino 
Associação importante com outras 
malformações → cardiovasculares, 
AULA 2 
divertículo de Meckel, cromossomopatias 
(13, 15, 18, 21), defeitos do tubo neural. 
ONFALO - umbigo 
CELE – cavidade/hérnia 
Há presença de uma membrana recobrindo 
as estruturas - defeito na volta das vísceras 
para o abdome 
DIAGNÓSTICO 
Pode ser feito no pré-natal - não é indicação 
absoluta de resolução de gestação por via 
alta (cesariana), mas se herniações 
“gigantes” (com fígado), preferência pela via 
alta. Sempre investigar patologias associadas! 
CONDUTA AO NASCIMENTO 
• Sonda nasogástrica→ diminuir distensão 
de alças 
• Cobrir com alças mornas 
• Cobrir RN com saco plástico 
Se romper - evisceração → cirurgia 
CORREÇÃO 
• Logo ao nascimento 
• Escalonada/estagiada 
• Escarificação 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GASTROSQUISE 
1:4000 a 1:10000 nascidos vivos 
Fatores de risco: tabagismo, idade materna 
jovem, baixo nível socioeconômico , abuso de 
álcool. 
• Mais comum à direita da cicatriz 
umbilical – não tem relação com outras 
malformações→ baixa associação com 
cromossomopatias. 
*Ausência de membrana recobrindo asestrutura 
CONDUTA AO NASCIMENTO 
• Envolver as alças com compressas 
mornas embebidas em soro 
• Atenção ao status hemodinâmico da 
criança→ alças expostas desidratam. 
CORREÇÃO 
Sempre que possível, primária 
 
 
 
 
 
Características Onfalocele Gastrosquise 
Vísceras 
herniadas 
Intestino +/- 
fígado 
 
Intestino 
Saco Presente 
 
Ausente 
Anomalias 
associadas 
Comum em até 
50% 
 
Menos de 
10% 
Local do 
defeito 
Anel umbilical 
 
À direita do 
umbigo 
Via de parto Normal/cesárea 
 
Normal 
Tratamento 
cirúrgico 
Não urgente 
 
Urgente 
Prognóstico Depende das 
anomalias 
associadas 
 
Depende da 
condição do 
intestino, 
nível de 
serosite, 
presença de 
atresias 
intestinais 
associadas

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