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Ana Júlia Marques Oliveira - 4º período Diarreias agudas e crônicas É importante definir o que é hábito intestinal normal, ou melhor, saudável. A evacuação de fezes consistentes 1 a 3 vezes/dia ou até a cada 2 a 3 dias é considerada normal. Diarreia consiste em alteração do hábito intestinal por diminuição de consistência das fezes e aumento da frequência e do volume das evacuações.Alterações intestinais são caracterizadas por variações na consistência e pela presença de produtos patológicos nas fezes. Estes são definidos pela presença de muco, pus, sangue, resíduos alimentares ou fezes brilhantes e/ou flutuantes (esteatorreia). Os três primeiros estão frequentemente associados a diarreias de origem inflamatória, enquanto os dois últimos, às síndromes disabsortivas. FISIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA O intestino tem a função de secretar substâncias que auxi liam no processo digestivo e de absorver líquidos, eletrólitos e nutrientes. Fisiologicamente, a absorção de nutrientes e líquidos excede a secreção, e o intestino delgado é predominante nessa atividade. O principal mecanismo pelo qual a água é absorvida e secretada se faz segundo o gradiente osmótico criado pelo transpor te ativo do sódio. O sódio é absorvido associado ao cloro ou a alguns nutrientes. A absorção de Na+ E Cl- pelas vilosidades leva a água passivamente através da mucosa. Isso se dá pela menor concentração de sódio no interior do enterócito em relação à luz intestinal. Essa via é inibida pelo cAMP e GMPc, que so frem estimulação da adenilciclase e guanilciclase do enterócito. Essas enzimas podem ser ativadas pelas toxinas bacterianas. A secreção entérica depende da secreção ativa de Cl-, que se acompanha da eliminação de Na+ e H2O para o lúmen intestinal pelas células das criptas. Diversos agentes estimulam a secreção ou inibem a absorção, como as prostaglandinas, o peptídio vaso ativo intestinal (VIP) e o peptidio calmodulina, enquanto as encefalinas atuam no sentido de estimular a absorção de água e eletrólitos. A diminuição da absorção ou aumento da secreção ou a alteração de ambas produzem diarreia. Muitos microrganismos alteram o equilíbrio de absorção e secreção no intestino delgado e são capazes de provocar diarreia. Alguns produzem enterotoxinas que ativam o mecanismo secretor e outros, por alterarem as vilosidades, prejudicam a absorção. A fisiopatologia da diarreia envolve cinco mecanismos básicos, sendo possível a concomitância Diarreia Secretora: resulta da hipersecreção de água e ele trólitos pelo enterócito, como ocorre pela ação das ente rotoxinas bacterianas. Pode também resultar da produção excessiva de hormônios e outros secretagogos, como no gastrinoma (gastrina), na síndrome carcinoide (seroto nina, prostaglandinas, calcitonina), na cólera pancreática (VIPomas), no adenoma viloso, na insuficiência adrenal e no hipoparatireoidismo. Diarreia Osmótica: o processo da digestão determina fisiologicamente a transformação do conteúdo intestinal em material isosmótico. Distúrbios da digestão presentes nas deficiências de dissacaridases, que mantêm um conteúdo hiperosmolar, determinam a passagem de líquidos parietais para o lúmen intestinal e, consequente mente, diarreia. Diarreia Motora: resulta de alterações motoras com trânsito intestinal acelerado, como ocorre nas enterocolopa tias funcionais ou doenças metabólicas e endócrinas. Surge, também, por redução da área absortiva consequente de ressecções intestinais ou de fístulas enteroentéricas. Diarreia Exsudativa/Inflamatória: decorre de enfermidades causadas por lesões da mucosa resultantes de processos inflamatórios ou infiltrativos, que podem levar a perdas de sangue, muco e pus, com aumento do volume e da fluidez das fezes. É encontrada nas doenças inflamatórias intestinais, neoplasias, shigelose, colite pseudomembranosa, linfangiectasia intestinal. Diarreia Disabsortiva: resulta de deficiências digestivas e lesões parietais do intestino delgado que impedem a correta digestão ou absorção. Este processo pode causar diarreia com esteatorreia e resíduos alimentares. CLASSIFICAÇÃO De acordo com seu tempo de evolução: define-se como aguda a diarreia que tem duração máxima de 30 dias, habitualmente ficando restrita a 2 semanas. A diarreia é considerada crônica quando tem duração superior a 1 mês. As diarreias agudas devem ser consideradas como urgência médica devido aos riscos inerentes especialmente relacionados com a desidratação habitual nesses casos. A principal etiologia é a infecciosa. Contudo, são processos autolimitados, na maioria das vezes, e a conduta primordial é a manutenção da homeostase com o equilíbrio hidreletrolítico. As diarreias crônicas apresentam condições etiopatogênicas muito mais complexas, porém raramente necessitam de abordagem emergencial. Com isso, a necessidade de tratamento empírico inicial é reduzida e o médico tem condições de conduzir investigação adequada. Em relação ao local do trato gastrintestinal: Denomina-se diarreia alta a originada no intestino delgado e baixa a relacionada com o intestino grosso. A maioria das etiologias que causam problemas ao trato gastrintestinal alto desencadeia diarreia de padrão secretor. Por outro lado, as diarreias baixas costumam apresentar padrão inflamatório. Ana Júlia Marques Oliveira - 4º período DIARREIA AGUDA Manifesta-se como quadro de instalação súbita em resposta a estímulos variáveis. A prevalência mundial dessa afecção é de 3 a 5 bilhões de casos/ano, associada a 5 a 10 milhões de mortes/ano. Os da dos oficiais do Brasil (www.datasus.gov.br) revelam que 5 em cada 1.000 mortes no país em 2007 foram causadas por diarreia aguda infecciosa. Trinta por cento dessas mortes ocorre ram em menores de 14 anos e 50%, em maiores de 60 anos. A prevalência real da enfermidade é difícil de ser definida devido à subnotificação. O organismo saudável possui mecanismos de defesa que permitem resistir aos agentes lesivos e que incluem: (1) o suco gástrico, que é letal a muitos organismos pelo baixo pH; (2) a motilidade intestinal, que dificulta a aderência dos microrganismos à parede do intestino; (3) os sistemas linfático e imune, que promovem a defesa celular e humoral contra os agentes nocivos. A falha desses mecanismos e/ou a alta agressividade do estímulo agressor do intestino causam a diarreia. ETIOLOGIA Como citado anteriormente, o mecanismo de geração da diarreia aguda na maioria das vezes está associado à agressão por microrganismo. Nas populações mais pobres, predomina a etiologia bacteriana e, nas de melhor nível social, prevalece a viral. Os mecanismos fisiopatológicos das diarreias infecciosas são o secretório ou o inflamatório. HISTÓRIA CLÍNICA Na história do paciente, devem-se investigar o local e as condições em que a diarreia foi adquirida. Deve-se investigar a ingestão recente de água, frutas ou verduras potencialmente contaminadas, alimentos suspeitos, viagens recentes, presença de pessoas próximas também acometidas, uso recente de antibióticos e outros fármacos, história sexual, banho em locais públicos e contatos com animais. Na avaliação da origem da diarreia, há que se considerar o período de incubação no caso de infecções intestinais que podem levar de horas a 2 semanas. A diarreia inflamatória apresenta espectro clínico mais grave e exige tratamento mais criterioso. É causada por bactérias invasivas, parasitos e bactérias produtoras de citotoxinas que afetam preferentemente o íleo e o cólon. Promove ruptura do revestimento mucoso e perda de soro, hemácias e leucócitos para o lúmen. Manifesta-se por diarreia, em geral de peque no volume, com muco, pus ou sangue, febre, dor abdominal predominante no quadrante inferior esquerdo, tenesmo, dor retal. Algumas vezes, apresenta, no início da evolução, diarreia aquosa, que só mais tarde se converte em típica diarreia inflamatória, quando os microrganismos ou suas toxinas lesam a mucosa colônica. A diarreia não inflamatória é, em geral, moderada, mas pode provocar grandes perdas de volume. É causada habitualmente por vírus ou por bactériasprodutoras de enterotoxinas e afeta preferentemente o intestino delgado. Os microrganismos aderem ao epitélio intestinal sem destruí- lo, determinando diarreia secretora, com fezes aquosas, de grande volume e sem sangue; pode estar associada a náuseas e vômitos. As cólicas, quando presentes, são discretas, precedendo as exonerações intestinais. Avaliar sinais de desidratação, como relato de boca seca e sede, diurese concentrada, oligúria, associados a achados ao exame físico de pele e mucosas desidratadas e hipotensão postural com taquicardia, demonstram desidratação e sua gravidade. Sinais de toxemia indicam quadro mais grave e necessidade de maior cuidado clínico. O exame físico do abdome normalmente exibe dor leve difusa à palpação, com possibilidade de descompressão brusca levemente dolorosa em situações de maior distensão de alças e dor mais intensa. Os ruídos hidroaéreos estão frequentemente aumentados. Dor localizada, sinais de irritação peritoneal intensa, massas ou visceromegalias, distensão abdominal importante e ausência de ruídos são achados que devem direcionar para avaliação cuidadosa pela possibilidade de outras afecções abdominais. DIAGNÓSTICO Na maioria dos casos, a avaliação clínica é suficiente para definição diagnóstica e para determinar a gravidade do quadro. O estado imunológico do hospedeiro também é importante na conduta diagnóstica e terapêutica. EXAMES LABORATORIAIS - Hemograma Em pacientes que evoluem com formas mais graves da diar reia aguda, podem-se encontrar anemia e hemoconcentração. Nas diarreias por vírus, linfocitose pode estar presente. Leucocitose com neutrofilia e desvio à esquerda é frequente nas infecções bacterianas mais invasivas com diarreia inflamatória. -Função renal e eletrólitos A desidratação causa hipovolemia que altera a perfusão renal, fazendo com que haja elevação da creatinina e, principal mente, da ureia em depleções volêmicas mais importantes. -ESTUDO DAS FEZES Leucócitos fecais É o teste mais utilizado na avaliação de diarreia aguda e identifica processos inflamatórios mais intensos. Entretanto, a simples presença dos polimorfonucleares nas fezes não Ana Júlia Marques Oliveira - 4º período caracteriza diarreia infecciosa, pois estes são encontrados também em outras afecções do intestino grosso. Além disso, pode ser negativa no início do quadro. Coprocultura A realização da coprocultura deve ser reservada para casos suspeitos de diarreia infecciosa por bactérias invasivas, na presença de sangue oculto e leucócitos fecais ou para os casos de interesse epidemiológico. Pesquisa de toxinas e antígenos de patógenos Pesquisa de toxinas no diagnóstico de algumas bactérias pode ser mais útil do que a tentativa de sua cultura. O principal exemplo são as cepas patogênicas do Clostridium difficile que produzem as toxinas A e B. Essas toxinas podem ser identificadas nas fezes por teste por ELISA. Na infecção viral pelo rotavírus,Giardia e Cryptosporidium a pesquisa de antígenos virais nas fezes por ELISA é a melhor forma de confirmar. O uso da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) é outra metodologia para pesquisa de antígenos nas fezes para diagnóstico de inúmeros microrganismos. Entretanto, sua aplicabilidade clínica ainda é muito restrita pela pouca disponibilidade da tecnologia e pelo seu alto custo. - Exames de imagem Radiografia simples do abdome, nos casos mais graves, é útil para avaliar complicações como íleo paralítico e megacólon tóxico. - Endoscopia A retossigmoidoscopia flexível deve ser feita nos pacientes com clínica de proctite (tenesmo, dor retal) e, também, se há suspeita de colite pseudomembranosa. Nesses casos, a biopsia é importante para excluir doença inflamatória intestinal. TRATAMENTO A imunidade do hospedeiro, na maioria das vezes, é capaz de eliminar infecção gastrointestinais, sem necessidade de terapêutica específica. Assim, o objetivo terapêutico está relacionado com a reposição das perdas hidroeletrolíticas. - Reidratação Na maioria dos casos, a reidratação oral é suficiente. A solução deve conter glicose, para favorecer a absorção do sódio. Quando as perdas forem mais importantes, a reposição deve ser feita com soluções contendo eletrólitos (Na+, K+, HC03- e Cl-) em concentrações aproximadas daquelas perdidas na diarreia. Para os pacientes hipovolêmicos, deve-se fazer hidratação venosa com soluções isotônicas contendo glicose e eletrólitos. - Dieta O paciente deve ser orientado para continuar alimentando se durante o episódio de diarreia. Aqueles que têm náuseas e vômitos devem dar preferência aos líquidos em pequenas quantidades de cada vez, para garantir a reposição das perdas. Alguns alimentos devem ser evitados temporariamente por causa de seus efeitos sobre a dinâmica intestinal, como, por exemplo, aqueles que contêm cafeína, capazes de inibir a fosfodiesterase e, assim, elevar os níveis intracelulares de cAMP. O mesmo ocorre com alimentos que contêm lactose, já que pode haver deficiência transitória de lactase. Alimentos com maior teor de gordura e as frituras também podem ter sua absorção reduzida e agravar a diarreia. - Agente antidiarreicos Em alguns casos, é recomendável reduzir o número das evacuações, especialmente nas diarreias infecciosas, notadamente naquelas não inflamatórias. O subsalicilato de bismuto tem efeito variado, é bactericida e antissecretor por bloquear o efeito das enterotoxinas, além de estimular a reabsorção intestinal de sódio e água. Devido a seu baixo custo, eficácia e segurança, representa boa opção para o tratamento sintomático da diarreia aguda infecciosa. Administrado para adultos na dose de 30 mg, ou 2 comprimidos de 30 em 30 min até completar 8 doses, costuma ser eficaz em muitos casos de diarreia não inflamatória. Os derivados sintéticos do ópio (loperamida e difenoxilato) inibem a motilidade intestinal, aumentam o tempo de contato para a absorção de água e eletrólitos, e com isso diminuem o número das evacuações intestinais e as cólicas. Esses medicamentos devem ser evitados nos casos de disenterias e nos pacientes com febre alta e toxemia, pois poderiam agravar a evolução da doença e precipitar o aparecimento de megacólon tóxico. A dose inicial da loperamida é de 4 e, posteriormente, 2 mg após cada evacuação diarreica, não de vendo ultrapassar 16 mg/dia e, no máximo, administrada por 2 a 3 dias. O racecadotril é agente antissecretor que funciona através da inibição da encefalinase, enzima responsável pela inativação do neurotransmissor encefalina. Essa ação seletiva protege as encefalinas endógenas, que são fisiologicamente ativas, e reduz a hipersecreção de água e eletrólitos causada pelas toxinas bacterianas. Por isso, é recomendado associado às soluções reidratantes orais, principalmente em crianças. A dose habitual para adultos é de 100 mg, 3 vezes/dia durante 2 a 3 dias. - Terapêutica antimicrobiana O uso de antibióticos deve ser restrito a condições específicas, pois podem prolongar a eliminação de fezes com bactérias patogênicas e contaminar o meio ambiente. Além disso, expõe os pacientes aos efeitos adversos dos antibióticos e promove o desenvolvimento de resistência bacteriana. O uso empírico, por exemplo, do sulfametoxazol-trimetoprima (TMP-SMZ) ou de quinolona, pode ser efetuado em pacientes com quadros clínicos importantes de disenteria e possível bacteriemia, até que se obtenha o resultado da coprocultura. Ana Júlia Marques Oliveira - 4º período SITUAÇÕES ESPECÍFICAS DA DIARREIA AGUDA INTOXICAÇÃO ALIMENTAR Ingestão de alimentos contaminados por bactérias, fungos, vírus, parasitos ou substâncias químicas. Para o diagnóstico, deve-se prestar atenção no intervalo relativamente curto entre a ingestão do alimento suspeito e o início dos sintomas: quando for inferior a 6 h, a suspeita é da intoxicação pela toxina pré-formada por Staphylococcus aureus e Bacillus cereus; se, entre 8 e 14 h, sugere intoxicação por Clostridium perfringens; mas se, inferior a 1 h, deve-se pensar em intoxicação por uma substância química. Intoxicação por Staphylococcus aureus Resultade alimentos submetidos à cocção inadequada ou mal refrigerados. Os pacientes apresentam náuseas, vômitos intensos, cólicas e diarreia aquosa. Podem evoluir para desidratação aguda e choque hipovolêmico. Intoxicação por Clostridium botulinum A toxina produzida por essa bactéria causa o botulismo e resulta da ingestão de enlatados, peixes crus, mel, entre outros que contenham toxina pré-formada, esporos ou a própria bactéria. A clínica depende da quantidade de toxina ingerida e da resistência do hospedeiro. Assim, os sintomas podem ser discretos ou intensos e levar ao óbito em poucas horas. O período de incubação varia de 12 a 72 h após a ingestão do alimento contaminado. Cursa com náuseas, vômitos e diarreia, que se associam com repercussões neurológicas (alterações da visão,fraqueza, tonturas, vertigens e complicações na mecânica respiratória). Recuperação geralmente em 1 semana. O diagnóstico diferencial deve ser feito, principalmente, com miastenia gravis e síndrome de Guillain-Barré. O tratamento específico é com antitoxina e medidas de suporte. Diarreia por rotavírus Principalmente em crianças entre 6 meses e 2 anos de idade, mas os adultos também podem ser atingidos. Biopsias obtidas mostraram encurtamento de vilosidades da mu cosa do duodeno e do jejuno, nas quais havia grande infiltração da lâmina própria de células mononucleares. As crianças infectadas pelo rotavírus reagem de modo variado, desde portadores assintomáticos até formas graves com desidratação e evolução para o óbito. A febre, geralmente baixa, e os vômitos precedem a diarreia. A febre pode persistir por até 1 a 2 dias, e os vômitos, em geral, não ultrapassam o 3° dia. A diarreia é aquosa, profusa, de cor amarelada a esverdeada e raramente contém muco. O número de evacuações pode ser de 8 ou mais por dia. A duração média da gastrenterite é de 8 dias, mas pode haver crises mais prolongadas. Sintomas respiratórios estão presentes em torno da metade dos casos. A doença aguda é associada à diminuição dos níveis das enzimas da borda em escova da mucosa, como maltase, sacarase e lactase, com consequente má absorção e presença de substâncias redutoras nas fezes. Os adultos adoecem mais frequentemente quando estão em contato com crianças infectadas. O rotavírus pode ser agente causal da diarreia dos viajantes. Os sintomas são similares, mas os vômitos tendem a ser menos intensos. Piora em imunodeprimidos. Testes como PCR e ELISA (rápido e baixo custo) tem sido mais utilizados. O rotavírus é detectado nas fezes de quadro diarreico até 4 a 8 dias. Geralmente autolimitada e utiliza-se sintomáticos e terapia de suporte. No Brasil, a partir de março de 2006, a vacina contra rota vírus foi incluída no calendário vacinal da criança. Diarreia dos viajantes É definida como diarreia infecciosa aguda que acomete indivíduos que viajam de área industrializada e com boas condições de higiene para outra com piores condições sanitárias. Inicia-se em geral de modo abrupto, com 4 a 6 evacuações por dia, associadas a cólicas e náuseas. Habitualmente, é auto limitada, mas pode ser progressiva, evoluindo para disenteria e, até mesmo, para a diarreia crônica. Escherichia coli enterotoxigênica é a principal causa na América Latina. Além desta, são relacionadas também Salmonella, Shigella, Campylobacter jejuni, Aeromonas, Plesiomonas, Vibrio parahaemolyticus, os vírus Norovirus e Rotavirus, os protozoários Entamoeba histolytica, Giardia lamblia e Cryptosporidium, Microsporidium e Cyclospora cayetanensis. A prevenção é a principal arma contra a diarreia dos viajantes e relaciona-se aos cuidados com água utilizada. Diarreia pela Escherichia coli A Escherichia coli (E. coli) é uma das bactérias que integram a flora bacteriana do intestino, mas, quando alguma cepa sofre alterações genéticas, pode tornar-se patogênica. As cepas de E. coli reconhecidamente associadas à diarreia aguda são: E. coli enterotoxigênica (ETEC) [tóx. Termolábil e termoestável/ autolimitante], E. coli enteropatogênica (EPEC) [mais grave em crianças], E. coli êntero-hemorrágica (EHEC) [carne bovina/ síndrome hemolítico-urêmica], E. coli enteroinvasiva (EIEC) [invade epitélio intestinal/ úlceras] e E. coli enteroagregativa (EAEC) [recente/ diarreia persistente]. O diagnóstico da infecção pela E. coli é presuntivo pela apresentação clínica. Testes específicos como coprocultura e pesquisa de antígenos e toxinas são pouco utilizados.
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