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Daniela Carvalho - TLVI FATORES DE RISCO, PREVENÇÃO E RASTREAMENTO FATORES DE RISCO Tudo aquilo que estamos expostos, que podem nos fazer desenvolver determinada doença. • Não modificáveis o Genética o Etnia o Sexo o Idade • Modificáveis o Tabagismo, etilismo o Dieta o Infecções FATORES NÃO MODIFICÁVEIS Fatores genéticos • História familiar o Maioria das vezes não tem mutação de síndrome conhecida. • Síndromes associadas a mutações específicas o Raras o Costumam ter alta prevalência o Ajudam a compreender carcinogênese o Pacientes podem precisar de medidas de prevenção e rastreamento especiais. Idade • Mais comum em idoso -> o câncer é uma doença de idosos pois conforme vamos envelhecendo, acumula – se as mutações em nossas células. Raça • Ca de próstata em negros é mais agressivo • Melanoma é mais comum em pessoas ruivas • Ca gástrico é mais comum em orientais (relacionado principalmente à alimentação dos orientais, com muito condimentos e sal). o Quando os orientais são expostos a uma dieta ocidental, a incidência aumenta para o câncer colorretal. Sexo/ Gênero • Mulher o Maioria dos canceres de mama ocorre nas mulheres. • Homem o Câncer de próstata Daniela Carvalho - TLVI Várias mutações em genes diferentes podem causar o câncer de mama. Porém, tendo uma mutação de apenas um gene (o p53), pode ocasionar diversos tipos de cânceres. SÍNDROMES GENÉTICAS Síndrome de Li-Fraumeni • Descoberta por Li e Fraumeni em 1969 • Mutação do P53 (gene supressor tumoral) • Herança autossômica dominante • Estes pacientes podem ter câncer em qualquer parte do corpo e possuem chances aumentada de desenvolver cânceres mais agressivos. Síndrome mama-ovário (BRCA1/2) • Proteína associada ao reparo do DNA e ativação da P53. • Mutação BRCA 1 o 65% de risco de CA mama Daniela Carvalho - TLVI ▪ Na população geral, em mulheres sem fatores de risco ou histórico familiar, tem em torno de 2% de chances de desenvolver câncer de mama. o 39% de risco de CA de ovário • Mutação BRCA 2 o 45% de risco CA mama o 6,8% risco de CA mama masculino o 11% de risco de CA de ovário • Países com judeus de uma etnia específica, tem a incidência desta mutação em grupos. Polipose adenomatosa familiar • Mutação do gene APC que é um gene supressor tumoral ligado a parte intestinal. • Pacientes com esta mutação tem 100% de chances de desenvolver CA cólon antes dos 25-30 anos. • Desenvolvimento de centenas ou milhares de pólipos adenomatosos. • Se os pólipos não forem retirados, haverá as mutações sucessivas gerando o câncer. Síndrome de Lynch • Mutação de genes do complexo “mismatch repair” – MSH2 e MLH1 o Estes genes são coadjuvantes no processo de supressão tumoral. • Até 100 pólipos, pequenos o Também desenvolvem diversos pólipos, mas não é tão intenso quanto na polipose adenomatosa familiar. • 70 a 80% de risco de desenvolver CA de cólon, 40% de risco de CA de endométrio e 10% de outros tipos de canceres. o Além do câncer de intestino, pode ocorrer outros tipos de canceres. Daniela Carvalho - TLVI FATORES DE RISCO MOFIDIFICÁVEIS INFECÇÕES HPV • 100% das causas de carcinoma de colo de útero são atribuídos ao HPV. • 13 sorotipos são oncogênicos -> principalmente 16 e 18 (70%), 31, 33, 45, 52 e 58. o 16 e 18 são os principais sorotipos oncogênicos no Brasil. ▪ A vacina contra o HPV inclui os sorotipos 16 e 18 (porém naõ protege contra outros tipos oncogênicos de HPV). • Além do câncer de colo de útero, também está associado a câncer de: o CA de vagina o Pênis o Boca o Faringe o Anal • Está ligado ao sistema imunológico, e o desenvolvimento do câncer está relacionado a resposta imunológica do paciente e mesmo que o paciente esteja infectado com o sorotipo oncogênico, não necessariamente desenvolverá o carcinoma invasivo (pode ocorrer regressão espontânea). Daniela Carvalho - TLVI Lesões pré malignas que são desenvolvidas pelo HPV, antes de causar o carcinoma invasivo (NIC1, NIC 2 e NIC3). HPV de sorotipos não oncogênicos que causam as lesões verrucosas. O HPV também está ligado a tumores de cabeça e pescoço, principalmente em orofaringe. A combinação da infecção com o tabagismo favorece o desenvolvimento do câncer (sinergismo com o tabagismo). Estes pacientes tem uma melhor resposta ao tratamento e melhor prognóstico. Daniela Carvalho - TLVI EBV (Vírus Epstein Barr) – HSV4 família herpes vírus • Carcinoma indiferenciado de nasofaringe. o Teoricamente quase todos relacionados ao EBV. o Único câncer de cabeça e pescoço que não está relacionado a etilismo e tabagismo. • Linfoma de Burkitt o Na África subsaariana: 85% tem relação com o EBV. • Linfoma de Hodgkin o Maior incidência em crianças e idosos • A grande maioria da população quando se infecta por este virus, terá o sistema imune estimulado e desenvolverá apenas a mononucleose com quadro gripal e ira parar por ai. Porem em alguns pacientes, a infecção será estímulo para o desenvolvimento de câncer. HSV – 8 (Herpes Vírus Tipo 8) • Sarcoma de Kaposi o Lesões patognomônicas de HIV • Associado ao HIV – principalmente homossexuais o Este tipo de virus é inócuo para quem é imunocompetente, mas para os imunocomprometidos, podem desenvolver o quadro. • A quimioterapia inicia um processo de resolução destas lesões, mas o tratamento final é com o aumento do CD4. Hepatites B e C • Podem levar ao hepatocarcinoma o Hepatite C (HCV) em 33% dos casos e hepatite B (HBV) em 58% dos casos. • É de difícil tratamento pois os quimioterápicos dependem também da função hepática na sua metabolização. Muitos efeitos colaterais e prognostico ruim HIV • Associações fortes o Colo uterino o Linfoma de Burkitt o Linfoma SNC Daniela Carvalho - TLVI o Sarcoma de Kaposi • Não está diretamente relacionado a carcinogênese, mas por causar redução da defesa no sistema imune, se houver uma infecção por outros virus, maiores serão as chances de se desenvolver câncer. • Devido ao tratamento ao HIV atual e sua eficácia, a incidência de câncer nesta população está sendo igual ao da população em geral. TABAGISMO • O cigarro tem mais de 50 substancias toxicas que irão causar agressão e nosso organismo. Não atuam somente no pulmão e sua disseminação via corrente sanguínea também pode causar câncer em outras regiões do corpo. • Neoplasias associadas: o Pulmão ▪ CEC e pequenas células (>95%) mais que adenocarcinoma (70%). o Cabeça e pescoço o Bexiga o Todos os tipos de câncer tem alguma associação com o cigarro (sendo o único ainda não associado, o câncer de mama). • Associações mais discretas: o CA renal o CA de pâncreas o CA gástrico • De todas as mortes por câncer, o tabagismo é responsável por 30 a 45% A fumaça do cigarro através de todos seus agentes carcinógenos, atuam em diversas vias de sinalização celular, causando mutações. Pode atuar em qualquer parte de nosso corpo. Daniela Carvalho - TLVI ETILISMO • É sabidamente carcinogênico. • Neoplasias associadas: o CA de cabeça e pescoço ▪ Sinergismo com o tabagismo - Pacientes que só fumam ou só bebem -> 8% mais chances de desenvolver câncer de cabeça e pescoço – se associados será 40% mais a chances que a população em geral. o CA de esôfago (CEC – Carcinoma espinocelular) ▪ Sinergismo com o tabagismo ▪ Incidência maior no esôfago médio e superior, mesma incidência e fisiopatologia dos tumores de cabeça e pescoço. ▪ São pacientes com aspecto emagrecido, consumido, geralmente com associação entre etilismo e tabagismo. ▪ São tumores muito responsivos à radio e quimioterapia. Cirurgias nessas condições são muito complicadas. ▪ Do ponto de vista distal do esôfago (1/3 distal), há uma relação maior com adenocarcinomas, tumores mais parecidos com o câncer gástrico – tratam-se, portanto,de pacientes obesos, com DRGE associada a esôfago de Barrett (possuem fisiopatologia e incidência totalmente diferentes em relação ao câncer de esôfago de 1/3 médio e 1/3 proximal). o Carcinoma hepatocelular (CHC) ▪ Apenas se cirrose - Para o paciente desenvolver o hepatocarcinoma por conta do etilismo, antes ele deve desenvolver cirrose. o CA gástrico ▪ Deve – se à ingestão de grande quantidade de álcool. FATORES DIETÉTICOS E METABÓLICOS Neoplasia colo-retal • Carne vermelha muito associada (consumo em grande quantidade) • Obesidade Daniela Carvalho - TLVI o Promove uma inflamação no organismo que estimula uma proliferação celular rapidamente, predispondo como fator carcinogênico. • Fatores de proteção o Uso de AAS o Uso de AINE o Consumo de peixe, fibras, frutas e vegetais o Carbonato de cálcio -> prevenção de adenomas (usado em pacientes com pólipos de componente de adenoma). Uso indiscriminado pode causar litíase renal. Neoplaisa de mama • Obesidade na pós menopausa o Quando maior o tempo de exposição de estrógeno durante a vida, também maiores as chances de desenvolver câncer de mama. • Reposição hormonal o O risco benefício deve ser muito bem dosado pelo ginecologista. • Estudo recente mostrando um risco de 20% maior para câncer de mama em pacientes que usam anticoncepcionais hormonais. o A recomendação é que pacientes com histórico familiar, use o anticoncepcional hormonal até no máximo os 35 anos. Para as com histórico familiar, o recomendado é que não se use. Neoplasia de endométrio • Sangramento vaginal na pós menopausa sempre deve ser investigado com US devido ao risco de ser câncer de endométrio. • Associação forte: o DM2 o Dislipidemia o Obesidade Daniela Carvalho - TLVI PREVENÇÃO Primária e secundária • Primária o Evitar o aparecimento da doença ▪ Mudanças de hábitos de dieta ▪ Tratamento de infecções • Secundária o Paciente já tem a doença mas o objetivo é fazer diagnóstico precoce o Rastreamento (screening) -> aumentam a incidência de câncer pois diagnostica na fase assintomática!!!! o É importante pois fazer o diagnóstico precoce promove melhora de sobrevida geral. RASTREAMENTO Pós e Contras • Aumento do número de pacientes tratados com intuito curativo • Aumento da incidência -> principalmente de casos precoces (pacientes assintomáticos que não iriam procurar “ajuda” ainda). • Risco de overdiagnosing o Risco de tratamentos desnecessários ▪ Morbidades secundárias ao tratamento vs morbidade da doença • Custo Incidência por estadio • Aumento da incidência por câncer devido a era screening que promoveu o aumento no diagnóstico de casos precoces. Mama: • Evidências: o Pico de incidência de câncer de mama a custo de estádios precoces. Daniela Carvalho - TLVI • Recomendações: o População geral ▪ NCCN (órgão americano): mamografia anual a partir dos 40 anos ▪ ACS (American Câncer Society):mamografia anual dos 45 aos 54 anos, bienal a partir dos 55 anos. ▪ NHS: mamografia bienal dos 50 aos 69 anos. ▪ Brasil: mamografia bienal dos 50 aos 69 anos. o Alto risco ▪ Mamografia anual desde os 30, considerar terapia de redução de risco. ▪ BRCA mutado = RNM desde os 25 – 30 anos OU mastectomia profilática Colo uterino • Evidências: o Evidências retrospectivas mostram benefícios grandes. ▪ Chance de cura – screening: 92%; sintomático: 26% o Sintomas: dor e/ou sangramento após a relação (mais comuns), dor em baixo ventre • Recomendações o EUA: sorologia para HPV + citologia a cada 5 anos o NHS: citologia a cada 3 anos dos 25 aos 49, depois a cada 5 anos até os 64 o Brasil: citologia a cada 3 anos dos 25 aos 64 anos. Próstata • É um dos mais indolentes na oncologia (na maioria dos casos o paciente não irá morrer pelo câncer de próstata e sim por outas doenças). Não é tão agressivo. • Evidências: o Fazer ou não fazer os exames de screening em termos de mortalidade não fará muita diferença. O ideal seria fazer os exames de screening somente nos pacientes com risco de má evolução. • Recomendações: o ACS: PSA anual ou bienal em homens com mais de 50 anos E com expectativa de vida maior que 10 anos OU homens negros com mais de 45 anos. ▪ Em negros o câncer de próstata tem prognóstico pior. o NHS: não recomenda rastrear o Sociedade Brasileira de Urologia: PSA anual a partir dos 50 anos aos 75 anos o Ministério da Saúde: não recomenda rastrear. Cólon • Recomendações o População geral (ambos os sexos, mais de 50 anos) ▪ Colonoscopia a cada 10 anos (se tiver normal) • Se na colonoscopia tiver pólipo, já sera retirado para análise patológica. ▪ Sangue oculto ANUAL • Sangue oculto -> é mais feito no sus pelo custo, mas tem menor sensibilidade. o História pessoal de neoplasia ou pólipo ▪ Colonoscopia a cada 5 anos, repetir em 1 anos se pólipo resseca. o História familiar (sem síndrome) ▪ Colonoscopia a cada 5 anos, iniciar 10 anos antes do diagnóstico familiar. Daniela Carvalho - TLVI o Doença inflamatória intestinal ▪ Colonoscopia anual o Síndrome de Lynch ▪ Colonoscopia a cada 1 – 2 anos desde os 25 anos. o Polipose adenomatosa familiar ▪ Colectomia PROFILÁTICA antes dos 20 anos ▪ Endoscopia da ileostomia a cada 1-2 anos Pulmão • Rastreamento com RX nunca mostrou benefício • TC anual de baixa intensidade o Redução da mortalidade específica em 20% o Redução de mortalidade geral em 6,7% o NNT = 320 o Apenas grupos de risco: ▪ Pelo menos 30 anos-maço (tabagista ativo ou ex-tabagista há menos de 15 anos). ▪ Idade 55 a 74 anos o RECOMENDADO PELA ACS o NHS ainda não recomendou *Curiosidade - Câncer gástrico: nenhum estudo mostrou benefício de rastreamento para esse câncer. No SUS, não se faz nada (apenas endoscopia quando o paciente é muito sintomático, mas com o intuito de se identificar possível etiologia, ex.: gastrite). Já para pacientes com muitos fatores de risco (ex.: etilismo, etnia oriental, abuso de alimentação oriental condimentada), faz-se endoscopia anual no convênio. CONCLUSÕES • Prevenção primária é importante, mas muitos fatores de risco não são modificáveis e muitos casos ocorrem sem fatores de risco. o Existem casos cada vez mais frequentes que ocorrem sem fatores de risco. • Para grupos de risco, rastreamento traz grandes benefícios o Para grupos de risco, rastreamento traz grandes benefícios, sobretudo para pacientes com síndromes genéticas. • Para população geral, muitas vezes o rastreamento traz benefícios pequenos, levando a questão custo-benefício.
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