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Tumores da faringe



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MEDICINA UNIVERSIDADE NOVE DE JULHO
@junamed
Especialidades 
clínicas e cirúrgicas 1 
Tumores da faringe 
Faringe
- A faringe é um órgão tubular comum ao 
sistema respiratório e digestório que tem 
como função: condução do ar para as vias 
aéreas e direcionar o alimento (fazendo 
parte do processo de deglutição) 
- A faringe se divide em 3 partes:
Nasofaringe 
. Porção superior da faringe, localizada 
posteriormente a cavidade nasal e acima do 
palato mole
. Estruturas presentes nessa região: coanas, 
óstio faríngeo, tonsila faríngea, pregas 
salpingopalatina e salpingofaríngea
. Tumores nessa região denominam-se tumores 
rinofaríngeos 
. A apresentação clínica dos tumores 
rinofaríngeos inclui: sintomas de obstrução 
nasal, otite serosa com derrame e perda 
auditiva de condução associada, epistaxe e 
drenagem nasal 
. Tumores rinofaríngeos que cursam com sinais 
e sintomas como massa cervical, cefaleia, 
otalgia, trismo e envolvimento de nervos 
cranianos + achado de epitélio 
pseudoestratificado cilíndrico ciliado sugerem 
malignidade (carcinoma espinocelular)
Orofaringe 
. É a porção intermediária da faringe, 
estende-se dos pilares amigdalianos até a 
epiglote 
. Inclui a base da língua, a superfície inferior 
do palato mole e úvula, pilares anterior e 
posterior, sulcos glossotonsilares, tonsilas 
faríngeas e paredes faríngeas laterais e 
posteriores 
. Nessa região localizam-se as glândulas 
salivares e a glândula parótida 
. Tumores nessa região cursam queixas de 
nódulo cervical e disfagia (ex: tumor de base 
de língua e das glândulas salivares) 
. Tumor benigno = adenoma pleomórfico 
. Tumor maligno = carcinoma espinocelular 
(achado de epitélio pseudoestratificado não 
queratinizado) 
Hipofaringe 
. Tumores nessa região denominam-se tumores 
hipofaríngeos
. Os tumores hipofaríngeos cursam com: 
irritação crônica da garganta, disfagia, otalgia 
referida e uma sensação de corpo estranho na 
orofaringe (deve-se manter um alto índice de 
suspeita, pois sintomas semelhantes podem ser 
vistos na doença do refluxo gastroesofágico)
. Na doença avançada, os pacientes podem 
desenvolver rouquidão por envolvimento direto 
da aritenoide, do nervo laríngeo recorrente ou 
do espaço paraglótico
. A riqueza de linfáticos que drenam a região 
hipofaríngea contribui para o fato de 70% dos 
pacientes com câncer hipofaríngeo 
apresentarem linfadenopatia palpável
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. Achados malignos nessa região: epitélio 
pseudoestratificado não queratinizado 
(carcinoma espinocelular)
. Tipo de tumores que podem acometer essa 
região: tumor de seio piriforme e tumor de 
valécula (espaço antes das cordas vocais)
Divisão da faringe em níveis 
Nível I 
. Nível IA = limitado pelo ventre anterior do 
músculo digástrico, pelo osso hioide e pela 
linha média 
. Nível IB (nível da glândula submandibular) = 
limitado pelos ventres anterior e posterior do 
músculo digástrico e pela borda inferior da 
mandíbula 
Nível II 
- Limitado superiormente pela base do crânio
- Anteriormente pelo músculo estilo-hióideo
- Inferiormente por um plano horizontal que 
se estende posteriormente a partir do osso 
hioide e posteriormente pela borda 
posterior do músculo esternocleidomastóideo
. Nível IIA = é anterior ao nervo acessório 
espinal
. Nível IIB (triangulo submuscular) = é 
posterior ao nervo
Nível III 
- Começa na borda inferior do nível II
- É limitado anteriormente pelos músculos 
pré-laringeos, posteriormente pela borda 
posterior do músculo esternocleidomastóideo 
e por um plano horizontal que se estende a 
partir da borda inferior da cartilagem 
cricoide 
Nível IV 
- Começa na borda inferior do nível III
- É limitado anteriormente por músculos pré-
laringeos, posteriormente pela borda 
posterior do músculo estemocleidomastoideo 
e interiormente pela clavicula.
Nível V 
- É posterior à borda posterior do músculo 
esternocleidomastoideo
- Anterior ao músculo trapézio
- Superior à clavícula 
- Interior à base do crânio,
Nível VI 
- É limitado pelo osso hioide superiormente, 
pelas artérias carótidas lateralmente e pelo 
esterno inferiormente 
- Os poucos linfonodos desse nível estão 
principalmente nas regiões paratraqueais, 
perto da glândula tireoide 
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Câncer de cabeça e pescoço
- Se refere a um grupo de cânceres que 
começam na cabeça e no pescoço
- Esses cânceres geralmente começam nas 
células escamosas que revestem as 
superfícies mucosas e úmidas (como aquelas 
dentro da boca, nariz e garganta) 
- São frequentemente referidos como 
carcinomas de células escamosas da cabeço 
e pescoço 
- Representam o 7º tipo de câncer mais 
comum 
Fatores de risco
. Comportamentais (tabagismo e alcoolismo)
. Virais (infecção por vírus do HPV)
. Demográficos (é 2x mais comum em homens e 
é frequentemente diagnosticado em pessoas 
acima de 50 anos) 
Sinais e sintomas
. Inchaço ou dor que não apresenta melhora
. Nódulo na região da cabeça e pescoço 
. Dor de garganta persistente 
. Feridas brancas ou vermelhas na boca 
. Rouquidão ou mudanças na voz
Tratamento
. As opções de tratamento variam entre: 
cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia 
alvo, imunoterapia 
Tumores da faringe
1. Carcinoma espinocelular
Fatores de risco
- Uso abusivo de tabaco e/ou álcool 
- Infecção pelo HPV (vírus HPV alteram os 
processos celulares; linhagens de HPV de 
alto risco = 16 e 18) 
- Má higiene bucal 
Quadro clínico 
- Nódulo cervical
- Disfagia 
Diagnóstico 
• Suspeita clínica de tumor da orofaringe -> 
videolaringoscopia e TC cervical (ou USG) -> 
punção do nódulo identificado
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Anamnese 
- A história clínica deve enfocar nos sintomas 
do tumor: duração dos sintomas, detecção de 
massas, localização da dor e presença de 
dor referida
- Presta-se atenção especial a hipoestesia, 
disfagia, odinofagia, rouquidão, distúrbio de 
articulação, comprometimento das vias 
aéreas, trismo, obstrução nasal, epistaxe e 
hemoptise
Exame físico 
- Visualização rinofaríngea e laríngea através 
de um espelho ou por endoscopia com fibra 
óptica
Exame complementares
TC e RM
- TC e RM da cabeça e pescoço com contraste 
podem ser realizadas para avaliação tumoral 
e detecção de linfadenopatia oculta
- As imagens por TC são melhores para avaliar 
destruição óssea
- As imagens por RM podem determinar o 
envolvimento de partes moles e é um método 
excelente para avaliar tumores na parótida 
e do espaço parafaríngeo
Laringoscopia direta
- A laringoscopia direta e o exame sob 
narcose são comumente realizados como 
parte da avaliação do CECCP
- Estes procedimentos possibilitam que o 
médico avalie tumores sem desconforto para 
o paciente e com o relaxamento muscular 
anestésico facilita a avaliação da orofaringe, 
da hipofaringe e da laringe, além da 
obtenção de biópsias
Tratamento
- As opções terapêuticas para pacientes com 
diagnóstico de CECCP incluem cirurgia, 
radioterapia, quimioterapia e tratamento 
combinado:
. Se doença inicial (estágio I ou II) = cirurgia 
ou radioterapia
. Se doença avançada (estágio III ou IV) = 
combinação de cirurgia + radioterapia ou 
quimioterapia + radioterapia ou as 3 
combinações dependendo do sítio primário 
* O tratamento com radioterapia deve visar 
destruir localmente o tumor e poupar as 
estruturas adjacentes, para que não haja 
comprometimento da deglutição, da fala e 
nem broncoaspiração (risco de pneumonia de 
repetição)
* A perda da função salivar com a radiação da 
cavidade oral e da orofaringe pode ser muito 
incapacitante para os pacientes, e seu 
impacto não deve ser minimizado no processo 
de tomada de decisão
De acordo com o estadiamento: 
-> O pescoço deve ser tratado quando houver 
linfonodos clinicamente positivos ou se o risco 
de doença oculta for maior do que 20% (com 
base na localização e no estágio da lesãoprimária)
. Se o tumor primário estiver sendo tratado 
com radiação e o pescoço for N0 (sem doença 
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clinicamente detectável) ou N1 = tratamento 
dos linfonodos com radiação
. Se doença cervical N2 ou N3 = tratamento 
através de esvaziamento de dissecção cervical 
com radioterapia pós operatória complementar 
2. Adenoma pleomórfico 
- É o tumor benigno das glândulas salivares 
mais comum 
- Pode ocorrer nas glândulas salivares e na 
glândula parótida (localizada na base da 
língua e com via de acesso difícil)
- São responsáveis por 40-70% de todos os 
tumores das glândulas salivares, mais 
comumente ocorrendo na cauda da parótida
- Frequentemente apresentam-se como massas 
de crescimento lento e bem circunscritas (a 
palpação bimanual de massas 
submandibulares auxilia a determinar se há 
fixação às estruturas adjacentes)
- O tratamento de escolha é a excisão 
cirúrgica com uma margem de tecido normal 
(ex: parotidectomia superficial)
3. Paraganglioma 
- São os tumores dos corpos carotídeos ou 
quimiodectomas
- Originam-se nos paragânglios 
branquioméricos no corpo carotídeo
- Geralmente são benignos, unifocais e não 
hereditários, apresentando-se como massa 
indolor na bifurcação da carótida e com o 
“sinal da lira” característico na arteriografia 
da carótida
- O tratamento de escolha é a ressecção 
cirúrgica e a sequela mais comum da 
ressecção é a lesão de nervos cranianos 
(mais comumente do nervo laríngeo superior, 
mas também do nervo vago ou nervo 
hipoglosso em grandes tumores)
4. Tumor primário oculto 
- Apresenta metástase cervical sem identificar 
o sítio primário