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Primeiros passos
A avaliação da aprendizagem é essencial à atividade educativa, assim como formal e intencional. Mas por que a avaliação é essencial? Porque todo trabalho educativo é planejado. Nenhum professor consegue entrar em uma sala de aula sem ter preparado, planejado, organizado o conteúdo ou a aula a ser desenvolvida. E, após essa preparação, organização e planejamento, como saber se deu tudo certo? Como saber se os estudantes entenderam um conceito, desenvolveram uma habilidade? Avaliando. Somente fazendo uma avaliação.
E quando falamos em avaliação na escola, o que vem à sua memória? Provavelmente, você pensou em uma prova escrita, com estudantes enfileirados, cada um em sua carteira, certo? Para muitos, essa memória vem entrelaçada com sentimentos ruins, como a sensação de frio na barriga, o branco, o “x” vermelho ao lado de uma resposta incorreta, o medo de mostrar o boletim para a família.
Agora, imagine que você esteja em uma calçada e, para atravessar para o outro lado, precisa olhar para ambas as direções. Se houver alguém vindo, deverá avaliar o momento correto de atravessar.
Embora tenhamos no senso comum a ideia de que avaliação é o momento em que fazemos uma prova, nossa vida diária exige que realizemos avaliações a todo momento para tomarmos decisões. Avaliamos o ambiente, as pessoas, caminhos, atitudes, nós mesmos, enfim, tudo. Essas decisões são sustentadas a partir de julgamentos provisórios que realizamos pela unidade imediata de pensamento X ação. Para fazer esse juízo e definir a melhor opção, mobilizamos nossas crenças, ideologias, opiniões, nossos sentimentos, saberes etc.
O ato de avaliar está presente a todo momento em nossas vidas. Então, será que, em uma sala de aula, os estudantes são avaliados apenas como provas e testes? Somente os docentes avaliam os estudantes ou será que o contrário também acontece? Ainda, se estamos em prontidão a todo momento para realizar uma avaliação quase instantânea do que nos cerca, isso pode ser fruto de uma reflexão ou conhecimento aprofundado? Bom, como realizar essas avaliações aligeiradas é inerente ao ser humano, é inevitável que um docente emita, constantemente, juízos sobre seus estudantes e suas turmas.
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Dica
Embora a avaliação espontânea seja inevitável, é importante que seja provisória e não se configure em uma atitude que estratifique o outro, caso contrário, origina estereótipos e preconceitos. Pairam no imaginário social diversos modelos que nos ajudam a compreender nossa realidade e que, por vezes, orientam nossos juízos. No ambiente escolar, para além dos modelos gerais, são acrescentados a um imaginário como deve ser um aluno, seu ritmo de aprendizagem, entre outros ideais.
De modo geral, percebemos que professores, em uma avaliação genérica, tendem a se reconhecer em alguns alunos e renegar outros, gerando um processo longe de ser o ideal.
Você notou algum professor que agiu assim? Os estudantes tidos como “normais” são mais parecidos com ele?
Julgamos o outro a partir do que somos, com nossos valores e crenças. Quando a avaliação espontânea realizada pelo docente rotula um estudante (ou até uma turma), isso influencia a relação entre ambos e suas atitudes, reforçando rótulos que, se cristalizados, impedirão o professor de perceber alguma mudança no aluno.
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Exemplo
Uma turma rotulada no início do ano como bagunceira provavelmente investirá em comportamentos que corroborem o rótulo recebido. Por sua vez, o docente à frente dessa classe terá dificuldade de notar comportamentos desviantes do rótulo.
Sendo assim, um docente precisa assumir o compromisso ético de ter criticidade perante suas avaliações espontâneas e seus juízos provisórios, além de conhecimentos metodológicos e epistemológicos.
Embora todo professor seja humano e com isso traga seus valores, sua moralidade e seus juízos, é fundamental que a avaliação seja o mais objetiva possível e isenta de rótulos e estigmas. Parece óbvio, mas é sempre bom reafirmar que o professor avaliará o processo de aprendizagem e, claro, o processo de ensino. Ou seja, a avaliação ao mesmo tempo que direciona para a atividade do aluno, também deve ser direcionada para a atividade do professor.
Com certeza você já ouviu falar daqueles professores em cujas disciplinas nenhum aluno é aprovado ou apenas a minoria é aprovada. Vamos pensar um pouco: o professor passou um semestre ou um ano trabalhando com a turma e nenhum estudante foi capaz de aprender o suficiente? Será que o problema está nos 30/40 estudantes ou no trabalho realizado? Ou na forma com que a avaliação foi feita?
Atualizações do conceito de avaliação da aprendizagem
Avaliação: um conceito atualizado
As mudanças nas perspectivas educacionais ressignificaram o modo como compreendemos a avaliação, que deixou de ser concebida apenas como um método de seleção e classificação para se tornar uma aliada da qualidade de ensino. Antes, tínhamos a avaliação como um processo classificatório, em que o aluno poderia ser aprovado para a próxima “série” ou repetir a em que se encontrava. Tínhamos também uma classificação de melhores e piores turmas.
Herdamos muito desse passado, mas a proposta atual diz que a avaliação deve servir para que o aprendizado possa ser facilitado, verificando as demandas discentes. Além disso, atualmente não podemos pensar em processo de ensino sem avaliar.
Mas não avaliação como sinônimo de prova ou teste, mas como possibilidade de acompanhar, observar o percurso formativo do estudante. Se não sabemos o caminho que os estudantes estão percorrendo, como poderemos saber se eles estão indo em direção ao caminho correto?
A importância de um docente possuir técnicas de avaliação perpassa não apenas o campo ético. O ensinar e o aprender são instâncias complementares do processo educacional. Sendo assim, a avaliação é uma importante parte do trabalho docente, visto que os sujeitos possuem diferentes modos e tempos de aprendizado. Além disso, também é uma essencial ferramenta de acompanhamento dos resultados do processo de ensino e aprendizagem, tanto para avaliar os estudantes quanto para avaliar o trabalho docente.
A avaliação é uma necessidade da instituição educacional, pois, por meio dela, verifica-se em que medida o currículo escolar desenvolvido pelo docente, parte de seus objetivos, foi apreendido pelos alunos. A partir desse acompanhamento, é possível fazer ajustes no trabalho pedagógico, reorientando a ação docente, para ser possível o cumprimento desses objetivos.
A avaliação tem como proposta corrigir rumos, replanejar, criar possibilidades de aprendizado.

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