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CENTRO UNIVERSITÁRIO DAS FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FMU CURSO DE DIREITO NATASHA SANTOS DE CAMPOS 8676314 DIREITO DO TRAB APLICADO ADV PREV AO CONT TRAB SÃO PAULO / SP 2022 2 Após realizar a leitura do Manual de Prática Trabalhista, de Aristeu de Oliveira, apercepção foi clara de que o autor efetivamente abordou os aspectos principais das relações empregado-empresa-administração pública, mostrando como se desenvolvem as rotinas e procedimentos nesse importante setor. O trabalho de Aristeu de Oliveira leva uma série de cogitações. A complexidade das relações dos empregados (e para fins previdenciários, dos autônomos) com as empresas e de todas as personagens com os órgãos da administração pública faz do Departamento de Pessoal um elemento singularmente dinâmico na vida e estrutura da empresa moderna. Sua função, a rigor, é quase pública, pois, entre outras tarefas, procede a recolhimentos de natureza tributária pelo sistema do autolançamento (como as contribuições de previdência e depósitos do FGTS), ou presta informações vitais para os rumos de conturbada economia nacional (RAIS), ou ainda encaminha o cumprimento das normas de higiene e segurança do trabalho. Sabemos que a partir da lei, no sentido estrito do termo, como produto legislativo, até a sua aplicação, percorre-se uma longa cadeia de atos até a concretização da norma. Temos então portarias, ordens e instruções de serviço, avisos, modelos e formulários. Dos atributos de generalidade e abstração próprios da lei, procede o Executivo por análise, detalhando, tornando operacional a aplicação da norma de nível de lei. É mister obter um impresso preenchido pelo empregador, mais das vezes alguns anos após o término do contrato. Assim, a perspectiva de concessão do benefício que se abre, risonha, ao nível da leitura da lei, fecha-se logo após, quando do cumprimento dos requisitos estatuídos por atos complementares. Obriga-se assim o jurista a percorrer toda a cadeia de atos para, visualizando o conjunto, discutir e dirimir o ponto controverso. Um dos méritos de Aristeu de Oliveira, nesta obra, é mostrar tais atos agrupados e postos em sequência, na sua impressionante extensão, no âmbito trabalhista e previdenciário. À amplitude da atuação estatal, ora substituindo o particular, ora meramente regulamentando, correspondem atos de natureza complementar advindos do Poder Executivo. Ao lado disso, note-se que o contrato individual de trabalho, embora com as limitações decorrentes da lei, assume a feição de contrato de adesão. 3 Dentre os assuntos tratados na obra, Aristeu detalhou bem todos os pontos do direito do trabalho e dentre eles, é de tamanha importância abarcar sobre determinados temas. Aposentadoria por invalidez Garantida quando o trabalhador vinculado ao INSS sofre algum tipo de incapacidade permanente ou sem cura, que o impossibilite totalmente para o trabalho ou atividade laborativa que lhe garanta a sua subsistência. A aposentadoria por invalidez é um benefício de prestação continuada, cujas regras para concessão foram instituídas pela Lei 8.213/1991, regulamentada pelo Decreto 3.048/1999, bem como pelo artigo 475 da CLT. A aposentadoria por invalidez é devida ao segurado que, estando ou não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz para o trabalho e sem condições de se submeter a um programa de reabilitação profissional que lhe permita o exercício de atividade que lhe garanta a subsistência. Enquanto perdurar a incapacidade para o trabalho, o empregado terá direito ao recebimento das prestações relativas ao benefício. Aposentadoria por Idade Benefício concedido aos segurados do INSS que atingiram determinada faixa etária. Para quem começou a trabalhar antes da Reforma (até 12/11/2019) os requisitos da Aposentadoria por Idade são: 65 anos se homem e 60 anos se mulher. Não é necessário cumprir um tempo de contribuição, apenas 180 meses de carência (15 anos de contribuições ao INSS). Para quem começou a contribuir antes da Reforma, mas ainda não se aposentou, os requisitos vão depender das regras de transição. 4 E para quem ingressou no mercado de trabalho depois da Reforma (a partir de 13/11/2019), é necessário ter 65 anos se homem e 62 anos para as mulheres para ter direito à Aposentadoria por Idade. Se o indivíduo começou a trabalhar antes da vigência da Reforma da Previdência (13/11/2019), para ter direito à aposentadoria por idade você precisa de: • 65 anos e 180 meses de carência, se homem; • 60 anos e 180 meses de carência, se mulher. • Valor da aposentadoria: 70% da média dos seus maiores salários + 1% para cada ano completo de trabalho. Importante: essa regra é válida para quem completou estes requisitos até o dia 12/11/2019. Caso a pessoa tenha começado a trabalhar depois do início da Reforma, para ter direito à aposentadoria por idade, precisará cumprir: • 65 anos e 20 anos de contribuição, se homem; • 62 anos e 15 anos de contribuição, se mulher. • Valor da aposentadoria: 60% da média de todos os seus salários + 2% ao ano que ultrapassar 20 anos para homens e 15 anos para mulheres. Essas regras são para os trabalhadores urbanos. Aposentadoria especial São comuns e muito frequentes as reclamações trabalhistas com requerimentos por declaração judicial de labor em condições insalubres com reflexos em vantagem na seara previdenciária, no sentido de se reconhecer a contagem especial de tempo para fins de aposentadoria do trabalhador. Contudo, pelo que se depreende da legislação vigente, tem-se que a Justiça do Trabalho é incompetente para apreciar e julgar esses pleitos, na medida em que tal pretensão extrapolaria os seus limites jurisdicionais. 5 Nesse prumo, a Justiça Especializada possui competência apenas para executar as contribuições sociais, dentre as quais a previdenciária, decorrentes das sentenças que proferir, inclusive com entendimento restritivo consubstanciado na Súmula 368, item I do TST1. Mesmo com a ampliação do leque de atividades jurisdicionais e competências da Justiça do Trabalho, em razão da Emenda Constitucional 45 de 2004, ainda assim não caberia à Justiça do Trabalho executar ou analisar demais situações referentes à Previdência Social, nos termos do inciso VIII do artigo 114 da Constituição Federal. Inclusive, é oportuno referir que, mesmo provocado por meio de ação judicial específica, o Juízo Trabalhista não pode tampouco determinar em decisão declaratória que o INSS reconheça ou averbe tempo de serviço para finalidade de jubilamento especial, admitindo-se a impetração de mandado de segurança caso o faça, consoante a Orientação Jurisprudencial 57 de SDI-II do Tribunal Superior d Trabalho - TST2. Ainda no tocante à incompetência trabalhista para a finalidade em exame, merece atenção o quanto previsto no artigo 71 da Instrução Normativa 77 do INSS, de 21 de janeiro de 2015, que dispõe que "a reclamatória trabalhista transitada em julgado restringe-se à garantia dos direitos trabalhistas e, por si só, não produz efeitos para fins previdenciários". Ultrapassada a questão evolvendo a (in)competência da Justiça do Trabalho para apreciar e julgar pleitos declaratórios por averbação de tempo especial para aposentadoria, urge esclarecer definitivamente que o adicional de insalubridade não se confunde com condição especial de trabalho para fins previdenciários. Com previsões no artigo 7º, inciso XXIII, da Constituição Federal c/c artigo 189 e seguintes da CLT, o adicional de insalubridade corresponde ao direito trabalhista devido ao empregado3 quando este laborar em situação exposta a agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos que estão previstos na Norma Regulamentadora 15 da Portaria 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Previdência. 6 Trata-se,portanto, de um direito consagrado e reconhecido pela legislação trabalhista e, destarte, completamente compatível com as ações que tramitam na Justiça do Trabalho. De outro lado, com base no artigo 57 da lei 8.213/92 c/c artigo 70 do Decreto 3.048/99 (que justamente regulamenta a Lei dos Benefícios Previdenciários - lei 8.213/91), a aposentadoria especial é um benefício previdenciário garantido ao trabalhador segurado pelo Regime Geral de Previdência Social. Para ter reconhecido este direito previdenciário o trabalhador precisa comprovar, além do tempo de trabalho, a efetiva exposição aos agentes nocivos químicos, físicos ou biológicos efetivamente previstos no Anexo IV do Decreto 3.048/99. Outras atividades que não estejam relacionadas nesse Anexo, por mais nocivas, penosas ou até mesmo consideradas insalubres na esfera trabalhista que possam ser, não serão classificadas como geradoras ao direito à aposentadoria especial. Auxílio-doença Benefício por incapacidade devido ao segurado do INSS acometido por uma doença ou acidente que o torne temporariamente incapaz para o trabalho, por mais de 15 dias consecutivos. O empregado que se afasta por auxílio-doença tem seu contrato de trabalho suspenso a partir do 16º (décimo sexto) dia. A incapacidade para o trabalho deve ser comprovada através de exame realizado pela perícia médica do INSS. Cabem ao empregador as seguintes obrigações: • Abonar as faltas; • Garantir o pagamento do salário do empregado dos 15 (quinze) primeiros dias de afastamento. O aviso-prévio será concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um) ano de serviço na mesma empresa. 7 Ao aviso-prévio serão acrescidos 3 (três) dias por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta) dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias, conforme a Lei nº 12.506/2011. Salário-Família Salário-família correspondente ao mês de afastamento do trabalho será pago integralmente pela empresa, pelo sindicato ou órgão gestor de mão de obra, conforme o caso, e o do mês da cessação de benefício pelo Instituto Nacional do Seguro Social. Licença-Maternidade A segurada em gozo de auxílio-doença terá o benefício suspenso administrativamente enquanto perdurar o salário-maternidade, devendo o benefício por incapacidade ser restabelecido a contar do primeiro dia seguinte ao término do período de 120 (cento e vinte) dias, caso a data de cessação de benefício - DCB tenha sido fixada em data posterior a este período. Auxílio-Acidente Benefício previdenciário indenizatório do INSS devido aos segurados que sofrem qualquer categoria de acidente que resultam em sequelas que diminuam a sua capacidade para o trabalho. Observando que essas sequelas devem ser permanentes, há um prejuízo na vida profissional do trabalhador. A lei não estabelece um grau mínimo de redução na capacidade de trabalho do segurado para ter direito ao benefício. Por exemplo, se uma pessoa é serralheira e tem um de seus braços cortados por acidente de trabalho. 8 Com isso, foi diminuída a capacidade de trabalho dela, porque ela não tem mais um dos braços. Provavelmente ela será readaptada em outra função na empresa, porque os serralheiros, em regra, precisam das duas mãos para o trabalho. Nesse caso, essa pessoa tem direito a uma indenização mensal pelo INSS: o que conhecemos como Auxílio-Acidente. Cabe dizer que você continua recebendo seu salário normalmente com esse auxílio, pois ele tem natureza de indenização. Em tese, esse benefício é vitalício, possuindo 3 hipóteses de cessação, conforme vou falar mais para a frente. categorias de segurados têm direito a esse benefício: • empregados urbanos ou rurais; • segurados especiais; • empregados domésticos; • trabalhadores avulsos. Isso quer dizer que os contribuintes individuais e os facultativos não têm direito ao Auxílio-Acidente. Para ter acesso a esse benefício, você precisa cumprir os seguintes requisitos: • qualidade de segurado (estar contribuindo para o INSS ou estar no período de graça); • ter sofrido um acidente ou ter adquirido uma doença de qualquer natureza, sendo eles relacionados ao trabalho ou não; • redução parcial e permanente da capacidade para o trabalho; • a relação entre o acidente sofrido e a redução da capacidade laboral, o chamado nexo causal. 9 Pensão Por Morte Benefício previdenciário pago mensalmente aos dependentes do falecido, seja ele aposentado ou não na hora do óbito. Ou seja, ela funciona como uma substituição do valor que o finado recebia a título de aposentadoria ou de salário. É considerado dependente aquela pessoa que dependia economicamente do falecido. É ele quem vai ter direito à Pensão por Morte. Mas preciso te alertar que vários fatores devem ser considerados, como: • parentesco; • idade do filho; • existência de deficiências; • se a pessoa é casada ou divorciada, etc. Auxílio-Reclusão Criado em 1960, é um benefício financeiro mensal devido aos dependentes do segurado de baixa renda que foi preso. O valor do benefício é pago para os dependentes do segurado detido, e não para ele. Desse modo, o Auxílio-Reclusão é feito para que a família do preso não fique, de forma repentina, carente pelo fato da reclusão do segurado, principalmente se ele for o único que leva renda para a casa. Vale dizer que até outubro de 2019, somente 4,4% dos dependentes de todos os presos recebiam o Auxílio Reclusão. Como acontece na Pensão por Morte, as pessoas que têm direito ao Auxílio- Reclusão são chamadas de dependentes. Eles devem, obrigatoriamente, depender economicamente do segurado preso para conseguir se sustentar. Contudo, o Direito do Trabalho e da Previdência Social, registra sempre as ocorrências, embora muitas vezes com atraso, desenhando o espaço social 10 ocupado pelas classes em luta, suas pressões e conquistas. A lei, no sentido próprio e estrito de produto do Poder Legislativo, é uma das consequências desse processo de efetiva negociação coletiva nacional, se nos é permitida a liberdade terminológica. Não é, contudo, no genérico e abstrato comando da lei que se capta integralmente a atuação da norma jurídica enquanto elemento incidente na realidade. Há atos intermediários que, como vimos, podem frustrar e mesmo esfumaçar o direito negociado pela sociedade. A lei corre então o risco de transmudar-se em aceno demagógico, ou manifestação puramente ideológica, no sentido de máscara da realidade. A questão, então, é de direitos humanos elementares. É com a própria e mutante realidade de nossos dias que estamos lidando quando estudamos e aplicamos os atos complementares à lei, oriundos do Poder Executivo, com todos seus formulários e impressos.
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