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☣ Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) Condição localizada ou sistêmica, resultante de reação adversa à presença de agente infeccioso ou sua toxina, sendo causada por agentes infecciosos de fontes endógenas (por exemplo: presente na pele do paciente) ou exógenas (por exemplo: presente em equipamentos). Não pode haver evidências de que a infecção está presente ou incubada no momento da admissão do paciente no serviço de saúde. Infecção Relacionada à Assistência à Saúde (IRAS) Infecção do Trato Urinário (ITU) Pneumonia Relacionada à Assistência à Saúde ● Infecção de Sítio Cirúrgico Infecção da Corrente Sanguínea Definição Infecção de Sítio Cirúrgico (ISC): É a infecção “relacionada a procedimentos cirúrgicos, com ou sem colocação de implantes, em pacientes internados e ambulatoriais, sendo classificada conforme os planos acometidos” ANVISA Risco infeccioso: potencial de infecção de sítio cirúrgico (ISC), com base em culturas positivas obtidas no intra-operatório. Fatores predisponentes de infecções de risco cirúrgicos Microorganismo: ● Quantidade de inóculo ● Virulência Procedimento cirúrgico: ● Tipo de procedimento (classificação da ferida cirúrgica) ● Duração da cirurgia ● Hiperglicemia perioperatória ● Hipotermia perioperatória Paciente: ● Idade ● Presença de doenças (obesidade, diabetes mellitus e outras) Classificação da ferida cirúrgica quanto ao grau de contaminação A ferida cirúrgica pode ser dividida em quatro classes: ● Limpa (probabilidade de infecção é de 1 a 5%) ● Limpa-contaminada ou potencialmente contaminada (probabilidade de infecção é de 3 a 5%) ● Contaminada (probabilidade de infecção é de 10 a 17%) ● Infectada Limpa ● Tecidos estéreis e de fácil descontaminação. ● Ferida cirúrgica com ausência de processo infeccioso ou inflamatório. ● Sem penetração nos tratos respiratório, digestivo e geniturinário (sem fezes, bactérias na região oral, por exemplo); . ● Fechamento por primeira intenção. ● Condições ideais de sala cirúrgica (não pode passar de 8 pessoas dentro de uma sala cirúrgica) ● Sem quebra de técnica (“sem gambiarra”); ● Drenagem fechada se necessária. ● Estimativa de ocorrência de ISC < 2%. Exemplos: safenectomia, revascularização do miocárdio Ferida limpa-contaminada / potencialmente contaminada ● Realizadas em tecidos de difícil descontaminação (região axilar, perto do ouvido , do nariz, regiões interdigitais do pé, por exemplo) ● Ferida cirúrgica com penetração nos tratos respiratório, digestório ou geniturinário. ● Condições controladas. ● Sem contaminação não usual (inerente à região). ● Especificamente cirurgias envolvendo o trato biliar, apêndice, vagina e orofaringe são classificadas nesta categoria, sem evidências de infecção ou grande quebra de técnica. ● Estimativa de ocorrência de ISC < 10%. Exemplos: colecistectomia, apendicectomia, perineoplastia, gastrectomia, prostatectomia, nefrectomia. Ferida contaminada (diferente de infectada) ● Ferida aberta, aguda e acidental. 1 ☣ ● Cirurgia com grande quebra na técnica estéril. ● Derramamento grosseiro do trato gastrointestinal. ● Incisões em que se encontra inflamação aguda não purulenta, incluindo tecido necrótico sem evidência de drenagem purulenta. ● Estimativa de ocorrência de ISC 20%. Exemplos: apendicectomia na presença de processo inflamatório, colecistectomia na colecistite aguda, colectomia, redução de fraturas traumáticas recentes expostas (menos de 4h de evolução). Ferida infectada ● Feridas traumáticas antigas (mais de 4h) com tecido desvitalizado retido,supuração, necróticos, corpos estranhos. ● As que envolvem infecção clínica existente. ● Víscera perfurada. ● Secreções purulentas encontradas durante a cirurgia. ● Fraturas expostas (mais de 4h). ● Estimativa de ocorrência de ISC 30 a 40%. Exemplos: apendicectomia supurada, debridamento de lesão por pressão com tecido desvitalizado (úlcera), enterectomia secundária a ruptura de víscera. Diagnóstico ISC Presença de drenagem purulenta pela cicatriz Presença de eritema, edema, calor, rubor, deiscência e abscesso *Principal fonte de informação: exame da ferida operatória ISC – incisional superficial (IS) “Ocorre nos primeiros 30 dias após o procedimento cirúrgico (sendo o 1 º dia a data do procedimento), envolve apenas pele e tecido subcutâneo e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ¨ ● Drenagem purulenta da incisão superficial. ● Cultura positiva de secreção ou tecido da incisão superficial, obtido assepticamente. ● A incisão superficial é deliberadamente aberta pelo cirurgião na vigência de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas: dor, aumento da sensibilidade, edema local, hiperemia ou calor, EXCETO se a cultura for negativa. ● Diagnóstico de infecção superficial pelo cirurgião ou outro médico assistente. ISC – incisional profunda (IP) “Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia (sendo o 1 º dia a data do procedimento), ou até 90 dias, se houver colocação de implantes, envolve tecidos moles profundos à incisão (ex.: fáscia e/ou músculos) e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Drenagem purulenta da incisão profunda, mas não originada de órgão/cavidade. ● Deiscência espontânea profunda ou incisão aberta pelo cirurgião e cultura positiva ou não realizada, quando o paciente apresentar pelo menos 1 dos seguintes sinais e sintomas: febre (T>38ºC), dor ou tumefação localizada. ● Abscesso ou outra evidência de infecção envolvendo tecidos profundos, detectado durante exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção incisional profunda feito pelo cirurgião ou outro médico assistente”. ISC – órgão/cavidade (OC) “Ocorre nos primeiros 30 dias após a cirurgia, ou até 90 dias, se houver colocação de implantes, envolve qualquer órgão ou cavidade que tenha sido aberta ou manipulada durante a cirurgia e apresenta pelo menos UM dos seguintes critérios: ● Cultura positiva de secreção ou tecido do órgão/cavidade obtido assepticamente. ● Presença de abscesso ou outra evidência que a infecção envolve os planos profundos da ferida identificada em reoperação, exame clínico, anatomopatológico ou de imagem. ● Diagnóstico de infecção de órgão/cavidade pelo médico assistente”. 2 ☣ Microorganismos relacionados à ISC ● Geralmente é causada por microrganismos colonizadores da pele e/ou mucosa do próprio paciente. ● Os cocos Gram-positivos são os mais comuns: Staphylococcus aureus e o Staphylococcus coagulase negativo principais patógenos. ● O principal mecanismo de contaminação de ISC é a inoculação direta da microbiota do próprio paciente, principalmente da pele e do sítio manipulado. Outros mecanismos: equipe cirúrgica, material, equipamento e o ambiente. ● A ocorrência depende: capacidade de defesa do hospedeiro + quantidade do agente inoculado + virulência do microrganismo. Recomendações no Pré-operatório → Paciente • Banho / gluconato de clorexidina (recomendada é a clorexidina 2%). • Pomada de mupirocina (borda nasal). • Preparo mecânico do intestino + antibióticos orais pré-operatórios em adultos a serem submetidos a cirurgia colorretal eletiva. • Profilaxia antibiótica em até 120 minutos antes da incisão cirúrgica. • Antissepsia sítio cirúrgico com CHG alcoólico (gluconato de clorexidina (CHG) em solução aquosa ou alcoólica). → Equipe cirúrgica • Escovação e lavagem das mãos. Recomendações intraoperatórias / perioperatórias ● Suporte nutricional. ● Oxigenação (FiO2 80% intraop. e O2 suplementar 2 a 6h pósop). ● Controle glicêmico intensivo para diabéticos e não diabéticos : glicemia abaixo de 180 mg/dL até 24 horas após a anestesia; - CDC : no perioperatório, glicemia < 200mg/dL. ● Normovolemia. ● Uso de campos estéreis. ● Dispositivos de proteção de feridas em cirurgias abdominais potencialmente contaminadas. ● Suturas com fios revestidos com antimicrobianos. ● Antimicrobianos (protocolo da Comissão de Infecção Hospitalar por tipo de cirurgia). Uso de dose efetiva de 0 a 60 minutos antes da incisão cirúrgica. A cefazolina é um dos antibióticos mais utilizados. Se vancomicinae ciprofloxacina a infusão deve ser iniciada 1 a 2 horas antes da incisão. Na maioria das cirurgias uma única dose antes da incisão cirúrgica é suficiente. A profilaxia antibiótica não deve ser estendida por mais de 24 horas. Recomendações Pós-operatório ● Proteger a incisão primariamente fechada com curativo estéril por 24 a 48 horas. ● Trocar o curativo (antes das 24 ou 48 horas) com técnica asséptica se molhar, soltar, sujar ou a critério médico. ● Uso de soro fisiológico 0,9%. ● Educar pacientes e familiares quanto aos cuidados com a incisão, na identificação e notificação de sinais e sintomas relacionados à infecção. 3
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