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Sono e vigília 1 😴 Sono e vigília Ciclo circadiano Sincronização e antecipação das atividades (comportamentais e fisiológicas) com as ambientais Relógio interno com sinalizador temporal: Núcleo supraquiasmático, hipotálamo, diencéfalo. Bilateral, logo acima do quiasma óptico e próximo ao III ventrículo. Remoção bilateral do núcleocausa dessincronização. Osciladores naturais, células marca passo. Potencial de repouso dinâmico, sofre flutuações ao longo do dia, de acordo com as propriedades que também se alteram. Períodos do dia com potencial de repouso mais perto do limiar (mais fácil gerar potenciais de ação) Ciclo de transcrição de proteínas alteram essas propriedades. Alternância de qual proteína está em maior quantidade no citosol. Começo do dia: Transcrição dos genes CLOCK e BMAL1, que geram a síntese das proteínas CLOCK e BMAL. Dependente da luz. União das proteínas formando um dímero, que se transloca para dentro do núcleo e ativa a transcrição de genes (principalmente CRY e PER) para transcrição de proteínas homônimas. União dessas duas proteínas formando um dímero, que se transloca para dentro do núcleo. CRY se liga ao dímero CLOCL-BMAL1, impedindo que esse dímero promova a síntese de proteínas CRY e PER. CRY inibe a própria síntese. PER estimula a transcrição de BMAL1 e CLOCK. Ao longo de 24h: alternância entre aumento de CLOCK e BMAL, depois aumento de CRY e PER. A transcrição não é totalmente dependente da luz (pista ambiental). Sem a luz, o indivíduo terá um ciclo de 24-26 horas, que vai aos poucos se dessincronizar do Sono e vigília 2 ritmo de claro e escuro do ambiente. Estímulos temporizadores Sincronização do ciclo circadiano com os estímulos externos: trato retino- hipotalâmico. Retina: células ganglionares que contém pigmento melanopsina. Luz atinge esse pigmento, que dispara potenciais de ação, que são transmitidos (potenciais excitatórios glutamatérgicos) para o núcleo supraquiasmático. Relógio epitalâmico: envia aferências diversas do tálamo para o núcleo supraquiasmático. Pistas sociais (horário de lazer, turno de trabalho ou estudo, etc). Melatonina: supraquiasmático responde também à melatonina, que é um hormônio da glândula pineal, derivado da serotonina. Secretada durante à noite (fase escura). Pineal detecta luminosidade também pelo trato retino-hipotalâmico. Núcleo supraquiasmático excitado pelas células ganglionares da retina lança sinapses inibitórias para o núcleo paraventricular (silencia esses neurônios). À noite, sem esse estímulo (desde que esteja escuro), não há inibição do núcleo paraventricular, que fica livre para disparar potenciais de ação excitatórios para as células pré ganglionares simpáticas (zona interomediolateral), que excita a glândula pineal, para que ela sintetize e libere melatonina. Melatonina é um sinalizador de sazonalidade: Inverno e outono: noites mais longas, mais melatonina. Regulação de funções metabólicas sazonais (animais: gônadas, hibernação, etc). Núcleo supraquiasmático recebe informações de: trato retino-hipotalâmico, tálamo, glândula pineal. Envia eferências para: núcleos hipotalâmicos (controle visceral, temperatura, hormônio do crescimento, cortisol, etc), prosencéfalo basal (controla comportamentos motivados e regulação do ciclo vigília-sono. Sono e vigília Comportamentos periódicos nítidos com oscilação da atividade, controlado pelo núcleo supraquiasmático. Sono e vigília 3 1/3 do dia dormindo. Privação do sono pode levar à morte. Função do sono não está clara, mas as possibilidades são: Descanso de atividade e restauração de energia Secreção de somatotrofinas (GH, GFs). Crianças e bebês que possuem maior taxa de secreção desses hormônios dormem mais. Restauração do sistema imune: sono causa imunodeficiência, mas pode ser porque a privação de sono é estressora, e o stress causa redução da resposta imunológica. Consolidação da memória: propagação de expressão gênica do hipocampo para o córtex no sono REM. Mamíferos. Sono de ondas lentas: não paradoxal, não REM. Sono mais leve, onde ainda conseguimos nos mover. Poucos sonhos, raros, lógicos, cotidianos. EEG sincronizado: células piramidais corticais disparando em ritmo sincronizado, na mesma taxa e no mesmo momento. Sono e vigília 4 Sono REM: paradoxal. Quase completa atonia (movimento rápido dos olhos apenas). Sonhos frequentes, ilógicos, emocionais, visuais, fantasiosos. EEG dessincronizado. Atividade neuronal localizada e muito aumentada (amígdala, tálamo, etc). Sono não é para descansar o encéfalo. Na vigília, o EEG é dessincronizado. Classificação do sono pelo eletroencefalograma (EEG). Ondas geradas pela atividade sináptica: células piramidais do córtex (árvore dendrítica). Medição feita por eletrodos colocados no couro cabeludo. Sinapse excitatória: disparo do axônio aferente → liberação de glutamato (fenda sináptica) → abertura dos canais de cálcio → corrente positiva no dendrito → negatividade no meio extracelular → difusão da corrente e escape de cálcio pela membrana → meio celular levemente positivo. Eletrodo do EEG mede o padrão da diferença entre locais com fluido extracelular positivo e fluido extracelular negativo. Eletrodo pega a atividade de todos os neurônios piramidais em torno do eletrodo. As ondas do EEG são a soma da atividade elétrica de todos os neurônios da área. Se os neurônios estão sincronizados, o somatório será uma bagunça (dessincronizado), sem padrão claro. Se os neurônios estão sincronizados, o somatório será padronizado, com o traçado do EEG com um padrão mais claro (padrão de ondas lentas, sincronizados). Classificação do sono de ondas lentas a partir da frequência, do ritmo, dos disparos dos neurônios piramidais. Ritmos do EEG: Vigília: Ritmo . Frequência alta, >14Hz. Dessincronizado (várias células recebendo sinais de várias áreas ao mesmo tempo). Sono de ondas lentas: gradual sincronização das ondas, com gradual redução da frequência. Informações sensoriais passam pelo tálamo, que passa a transmitir em modo de “salvas”, com um ritmo mais lento dos disparos de potencial de ação que vão ao córtex. β Sono e vigília 5 Estágio 1: Ritmo (8-13Hz) e (4-7Hz). Estágio de sono mais leve, já em ondas lentas. Ainda tem uma quantidade de movimentos corporais . Estágio 2: Indivíduo mais adormecido. Início de ondas de alta voltagem (fuso de sono e complexo K). Maior sincronização. Estágio 3: Ritmo (0,5-4Hz) e fusos de sono espaçados. Frequência vai diminuindo. Estágio 4: Apenas ritmo . Maior profundidade do sono. Mais difícil de acordar. Maior sincronização cortical e do EEG. Sono paradoxal: dessincronização. REM. Volta para um ritmo > 14Hz, igual ao da vigília. Ritmo . Atonia muscular e movimento rápido dos olhos. Sonhos vívidos e córtex dessincronizado. Padrões de sono Ciclos de sono de +/- 90min entre ondas lentas e sono REM. Início-30min: estágios 1 e 2 do sono de ondas lentas. 30min-1h: estágios 3 e 4 alternados. Sono de ondas lentas. 1h-1h30: sono REM com duração de 20-30min. Repetição a cada 90min com aumento gradual da duração de cada estágio. Humanos adultos: sono monofásico (dormir 1x/dia) com 20% REM. Variações, como sesta, etc. 7h-9h. Bebês: sono polifásico, 18h, sem ritmo até os 4 meses, 80% REM. Proporção do sono REM muito maior. Crianças e idosos: sono bifásico. Cochilo no meio do dia. α θ δ δ β Sono e vigília 6 Ao longo da noite não temos mais estágios 3 e 4? Como que pula direto do 2 para o REM? Envelhecimento: menos sono REM, vão deixando de entrar nos estágios 3 e 4 de ondas lentas (fica no estágio 1 e 2 e passa direto para o REM). Em torno de 90 anos, o sono REM desaparece completamente. Fenômenos autonônicos do sono de ondas lentas Atividade parassimpática e atividade simpática Frequência cardíaca, respiratória, temperatura corporal, taxa metabólica, motilidade gastrointestinal, atividade motora, reflexos musculares, tônus muscular.Sonhos raros e lógicos. Fenômenos autonômicos do sono REM Funções irregulares (podem aumentar ou diminuir): frequência cardíaca e respiratória, pressão arterial, motilidade gastrointestinal. Temperatura corporal tende a temperatura ambiente Taxa metabólica baixa Reflexos musculares e tônus muscular ausentes (atonia, arreflexia). Atividade neural localizada Sonhos frequentes, ilógicos, fantasioso, vívidos e visuais. Controle do ciclo: sistemas de projeção difusa Sincronização de atividade e atenção no encéfalo Existem, no encéfalo, sistemas específicos (para funções específicas, lançam aferências para áreas específicas do encéfalo. Ex. visão, audição, etc). E existem sistemas moduladores com projeções difusas, que controlam o SNC em conjunto. Neurônios difusos da formação reticular do tronco, ou núcleos bulbares e pontinos. Axônios finos, muito generalizados, para várias áreas do SNC. Somas pequenos, axônios finos de baixa velocidade de condução (disparos com frequências regulares de 1 a 10Hz). ↑ ↓ ↓ Sono e vigília 7 Alterações de microclimas neuroquímicos de amplas regiões inervadas. Ex. Sistema de projeção difusa colinérgico. Quanto ativado, microclima de acetilcolina. Quando desativado, várias áreas ficarão sem esse neurotransmissor, ou o terão em menores quantidades. Nomenclatura dos sistemas: neurotransmissor + número. Menor número indica níveis mais caudais. Maior número indica níveis mais rostrais. Exceção: acetilcolina, que recebe condificação contrária. Vias de sistemas mais importantes para o sono e vigília: Vias histaminérgicas (E1-E5) nascem no hipotálamo e se projetam para o córtex, excitatórias ativas na vigília. Modula a atividade cortical. Silenciadas no sono REM. Antihistamínicos que atravessam a barreira hematoencefálica causam sono, pois inibem essa via de vigília. Sistema noradrenérgico: Vias ativadoras ascendentes: A4 e A6: pontinos, do locus ceruleus. Ativo na vigília. Tálamo e córtex. Altamente difusas. Praticamente todo o SNC. Modula excitabilidade global. A5 e A6: pontinos, formação reticular. Descendente. Reduz o tônus muscular no sono. A1: núcleo ambíguo. A3: formação reticular do bulbo. Regiões hipotalâmicas. Controle cardiovascular e endócrino do ritmo sono-vigília. Sistema serotoninérgico: Vias ativadoras ascendentes: saem do núcleo da rafe. B5-B9. Ativos na vigília. Tálamo, cerebelo e córtex. Altamente difusos. Praticamente todo o SNC. Modula excitabilidade global. Sistema colinérgico: Saem dos núcleos colinérgicos da junção ponte-mesencéfalo. Ativos na vigília e sono REM. Neurônios-relés tálamo-corticais: Núcleos específicos do tálamo. Particularidade: canais de cálcio diferentes, ativados na hiperpolarização, inativados durante a despolarização. Disparos cíclicos. Possuem dois modos: Sono e vigília 8 Modo de transmissão: vigília. Ativação permanente por fibras aferentes sensoriais e corticais. Sinapses excitatórias. Neurônios mantidos em alto nível de excitabilidade. São mantidos sempre ligeiramente despolarizados, para facilitar o potencial de ação. Transmissão sináptica altamente eficaz, ativação massiva de dendritos corticais. EEG dessincronizado. Canais de cálcio fechados. Modo de disparo em salvas: ativação dos canais de cálcio especiais no início das ondas lentas: Núcleo reticular talâmico faz uma sinapse inibitória gabaérgica com os núcleos relés talâmicos → entrada de cloreto (já que é GABA) → hiperpolarização → abertura dos canais de cálcio especiais → entrada de cálcio no neurônio → despolarização do neurônio relé → disparo de alguns potenciais de ação → fechamento dos canais de cálcio (já que a célula está despolarizada) → final do estímulo → repolarização → hiperpolarização por nova sinapse gabaérgica. O ciclo continua, e os disparos são: disparo - silenciamento - disparo - silenciamento. Nos neurônios piramidais corticais, a informação chega - para - chega - para de forma sincronizada → o EEG registra o ritmo sincronizado do sono de ondas lentas. Na vigília, o tálamo está no modo de transmissão, porque os sistemas moduladores difusos colinérgicos e aminérgicos bloqueiam o núcleo reticular talâmico → não há sinapse inibitória, e os neurônios relés ficam sempre levemente despolarizados (não há hiperpolarização, logo não há abertura dos canais de cálcio). No sono de ondas lentas, esses sistemas moduladores difusos silenciam, e não há bloqueio do núcleo reticular talâmico. Vigília Sistemas ativadores de projeção difusa ativos, excitando de forma geral o encéfalo. Tronco: colinérgicos, noradrenérgicos, serotoninérgicos (também inibem o núcleo reticular talâmico) Hipotálamo posterior: histamina Núcleo reticular talâmico inativado (sem inibição da despolarização dos neurônios relés, sem hiperpolarização) → Tálamo em modo de transmissão e Sono e vigília 9 córtex dessincronizado Indução do sono e vigília Intensos estimulos sensoriais + produção, no hipotálamo, de orexinas. Orexinas inibem sono e ativam vigília. Agem no locus ceruleus e nos núcleos da rafe, estimulando os sistemas de projeção difusa. Sabemos que há alguma conexão do temporizador circadiano com os sistemas de projeção difusa, mas não sabemos como essa conexão é feita. Ao longo do dia, adenosina lentamente se acumula no espaço intracelular → efeito inibitório nos sistemas ascendentes difusos (um dos modos supostos de como o sono se instala). Durante o sono, os níveis de adenosina caem, e aumenta a atividade dos SAD (sistemas difusos) até acordarmos. Locus ceruleus + rafe + vias colinérgicas aumentam atividade, gerando vigília. Passagem da vigília para o sono de ondas lentas Ativação do hipotálamo anterior (GABA) inibe, no hipotálamo posterior, o sistema de projeção difusa histaminérgico (inativação do sistema de projeção difusa histaminérgico). Acúmulo de adenosina no encéfalo. Redução dos sistemas ativadores de projeção difusa do tronco: colinérgicos, noradrenérgicos e serotoninérgicos (param de inibir o núcleo reticular do tálamo) Núcleo reticular do tálamo livre → liberação de GABA → inibição dos neurônios relés do tálamo → hiperpolarização → início do modo de disparo em salvas. Sincronização dos estímulos talâmicos → sincronização do córtex. 💫 Essa sequência acontece tanto na passagem da vigília para o sono de ondas lentas quanto na passagem do sono REM de volta para o sono de ondas lentas! Sono e vigília 10 Passagem do sono de ondas lentas para o sono REM Silenciamento dos sistemas de projeção difusa noradrenérgicos (locus ceruleus) e serotoninérgicos (núcleos da rafe). Eles estavam reduzidos, agora ficarão totalmente silenciados. Ativação dos núcleos colinérgicos pontinos. Microclima encefálico, que estava aminérgico, torna-se colinérgico. Reativação do tálamo (modo de transmissão) Dessincronização do córtex Alta atividade do córtex visual e da amígdala → aparecimento de ondas de alta voltagem no EEG: complexos pontinogenículos-occipitais (PGO). Gera: sonhos visuais e emocionais, atonia muscular, movimentos rápidos nos olhos. Atonia: estimulação de cadeia neuronal. Vias colinérgicas estimulam neurônios glutamatérgicos, que fazem sinapse com neurônios de glicina (principal neurotransmissor inibitório da medula) → inibição dos neurônios motores inferiores (atonia e hiporreflexia) e inibição das células do núcleo da coluna dorsal → redução da resposta aos estímulos somatossensoriais (difícil acordar no sono REM, mesmo com toque ou alteração de temperatura). REM: ausência de estímulo externo. Sinais endógenos pontinos são transmitidos à região motora do colículo superior, que se projetam para a formação reticular paramedialpontina e para o núcleo intersticial rostral, que fazm o controle do movimento dos olhos. Movimento frequente e rápido. Único movimento muscular que existe no momento. Células que desencadeiam o sono REM: neurônios colinérgicos da ponte. Células que encerram o sono REM: neurôniosnoradrenérgicos (l. ceruleus) e serotoninérgicos (rafe). Sono e vigília 11 No REM os sistemas noradrenérgicos também estão inativos.
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