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A DIFERENTE DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL 1 www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Coordenação de Ensino FAMART http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br A DIFERENTE DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL 2 www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação DIFERENÇAS DE ABORDAGEM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA IONAL http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 3 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação SUMÁRIO AS DIFERENÇAS DE ABORDAGEM DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL ........................................................................ 4 OS AGENTES INSTITUCIONAIS PODEM SER DE TRÊS TIPOS ............................ 10 DIFERENÇA ENTRE A PSICOLOGIA ESCOLAR E A PSICOPEDAGOGIA ............ 14 QUAL O TRABALHO QUE A PSICOPEDAGOGIA PODERIA OFERECER NO TRAB ALHO DE COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL – CRECHES E ESCOLAS? ............................................................................................................... 25 DIAGNÓSTICO E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA .................................... 26 ANAMNESE .............................................................................................................. 32 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 48 http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 4 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação AS DIFERENÇAS DE ABORDAGEM DA PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E DA PSICOPEDAGOGIA INSTITUCIONAL O atendimento da Psicopedagogia Clínica é realizado em centros de atendimento ou clínicas psicopedagógico e as atividades ocorrem geralmente de forma individual. O aspecto institucional ocorre em escolas e organizações educacionais e está mais voltado para a prevenção dos insucessos relacionais e de aprendizagem, se bem que muitas vezes, deve-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária. A Psicopedagogia no campo clínico emprega como recurso principal a realização de entrevistas operativas delicadas e a progressiva resolução da problemática individual e / ou grupal daqueles que a consultam para diagnosticar, orientar, atender em tratamento, investigar os problemas emergentes nos processos de aprendizagem, esclarecer os obstáculos que interferem para haver uma boa aprendizagem, auxiliar no desenvolvimento de atitudes e processos de aprendizagem adequados, realizar o diagnóstico psicopedagógico, com especial ênfase nas possibilidades e perturbações da aprendizagem; bem como prestar esclarecimento e orientação vocacional operativa em todos os níveis educativos. O psicopedagogo, através do diagnóstico clínico, irá identificar as causas dos problemas de aprendizagem. Para isto, ele usará instrumentos tais como, provas operatórias (Piaget), provas projetivas (desenhos), estórias, material pedagógico etc. Na clínica, o psicopedagogo fará uma entrevista inicial com os pais ou responsáveis para conversar sobre horários, quantidades de sessões, honorários, a importância da frequência e da presença, e o que mais ocorrer. No primeiro momento não é recomendável falar sobre o histórico do sujeito, já que isto http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 5 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação poderá atrapalhar a investigação. O histórico do sujeito, desde seu nascimento, será relatado ao final das sessões numa entrevista chamada anamnese, com os pais ou responsáveis. O tratamento poderá ser feito com o próprio psicopedagogo que fez o diagnóstico, ou poderá ser feito com outro psicopedagogo. Neste caso, este último solicitará o informe psicopedagógico para análise. Durante o tratamento são realizadas diversas atividades, com o objetivo de identificar a melhor forma de se aprender e o que poderá estar causando este bloqueio. Para isto, o psicopedagogo utilizará recursos como jogos, desenhos, brinquedos, brincadeiras, estórias, computador e outras coisas que forem oportunas. A criança, muitas vezes, não consegue falar sobre seus problemas e é através de atividades lúdicas que ela poderá revelar a causa de sua dificuldade. É através dos jogos que a criança adquire maturidade, aprende a ter limites, aprende a ganhar e perder desenvolve o raciocínio, aprende a se concentrar, adquire maior atenção. O psicopedagogo solicitará, algumas vezes, as tarefas escolares, observando cadernos, olhando a organização e os possíveis erros, ajudando-o a compreenderem estes erros. Irá ajudar a criança ou adolescente a encontrar a melhor forma de estudar para que ocorra a aprendizagem. O profissional poderá ir até a escola para conversar com o (a) professor (a), afinal é ele ou ela que tem contato diário com o aluno e pode dar muitas informações que possam ajudar no tratamento. O psicopedagogo precisa estudar muito. E muitas vezes será necessário recorrer a outro profissional para conversar, trocar ideias, pedir opiniões. A Psicopedagogia Institucional surgiu da necessidade de se compreender os até então chamados problemas de aprendizagem, via http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 6 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação desenvolvimento cognitivo, afetivo e psicomotor. Porém, é possível constatar que atualmente as construções psicopedagógicas detêm-se nas modalidades de aprendizagem a partir da constituição psicológica, mesológica e histórico- cultural do sujeito, e vem para ampliar o olhar quanto a essas questões, além de propor métodos de intervenção com o objetivo de reintegrar o aluno ao processo de construção do conhecimento, bem como fomentar a reflexão sobre os procedimentos didático-metodológicos e éticos que se dão no ambiente escolar e da sala de aula. A Psicopedagogia no âmbito institucional apresenta-se como corpo teórico que visa integrar várias áreas do conhecimento e luta bravamente pelo reconhecimento da interdependência dos vários aspectos da realidade, e se compromete a estudar os encaminhamentos do indivíduo na sociedade. Um indivíduo que antes de tudo está inserido em grupos, tais como escola, família, empresa, associações e outros. A Psicopedagogia institucional acontecerá em escolas e organizações educacionais, e está mais voltado para a prevenção dos insucessos relacionais e de aprendizagem, se bem que muitas vezes deva-se considerar a prática terapêutica nas organizações como necessária. A Psicopedagogia no âmbito institucional apresenta-se como corpo teórico que visa integrar várias áreas do conhecimento e luta bravamente pelo reconhecimento da interdependência dos vários aspectos da realidade. E se compromete a estudar os encaminhamentos do indivíduo na sociedade. Um indivíduo que antes de tudo está inserido em grupos, tais como aescola, a família, a empresa, as associações e outros. Esses encaminhamentos se processam nas esferas perceptuais e estruturais dos campos cognitivo, afetivo e corpóreo, produzindo “uma forma de estar” consigo e com o http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 7 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação outro que dependendo da natureza desse movimento poderá produzir distorções na sua maneira de apreender a realidade com consequências negativas/positivas na construção de conhecimentos sejam eles formais ou informais. Introduzida no Brasil por mãos argentinas e francesas de psicólogos e psicanalistas, no final da década de 60, a Psicologia Institucional surgiu como um movimento de revisão e crítica do pensamento e da prática profissional, que se restringia aos atendimentos terapêuticos individuais e em consultórios. Além disso, propôs uma alternativa de atuação que não fossem apenas os testes, as terapias e as análises experimentais de comportamento, buscando ampliar os modelos de compreensão teórica e o âmbito de ação dos profissionais da área psicológica. Apoiada em uma espécie de discurso moral, convocou os psicólogos a encararem a sua função social, a sua responsabilidade de se conscientizarem e promover a conscientização de outros do que significa a inserção numa sociedade de classes, dentro de um modo de produção capitalista. Assim, conforme Guirado (1987), o trabalho dos psicólogos, historicamente confinado em consultórios, escolas, hospitais psiquiátricos, e universidades, começou a ser percebido, falado e estudado, dentro da perspectiva de ser ou vir a ser um trabalho “institucional”. Por uma “atuação institucional” começam a ser esboçadas diferentes bases teóricas e propostas de intervenção prática. Segundo Guirado (1987), as técnicas de intervenção em grupos nas organizações de saúde, ensino e trabalho, os grupos operativos e, mais tarde, as tentativas de autogestão passaram a configurar, em alguns círculos profissionais, uma prática dominante que buscava sua extensão e fundamentação em disciplinas dos currículos de Cursos de Psicologia e de Formação de Psicólogos. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 8 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Leituras de obras argentinas, como as de Pichón-Riviére e Bleger, tanto quanto as de origem francesa, como as de Lourau, Lapassade, Mendel, Cooper, Foucault, tornaram-se centros de discussões e foram bases para cursos de extensão e seminários nas décadas de 70 e 80. No Brasil, em meados da década de 70, José Guilhon de Albuquerque, sociólogo e professor de Ciência e Política de São Paulo, destacou-se por sua forma própria de pensar a questão, tornando-se uma referência nacional em Psicologia Institucional. Ainda de acordo com o pensamento de Guirado (1987), uma Psicologia Institucional vai se estabelecendo enquanto inclui, a cada passo, diferentes orientações teóricas e novas configurações da prática profissional. Esta inclusão de diferentes abordagens, no dizer da autora, acaba por fazer com que se confundam os limites da compreensão sobre que psicologia social está sendo feita. Passa a englobar, num mesmo rótulo, toda uma variedade de teorias relativas à intervenção do psicólogo em instituições, bem como as diferentes formas em que esta intervenção se dá. Erroneamente criou-se o conceito de que “Psicologia Institucional” define o que, efetivamente, acontece, quando um psicólogo trabalha em instituições. É sobre essa incorreção que fala Guirado (1987, p. 10): Atribuir à diversidade aqui apontada o nome de Psicologia Institucional, ou seja, usar o termo no singular, é de pouca validade Não se identificam, com isso, as especificidades dos recortes teóricos, nem das práticas de Psicologia em instituições e / ou organizações, sequer se identificam tais práticas na articulação inevitável com outras, relativas a outras profissões e a outras áreas do conhecimento humano. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 9 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Seguindo esse mesmo raciocínio, Baremblitt (1998, p.19) diz: Vamos tratar do chamado Movimento Institucionalista ou Instituente que, como o nome aproximativamente indica, é um conjunto de escolas, um leque de tendências. Não existe nenhuma escola ou tendência que possa dizer que encarna, plenamente, o ideário do movimento institucionalista. Contudo, pode encontrar-se em diversas escolas algumas características em comum. Como estudo introdutório para a compreensão dos processos de diagnóstico e intervenção psicopedagógicos em instituições, segundo a perspectiva do Movimento Institucionalista, é oportuno refletir sobre as contribuições de três das mais conhecidas e discutidas tendências em Psicologia Institucional nos meios acadêmicos, situando as linhas gerais do pensamento de José Bleger, Georges Lapassade e Guilhon Albuquerque. Albuquerque (apud GUIRADO, 1987, p. 49) pensa na instituição dentro de uma perspectiva foucaultiana, analisando as instituições concretas, ou seja, as formas singulares com que o binômio instituição / poder se engendram e produzem discursos. Desta forma, a análise coloca-se fora do espectro de uma totalidade institucional, dominante, direcionando o olhar para as práticas, para as relações entre agentes. A instituição é concebida por Albuquerque (apud GUIRADO, 1987, p. 49) como o conjunto de práticas sociais, configuradas na apropriação de um determinado objeto, um determinado tipo de relação social sobre o qual reivindica o monopólio, no limite com outras práticas. Desta forma, a instituição é concreta, pois é constituída por práticas que podem ser abstraídas a partir da observação do cotidiano, dos rituais, dos discursos. Porém, em nível de análise, não é possível abstrair a totalidade, é necessário efetuar recortes específicos, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 10 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação avaliando aspectos da instituição, como economia e ideologia, que não dirão da totalidade da mesma. Com mais vagar, é importante uma aproximação do que sejam os elementos estruturantes da prática institucional, a fim de clarear este conceito. Assim, Albuquerque (apud GUIRADO, 1987) distingue três elementos: o objeto institucional, o âmbito de ação institucional e os atores. O objeto institucional é aquilo sobre o que a instituição reivindica legitimidade, monopólio de legitimidade. Este objeto constitui-se na própria referência da instituição. Por exemplo, na escola, a relação entre o professor e o aluno (relação pedagógica) e, nas instituições da saúde, o saber médico-científico. O âmbito da ação institucional diz respeito às relações sociais que sustentam o objeto institucional. Dessa forma, na instituição escolar o âmbito de ação da escola é a relação pedagógica. Porém, como o objeto não é plenamente definido e, além disso, há relações e práticas conexas a ele, há várias práticas presentes em uma instituição. Por exemplo, em um hospital, além das práticas ligadas à saúde e à cura, a ação institucional regulamenta as práticas alimentares, morais, religiosas e sexuais de seus “doentes”. Da mesma forma, em uma escola, a ação institucional regulamentaa relação pedagógica bem como as relações sociais decorrentes. Já os atores são os elementos estruturantes das instituições, por serem os que efetivamente a colocam em funcionamento. Os atores formam um grande guarda-chuva que abriga os diversos tipos: agentes (privilegiados, subordinados e pessoal institucional), mandantes, clientela, público e o próprio contexto institucional. OS AGENTES INSTITUCIONAIS PODEM SER DE TRÊS TIPOS: http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 11 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação a) Privilegiados: são aqueles cujas práticas concretizam, imediatamente, a ação institucional – categoria profissional. Nas escolas, os professores; nas instituições de saúde, os médicos; nas empresas, os administradores; nas instituições religiosas, o papa, bispos, clero e religiosos. b) Subordinados, ou subprivilegiados, são igualmente profissionais, mas, ainda em formação, não são plenamente reconhecidos, ou pertencem a categorias profissionais subordinadas, tais como estudantes de Medicina, estagiários ou auxiliares. c) Pessoal institucional é composto pelos empregados, funcionários da instituição e prestadores de serviço indispensáveis à manutenção da organização, mas não diretamente ligados à ação institucional. O Mandante é o ator institucional individual ou coletivo, diante do qual a instituição responde, ou em nome da qual ela age. Relações de mandato: relação de propriedade (sustentação econômica e apropriação da produção); relação de subordinação funcional (corpo de agentes institucionais nomeado pelo mandante); relação de mandato institucional (confere a legitimidade da instituição, tais como Conselho Federal de Medicina - CFM, Ordem dos Advogados Brasileiros – OAB e órgãos de classe). A Clientela compreende os atores concretos, individuais ou coletivos, visados pela ação institucional. Aqueles que, carentes do objeto, posicionam-se enquanto alvo das ações dos agentes. Na escola, os alunos; nos hospitais, os doentes... O Público é o conjunto dos atores coletivos ou individuais para quem a ação institucional é visível (pública), podendo, eventualmente, integrar a clientela. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 12 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação O Contexto Institucional é o conjunto de instituições que se estabelecem e inter-relacionam na sociedade; é a rede de instituições que faz parte do tecido social. A práxis psicopedagógica é entendida como o conhecimento dos processos de aprendizagem nos seus aspectos cognitivos, emocionais e corporais. Em resumo, a Psicopedagogia Clínica diagnostica, orienta, atende em tratamento e investiga os problemas emergentes nos processos de aprendizagem, esclarece os obstáculos que interferem para haver uma boa aprendizagem, favorece o desenvolvimento de atitudes e processos de aprendizagem adequados, realiza o diagnóstico psicopedagógico, com especial ênfase nas possibilidades e perturbações da aprendizagem; prestando esclarecimento e orientação vocacional em todos os níveis educativos. A Psicopedagogia clínica emprega como recurso principal a realização de entrevistas operativas delicadas e a progressiva resolução da problemática individual e/ou grupal daqueles que a consultam. A Psicopedagogia Institucional atua nas diversas instituições, tais como escolas, hospitais e empresas. Seu papel é analisar os fatores que favorecem, intervêm ou prejudicam uma boa aprendizagem em uma instituição. Propõe e ajuda o desenvolvimento dos projetos favoráveis a mudanças. Entre os principais objetivos está conduzir a criança ou adolescente, o adulto ou a instituição a reinserir-se, reciclar-se numa escolaridade normal e saudável, de acordo com as possibilidades e interesses dela; promover a aprendizagem, garantindo o bem estar das pessoas em atendimento profissional, valendo- se dos recursos disponíveis, incluindo a relação interprofissional; atender indivíduos que apresentem dificuldades para aprender por diferentes causas, estando assim, inadaptados social ou pedagogicamente; encorajar aquele que aprende à tornar-se http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 13 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação cada vez mais autônomo em relação ao meio, em interagir com os colegas e resolver os conflitos entre eles mesmos; a ser independente e curioso; a usar iniciativa própria; ter confiança na habilidade de formar ideias próprias das coisas; a exprimir suas ideias com convicção e conviver construtivamente com medos e angústias. A Psicopedagogia tem muito a ensinar sobre o vínculo professor/aluno, professor/escola e sua incidência na construção do conhecimento e na constituição subjetiva de alunos e educadores. Por isso, a Psicopedagogia tem trabalhado com as relações entre as modalidades de ensino da escola e dos professores e as modalidades de aprendizagem de alunos e educadores. A Psicopedagogia oferece inúmeros conhecimentos e formas de atuação para a abertura de espaços objetivos e subjetivos, onde a autoria do pensamento de alunos e professores seja possível e, consequentemente, a aprendizagem ocorra. A Psicopedagogia tem realizado trabalhos com grupos de educadores resgatando suas histórias de aprendizagem, resinificando seus modelos de apreendentes/ ensinantes; têm proporcionado à abertura de espaços vivencias para que os educadores reconheçam a própria autoria de pensamento, permitindo assim que seus alunos também sejam sujeitos pensantes. Espaços onde os educadores se conectam com a angústia de conhecer e de desconhecer redimensionando seus vínculos com os alunos. A natureza da intervenção psicopedagógica reflete duas vertentes. Uma na dimensão terapêutica e outra na dimensão preventiva. E diz respeito não só aos alunos, mas a toda dinâmica desenvolvida dentro da instituição escolar. Essa forma de atuação da Psicopedagogia visa favorecer os mecanismos presentes no aprender e ensinar com o outro, tocando nas questões pertinentes às relações http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 14 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação vinculares do aluno com a escola, com o professor, com o corpo técnico-diretivo, administrativo e de apoio. Reeditar e redefinir os procedimentos pedagógicos integrando todas as dimensões implícitas no saber são ângulos de um mesmo fenômeno e devem ser articulados, refletidos a fim de que se possa configurar numa quebra de paradigmas quanto aos processos educacionais. A Psicopedagogia propõe uma reflexão sobre o inacabamento do homem e a impermanência dos conceitos estabelecidos como imutáveis pelas agências de controle do imaginário: escola, família, igreja, estado. Com uma escuta e olhar diferenciado num processo analítico que se dá a partir do referencial da Matriz Diagnóstica apresentada pela Epistemologia Convergente de Visca (1987), que apoiado em “princípios interacionistas, construtivistas e estruturalistas, possibilita entre outras questões a leitura dos sintomas que emergem na ação e interação social, voltada para o sujeito que aprende”. (BARBOSA, 2001). Portanto, a partir de um referencial interdisciplinar e transdisciplinar como o da Psicopedagogia, é possível estabelecer a convergêncianão só no que diz respeito aos aspectos intrínsecos da educação formal, pois, um novo pensar o mundo / no mundo se faz premente, a fim de que o indivíduo possa conceber seu sentido de futuro e temporalidade significativa. Para gerar a autossustentabilidade psíquica e emocional na convivência como ser inserido na coletividade. DIFERENÇA ENTRE A PSICOLOGIA ESCOLAR E A PSICOPEDAGOGIA http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 15 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação A educação é um processo multidimensional, pois, de fato, ela apresenta uma dimensão humana, uma dimensão técnica e uma dimensão político-social. Estas dimensões não podem ser visualizadas como partes que se justapõem, ou que são acrescentadas, umas às outras, sem guardarem, entre si, uma articulação dinâmica e coerente. Não se trata de propor um ecletismo ou associar de forma meramente superficial elementos oriundos das diferentes perspectivas. O desafio está exatamente em construir uma visão articulada em que partindo de uma perspectiva de educação como prática social, inserida num contexto político- social determinado, não são deixadas em segundo plano as variáveis processuais. Nas civilizações primitivas e nas de baixo nível de desenvolvimento, a transmissão cultural se faz pela simples convivência entre as gerações. Quando, porém os conhecimentos que devem ser transmitidos não são do domínio de todos e seu volume é suficientemente grande a ponto de levar o educando a reservar um tempo necessário para aprendê-los, a transmissão cultural só se torna possível por meio de instituições organizadas, denominadas escolas. Portanto, a escola tem funções sociais específicas, o que a leva ser um espaço onde as atividades, na maioria das vezes, não correspondem à demanda da sociedade. Torna-se um ambiente artificial em que o professor seleciona o conteúdo que deve ser transmitido e aprendido pelo aluno sem levar em conta as experiências, as necessidades e aspirações deste. Ainda encontramos em muitas escolas, o aluno como espectador passivo, pois não participa do processo de transmissão cultural, sendo obrigado a aprender, muitas vezes, conteúdos culturais totalmente desvinculados do contexto em que está inserido, portanto, pouco significativo para ele. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 16 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação É preciso, pois, que o educador se conscientize de que somente fatos concretos conhecidos do educando têm sentido para ele. De outra parte, é preciso transformar a escola, de sistema fechado que é em um sistema aberto em constante interação com o ambiente social a que pertence. “a educação é vista fundamentalmente como um processo de vida pessoal, interpessoal e grupal, e o educador como facilitador deste crescimento” (CANDAU, 1993, p. 46). O trabalho pedagógico deve ser orientado de tal modo que os conhecimentos transmitidos se transformem em “ferramentas” de ação do educando na vida social. Com essa tarefa, em face dos inúmeros obstáculos que se encontra ao tentar- se implantar uma proposta de tal natureza, a escola acaba transformando- se numa agência de informação, em detrimento da formação do educando. A escola que tem a pretensão de preparar o educando para a vida é incoerente ao desenvolver um trabalho no interior de seus muros, distante da realidade social. É necessário transformar essa situação, levando o educando a um contato com a comunidade onde está inserido a fim de desenvolver maior integração social. Ainda é possível encontrar escolas com regulamentos rígidos, ultraexigentes quanto à obediência de suas regras ou normas, e com sua intenção de transmitir o saber sem reflexão, dando a impressão de que está organizada apenas para depositar informações. Ao contrário, escola deve, acima de tudo, ensinar o aluno a pensar. É importante considerar que a escola deve valorizar os muitos saberes do aluno, e que seja oportunizado a ele demonstrar suas reais potencialidades. A escola tem valorizado apenas o conhecimento verbal e matemático, deixando de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 17 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação fora tantos conhecimentos importantes para formação pessoal, intelectual e moral do aprendiz. O sentimento de pertença deve ser estimulado; alguém que se sinta acuado e excluído jamais vai demonstrar as potencialidades que possui. Tornando o ambiente escolar acolhedor, aceitando o aluno como ele é oferecendo meios para que se desenvolva, já é uma garantia de dar certo o trabalho em sala de aula. É necessário que os profissionais da educação adotem uma postura ética em relação ao aluno, que assim como eles convivem em uma sociedade excludente. Portanto, diversificar as situações de aprendizagem é adaptá-las às especificidades dos alunos, é tentar responder ao problema didático da heterogeneidade das aprendizagens, que muitas vezes é rotulada de dificuldades, conforme lembra Candau (1985, p.13): “o objeto de estudo da didática é o processo de ensino- aprendizagem. toda proposta didática está impregnada, implícita ou explicitamente, de uma concepção do processo de ensino- aprendizagem”. É nas relações sociais e na interação com o meio que o indivíduo se constitui e através dos conhecimentos adquiridos que é inserido, de forma mais organizado no mundo cultural e simbólico. É a sociedade, então, que outorga à escola o papel de mediadora nesse processo de inserção no organismo do mundo, sendo ela a responsável por grande parte dessa aprendizagem. Cada sujeito tem uma história pessoal, da qual fazem parte várias histórias: a familiar, a escolar, e outras, que articuladas, atuam na formação do indivíduo. A escola tem, portanto, um papel importante na formação deste sujeito depois da família e que tanto uma quanto a outra podem contribuir para a formação de algumas dificuldades de aprendizagem. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 18 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Na história da educação, destaca-se a Psicologia da Educação, ou Educativa, surgida, especialmente, após a obra Educational Psychology, em 1903, de autoria de Edward L. Thorndike. No contexto da tradição latina, as expressões Psicologia Escolar, Psicopedagogia, Pedagogia Terapêutica, Pedapsicologia (estudo dos componentes psicológicos das situações educativas) desenvolviam-se dentro das chamadas ciências pedagógicas, cujos conteúdos hoje se estudam sob os nomes de Psicopedagogia ou Psicologia Educativa, considerando-se, também, suas especializações. Ao observar os conteúdos que atualmente referem-se à Psicologia Educativa, é possível verificar títulos similares aos dos textos de Pedagogia, didática, planejamento educativo e metodologia do ensino, entre outros, que por séculos orientaram os educadores. É por esse aspecto que os estudiosos da educação não vacilam em destacar que, ainda nas épocas em que não existia a psicologia da educação como disciplina reconhecível sob tal nome, eles já trabalhavam e desenvolviam tal área. Por suposto, que desde seus palcos naturais, as salas de aula, os mesmos educadores incorporavam às ciências da educação conhecimentosprovenientes da psicologia, da biologia e da sociologia, pois, a pedagogia ou teoria da educação, não desprezava aportes de outras áreas do conhecimento. Tanto é que, na área da educação especial, com frequência se veem fonoaudiólogos, psicólogos, oftalmologistas e até psiquiatras, considerando-se educadores especiais. Epistemologicamente, a Psicologia Escolar se localizou dentro das Ciências Pedagógicas. Se lhe reconhece atualmente como uma disciplina completa com suas próprias teorias, métodos de investigação, problemas e técnicas. A psicologia escolar é diferente a outros ramos da psicologia porque seu objetivo fundamental é o entendimento e a melhoria da educação. Em consequência, os psicólogos http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 19 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação escolares estudam os processos e resultados do ensino. Em outras palavras, a psicologia escolar tem foco no estudo psicológico dos problemas cotidianos da educação, a partir dos quais se derivam princípios, modelos, teorias, procedimentos de ensino e métodos práticos de instrução e avaliação, bem como métodos de investigação, análise estatística e procedimentos de medição e avaliação apropriados para estudar os processos afetivos e de pensamento dos estudantes, bem como os processos social e culturalmente complicados das escolas. Diferentemente, a Psicopedagogia, na instituição escolar, tem uma função complexa e por isso provoca algumas distorções conceituais quanto às atividades desenvolvidas pelo psicopedagogo. Numa ação interdisciplinar ela dedica-se a áreas relacionadas ao planejamento educacional e ao assessoramento pedagógico, colaborando com planos educacionais e sanitários no âmbito das organizações, atuando numa modalidade cujo caráter é clínico institucional, ou seja, realizando diagnóstico institucional e propostas operacionais pertinentes. O campo de atuação até então discreto, pode ser classificado também como da modalidade preventiva muito ampla e complexa, mas pouco explorada. Sobre o trabalho psicopedagógico na escola muito há o que fazer. Grande parte da aprendizagem ocorre dentro da instituição escolar, nas relações estabelecidas entre o professor e o aluno, entre o currículo, programas e conteúdos, e com o grupo social escolar enquanto um todo é por isso que se propõe uma visão embasada no modelo sistêmico, onde as relações têm grande relevância. Pensar a escola à luz da Psicopedagogia significa analisar um processo que inclui questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 20 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação ponto de vista de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da sociedade. Historicamente, a intervenção psicopedagógica vem ocorrendo na assistência às pessoas que apresentam dificuldades de aprendizagem. Diante do baixo desempenho acadêmico, alunos são encaminhados pelas escolas, com o objetivo de elucidar a causa de suas dificuldades. A questão fica, desde o princípio, centrada em quem aprende, ou melhor, em quem não aprende. Diferente de estar com dificuldade, o aluno manifesta dificuldades, revelando uma situação mais ampla, onde também se inscreve a escola, parceira que é no processo da aprendizagem. Portanto, analisar a dificuldade de aprender inclui, necessariamente, o projeto pedagógico escolar, nas suas propostas de ensino, no que é valorizado como aprendizagem. A ampliação desta leitura através do aluno permite ao psicopedagogo abrir espaços para que se disponibilizem recursos que façam frente aos desafios, isto é, na direção da efetivação da aprendizagem. No entanto, apesar do esforço que as escolas tradicionalmente despendem na solução dos problemas de aprendizagem, os resultados do estudo psicopedagógico têm servido, muitas vezes, para diferentes fins, sobretudo quando a escola não se dispõe a alterar o seu sistema de ensino e acolher o aluno nas suas necessidades. Assim, se a instituição consagra o armazenamento do conteúdo como fator de soberania, os resultados do estudo correm o risco de serem compreendidos como a confirmação das incapacidades do aluno de fazer frente às exigências, acabando por referendar o processo de exclusão. Na prática, observam-se diferentes tipos de escola segundo tenham existido ou não as condições e o tempo suficientes para estabelecer objetivos comuns, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 21 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação para marcar uma metodologia de base e para explicitar o seu projeto educativo. Em outras palavras, conforme cita Bassedas (2006, p.26), as escolas são instituições que passam por momentos evolutivos diferentes. O estudo psicopedagógico atinge plenamente seus objetivos quando, ampliando a compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem do aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender as necessidades de aprendizagem. Dessa forma, o fazer pedagógico se transforma, podendo se tornar uma ferramenta poderosa. A Psicopedagogia traz à tona o encontro com o prazer de trabalhar, de investigar, de aprender com os alunos (apreendentes). Isso é a busca criativa que leva à libertação da inteligência, a tirar a criatividade do casulo, a desprender- se, deixar solto o pensar, a conhecer e fazer crescer o ser humano. Assim reflete Fernández (2001, p.90): na aprendizagem, a primeira representação do conhecimento também pouco está diferenciada do outro, mas implica um investimento primordial do conhecimento. Em um momento posterior, será investido o ato de conhecer e de pensar e, a partir daí, o conhecimento, diferenciando-o do seu portador. Modificar a modalidade de ensino e recuperar o prazer de ensinar e aprender é o que ensina a Psicopedagogia. É importante destacar que o papel da Psicopedagogia na formação e postura dos professores que atuam diretamente com o aluno tem sido ainda tímido e insuficiente devido a questões educacionais estruturais. Contudo, a didática, com um olhar psicopedagógico inserida na sala de aula, pode prevenir inadequações na relação do sujeito com o saber. À medida que o educando se sente de posse do seu processo de aprendizagem e se torna o polo central do mesmo, ele se mobiliza para a busca http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 22 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação do saber. Uma didática com um olhar psicopedagógico revoluciona a inter-relação professor-aluno. Se de um lado o aluno é visto de um modo integrativo e participa da construção do conhecimento, de outro é indispensável uma transformação na postura do professor. É importante que o educador tenha os cuidados necessários para permitir que a autonomia do educando avance sem que ele, educador se sinta ameaçado e não exija mais que o aluno pode dar. Ao facilitar e organizar o processo produtivo de aprendizagem o educador deve assegurar a todos a prática e a vivência, a possibilidade de observar e construir o conhecimento. Um novo olhar para a didática atua não só no interior do aluno ao sensibilizar para a construção do conhecimento, levando em consideração os desejos do aluno, mas requer umatransformação interna do professor. Para que o professor se torne um elemento facilitador que leve o educando ao desenvolvimento da auto percepção, percepção do mundo e do outro, integrando as três dimensões, deve estar aberto e atento para lidar com questões referentes ao respeito mútuo, relações de poder, limites e autoridade. Aprender supõe um sujeito que se historia assim ele não se perde no tempo tornando-se um ser aprendem-te enquanto registra sua presença e a torna significativa. Para aprender, são necessários dois personagens: o ensinam-te e o aprendem-te. Deve existir, também, um vínculo entre ambos e das modalidades de aprender e ensinar de cada um. É preciso contar com a aprendizagem do professor também, não só do aluno. Os cursos de formação docente, preocupados com os estágios supervisionados, deixam de pensar na construção subjetiva do professor e do aluno e na trama que se estabelece entre as questões da ordem objetiva e subjetiva nos processos de aprender. O campo do saber da http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 23 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação psicopedagogia oferece subsídios para a postura do professor reconhecer sua modalidade de aprender. A intervenção psicopedagogia não pode configurar-se da mesma maneira quando direcionada para o contexto escolar e quando oferecida a uma família; os instrumentos e as estratégias utilizadas irão variar conforme a orientação esteja direcionada a um adolescente ou a um trabalhador que, na sua maturidade, precisa redefinir sua trajetória profissional. (SOLÉ, 2001, p. 28). A sala de aula é um espaço, por excelência, saudável onde o perguntar é valorizado e o eleger é possível: um ambiente que promova aprendizagens significativas valorize a relação professor-aluno e influencie o desenvolvimento do pensar. Um ambiente aberto ao questionamento e ao diálogo encoraja os alunos a serem criativos e autônomos, ao contrário do ambiente autoritário, cuja ênfase recai sobre a memorização. A atitude do aprender deixa de ser uma mera atividade porque recebe a influência do ambiente. Neste contexto do aprender, a Psicopedagogia contribui quando diz que seu objeto de estudo é o sujeito em situação de aprendizagem. E no processo ensino- aprendizagem, ao colocar em jogo o corpo, o organismo, a inteligência e o desejo, desnuda-se o conhecimento e libertam-se as inibições. É nesse jogo simbólico que se busca a energia e se refaz sempre o pensar. É nos embates e nas contradições que se encontra a dinâmica e a diversidade nas situações cotidianas e imediatas da sala de aula. É este o jogo da aprendizagem. A participação do professor, por inteiro, (corpo, organismo, inteligência e desejo) nessa relação, na sala de aula, no processo ensino-aprendizagem demanda a participação dos alunos também por inteiro. Conforme lembra http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 24 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Fernández (1991, p.62): “o organismo, transversalizado pela inteligência e o desejo, irá se mostrando em um corpo, e é deste modo que intervém na aprendizagem, já corporizado”. É um processo de “intercomplementaridade”, isto é, não é produzido nem só pelo professor e nem só pelo aluno. É uma atividade de inter-relação entre os dois sujeitos e é nessa inter-relação que a identidade se concretiza e vai se concretizando, afinal todos são atores e protagonistas da própria história. Sob a denominação "Psicopedagogia” formaram-se os primeiros psicólogos escolares, os orientadores e os especialistas em problemas de aprendizagem, seja no ensino regular, na pré-escola ou na educação especial. A explosão do conhecimento em cada uma das anteriores áreas gerou carreiras separadas, dentro das citadas áreas de educação. Hoje, consideram-se integrantes da psicologia educativa os orientadores, os educadores especiais, os psicólogos da educação, os especialistas em pré-escolar e os especialistas em problemas de aprendizagem, entre outros. Os psicólogos educativos, sob qualquer das denominações que assinalam sua especialidade, conhecem desde o primeiro momento de sua carreira o âmbito de seu futuro exercício profissional. A escola, o currículo, os educadores e os educandos conforme seu universo particular Como profissionais relacionados com o ensino e a aprendizagem reconhecem sua responsabilidade na orientação daqueles educandos, seja por limitações, objeto da educação especial, ou por outras circunstâncias que precisem de sua intervenção. Em situações específicas, podem realizar encaminhamentos a profissionais da Psicologia, Fonoaudiologia ou médicos em geral. Resumidamente, é possível diferenciar a Psicopedagogia da Psicologia Escolar, de três formas: http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 25 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação 1. Diferença quanto à origem histórica. A Psicologia Escolar surgiu para explicar o fracasso escolar, enquanto a Psicopedagogia surgiu como um trabalho clínico dedicado ao trabalho com aqueles que apresentavam dificuldades na aprendizagem por problemas específicos. 2. Diferença quanto à formação: A Psicologia Escolar é uma especialização do curso de graduação em Psicologia, enquanto o curso de Psicopedagogia é um curso de especialização, que recebe graduados em diversos cursos. 3. Diferença em relação ao campo de atuação: talvez esta seja a diferença mais significativa. O trabalho da Psicologia Escolar se realiza nos limites da Psicologia, enquanto o trabalho Psicopedagógico se realiza na interface entre a Psicologia e a Pedagogia ou, mais recentemente, na interface entre a Psicanálise e a Pedagogia. Neste último caso, busca entender e intervir no processo de ensino e aprendizagem, levando em conta o inconsciente e a relação transferencial. QUAL O TRABALHO QUE A PSICOPEDAGOGIA PODERIA OFERECER NO TRAB ALHO DE COORDENAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL – CRECHES E ESCOLAS? Embora a Psicopedagogia esteja voltada para o processo de aprendizagem formal e seus problemas, pode contribuir com o trabalho realizado na educação infantil, sobretudo na prevenção de futuros problemas de aprendizagem. Nesse sentido, pode oferecer parâmetros do desenvolvimento infantil e do processo de organização psíquica. Estes parâmetros podem apontar direções para o planejamento de atividades a serem realizadas com as crianças, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 26 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação assim como sinalizar eventuais dificuldades que as crianças dessa faixa etária podem apresentar. Adiantando alguma coisa sobre isso se pode dizer que a brincadeira é a atividade privilegiada da infância. Isso lhe ajuda tanto na sua constituição psíquica como no seu processo de desenvolvimento, de aprendizagem e de sociabilização. Os educadores que se dedicam aos pré-escolares devem ter isso em mente e privilegiar também essa atividade na proposta de tarefas. Se houver interesse de sua parte no curso de Psicopedagogia, é importante buscar um que contenha uma disciplina dedicada aos jogos e brincadeiras. DIAGNÓSTICO E A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA O psicopedagogo usa o diagnóstico psicopedagógico para detectar os problemas de aprendizagem.Rubinstein (1996) compara o diagnóstico psicopedagógico a um processo de investigação, onde o psicopedagogo assemelha- se a um detetive à procura de pistas, selecionando-as e centrando-se na investigação de todo o processo de aprendizagem, levando em conta todos os fatores envolvidos nesse processo. Para Rubinstein (1999), o diagnóstico psicopedagógico é em si mesmo uma intervenção, pois o psicopedagogo tem que interagir com o cliente, a família, e a escola, que são partes envolvidas na dinâmica do problema de aprendizagem. Rubinstein (1996, p.128) reforça que “durante e após o processo diagnóstico serão construídos um conhecimento e uma compreensão a respeito do processo de aprendizagem". Isso permite que o psicopedagogo tenha maior clareza a respeito dos objetivos a serem alcançados no atendimento psicopedagógico. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 27 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Mas quais são os recursos que o psicopedagogo pode utilizar para realizar o diagnóstico e a intervenção psicopedagógica? O Código de Ética da Psicopedagogia, em seu Capítulo I - Dos Princípios, artigo 1º., afirma que o psicopedagogo pode utilizar procedimentos próprios da Psicopedagogia. Neste sentido, realizando o diagnóstico psicopedagógico, o psicopedagogo está utilizando procedimentos próprios de sua área de atuação. Já o artigo 2º. Do mesmo documento, enfatiza o caráter interdisciplinar da Psicopedagogia, destacando o uso de recursos das várias áreas do conhecimento humano para a compreensão do ato de aprender, também mencionando o uso de métodos e técnicas próprias. Rubinstein (1992) destaca que o psicopedagogo pode realizar a entrevista com a família; investigar o motivo da consulta; levantar a história de vida da criança, realizar a anamnese, entrevistar o cliente, fazer contato com a escola e outros profissionais que atendam a criança, manter os pais informados do estado da criança e da intervenção que está sendo realizada e realizar encaminhamento para outros profissionais, quando necessário. Os recursos apontados por Rubinstein são instrumentos para a realização do diagnóstico e intervenção psicopedagógica. Porém, Bossa (1994) destaca outros recursos para o diagnóstico psicopedagógico tais como as Provas de Inteligência (W isc), Testes Projetivos, Avaliação Perceptomotora (teste Bender), Teste de Apercepção Infantil (CAT), Teste de Apercepção Temática(TAT), além das provas de nível de pensamento (Piaget), avaliação do nível pedagógico ( nível de escolaridade), desenho da família, desenho da figura humana, HTP (House, Tree and Person, ou Casa, Árvore e Pessoa); testes psicomotores, lateralidade e estruturas rítmicas. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 28 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Rubinstein (1992), assim como Fernandéz (1991) e Paín (1985) sugere, também, o uso de jogos considerando que o sujeito através deles pode manifestar, sem mecanismos de defesa, os desejos contidos em seu inconsciente. Além do mais, no enfoque psicopedagógico, os jogos representam situações-problema a serem resolvidas, pois envolvem regras, apresentam desafios e possibilitam observar como o sujeito age frente a eles, qual sua estrutura de pensamento e como reage diante de dificuldades. Levando-se em conta que o sujeito possui poucos recursos (vocabulário, por exemplo) para se comunicar expressar o que sente e o que deseja, os jogos, desenhos e brincadeiras podem facilitar manifestar o que sente. Sendo assim, cabe ao psicopedagogo estar atento para fazer a leitura e análise das mensagens que o sujeito está lhe enviando. Conforme Rubinstein (1992), o diagnóstico psicopedagógico possui uma dinâmica muito particular, fazendo com que o psicopedagogo participe ativamente do processo psicopedagógico, contrariando os padrões onde o terapeuta adota uma atitude estática diante da dinâmica do caso. A conduta dinâmica proposta por Rubinstein (1992) no diagnóstico psicopedagógico é a Avaliação Assistida que, conforme Linhares (1995, p.23), refere-se à avaliação assistida como sendo a "combinação entre avaliar e intervir ensinando diretamente o examinando durante o processo de avaliação". A avaliação assistida, ou avaliação dinâmica, está fundamentada na teoria sócio-construtivista proposta por Vygotsky, a qual aborda a "aprendizagem mediada e a zona de desenvolvimento proximal". Conforme Linhares (1995), a aprendizagem mediada enfatiza que os eventos são selecionados, ordenados, filtrados e dotados de significado específico por agentes mediadores, com o objetivo de modificar o repertório das crianças e estimular a manifestação de níveis mais elevados de http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 29 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação funcionamento, com o objetivo da criança reveler seu potencial para a aprendizagem. Este conceito de aprendizagem mediada influenciou a avaliação do desempenho intelectual, e vários estudiosos propuseram maior ênfase no potencial de aprendizagem do que no desempenho real. Este novo enfoque está fundamentado na teoria de Vygotsky, precisamente em seu conceito de "zona de desenvolvimento proximal". Neste sentido, o "examinador" verifica a convergência entre o desenvolvimento e a aprendizagem. A diferença entre avaliação assistida e a avaliação padronizada, segundo Linhares (1995), está no fato de que a primeira se caracteriza pelo fator dinâmico, já a segunda se caracteriza como estática. O quadro abaixo mostra as características entre ambas as avaliações. AVALIAÇÃO ASSISTIDA AVALIAÇÃO PADRONIZADA Dinâmica Estática É flexível Possui instruções padronizadas Valoriza o conhecimento adquirido e resolução de problemas. O avaliador possui comportamento pautado pelo manual do teste. Dá ênfase em como o conhecimento é adquirido. Valoriza produtos de aprendizagem. Resultados: indicadores do processo de aprendizagem Resultados: comparar indivíduos baseando-se em seus escores com grupos de referência Tabela 1: Comparação entre Avaliação Assistida e Padronizada. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 30 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Para Linhares (1995) deve-se levar em conta quatro dimensões para caracterizar a avaliação assistida, as quais são compostas pela Interação (onde as ações são compartilhadas entre os sujeitos envolvidos); Método (pode ser estruturado de acordo com o grau de interação entre o sujeito e o examinador, ainda na maneira de incorporar as intervenções de ajuda no processo da avaliação, podendo ser clínico ou estruturado); Conteúdo que se deseja ensinar; e Foco (é o desempenho potencial revelado através da condição de assistente). Com relação ao Método, Linhares (1995) destaca que, como as intervenções de ajuda no método clínico são menos sistematizadas, assim como as intervenções se processam de modo flexível ao longo da avaliação, então fica difícil separar o desempenho inicial de base (que ocorre sem ajuda) do desempenho potencial (que pode ocorrer através da mediação). Deste modo, o método clínico permite a avaliação qualitativa mais geral do desempenho do examinado, enquanto que o método estruturadoenvolve a intervenção de ajuda mais sistematizada. Nele pode- se estabelecer uma estruturação no processo de avaliação. Separa-o em fases que se diferenciam pelo fato de serem sem assistência ao educando e com assistência. Na fase de ajuda, no método estruturado, é prevista a direção que se pode tomar. Mas, pode variar a forma e a quantidade de ajuda oferecida. Em relação ao conteúdo, Linhares (1995) destaca que com a avaliação assistida pode- se avaliar as habilidades de domínio geral cognitivo: operações cognitivas e raciocínio; as habilidades de domínio específico como a compreensão da leitura, consciência fonológica e habilidades aritméticas. Como o Foco é o desempenho do potencial da criança, revelado através da condição de assistência que se dá ao educando, pode-se identificar a região de sensibilidade à instrução do examinado; a velocidade de aprendizagem e a http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 31 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação amplitude de transferência; crianças com altos escores que apresentam bom desempenho na fase de investigação, independente da assistência; estimular a localização do desenvolvimento potencial na zona de desenvolvimento proximal. Levando em conta as características da avaliação assistida, Linhares (1995, p. 29), considera que "a avaliação assistida parece ser uma modalidade de avaliação promissora, especialmente para crianças classificadas como deficientes mentais ou referidas como apresentando dificuldades de aprendizagem". Outro recurso para o diagnóstico psicopedagógico é o LPAD (Learning Potencial Assessment Device). Tanto Rubinstein (1992) quanto Linhares (1995), referem- se ao LPAD (Learning Potencial Assessment Device) proposto por Feuerstein (apud BEYER, 1996), como sendo um método dinâmico de caráter diagnóstico para avaliar o potencial cognitivo dos sujeitos com problemas de aprendizagem. Rubinstein (1992) destaca que Feuerstein considera os métodos tradicionais de avaliação insuficientes para avaliar a capacidade de aprendizagem dos indivíduos, enquanto que Linhares aponta o LPAD como sendo o instrumento dinâmico para avaliar o potencial cognitivo, incluindo o mapeamento das funções cognitivas deficientes. Rubinstein (1992) ainda enfatiza um segundo material desenvolvido por Feuerstein o PEI (Instrumental Enrichment), o qual visa a modificabilidade cognitiva estrutural, combatendo e corrigindo funções cognitivas abrangentes que instalam, reforçam os princípios cognitivos fundamentais ao nível operacional abstrato. Também sobre este tópico, no site www.institutoipb.com.br você pode encontrar o curso: Instrumentos de Avaliação Psicopedagógico com detalhamento dos processos citados neste tópico e, inclusive, com dicas práticas para o atendimento clínico e institucional no âmbito da psicopedagogia. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br http://www.institutoipb.com.br/ DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 32 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação ANAMNESE Fernández (1991) afirma que o diagnóstico, para o terapeuta, deve ter a mesma função que a rede para um equilibrista. É ele, portanto, a base que dará suporte ao psicopedagogo para que este faça o encaminhamento necessário. É um processo que permite ao profissional investigar, levantar hipóteses provisórias que serão ou não confirmadas ao longo do processo recorrendo, para isso, a conhecimentos práticos e teóricos. Esta investigação permanece durante todo o trabalho diagnóstico através de intervenções e da “escuta psicopedagógica”, para que “se possa decifrar os processos que dão sentido ao observado e norteiam a intervenção”. (BOSSA, 2000, p. 24). Na Epistemologia Convergente todo o processo diagnóstico é estruturado para que se possa observar a dinâmica de interação entre o cognitivo e o afetivo de onde resulta o funcionamento do sujeito (BOSSE, 1995, p. 80) Conforme W eiss (2003, p. 32), o objetivo básico do diagnóstico psicopedagógico é identificar os desvios e os obstáculos básicos no Modelo de Aprendizagem do sujeito que o impedem de crescer na aprendizagem dentro do esperado pelo meio social. O diagnóstico possui uma grande relevância tanto quanto o tratamento. Ele mexe de tal forma com o paciente e sua família que, por muitas vezes, chegam a acreditar que o sujeito teve uma melhora ou tornou-se agressivo e agitado no decorrer do trabalho diagnóstico. Por isso deve-se fazer o diagnóstico com muito cuidado observando o comportamento e mudanças que isto pode acarretar no sujeito. Para ilustrar como o diagnóstico interfere na vida do sujeito e sua família, é possível recorrer a um exemplo de Weiss (2003, p.33): http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 33 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Uma paciente, uma adolescente de 18 anos cursando a 7ª. série de escola especial, queixou-se à mãe que ela (Weiss) estava forçando-a a crescer. Ela conseguiu fazer a elaboração deste pensamento porque tinha medo de perder o papel na família da doente que necessitava de atenção exclusiva para ela. A família percebeu que isto realmente poderia acontecer e era isto também que sustentava seu casamento “já acabado”. Concordou com a terapeuta em interromper o diagnóstico. Bossa (2000, p.96) frisa que a forma de se operar na clínica para se fazer um diagnóstico varia entre os profissionais dependendo da postura teórica adotada. Já na linha da Epistemologia Convergente, Visca (1987, p.69) destaca que o diagnóstico começa com a consulta inicial (dos pais ou do próprio paciente) e encerra com a devolução. Antes de se iniciar as sessões com o sujeito, é necessário realizar uma entrevista contratual com os pais ou responsáveis, objetivando colher informações, tais como: a) identificação da criança: nome, filiação, data de nascimento, endereço, nome da pessoa que cuida da criança, escola que frequenta, série, turma, horário, nome da professora, irmãos, escolaridades dos irmãos, idade dos irmãos. b) motivo da consulta; c) indicação para a assistência de um psicopedagogo; d) atendimento anterior (caso houver); e) expectativa da família e da criança; f) esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 34 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação g) definição de local, data e horário para a realização das sessões e honorários. Visca (1991) propõe o seguinte Esquema Sequencial baseado na Epistemologia Convergente: Ações do entrevistador Procedimentos Internos do Entrevistador EOCA 1º sistema de hipóteses Linhas de investigação Testes Escolha de instrumentos 2º sistema de hipóteses Linhas de investigação Anamnese Verificação e decantação do 2º sistema de hipótese. Formulação do 3º sistema de hipóteses Elaboração do Informe Elaboração de uma imagem do sujeito (irrepetível) que articula a aprendizagem com os aspectos estruturais, a – historias e históricos que a condicionem. energéticos .Observa-se, no quadro acima, que Visca (apud VISCA, 1987, p.70) propõe iniciar o diagnóstico com a EOCA e não com a anamnese argumentando que: Os pais, invariavelmente ainda que com intensidades diferentes, durante a anamnese tentam impor sua opinião, sua ótica,consciente ou inconscientemente. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 35 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Isto impede que o agente corretor se aproxime „ingenuamente‟ do paciente para vê- lo tal como ele é, para descobri-lo. Os profissionais que optam pela linha da Epistemologia Convergente realizam a anamnese após as provas, para que não haja “contaminação” pelo bombardeio de informações trazidas pela família, o que acabaria distorcendo o olhar sobre aquela criança e influenciando no resultado do diagnóstico. Porém, alguns profissionais iniciam o diagnóstico com a anamnese. É o caso de W eiss (1994), conforme a sequência diagnóstica que propõe: 1º. Entrevista Familiar Exploratória Situacional (E.F.E.S.); 2º. Anamnese; 3º. Sessões lúdicas centradas na aprendizagem (para crianças); 4º. Complementação com provas e testes (quando for necessário); 5º. Síntese Diagnóstica – Prognóstico; 6º. Devolução – Encaminhamento. Esta diferença não altera o resultado do diagnóstico, porém é preciso que o profissional acredite na linha em que escolheu para seu trabalho psicopedagógico. A realização da EOCA tem a intenção de investigar o modelo de aprendizagem do sujeito sendo sua prática baseada na psicologia social de Pichón Rivière, nos postulados da psicanálise e método clínico da Escola de Genebra (apud BOSSA, 2000, p. 44). Para Visca (1987, p.72), a EOCA deverá ser um instrumento simples, porém rico em seus resultados. Consiste em solicitar ao sujeito que mostre ao entrevistador o que ele sabe fazer, o que lhe ensinaram a fazer e o que aprendeu a fazer, utilizando-se de materiais dispostos sobre a mesa, após a seguinte observação do entrevistador: “este material é para que você o use se precisar para http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 36 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação mostrar-me o que te falei que queria saber de você”. O entrevistador poderá apresentar vários materiais, tais como: folhas de tamanho A4, borracha, caneta, tesoura, régua, livros ou revistas, barbante, cola, lápis, massa de modelar, lápis de cor, lápis de cera, quebra-cabeça ou ainda outros materiais que julgar necessários. O entrevistado tende a comportar-se de diferentes maneiras após ouvir as orientações iniciais. Alguns, imediatamente, pegam o material e começam a desenhar ou escrever; outros começam a falar; outros pedem que lhe digam o que fazer, e outros simplesmente ficam paralisados. Neste último caso, Visca (1987, p.73) propõe empregar o que ele chamou de modelo de alternativa múltipla, cuja intenção é desencadear respostas por parte do sujeito. Visca (1987, p.73) exemplifica como deve ser conduzida essa situação: “você pode desenhar, escrever, fazer alguma coisa de matemática ou qualquer coisa que lhe venha à cabeça”. Pain (1985, p.53) fala sobre esta falta de ação na atividade “a hora do jogo” (atividade trabalhada por alguns psicólogos ou psicopedagogos, que não se aplica à Epistemologia Convergente, porém é interessante citar para perceber- se a relação do sujeito com o objeto): No outro extremo encontramos a criança que não toma qualquer contato com os objetos. Às vezes se trata de uma evitação fóbica que pode ceder ao estímulo. Outras vezes se trata de um desligamento da realidade, uma indiferença sem ansiedade, na qual o sujeito se dobra às vezes sobre seu próprio corpo e outras vezes permanecem numa atividade quase catatônica. Piaget (apud VISCA, 1991, p.41), coloca que: http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 37 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação O indivíduo não atua senão quando experimenta a necessidade; ou seja; quando o equilíbrio se acha momentaneamente quebrado entre o meio e o organismo, a ação tende a reestabelecer este equilíbrio, quer dizer, precisamente, a readaptar o organismo... De acordo com Visca (1987, p.73), o que interessa observar na EOCA são os conhecimentos, atitudes, destrezas, mecanismos de defesa, ansiedades, áreas de expressão da conduta, níveis de operatividade, mobilidade horizontal e vertical etc. É importante observar, também, três aspectos que fornecerão um sistema de hipóteses a serem verificados em outros momentos do diagnóstico (Id. Ibid., p.73): a) A temática: é tudo aquilo que o sujeito diz, tendo sempre um aspecto manifesto e outro latente; b) A dinâmica: é tudo aquilo que o sujeito faz, ou seja, gestos, tons de voz, postura corporal etc. A forma de pegar os materiais ou sentar-se são tão ou mais reveladores do que os comentários e o produto. c) O produto: é tudo aquilo que o sujeito produz ou deixa no papel. Visca (1987) observa que o que obtemos nesta primeira entrevista é um conjunto de observações que deverão ser submetidas a uma verificação mais rigorosa, constituindo o próximo passo para o processo diagnóstico. É da EOCA que o psicopedagogo extrairá o primeiro sistema de hipóteses e definirá sua linha de pesquisa. Logo após são selecionadas as provas piagetianas para o diagnóstico operatório, as provas projetivas psicopedagógicas e outros instrumentos de pesquisa complementares. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 38 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Visca (1995, p.11) reuniu as provas operatórias aplicadas no método clínico da Escola de Genebra por Piaget, no qual expõe sucintamente os passos em que usou com grupos de estudo e cursos para o ensino do diagnóstico psicopedagógico, comentando o porquê de cada passo. A aplicação das provas operatórias tem como objetivo determinar o nível de pensamento do sujeito, realizando uma análise quantitativa, e reconhecer a diferenças funcionais realizando um estudo predominantemente qualitativo. Visca (1995, p.11) alerta que as provas “nem sempre são entendidas adequadamente, nem utilizadas de acordo com todas as possibilidades que as mesmas possuem”. Provavelmente, isto se deve a certa dificuldade em sua correta aplicação, evolução e extração das conclusões úteis para entender a aprendizagem. Segundo Weiss (2003, p.106): As provas operatórias têm como objetivo principal determinar o grau de aquisição de algumas noções-chave do desenvolvimento cognitivo, detectando o nível de pensamento alcançado pela criança, ou seja, o nível de estrutura cognitiva com que opera. Weiss (2003) alerta, ainda, para que não se aplique várias provas de conservação em uma mesma sessão, para se evitar a contaminação na forma de resposta. Observa que o psicopedagogo deverá fazer registros detalhados dos procedimentos da criança, observando e anotando suas falas, atitude, respostas dadas às questões, argumentos e juízos, como o material é arrumado etc. Isto será fundamental para a interpretação das condutas. Para a avaliação, as respostas são divididas em três níveis: http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 39 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Nível 1: não há conservação, o sujeito não atinge o nível operatório nesse domínio; Nível 2 ou intermediário: as respostas apresentam oscilações, instabilidadeou não são completas. Em um momento conservam, em outro não; Nível 3: as respostas demonstram aquisição da noção sem vacilação. Weiss (2003, p.111) fala sobre as diferentes condutas em provas distintas: Pode ocorrer que o paciente não obtenha êxito em apenas uma prova, quando todo o conjunto sugere a sua possibilidade de êxito. Pode-se ver se há um significado particular para a ação dessa prova que sofra uma interferência emocional: encontramos várias vezes crianças, filhos de pais separados e com novos casamentos dos pais, que só não obtinham êxito na prova de intersecção de classes. Podemos ainda citar crianças muito dependentes dos adultos que ficam intimidadas com a contra-argumentação do terapeuta, e passam a concordar com o que ele fala, deixando de lado a operação que já são capazes de fazer. Em relação a crianças com alguma deficiência mental, Weiss (2003, p.111- 112) diz que: No caso de suspeita de deficiência mental, os estudos de B. Inhelder (1944) em “El diagnóstico del razonamiento en los débiles mentales” mostram que os oligofrênicos (QI 0-50) não chegam a nenhuma noção de conservação; os débeis mentais (QI 50-70) chegam a ter êxito na prova de conservação de substância; os fronteiriços (QI 70-80) podem chegar a ter sucesso na prova de conservação de peso; os chamados de inteligência normal “obtusa” ou “baixa”, podem obter êxito em provas de conservação de volume, e às vezes, quando bem trabalhados, podem atingir o início do pensamento formal. http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 40 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Visca (2005) também reuniu provas projetivas, cuja aplicação tem como objetivo investigar os vínculos que o sujeito pode estabelecer em três grandes domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, através dos quais é possível reconhecer três níveis em relação ao grau de consciência dos distintos aspectos que constituem o vínculo de aprendizagem. Sobre as provas projetivas, Weiss (2003, p. 117) observa que: O princípio básico é de que a maneira do sujeito perceber, interpretar e estruturar o material ou situação reflete os aspectos fundamentais do seu psiquismo. É possível, desse modo, buscar relações com a apreensão do conhecimento como procurar, evitar, distorcer, omitir, esquecer algo que lhe é apresentado. Podem-se detectar, assim, obstáculos afetivos existentes nesse processo de aprendizagem de nível geral e especificamente escolar. Para Paín (1985, p. 61), o que se pode avaliar através do desenho ou relato é a capacidade do pensamento para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. Também permitirá avaliar a deteriorização que se produz no próprio pensamento. O pensamento fala através do desenho onde se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade de saber como o sujeito ignora. De acordo com a Epistemologia Convergente, após a aplicação das provas operatórias e das técnicas projetivas, o psicopedagogo levantará o segundo sistema de hipóteses e organizará sua linha de pesquisa para a anamnese que, como já foi visto, terá lugar no final do processo diagnóstico, de modo a não contaminar previamente a percepção do avaliador. Weiss (2003, p.106) reforça que: As observações sobre o funcionamento cognitivo do paciente não são restritas às provas do diagnóstico operatório; elas devem ser feitas ao longo do http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 41 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação processo diagnóstico. Na anamnese verifica-se com os pais como se deu essa construção e as distorções havidas no percurso. A anamnese é uma das peças fundamentais deste quebra-cabeça que é o diagnóstico. Através dela serão reveladas as informações do passado e presente do sujeito, juntamente com as variáveis existentes em seu meio. Será observada, também, a visão da família sobre a história da criança, seus preconceitos, expectativas, afetos, conhecimentos e tudo aquilo que é depositado sobre o sujeito. Conforme Weiss (2003, p.63): Toda anamnese já é, em si, uma intervenção na dinâmica familiar em relação à “aprendizagem de vida”. No mínimo se processa uma reflexão dos pais, um mergulho no passado, buscando o início da vida do paciente, o que inclui espontaneamente uma volta à própria vida da família como um todo. Segundo W eiss (2003, p.61), o objetivo da anamnese é “colher dados significativos sobre a história de vida do paciente”. Em outras palavras, consiste em entrevistar o pai, a mãe ou responsável para, a partir disso, extrair o máximo de informações possíveis sobre a criança ou adolescente, realizando uma posterior análise e levantamento do terceiro sistema de hipóteses. Para isto é preciso que seja muito bem conduzida e registrada. O psicopedagogo deverá deixar os pais ou responsáveis à vontade, para que todos se sintam com liberdade de expor seus pensamentos e sentimentos sobre a criança, e possam compreender os pontos nevrálgicos ligados à aprendizagem. Deixá-los falar espontaneamente permite ao psicopedagogo avaliar o que eles recordam e qual a sequência e a importância dos fatos. O psicopedagogo deverá complementar ou aprofundar, quando necessário (Id. Ibid., p.62). http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 42 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação Conforme W eiss (2003, p.64), em alguns casos deixa-se a família falar livremente. Já em outros casos, dependendo das características da família, faz-se necessário recorrer a perguntas, na forma de uma entrevista. Os objetivos deverão estar bem definidos e a entrevista deverá ter um caráter semidiretivo. De acordo com Paín (1985, p.42), a história vital permitirá “detectar o grau de individualização que a criança tem com relação à mãe e a conservação de sua história nela”. Por isso, é importante iniciar a entrevista falando sobre a gravidez, a história pré-natal fatos relacionados à concepção. W eiss (2003, p.64) lembra que: A história do paciente tem início no momento da concepção. Os estudos de Verny (1989) sobre a Psicologia pré-natal e perinatal vêm reforçar a importância desses momentos na vida do indivíduo e, de algum modo, nos aspectos inconscientes de aprendizagem. Conforme Paín (1985, p.43), algumas circunstâncias durante o parto, como falta de dilatação, complicações relacionadas ao cordão umbilical, emprego de fórceps, adiamento da intervenção cesareana, costumam ser causa da destruição de células nervosas que não se reproduzem e também de posteriores transtornos, especialmente no nível de adequação perceptivo-motriz. Por isso, é interessante perguntar se foi uma gravidez desejada ou não, se foi aceita bem pela família ou houve rejeição. Estes pontos poderão determinar aspectos afetivos dos pais em relação ao filho. Posteriormente é importante saber sobre as primeiras aprendizagens não escolares ou informais, tais como: a forma que aprendeu a usar a mamadeira, o copo, a colher, como e quando aprendeu a engatinhar, a andar, a andar de velocípede, a controlar as necessidades fisiológicas etc. Conforme Weiss (2003, http://www.famart.edu.br/ mailto:atendimento@famart.edu.br DIFERENÇAS DE ABORDAGEM SOBRE A PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E 43 INSTITUCIONAL www.famart.edu.br | atendimento@famart.edu.br | +55 (37) 3241-2864 | Grupo Famart de Educação p.66), a intenção é “descobrir em que medida a família