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Icterícia Objetivos: 1. Entender a formação e excreção da bilirrubina 2. Apontar a causa da icterícia 3. Determinar o tratamento da icterícia - Os ductos biliares conduzem bile do fígado para o duodeno. A bile é produzida continuamente pelo fígado, armazenada e concentrada na vesícula biliar, que a libera de modo intermitente quando a gordura entra no duodeno. A bile emulsifica a gordura para que possa ser absorvida na parte distal do intestino. - A bile promove auxílio no processo de gorduras e vitaminas lipossolúveis no intestino delgado a partir da ação dos ácidos biliares. - Quando os alimentos (especialmente os alimentos gordurosos) estão sendo digeridos, a vesícula biliar se contrai e secreta a bile através de um pequeno tubo denominado ducto cístico, que se junta ao ducto hepático comum para formar o ducto biliar comum. - A bilirrubina é uma substância amarelada encontrada na bile, que permanece no plasma sanguíneo até ser eliminada na urina. Quanto mais bilirrubina eliminada na urina, mais amarela ela se torna. Excesso de bilirrubina pode indicar problemas no fígado, baço, nos rins ou na vesícula biliar. - O exame de bilirrubina auxilia o diagnóstico de problemas no fígado, vias biliares ou anemia hemolítica, por exemplo, já que a bilirrubina é produto da destruição das hemácias e para ser eliminada pelo organismo necessita ser conjugada a um açúcar no fígado e sofrer a ação da bile. - A vesícula biliar é uma bolsa, localizada em uma depressão na face posterior do fígado, que armazena e concentra bile. - Os lobos do fígado são constituídos de lóbulos que contêm hepatócitos, sinusóides, células reticuloendoteliais estreladas (de Kupffer), uma veia e duetos biliares. - Os hepatócitos produzem bile, que é transportada por um sistema de dutos até a vesícula biliar, onde é concentrada e temporariamente armazenada. A colecistoquinina (CCK) estimula a ejeção de bile para o ducto colédoco. - A bile tem como função contribuir com a absorção dos nutrientes e com a digestão de gorduras ingeridas na alimentação. - A contribuição da bile para a digestão é a emulsificação dos lipídios dos alimentos. - O fígado também participa do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas; do processamento de fármacos e hormônios; da excreção de bilirrubina; da síntese de sais biliares; do armazenamento de vitaminas e minerais; da fagocitose; e da ativação da vitamina D. - A secreção de bile é regulada por mecanismos neurais e hormonais Yasmin Ayana 야스민 아야나 - Hepatócitos: principais células funcionais (parênquima) do fígado e realizam uma grande variedade de funções metabólicas, secretoras e endócrinas. - Os hepatócitos são organizados em fileiras, as lâminas hepáticas. - A bile, um líquido amarelo, amarronzado ou verde-oliva secretado por hepatócitos, é um produto excretor assim como secreção da digestão. - Canalículos biliares: são pequenos ductos, situados entre os hepatócitos, que recolhem a bile produzida por essas células. - Dos canalículos biliares, a bile segue para os dúctulos biliares e, depois, para os ductos biliares. Os ductos biliares fundem-se e, por fim, formam os ductos hepáticos direito e esquerdo, que se unem e saem do fígado como o dueto hepático comum. - O ducto hepático comum une-se ao ducto cístico (cisto = bexiga) da vesícula biliar e forma o ducto colédoco. Daí, a bile entra no intestino delgado e participa da digestão. - Sinusóides hepáticos: esses capilares sanguíneos muito permeáveis entre as lâminas hepáticas recebem sangue oxigenado de ramos da artéria hepática e sangue desoxigenado rico em nutrientes de ramos da veia porta do fígado. - Lembre que a veia porta do fígado traz sangue venoso dos órgãos gastrintestinais e do baço para o fígado. Sinusóides hepáticos convergem e levam sangue para uma veia central. Das veias centrais o sangue flui para as veias hepáticas, que o drenam para a veia cava inferior. - Juntos, um ducto biliar, um ramo arterial hepático e um ramo venoso portal são denominados tríade portal. - O fígado recebe sangue de duas fontes. Da artéria hepática própria obtém sangue oxigenado e da veia porta do fígado, sangue desoxigenado contendo nutrientes recém-absorvidos, fármacos e possivelmente microrganismos e toxinas do trato gastrintestinal. - Os ramos da artéria hepática e da veia porta do fígado levam sangue para os sinusoides hepáticos, onde o oxigênio, a maioria dos nutrientes e algumas substâncias tóxicas são captados pelos hepatócitos. - Os sais biliares, que são sais de sódio e potássio de ácidos biliares (como ácido cólico e ácido quenodesoxicólico), atuam: (1) Na emulsificação, colocar um líquido gorduroso no interior de outro de modo a fazer com que partículas de gordura fiquem suspensas. (2) Na absorção de lipídios digeridos. - Depois de uma refeição, vários estímulos neurais e hormonais promovem a produção e a liberação de bile. Os impulsos parassimpáticos ao longo das fibras do nervo vago (X) podem estimular o fígado a mais que Yasmin Ayana 야스민 아야나 duplicar a produção de bile em relação à produção basal. - Células enteroendócrinas duodenais secretam o hormônio colecistoquinina (CCK) para o sangue. A CCK causa contração das paredes da vesícula biliar, o que expele a bile armazenada para o ducto cístico e daí para o ducto colédoco. - Se a bile contiver sais biliares ou lecitina em quantidade insuficiente ou colesterol em excesso, o colesterol se cristaliza e forma cálculos biliares. - Outras funções vitais do fígado: (1) Metabolismo dos lipídios: Os hepatócitos armazenam alguns triglicerídeos. Decompõe ácidos graxos (obtidos a partir de óleos e gorduras) para gerar ATP. Sintetizam lipoproteínas (HDL, LDL, VLDL) que transportam ácidos graxos, triglicerídeos e colesterol. Sintetizam colesterol e o utilizam para produzir sais biliares. (2) Síntese de sais biliares: os sais biliares são usados no intestino delgado para a emulsificação e a absorção de lipídios, colesterol, fosfolipídios e lipoproteínas. (3) Ativação da vitamina D: participa da síntese da forma ativa de vitamina D, junto a pele e os rins. Colesterol - O papel crucial do colesterol como um componente das membranas celulares e como precursor dos hormônios esteróides e dos ácidos biliares. - A maior parte da síntese do colesterol em vertebrados ocorre no fígado. Uma pequena fração do colesterol sintetizado ali é incorporada nas membranas dos hepatócitos, mas a maior parte dele é exportada em uma de três formas: ácidos biliares, colesterol biliar ou ésteres de colesterila. - Em outros tecidos, o colesterol é convertido em hormônios esteróides (no córtex da glândula suprarrenal e na gônadas) ou no hormônio vitamina D (no fígado e nos rins). - Os ácidos biliares, uma das três formas do colesterol exportadas do fígado, são os principais componentes da bile, um fluído estocado na vesícula biliar é excretado no intestino delgado para auxiliar na digestão de refeições contendo gordura. - Os ácidos biliares e seus sais são derivados relativamente hidrofílicos do colesterol e servem como agentes emulsificantes no intestino, convertendo partículas grandes de gordura em pequenas micelas, aumentando, dessa forma, muito a superfície de interação com as lipases digestivas. Ductos biliares e vesícula biliar: • Os ductos hepáticos direito e esquerdo drenam a bile produzida pelas partes direita e esquerda do fígado para o ducto hepático comum, que, assim, conduz toda a bile do fígado. • O ducto hepático comum funde-se ao ducto cístico para formar o ducto colédoco, que conduz a bile até a parte descendente do duodeno. • Quando o músculo esfíncter do ducto colédoco se fecha, a bile reflui nos ductos colédoco e cístico, enchendo a vesícula biliar, onde a bile é armazenada e concentrada entre as refeições. Yasmin Ayana 야스민 아야나 • Embora a inervação parassimpática consiga dilatar o músculo esfíncter do ducto colédoco (e o músculo esfíncter da ampola hepatopancreática, mais fraco) e contrair a vesícula biliar, normalmente isso é uma resposta regulada por hormôniosà chegada de gordura ao duodeno, com esvaziamento da bile acumulada para o duodeno. • A vesícula biliar piriforme está fixada à face visceral do fígado, e seu fundo projeta-se a partir da margem inferior do fígado contra a parede anterior do abdome na interseção do plano transpilórico com a LMC direita. • A vesícula biliar, o ducto cístico e o ducto colédoco superior são irrigados pela artéria cística, um ramo que se origina da artéria hepática direita no trígono cisto-hepático. • Além da drenagem pelas veias císticas que acompanham a artéria cística e entram na veia porta, as veias do fundo e do corpo da vesícula biliar formam um minissistema porta que drena diretamente para os sinusóides hepáticos profundamente à face visceral do fígado. - Os cálculos biliares (colelitíase) são muito mais comuns em mulheres, e a incidência aumenta com a idade. Entretanto, os cálculos biliares são “silenciosos” (assintomáticos) em cerca de 50% das pessoas. - Se o cálculo obstruir o ducto cístico, ocorre colecistite (inflamação da vesícula biliar) por causa do acúmulo de bile, o que causa dilatação da vesícula biliar. - A relação entre vesícula biliar e duodeno é tão íntima que a parte superior do duodeno no cadáver geralmente é tingida de bile (Figura 5.73B). Como o fígado e a vesícula biliar devem ser rebatidos para cima para expor a vesícula biliar (Figura 5.69B) em um acesso cirúrgico anterior (e os atlas costumam representá-la nessa posição), é fácil esquecer que em sua posição natural o corpo da vesícula biliar situa-se anterior à parte superior do duodeno, e seu colo e o ducto cístico situam-se imediatamente superiores ao duodeno Yasmin Ayana 야스민 아야나 - É importante que você saiba que vomitar bile também pode ser um sinal de uma doença grave chamada obstrução intestinal, da qual trataremos a seguir, e que necessita de atendimento de emergência. - O refluxo biliar, também conhecido por refluxo duodenogástrico, acontece quando a bile, que é liberada da vesícula biliar para a primeira porção do intestino, volta para o estômago ou mesmo para o esôfago, causando inflamação da mucosa gástrica. Estimulação Autônoma da Secreção - A estimulação dos nervos parassimpáticos para o trato alimentar quase sempre eleva a secreção das glândulas. - A bile serve como meio de excreção de diversos produtos do sangue. Esses produtos de resíduos incluem especialmente a bilirrubina, produto final da destruição da hemoglobina e o colesterol em excesso. - A bile é secretada continuamente pelas células hepáticas, mas sua maior parte é, nas condições normais, armazenada na vesícula biliar, até ser secretada para o duodeno. - Grande parte da absorção na vesícula biliar é causada pelo transporte ativo de sódio através do epitélio da vesícula biliar, seguido pela absorção secundária de íons cloreto, água e muitos outros constituintes difusíveis. - As substâncias mais abundantes, secretadas na bile, são os sais biliares, responsáveis por cerca da metade dos solutos na bile. Também secretados ou excretados em grandes concentrações são a bilirrubina, o colesterol, a lecitina e os eletrólitos usuais do plasma. Bilirrubina - A ruptura das hemácias (120 dias de vida, média) libera a hemoglobina, que é fagocitada de imediato pelos macrófagos em muitas partes do organismo, especialmente pelas células de Kupffer, no fígado, e pelos macrófagos no baço e na medula óssea.7 - Metabolismo: heme → biliverdina → bilirrubina insolúvel → bilirrubina + albumina (bil indireta) - Fígado: captação (difusão facilitada), conjugação (glucoronil - transferase) e excreção (dependente de ATP) - Intestino: bilirrubina conjugada → bactérias intestinais → urobilinogênio: 1. Fezes → estercobilina (marrom) 2. Reabsorvido → urobilina (amarela) - Diminuição da conjugação (aumento da bilirrubina) : síndrome de Gilbert, síndrome de Crigler-Najjar e deficiência adquirida. Yasmin Ayana 야스민 아야나 - É captada pelo sistema retículo-endotelial, sendo transformada a sua hemoglobina pela hemeoxigenase em biliverdina, monóxido de carbono e ferro. A biliverdina-redutase converte a biliverdina em bilirrubina livre, sendo gradualmente liberada dos macrófagos para o plasma. - A bilirrubina ligada às proteínas plasmáticas é denominada "livre", a fim de distinguir-se da forma conjugada. - A bilirrubina livre, quando chega ao fígado, é recolhida pelos hepatócitos por meio de sistemas proteicos, transportadores de membrana (proteínas X e Y), num processo chamado captação. - É a seguir liberada da albumina plasmática7 e conjugada por ação de enzimas microssomais (UDP glicuroniltransferase) com uma ou duas moléculas de ácido glicurônico, formando um composto mais polar e hidrossolúvel, a "bilirrubina conjugada". - Parte dessa bilirrubina liberada nos hepatócitos pode-se ligar a uma proteína citoplasmática denominada ligandina, etapa posterior à sua conjugação, que impede o efluxo dessa substância do hepatócito para o plasma. - A bilirrubina conjugada é excretada através do polo biliar dos hepatócitos que está em íntimo contato com os canalículos biliares1,3 e daí para os intestinos. - A conjugação da bilirrubina ocorre majoritariamente no fígado, sendo também observada nas células dos túbulos renais e nos enterócitos. - A bilirrubina conjugada é transportada como complexo lipídico-micelar até o duodeno através do ducto biliar principal, sendo desconjugada e reduzida no cólon por ação das glicuronidases bacterianas, formando os urobilinogênios Icterícia e Colestase - A icterícia resulta da retenção da bile. A formação da bile pelo fígado serve para duas funções principais. Primeiro, a bile constitui a principal via para eliminação de bilirrubina, colesterol em excesso e xenobióticos que são insuficientemente hidrossolúveis para serem excretados na urina. Segundo, os ácidos biliares secretados e as moléculas de fosfolipídios promovem a emulsificação da gordura da dieta na luz do tubo digestório. - Assim, icterícia, a alteração amarela da cor da pele e escleras (icterus), ocorre devido à retenção sistêmica de produtos da bilirrubina em valores séricos acima de 2,0 mg/dL (o valor normal em adultos é abaixo de 1,2 mg/dL). A colestase é definida como a retenção sistêmica, não só de bilirrubina, mas de outros solutos eliminados na bile (particularmente ácidos biliares e colesterol). - A bilirrubina é o produto final da degradação do heme. - A maior parte da produção diária (0,2-0,3 g) é derivada da degradação de eritrócitos senescentes pelo sistema fagocítico mononuclear, com o restante sendo derivado primariamente do metabolismo das Yasmin Ayana 야스민 아야나 hemoproteínas hepáticas. A destruição excessiva de progenitores eritróides na medula óssea devido à apoptose intramedular (eritropoiese ineficaz) é importante causa de icterícia em doenças hematológicas. - Qualquer que seja a fonte, a heme oxigenase oxida o heme a biliverdina, que é então reduzida a bilirrubina pela biliverdina redutase. A bilirrubina assim formada fora do fígado, no interior de células do sistema fagocítico mononuclear (inclusive o baço), é liberada para se ligar à albumina sérica. - Das várias causas de icterícia, as mais comuns são hepatite (inflamação do fígado), obstrução do fluxo da bile (discutidos posteriormente neste capítulo) e anemia hemolítica. - Icterícia Neonatal: aumento da bilirrubina indireta no sangue do bebe. Impregna a pele dando coloração amarela e pode impregnar o cérebro do recém-nascido podendo causar sequelas neurológicas. - Tipos de icterícia: flavínica (com palidez, aumenta bil indireta → hemólise), verdínica (icterícia esverdeada, aumenta a bil direta → colestase) e rubínica (icterícia com vasodilatação, aumenta da Bil direta → leptospirose, cirrose) Tratamento - O tratamento varia, deve-se tratar o problema de base. A icterícia é um sinal, trata-se a causa. - Hepatite: uso de antivirais (a, b, c), repouso, boa alimentação e hidratação. - Icterícia neonatal (atinge 80% dos recém nascidos na primeira semana de vida, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria):fototerapia (bilitron), luz clara (sendo a azul considerada mais eficaz) é capaz de quebrar o excesso de bilirrubina presente no sangue. A luz transforma a bilirrubina não processada pelo fígado em uma forma que pode ser eliminada rapidamente do organismo pela urina. Não é eficaz para todos os tipos de hiperbilirrubinemia (como a colestase) - Ducto biliar obstruido: procedimiento para desobstruir-lo ( como colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, CPRE) Referências Bibliográficas TORTORA, G. J.; DERRICKSON, B. Princípios de anatomia e �siologia. 12ª. edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2013. Cap. 24. MOORE, K. L.; DALEY II, A. F. Anatomia orientada para a clínica. 7ª.edição. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2014. GUYTON, A.C. e Hall J.E.– Tratado de Fisiologia Médica. Editora Elsevier. 13ª ed., 2017. Cap. 65.. KUMAR, V.; ABBAS, A.; FAUSTO, N. Robbins e Cotran – Patologia – Bases Patológicas das Doenças. 8. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. Cap. 15. Faculdade de Medicina de Garanhuns Contato para monitoria (instagram): @autora_yaxa Yasmin Ayana 야스민 아야나
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