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Aula + anotações do livro (Febrasgo) SOP EPIDEMIOLOGIA ● 6-20% das mulheres na idade reprodutiva ● 15-20% dos casos de infertilidade HISTÓRICO ● Foi descrita em 1935 por Stein e leventhal ● Amenorreia + hirsutismo + ovário policístico bilateralmente ● Nessa época se fazia ressecção em cunha dos ovários como tratamento – algumas pacientes tinham a regularização do ciclo com restauração da fertilidade ETIOLOGIA ● Etiologia se encontra indefinida ● Desordem poligênica envolvendo a interação com numerosas variantes genômicas e influenciadas por fatores ambientais (esses fatores ao longo da vida se tornam tão impactantes que promovem alterações genéticas (alimentação + sedentarismo) ● É um processo de anovulação crônica com uma variedade imensa de causas ● Tem uma história familiar importante (filhas de mães com SOP têm risco elevado de desenvolvê-la) - porém acreditasse que o gene sozinho não tenha a capacidade de desencadear a síndrome FISIOPATOLOGIA ● Perda da ciclicidade funcional ovariana por retroalimentação inadequada → Uma de suas causas seria o hiperandrogenismo (comum a muitas mulheres portadoras de SOP) ● Elevação exacerbada do LH, não fazendo o feedback negativo. TRÍADE DA SOP FISIOPATOLOGIA Hiperandrogenismo Anovulação crônica Inadequação endometrial Obs.: Uma outra hipótese seria que mulheres portadoras de SOP apresentariam estruturalmente maior população folicular do que apenas uma disfunção hormonal. Isso aumentaria a produção de androgênios, interferindo na retroalimentação do eixo hipotálamo-hipófise-ovário, além de uma maior concentração de hormônio mulleriano nessa população Como se vê acima, a fisiopatologia da SOP envolve um ciclo (uma coisa provocando a outra), dessa forma sem tratamento dificilmente esse ciclo é quebrado Algumas pacientes, além da SOP apresentam a obesidade agravando o quadro → tecido periférico produz estrona A Hiperinsulinemia leva a uma piora do hiperandrogenismo o que ocorre em 75% das mulheres com SOP PERFIL HORMONAL NA SOP ● Aumento da quantidade GnRH, LH, estrona, testosterona, androsterona ● A disfunção menstrual, oligomenorreia, hiperandrogenismo e alteração no ovário são a ponta do iceberg ● Ao longo da vida da paciente teremos alteração do endotélio com aumento da proteína C reativa, aumento do RCV, aumento da homocisteína, redução da fibrinólise, alteração do perfil lipídico da paciente com redução do HDL, aumento de LDL e triglicérides ● Preciso avaliar a paciente como um todo ● Paciente tem maior chance de: o Dislipidemia o HAS o DM o Doença vascular e trombose o Complicações obstétricas ▪ DMG ▪ Abortamento ▪ Pré-eclâmpsia o Síndrome metabólica aumenta o risco em 2-3 vezes (principalmente ocorrências cardiovasculares) SINTOMAS ● Amenorreia ou irregularidade menstrual o Sangramento uterino disfuncional o Complicação: Hiperplasia e CA de endométrio ● Obesidade ● Acne e hirsutismo ● Infertilidade anovulatória ● Ovários policísticos DIAGNÓSTICO É UM DIAGNÓSTICO DE EXCLUSÃO Sintomas de suspeição de SOP: ● Irregularidade menstrual (ciclos alongados ou períodos de amenorreia) ● Hiperandrogenismo clínico ou laboratorial ● Disfunção ovulatória e ovários policísticos ao US ● Temos que excluir outras causas de amenorreia CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS Atualmente o critério mais utilizado é o consenso de rotterdam SOP NA ADOLESCÊNCIA ● Utilizar os 3 critérios de Rotterdam ● Utilizar o volume ovariano > 10cm ³ ● Diagnóstico deve ser firmado somente após 2 anos da menarca (lembrar da imaturidade do eixo) o Obs.: O US pode não ser útil no diagnóstico de SOP durante a fase de imaturidade do eixo, uma vez que essa condição pode levar a um aumento ovariano e ovários multifoliculares. ● Após 8 anos da menarca a paciente tem que ter ciclos regulares IRREGULARIDADE MENTRUAL ● Definição: Intervalo < 21 ou > 35 ou < 8 ciclos por ano ● Transição puberal o 1-3 anos após a menarca → < 21 ou > 45 dias o 1 anos após a menarca qualquer ciclo com > 90 dias = irregularidade ● Até 1 ano após a menarca a irregularidade menstrual faz parte da transição puberal AVALIAÇÃO SUBJETIVA DO HIPERANDROGENISMO Score ferriman e gallawey > 8 = hiperandrogenismo Tem que ser pelo terminal Lembrar dos diagnósticos diferenciais do hiperandrogenismo: disfunção tireoidiana, hiperprolactinemia, tumor ovariano ou suprarrenal, defeitos na síntese da suprarrenal, síndrome de Cushing e uso de substâncias androgênicas (anabolizantes) Lembrar que uso de fármacos também podem gerar Hipertricose como: os glicocorticoides, ciclosporinas, progestagênios ou valpronatos, minoxidil RESISTÊNCIA INSULÍNICA Um dos sinais: Presença de acantose nigricans (presente em 18% das pacientes portadores de resistência insulínica) US PÉLVICO ● 8-25% das mulheres apresentaram ovários policísticos e serão normais ● 14% das mulheres em uso de contraceptivo hormonal apresentam ovário policístico ● O ovário policístico é a manifestação morfológica da anovulação crônica independente de etiologia CARACTERÍSTICA DO OVÁRIO POLICÍSTICO ● Volume > 10cm³ ● > ou = 12 microcistos de 2-9mm de diâmetro ● Excluir folículo dominante e corpo lúteo DOSAGEM SÉRICA DE ANDROGÊNIOS ● Geralmente não é necessária ● Dispensada em hirsurtismo acentuado ● Testosterona livre → apenas se houver espectofotometria de massa ● Testosterona total ● FAI (free androgen index) → testosterona X 100/SHBG ● Androstenediona ● S-DHEA Boa precisão na definição do status da SOP e seus fenótipos FENÓTIPOS DA SOP A. Clássico ou completo, que é muito semelhante ao quadro clínico descrito por Stein e Leventhal com as três características; B. Anovulação com hiperandrogenismo sem as imagens de ovários policísticos; C. Hiperandrogenismo com imagens de ovários policísticos, mas a paciente tem ciclo regular (ovulatório); D. A paciente não tem hiperandrogenismo Os fenótipos A e B são os mais comuns, correspondendo a 80% das pacientes com SOP PROPEDÊUTICA ● Diagnóstico diferencial. Pesquisa com os seguintes testes: o Hormônio tireoestimulante (TSH) e T4 (disfunção da tireoide) o Testosterona total (tumor ovariano ou suprarrenal), o 17-OH-progesterona (deficiência enzimática da suprarrenal da 21- hidroxilase) o Cortisol (síndrome de Cushing) ● Diagnóstico da resistência à insulina ● Diagnóstico de síndrome metabólica DIAGNÓSTICO DE RESISTÊNCIA A INSULINA ● Clamp euglicêmico – padrão ouro ● Insulina em jejum ● Insulina 2h após 75g dextrosol ● OTTG ● Relação G/I ● Quicki ● HOMA-IR o Insulina de jejum em betaU/mL × glicose de jejum em mg/dL) / 415 Diagnóstico: 1. Resistência à insulina quando o HOMA-IR for > 3 2. Intolerância à glicose quando a glicemia de jejum for superior à 100 mg/mL ou, após 2 horas após a sobrecarga, os valores forem superiores a 140 mg/mL. 3. Síndrome metabólica quando temos três dos cinco critérios do ATP-III Obs: Em pacientes com diagnóstico de síndrome metabólica pedir enzimas hepáticas, US de abdômen superior e investigação cardiológica TRATAMENTO O primeiro passo no tratamento da SOP é a mudança do estilo de vida. Para os sintomáticos temos algumas outras opções: ● Irregularidade menstrual – progestagênicos COC ● Hirsutismo e/ou acne – COC, espironolactona finasterida e depilação a laser ● Desejo de gravidez – citrato de clomifeno, letrozol, gonadotrofinas, metformina MUDANÇA NOS HÁBITOS DE VIDA Alimentação balanceada ↑IGFBP Atividade física (↓ IGF-1) → de preferência diariamente ou pelo menos 3 vezes na semana com atividades aeróbicas e anaeróbicas (o aumento daassa muscular promove aumento de células com GLUT-4 e por conseguinte melhora a resistência a insulina, além disso aumenta o metabolismo basal e auxilia na perda de peso) A atividade física apresenta efeito semelhante ao da metformina, porém consegue reduzir a circunferência abdominal melhorando a longo prazo a resistência a insulina e doença cardiovascular Recomenda-se acompanhamento psicológico de suporte para a redução do estresse, bem como de ansiedade/depressão nas mulheres com baixa auto- estima e baixo autocontrole. Melhora a sensibilidade à insulina Redução sustentada de 5-10% melhora a hiperinsulinemia, melhora hiperandrogenismo cutâneo e retorno à função ovulatória RESISTÊNCIA À INSULINA Tratamento farmacológico está indicado como abordagem inicial em mulheres com acantose nigricante ou obesas com antecedentes familiares de DMII: Entre as medicações indicadas temos: ● Metformina → melhora o padrão mentual e diminui os níveis de androgênios o Inicia com dose mais baixa, entre 250- 500mg e vai aumentando progressivamente, devendo sempre ser tomada juntamente as refeições ● Pioglitazona (Agente moderador dos receptores de insulina), caso necessário pode ser administrado juntamente com a metformina, porém tem associação a doença cardiovascular ● Mioinositol ● Liraglutida (Pacientes obesas e com ovários policísticos apresentou resultado positivo na perda do peso e na resistência a insulina) ● Pode ser necessária a cirurgia bariátrica – deve-se evitar a gestação por pelo menos 2 anos após o procedimento (evitar recidiva da obesidade) Obs.: As estatinas podem piorar a resistência a insulina, logo as mulheres devem ser orientadas sobre esse efeito colateral IRREGULARIDADE MENTRUAL PROGESTAGÊNICO • Usado para a regularização do padrão menstrual e proteção do endométrio contra lesões proliferativas ● Esquema cíclico → 10 a 14 dias ● Uso contínuo (baixa ação androgênica): o Desogestrel → ajuda no combate do hiperandrogenismo leve o Acetato de diidrogesterona, medroxiprogesterona e progesterona micronizada → regularização do ciclo o SIU-LNG (útil nas pacientes sem desejo de engravidar que sejam hipertensas, diabéticas e/ou risco aumentado de tromboembolismo) o Implante COC ● Melhoram a irregularidade menstrual, atenuam o hiperandrogenismo cutâneo moderado e ajuda a evitar gestação indesejada ● Utilizar progestágeno com maior ação antiandrogênica ● Não tem função na resistência insulínica e dependendo do tipo de progesterona pode piora-la. HIRSURTISMO E OU ACNE ● COC → inibem a secreção de gonadotrofinas e aumentam os níveis de SHBG, reduzindo a circulação de androgênios ativos. o Acetato de ciproterona → ação central e periférica. Bloqueia a liberação de gonadotrofinas hipofisárias → ↓ produção estrogênica pelo ovário. Tem ação no folículo piloso reduzindo crescimento. Deve ser associado ao COC ● Espironolactona → inibe a síntese de testosterona nas células produtoras de esteroides das gônadas e da suprarrenal + Tem ação competitiva com os receptores de andrógenos. Pode ser associado aos COC para efeitos mais rápidos e como forma de contraceptivo ● Finasterida → baixos efeitos colaterais, sendo bem tolerada ● Flutamida → hepatotoxicidade (pode gerar dano fulminante, não muito indicado na SOP) ● Em casos muito acentuados pode-se associar ao tratamento sistêmico tratamento tópico, entre as opções temos (eflornitina 13,9%; ciproterona ou espironolactona) ● Depilação a laser DESEJO DE GRAVIDEZ ● Citrato de clomifeno (50-200mg entre o 2 e 5) → modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM), induz a expressão de receptores de FSH e LH, maturação folicular, níveis elevados de estradiol, postura ovular e normalização da retroalimentação cíclica. o Relativamente barato o Menor risco de gravidez múltipla o Bons resultados o Baixo risco de hiperestimulação ovariana, porém deve-se monitorar as pacientes com US e exames pélvicos seriados o Pode ser associado a metformina ou mioinositol para tratamento da resistência a insulina o que facilita a ovulação. ● Tamoxifeno → modulador seletivo dos receptores de estrogênio (20-40mg com início entre o 3-5 dia do ciclo) ● Letrozol → inibidor da aromatose o Estudos mostram ação mais efetiva na estimulação da ovulação que o clomifeno o Bloqueia a conversão de androgênios em estrogênios o Indução da ovulação – administração no início da fase folicular o Mais caro ● Gonadotrofinas o ÚLTIMA OPÇÃO o São muito perigosas, maior risco de gravidez múltipla e risco de hiper estimulação ovariana → precisa haver monitorização US OPÇÃO CIRÚRGICA ● Drilling ovariano → ↓ produção dos androgênios ovarianos → diminui LH o Paciente irresponsiva a qualquer tratamento o Seu efeito é temporário ● Se o tratamento cirúrgico não funcionar, as outras opções seriam: FIV, inseminação intra-uterina ou injeção intracitoplasmática de espermatozoide. TRATAMENTO DAS CONDIÇÕES ASSOCIADAS ● HAS ● DM ● Dislipidemia ● Obesidade ● Estado pró-coagulante e pró-inflamatório METAS DE TRATAMENTO DA SM
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