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03 Função cardiorrespiratória e composição corporal

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ATIVIDADE FÍSICA E ENVELHECIMENTO
FUNÇÃO CARDIORRESPIRATÓRIA E 
COMPOSIÇÃO CORPORAL
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Olá!
Nesta aula, estudaremos as alterações fisiológicas que provocam reduções na capacidade cardiorrespiratória e
modificações na composição corporal durante o envelhecimento, que implicam diretamente na aptidão física dos
idosos.
Como já vimos, a prática regular de atividades físicas gera diversos benefícios à saúde e às capacidades físicas
dos idosos.
A partir deste conhecimento, identificaremos os testes utilizados para avaliar as capacidades em questão,
possibilitando desta forma uma prescrição de exercícios mais adequada para a realidade desta população. Bons
estudos!
Ao final desta aula, o aluno será capaz de:
1- Identificar as principais alterações cardiorrespiratórias e da composição corporal decorrentes do
envelhecimento;
2- Reconhecer os testes utilizados para avaliar a composição corporal e a capacidade cardiorrespiratória;
3- Relacionar as particularidades dos idosos na prescrição de exercícios para a melhora da capacidade
cardiorrespiratória e da composição corporal.
Durante o envelhecimento, a capacidade aeróbia sofre drásticas reduções, podendo alcançar uma diminuição de
até 50%, em decorrência da diminuição da atividade física habitual somada a um aumento da massa corporal
(SHEPARD, 2003).
Neste momento, começaremos a explorar como o envelhecimento, de maneira geral, influencia as capacidades
fisiológicas das pessoas. É bem provável que todos já tenham observado determinadas dificuldades que os
indivíduos idosos apresentam para realizar algum tipo de atividade, seja uma atividade da vida diária (AVD), seja
a prática de algum esporte.
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1 Alterações fisiológicas
• Composição corporal
Compõem a composição corporal:
Estatura corporal
No idoso, a diminuição na estatura corporal não varia apenas no decorrer do dia, ou em função de manter-se
muito tempo em pé.
Se compararmos a estatura atual de um idoso com a estatura que tinha quando adulto jovem, observaremos uma
redução decorrente do ressecamento dos discos intervertebrais e de um enfraquecimento da musculatura
paravertebral, que provoca uma acentuação da cifose.
Massa corporal
No início da idade adulta, por volta dos 20 a 25 anos, ocorre um aumento da massa corporal em ambos os sexos
até os 50 a 60 anos. A partir desta idade, é observada uma redução na massa corporal, mesmo com um acréscimo
da massa de gordura.
Massa de gordura
Não se conhecem ao certo os mecanismos envolvidos neste processo, mas ocorre um aumento da massa de
gordura durante o envelhecimento, tanto em homens quanto em mulheres. Este ganho pode estar relacionado
tanto a um padrão biológico normal do envelhecimento como a um estilo de vida pouco ativo.
Contudo, são observados ganhos na massa de gordura mesmo em indivíduos que mantêm um programa regular
de atividades físicas.
A distribuição de gordura corporal é de grande importância nos indivíduos que estão aumentando sua massa de
gordura, devido a sua estreita relação com o risco de doenças cardiovasculares e metabólicas.
De acordo com Shepard (2003), as mulheres acumulam gordura principalmente na região de quadril e coxas,
enquanto os homens acumulam na região abdominal.
• Capacidade cardiorrespiratória
Estão relacionados à capacidade cardiorespiratória:
Consumo máximo de oxigênio
O VO2máx é um parâmetro fisiológico utilizado para expressar a capacidade cardiorrespiratória de um
indivíduo. Estudos têm demonstrado que o VO2máx diminui entre 0,4 e 0,5mL.kg-1 a cada ano em homens e
mulheres adultos (McARDLE et al, 2008).
Débito cardíaco máximo
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O declínio do débito cardíaco máximo (Qmáx) - volume de ejeção (VE) multiplicado pela frequência cardíaca (FC)
- é o grande responsável pela redução no VO2máx. A queda no Qmáx, está associada à redução da FCmáx e ao
VEmáx.
A FCmáx é reduzida em decorrência de uma menor estimulação dos neurônios simpáticos no coração e de uma
menor sensibilidade dos receptores adrenérgicos a estes estímulos simpáticos.
O declínio do VEmáx ocorre por um efeito combinado da redução do desempenho do miocárdio do ventrículo
esquerdo na funções sistólicas e diastólicas.
Fluxo sanguíneo periférico
A diminuição do fluxo sanguíneo para os músculos ativos é decorrente da redução da razão capilares/ fibras
musculares e de uma subtração na área de secção transversa das artérias.
Ventilação máxima
A ventilação é definida como a quantidade de gás mobilizado pelos pulmões a cada minuto. Como no idoso há
uma redução da ventilação máxima, associada a um maior volume residual e a uma fraqueza dos músculos
respiratórios, a quantidade de ar renovado nos alvéolos (ventilação alveolar) é diminuída, disponibilizando
menor quantidade de oxigênio para os músculos durante o exercício.
2 Avaliação das modificações corporal e 
cardiorrespiratória
Agora que já conhecemos as principais modificações cardiorrespiratórias e na composição corporal dos idosos,
fica a pergunta: como podemos avaliar essas modificações?
As alterações na composição corporal podem ser mensuradas por vários tipos de testes, que vão desde os
simples aos mais sofisticados.
Os métodos mais simples estão baseados nas medidas de massa e estatura corporal, circunferências ou
perímetros musculares e espessura de dobras cutâneas, sendo:
• Índice de massa corporal (IMC);
• Circunferência de cintura;
• Índice cintura-quadril (ICQ);
• Estimativa da gordura relativa pelo método de dobras cutâneas.
Já para a avaliação da capacidade cardiorrespiratória do idoso, podem ser realizadas:
• A estimativa direta do VO2max, através de testes de esforço graduados em ergômetros como esteira e 
bicicleta, utilizando análise de gases respiratórios, além de testes de marcha; e/ou
• A estimativa indireta do VO2máx através de testes de marcha, utilizando equações específicas 
(FARINATTI, 2008).
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Vamos conhecer detalhadamente cada um destes testes nas próximas telas!
3 Cálculo do IMC
O IMC é calculado da seguinte forma:
Este índice tem boa correlação com a gordura corporal e classifica o estado nutricional do avaliado (WHO, 2000)
como mostra a tabela ao lado:
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4 Circunferência da cintura e ICQ
A circunferência da cintura é medida com uma trena antropométrica, posicionada paralela ao solo no ponto
médio entre a crista ilíaca e a última costela.
Os valores de corte preconizados pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para caracterizar a obesidade
abdominal são maiores que 94 cm para homens e maiores que 80 cm para mulheres (WHO, 2000).
Já os valores do ICQ, calculado pela divisão da circunferência da cintura pela circunferência do quadril, que
caracterizam a obesidade abdominal, são maiores que 1,0 para homens e maiores que 0,85 para mulheres.
Outro método utilizado para avaliação da composição corporal em idosos emprega o cálculo da gordura corporal
relativa (G%) através da medida da espessura de dobras cutâneas realizadas com adipômetro.
5 Densidade corporal
As equações para estimativa da densidade corporal de Durnin e Wormesley (1974) para homens com idade
entre 50 e 72 anos e mulheres entre 50 e 68 anos podem ser utilizadas para estimar a composição corporal em
idosos.
Para calcular a densidade corporal:
Figura 1 - Mulheres
Figura 2 - Homens
Fique ligado
A gordura relativa (G%) é calculada através da equação de Siri (1968):
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6 Estimativa do VO2máx
Os testes de estimativa indireta do VO2máx são mais utilizados, em virtude do seu baixo custo e de sua facilidade
de execução.
Dentre estes testes, destacamos o teste de caminhada de 1 milha (1600m), no qual o idoso deverá caminhar o
mais rápido possível, sem correr, completando o percurso no menor tempo possível.
Em idosos com melhor condicionamento cardiorrespiratório, pode ser utilizado o teste de corrida de 12 minutos,
onde o avaliado deve percorrer a maior distância possível no tempo determinado, sendo o VO2máx estimado
pela equação:
VO2máx (mL02.kg-1.min-1) = (D- 504,9) / 44,73
Onde D = distância percorrida em metros.
A estimativa do VO2máx é feita através da seguinte equação:
Onde MC = massa corporal;
I = idade em anos; sexo = 1 para homens e O para mulheres;
T = tempo do percurso em minutos, utilizando 2 casas decimais;
FC = frequência cardíaca ao final do percurso.
8 Teste de caminhada de 6 minutos
Um teste específico para avaliar a capacidade aeróbia de idosos é o teste de caminhada de 6 minutos, que
consiste em montar um percurso retangular (figura a seguir) e marcar a distância total percorrida pelo idoso em
6 minutos.
A gordura relativa (G%) é calculada através da equação de Siri (1968):
G% = [(4,95/Dc) – 4,5] x 100.
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As tabelas a seguir apresentam o percentil de acordo com o grupo etário em homens e mulheres,
respectivamente:
Agora que já aprendemos como avaliar a composição corporal e a capacidade cardiorrespiratória de indivíduos
idosos, podemos nos preocupar em como prescrever exercícios para este grupo.
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A prescrição de exercícios cardiorrespiratórios para idosos não é muito diferente da recomendada para adultos
jovens, com exceção da maior necessidade de monitoração durante a prática a sinais sugestivos de esforço
excessivo e de alguma anormalidade (ACSM, 2011).
9 Programa de treinamento cardiorrespiratório
Conheça os componentes essenciais de um programa de treinamento cardiorrespiratório:
Modo ou tipo
Exercícios cíclicos que mobilizem os grandes grupamentos musculares. Em idosos, a modalidade não deve impor
um estresse ortopédico excessivo no início do programa, sendo a caminhada uma excelente atividade. Para
indivíduos que possuem dificuldades de sustentar o peso do próprio corpo, o ciclismo estacionário e a natação
são indicados.
Lembrem-se: as atividades devem ser acessíveis e agradáveis. Em idosos, os exercícios em grupo podem ajudar o
relacionamento social.
Frequência do treino
O ideal é que o idoso se exercite pelo menos três vezes por semana e não ultrapasse cinco treinos semanais, pois
aumentos maiores na quantidade de treinos propiciam pequenos benefícios, mas aumentam substancialmente o
risco de lesões.
Duração
O risco de lesão aumenta proporcionalmente a duração do exercício. Para iniciantes, recomenda-se de 20 a 30
minutos de atividade contínua ou, dependendo do nível inicial de condicionamento, que essa atividade seja
intervalada, em 4 x 5 min. Em indivíduos mais condicionados, a duração máxima da atividade deve ser de 60
minutos.
Inicialmente, deve-se aumentar a duração, e somente depois, a intensidade. Se o idoso consegue manter um
exercício com facilidade por mais de 60 minutos, está na hora de rever e aumentar a intensidade!
Intensidade
Deve-se considerar o nível inicial de aptidão, o uso de medicamentos, o risco de lesões cardiovasculares ou
ortopédicas e os objetivos do programa.
Pode ser monitorada de maneira mais simples através da frequência cardíaca e por escalas de esforço percebido.
É recomendado que a intensidade se mantenha entre 55/65 a 90% da FCmáx ou entre 40/50 a 85% da reserva
de frequência cardíaca (RFC).
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Para utilizar o % da FCmáx, devemos primeiro estimar a FCmáx. Uma das equações mais utilizadas para este fim
é FCmáx = 220 - idade, devido à simplicidade de seus cálculos.
Na utilização do percentual da RFC, devemos calcular inicialmente a FC de repouso (FCrep) e, em seguida,
calcular a RFC diminuindo a FCrep da FCmáx. (RFC = FCmáx - FCrep).
O cálculo da zona alvo de treino é feito através da fórmula:
EXEMPLO
Exemplo 1
Calcule a FC alvo de treino para um idoso de 70 anos que deseja treinar entre 60 e 70% da FCmáx.
FCmáx = 220 - 70 = 150bm
60% da FCmáx = 150 x 0,6 = 90bpm
70% da FCmáx = 150 x 0,7 = 105bpm
O idoso deverá manter o exercício entre 90 e 105bpm.
Exemplo 2
Calcule a FC alvo de treino para um idoso de 70 anos com FCrep de 60bpm que deseja treinar entre 60 e 70%
RFC.
FCmáx= 220 - 70 = 150bM
RFC = 150 - 60=90bpm
60% da RFC = 60 +0,6(90)= 114bpm
70% da RFC = 60 + 0,7(90) = 123bpm
10 Escalas de esforço percebido
As escalas de esforço percebido são boas ferramentas para serem utilizadas em atividades em grupo ou que não
possibilitem a monitoração da FC. Podem ainda auxiliar indivíduos que fazem uso de medicamentos que alterem
a FC.
A escala de Borg (figura ao lado) é uma das mais utilizadas para a monitoração do esforço cardiorrespiratório.
Em indivíduos iniciantes, o esforço deve ficar entre 11 e 13, podendo chegar a 15 em indivíduos mais
condicionados.
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Para a redução da gordura corporal, o mesmo programa de treinamento cardiorrespiratório é recomendado.
Contudo, é prevista a inclusão de exercícios com pesos, como veremos na nossa próxima aula.
Saiba mais
Na próxima aula, você vai estudar:
Visite este site para mais detalhes sobre o teste de Cooper: Disponível aqui Acesso em: 07 dez.
2012. http://www.cdof.com.br/testes1.htm
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O que vem na próxima aula
Na próxima aula, você estudará sobre os assuntos seguintes:
• As modificações na força muscular no envelhecimento;
• Testes específicos para avaliar a força em idosos;
• Diretrizes para prescrever exercícios com pesos para idosos.
CONCLUSÃO
Nesta aula, você:
• Entendeu os efeitos do processo de envelhecimento sobre a composição corporal e a capacidade aeróbia;
• Aprendeu os princípios básicos e as diretrizes para uma correta prescrição de exercícios para idosos;
• Analisou os testes mais utilizados para avaliar a composição corporal e o condicionamento 
cardiorrespiratório.
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	Olá!
	
	1 Alterações fisiológicas
	2 Avaliação das modificações corporal e cardiorrespiratória
	3 Cálculo do IMC
	4 Circunferência da cintura e ICQ
	5 Densidade corporal
	6 Estimativa do VO2máx
	8 Teste de caminhada de 6 minutos
	9 Programa de treinamento cardiorrespiratório
	10 Escalas de esforço percebido
	O que vem na próxima aula
	CONCLUSÃO

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