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ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 1 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 2 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS 
 
VI Congresso da Associação Nacional de Pós-
Graduação e Pesquisa em Teologia e 
Ciências da Religião 
(ANPTECRE) 
 
 
 
 
 
ISSN 2175-9685 
 
 
 
 
13 a 15 de Setembro de 2017 
Goiânia, Goiás 
 
 
 
 
 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 3 
 
 
EXPEDIENTE 
 
Comissão Organizadora do VI Congresso Nacional da ANPTECRE 
Alberto da Silva Moreira – PUC Goiás, Presidente 
Clóvis Ecco – PUC Goiás, Coordenador do PPGCR 
José Reinaldo Felipe Martins Filho – PUC Goiás, Secretário 
Gláucia Borges Ferreira de Souza – PUC Goiás, Tesoureira 
Emivaldo Silva Nogueira – PUC Goiás 
Celma Laurinda Freitas Costa – PUC Goiás 
Irene Dias de Oliveira – PUC Goiás 
Paulo Rogério Rodrigues Passos – PUC Goiás 
Pedro Sahium – PUC Goiás/UEG 
Rosemary Francisca Neves Silva – PUC Goiás 
Selma Marques de Paiva – PUC Goiás 
Bolsistas/CAPES-PROSUP: 
Gustavo Cortez Fernandez 
Katiuska Florencia Serafin Nieves 
Raquel Mendes Borges 
Ailton Soares dos Santos 
Analvari Franco Pereira Braga 
Lilian Ghisso Aristimunho 
Roberta Mayara Alves de Souza 
Hélyda Di Oliveira 
Maria Adriana Marques 
 
 
Conselho Diretor da ANPTECRE 
Gilbraz Aragão – UNICAP, Presidente 
Claudio Ribeiro – UMESP, Vice-Presidente 
Fernanda Lemos – UFPB, Secretária 
 
 
Comissão Científica da ANPTECRE 
Luiz Alexandre Solano Rossi – PUC PR (Presidente) 
Dilaine Soares Sampaio – UFPB 
Eduardo Cruz – PUC SP 
Geraldo de Mori – FAJE 
Rudolf von Sinner – EST 
 
 
Conselho Fiscal da ANPTECRE 
Newton Darwin Cabral - UNICAP 
Cesar Augusto Kuzma - PUC Rio 
Júlio Cézar Adam - EST 
 
 
Representantes da Área Ciências da Religião e Teologia na CAPES 
Flávio Augusto Senra Ribeiro – PUC Minas 
Mary Rute Gomes Esperandio – PUC-PR 
Sandra Duarte de Souza – UMESP 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 4 
 
Organização dos ANAIS 
Clóvis Ecco 
José Reinaldo F. Martins Filho 
 
Revisão da Organização 
Selma Marques de Paiva 
 
Diagramação 
Aline Garcia Martins 
 
A revisão textual dos manuscritos originais é de responsabilidade de seus res-
pectivos autores, com anuência dos coordenadores dos Grupos de Trabalho e 
das Sessões Temáticas. 
 
Realização: 
 
 
 
 
 
 
Dados Internacionais para Catalogação na Publicação 
 
 
Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Teologia e Ciências da 
Religião (ANPTECRE) 
ANAIS do VI Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e 
Pesquisa em Teologia e Ciências da Religião: Religião, Migração e Mobi-
lidade Humana. Pontifícia Universidade Católica de Goiás, Goiânia, Go, 
13 a 15 de setembro de 2017. 
900 p. 
 
ISSN 2175-9685 
 
1. VI Congresso ANPTECRE. I. Religião. II. Ciências da Religião. III. Teologia. 
IV. Anais. V. Título. 
 
 
Patrocínio: 
 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 5 
 
SUMÁRIO 
 
APRESENTAÇÃO 
Organizadores........................................................................................... 15 
 
ANTROPOLOGIA, TEOLOGIA SISTEMÁTICA E TEOLOGIA PÓS-LIBERAL: O USO DA 
NARRATIVA BÍBLICA NA REFLEXÃO SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA 
Adriani Milli Rodrigues ...................................................................................... 17 
 
A TECNOCIÊNCIA NO “MUNDO VULNERÁVEL”. VISÃO DA ECOTEOLOGIA, A 
PARTIR DE JORGE RIECHMANN E A “LAUDATO SI” 
Afonso Tadeu Murad ....................................................................................... 25 
 
A CONTRIBUIÇÃO DE CARLOS MESTERS PARA O ESTUDO POPULAR DA BÍBLIA 
NAS CEB’s DOS 1980 
Ailton Soares dos Santos ................................................................................. 32 
 
RETERRITORIALIZAÇÃO: DESAFIOS E ESTRATÉGIAS ADAPTATIVAS EM COMUNI-
DADES DE TERREIRO DE BELO HORIZONTE E REGIÃO METROPOLITANA 
Alexandre Frank Silva Kaitel ............................................................................ 39 
 
ROMARIA DE MUQUÉM: UMA ANÁLISE DA IDENTIDADE ROMEIRO À LUZ DA RE-
LIGIOSIDADE POPULAR 
Aldemir Franzin .................................................................................................. 46 
 
CRÍTICA AO BRILHO FRÁGIL DO FETICHE: BENJAMIN E HINKELAMMERT 
Allan da Silva Coelho ...................................................................................... 52 
 
O ÊXTASE E SUAS IMPLICAÇÕES PROFÉTICAS NA TEOLOGIA DE PAUL TILLICH 
Almir Lima Andrade ......................................................................................... 60 
 
O VALE DO AMANHECER E AS NARRATIVAS VISUAIS DA NOVA COSMOLOGIA: 
UM DIÁLOGO ENTRE RELIGIÃO E FICÇÃO CIENTÍFICA 
Altierez Sebastião dos Santos ......................................................................... 71 
 
UMBANDA: ENTRE SINCRETISMO(S) E SÍNTESE(S) 
Ana Carolina Gomes ....................................................................................... 79 
 
ÉTICA E ESPIRITUALIDADE NÃO RELIGIOSA EM LUDWIG WITTGENSTEIN: UM DIÁ-
LOGO A PARTIR DA “CONFERÊNCIA SOBRE A ÉTICA” 
Ana Cláudia Archanjo Veloso Rocha ........................................................... 86 
 
CANDOMBLÉ ANGOLA: IDENTIDADE, RITOS E RELIGIOSIDADE EM BELÉM DO PA-
RÁ NA CASA "RUNDEMBO GUNZO DI BAMBURUCEMA” 
Ana Patrícia dos santos 
Vânia Maria Carvalho de Souza ................................................................... 94 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 6 
 
AS EXPERIÊNCIAS DA MODERNIDADE E DA SECULARIZAÇÃO NO DISCURSO UL-
TRAMONTANO DA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX: UMA DISCUSSÃO A PAR-
TIR DA HISTÓRIA DOS CONCEITOS 
Ana Rosa Cloclet da Silva .............................................................................. 101 
 
O COMPROMISSO SOCIOPOLÍTICO CRISTÃO 
Antônio de Pádua Santos ............................................................................... 109 
 
MIGRAÇÃO E TEOLOGIA EM “ANDANÇA” 
Antonio Manzatto ............................................................................................ 116 
 
CARACTERÍSTICAS GERAIS DOS RELATOS DE SUICÍDIO NA BÍBLIA 
Antônio Renato Gusso ..................................................................................... 123 
 
ALÉM DAS FRONTEIRAS: O HINDU-CRISTIANISMO DE BEDE GRIFFITHS 
Angelica Tostes Thomaz .................................................................................. 131 
 
OS DESAFIOS EM TORNO DA COMPREENSÃO DO QUE É SER LAICO NO BRASIL 
Aretha Beatriz Brito da Rocha ......................................................................... 136 
 
CULTURA, RELIGIÃO E ESTADO: A CONSTRUÇÃO DO IMAGINÁRIO PÁTRIO DA 
REPÚBLICA DOMINICANA A PARTIR DA LINGUAGEM RELIGIOSA 
Belkys Julissa Moya Bastardo ........................................................................... 143 
 
CHAMADO E DISCIPULADO SEGUNDO MATEUS, EM PERSPECTIVA COMUNICA-
TIVA 
Boris Agustín Nef Ulloa 
Jean Richard Lopes ......................................................................................... 149 
 
A GRANDE PROSTITUTA E O ABJETO: UMA ANÁLISE EM APOCALIPSE 17 
Camila Moreira ................................................................................................. 155 
 
ECOTEOLOGIA DA CRIAÇÃO: NOVOS HORIZONTES PARA UMA INTELECÇÃO DA 
FÉ DECOLONIAL 
Carlos Alberto Motta Cunha .......................................................................... 162 
 
CREDO QUIA ABSURDUM: TERTULIANO E KIERKEGAARD 
Carlos Campêlo da Silva ................................................................................ 169 
 
CORPOS GROTESCOS: OS CORPOS CASTIGADOS NO ALÉM-MUNDO DO APO-
CALIPSE DE PAULO E OS MORTOS QUE RETORNAM NA OBRA O LIVRO DE MA-
RAVILHAS DE PHLEGON DE TRALLES 
Carlos Eduardo de Araújo de Mattos ........................................................... 175 
 
O QUE AFASTA A CHUVA DE ISRAEL? 
Cássio Murilo Dias da Silva .............................................................................. 181 
 
POBRES, LITURGIA E CIÊNCIA MODERNA COMO LUGARESTEOLÓGICOS 
César Andrade Alves ....................................................................................... 189 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 7 
 
 
A CASA DAS SETE MULHERES 
Cláudia Danielle de Andrade Ritz ................................................................. 196 
 
AS RELAÇÕES DE GÊNERO NO PENSAMENTO DE EDITH STEIN 
Clélia Peretti ...................................................................................................... 204 
 
A CONSTRUÇÃO COLETIVA DOS PARÂMETROS CURRICULARES DO ENSINO RE-
LIGIOSO PARA O ENSINO FUNDAMENTAL ANOS FINAIS DO ESTADO DE PER-
NAMBUCO 
Constantino José Bezerra de Melo 
Rosalia Soares de Sousa 
Wellcherline Miranda Lima ............................................................................. 211 
 
A COLONIALIDADE DA NATUREZA: PODER – CONATUS – ENERGIA POTENCIAL 
Daniel Stosiek .................................................................................................... 218 
 
FRIEDRICH AUGUST VON HAYEK E A NEGAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS EM 
NOME DA SACRALIZAÇÃO DO MERCADO 
Daniela Leão Siqueira ..................................................................................... 225 
 
A ESTRUTURA SOCIAL DO ATO DE COMER 
Danielle Lucy Bósio Frederico ........................................................................ 231 
 
RUBEM ALVES E A POÉTICA DA LINGUAGEM RELIGIOSA 
Danilo Mendes .................................................................................................. 238 
 
A MIGRAÇÃO COMO CONQUISTA EM TOLKIEN: A CHEGADA DOS NUMENORI-
ANOS NA TERRA-MÉDIA 
Diego Klautau ................................................................................................... 245 
 
O ESPÍRITO E A REFORMA DA IGREJA: ESBOÇO DE UMA PNEUMATOLOGIA MIS-
SIONÁRIA A PARTIR DA EVANGELII GAUDIUM 
Diogo Marangon Pessotto .............................................................................. 252 
 
RELIGIÃO, CAPITALISMO E COMUNITARISMO 
Drance Elias da Silva ........................................................................................ 260 
 
PARTICIPAÇÃO E COMUNHÃO EM TEMPOS DE MOBILIDADE URBANA: O ‘SILÊN-
CIO’ DA CARNE 
Edson Matias Dias ............................................................................................. 270 
 
PAUL TILLICH E A REFORMA: O PRINCÍPIO PROTESTANTE 
Eduardo Gross ................................................................................................... 278 
 
GÊNERO E LITERATURA RELIGIOSA: UMA ANÁLISE DAS REPRESENTAÇÕES DE GÊ-
NERO PRESENTES NA REVISTA VISÃO MISSIONÁRIA NO PERÍODO DE 1975 A 2015 
Eliana Aparecida Amancio ............................................................................ 286 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 8 
 
A RELIGIÃO NA PÓS-MODERNIDADE: UM DIÁLOGO ENTRE ZIGMUNT BAUMAN E 
ABRAHAM JOSHUA HESCHEL 
Emivaldo Silva Nogueira ................................................................................. 294 
A IMAGEM DO PROGRESSO AMERICANO (DESTINO MANIFESTO) E O ESPÍRITO 
CALVINISTA DO ESCOLHIDO 
Éric de Oliveira Marins ..................................................................................... 307 
 
RELIGIÃO E INCLUSÃO: IGREJA CATÓLICA E A PASTORAL DOS SURDOS EM 
URUAÇU-GO 
Érica Nelcina da Silva 
Edson Arantes Junior ........................................................................................ 314 
 
A UTOPIA DO REINO DE DEUS: CONSIDERAÇÕES CRÍTICAS A PARTIR DA CRISTO-
LOGIA DE JON SOBRINO 
Eugenio Rivas .................................................................................................... 322 
 
A TEORIA DA ESCOLHA RACIONAL E SUA APLICAÇÃO NO CAMPO RELIGIOSO 
BRASILEIRO 
Eumar Evangelista de Menezes Júnior ......................................................... 329 
 
NOVA ERA OU NOVA ALEXANDRIA? O HERMETISMO ALEXANDRINO E O NEO-
PLATONISMO COMO ALGUMAS DAS BASES DA COSMOVISÃO DAS “ESPIRITUA-
LIDADES DE VIDA” CONTEMPORÂNEAS 
Fabio Mendia .................................................................................................... 335 
 
A DIFERENCIAÇÃO ENTRE ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE PROPOSTA PELA 
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE E SEUS PROBLEMAS PELA ÓPTICA DO CI-
ENTISTA DA RELIGIÃO 
Fábio Stern ......................................................................................................... 347 
 
PNEUMATOLOGIA E DIÁLOGO INTERRELIGIOSO: AS TENTATIVAS DE AMOS 
YONG E GEORGE KHODR 
Fabrício Veliq .................................................................................................... 353 
 
GÊNERO NO BRASIL: BINARISMOS E REPRODUÇÕES PATRIARCAIS NO DISCURSO 
POLÍTICO-RELIGIOSO BRASILEIRO 
Fernanda Marina Feitosa Coelho .................................................................. 360 
 
IGREJAS INCLUSIVAS: UMA FORMATAÇÃO DA HOMOSSEXUALIDADE NA NOR-
MATIVA HETEROSSEXUAL? 
Fernando Cesar Bertolino Junior .................................................................... 367 
 
O MITO DO ETERNO RETORNO DE MIRCEA ELIADE NO VIDEOCLIPE BUSCA VIDA 
DOS PARALAMAS DO SUCESSO 
Flávia Medeiros ................................................................................................. 376 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 9 
 
 
COMUNIDADE CAVERNA DE ADULÃO: ASPECTOS DO SUJEITO NA RELAÇÃO DO 
ETHOS CONTEMPORÂNEO E RELIGIÃO 
Flávio Lages Rodrigues .................................................................................... 383 
 
O DIÁLOGO INTRARRELIGIOSO EM RAIMON PANIKKAR 
Francilaide de Queiroz Ronsi .......................................................................... 390 
 
PAUL TILLICH, O LOGOS E O MÉTODO DA CORRELAÇÃO 
Gabriel Pilon Galvani ....................................................................................... 399 
 
O ORIENTE CRISTÃO: ELEMENTOS PARA O DIÁLOGO ENTRE O PROTESTANTISMO 
LATINO AMERICANO E A FORMA “MAIS CÓSMICA DO CRISTIANISMO” 
Gilmar Ferreira da Silva .................................................................................... 406 
 
A POLÍTICA COMO RITO E A DEMOCRACIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA 
Glauco Barsalini 
Mariana Pfister .................................................................................................. 413 
 
AS MULHERES NA VIDA COMUNITÁRIA: POR QUE NÃO EMPODERÁ-LAS? 
Graziela Rodrigues da Silva Chantal ............................................................ 420 
 
O TEMPLO DE SALOMÃO: UMA NOVA CULTURA MATERIAL E VISUAL IURDIANA 
Helena Raquel de França Costa ................................................................... 426 
 
O IDOSO: UM PARALELO ENTRE O CONTEXTO BÍBLICO E ATUAL 
Ilza Maria Guedes Torquato Paredes ............................................................... 433 
 
TEOLOGIA CRISTÃ E ANIMAIS NÃO HUMANOS: DA DOMINAÇÃO À INCLUSÃO 
Helder Maioli Alvarenga ................................................................................. 441 
 
CONSOLAÇÃO COMO HERMENÊUTICA HISTÓRICO-TEOLÓGICA: O CASO DO 
DÊUTERO-ISAÍAS 
Jaldemir Vitório ................................................................................................. 448 
 
A IMAGEM DO AFRO-ESTADUNIDENSE SOB A PERSPECTIVA DE ELLEN WHITE NO 
SÉCULO XIX E SUAS IMPLICAÇÕES 
Jean Carlos Zukowski 
Germana Ponce de Leon Ramirez ............................................................... 455 
 
JESUS E A CORRUPÇÃO DO TEMPLO DE JERUSALÉM: UMA PESQUISA BÍBLICA A 
PARTIR DE MC 11,15-19 
João Luiz Correia Júnior .................................................................................. 461 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 10 
 
RELATOS DE VOCAÇÃO: O SAGRADO PROVOCANDO PRÁXIS OU A PRÁXIS 
CONSTRUINDO O SAGRADO? – UMA LEITURA DE EX 3,1-6 A PARTIR DA SOCIO-
LOGIA DE MICHAEL LÖWY 
Joilson de Souza Toledo .................................................................................. 469 
 
SENDO AMBÍGUO, HÁ QUE DELIMITAR O CONCEITO RELIGIÃO 
José Álvaro CamposVieira ............................................................................ 476 
 
A ABOMINAÇÃO TOEBAH E A HOMOSSEXUALIDADE: UMA ANÁLISE CRÍTICA EM 
LEVÍTICO 20,13 
José Frederico Sardinha Franco .................................................................... 483 
 
O LUGAR DA RELIGIÃO NA TEORIA SISTÊMICA DE NIKLAS LUHMANN 
José Maria da Frota ......................................................................................... 490 
 
ESPIRITUALIDADES NÃO RELIGIOSAS EM MARIÀ CORBÍ: ELEMENTOS PARA UMA 
LEITURA CRÍTICA 
José Reinaldo F. Martins Filho 
Clóvis Ecco ........................................................................................................ 496 
 
A IGREJA SARA NOSSA TERRA: NOTAS INTRODUTÓRIAS SOBRE A EMERGÊNCIA 
DE UMA TEOLOGIA DE GESTÃO 
José Roberto Alves Loiola 
Antônio Mendes da Costa Braga ................................................................. 504 
 
MISTÉRIO DA ENCARNAÇÃO NO MAGISTÉRIO DO PAPA FRANCISCO: FUNDA-
MENTO DA MISSÃO DA IGREJA 
José de Souza Paim ......................................................................................... 512 
 
MÍSTICA E METAFÍSICA EM LEVINAS 
José Tadeu Batista de Souza .......................................................................... 519 
 
O ESTRANGEIRO, O ÓRFÃO E A VIÚVA NOS ESCRITOS DE KHIRBET QEIYAFA E 
SUA CONEXÃO COM OS TEXTOS BÍBLICOS 
Jovanir Lage ...................................................................................................... 526 
 
AMÉM! E NASCERAM AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS... 
Jussara Rocha Koury ........................................................................................ 533 
 
ANÁLISE E CONTEXTUALIZAÇÃO DAS PRÁTICAS MÁGICAS PARA O AMOR NO 
CRISTIANISMO PRIMITIVO, COM BASE NOS TEXTOS DE ATOS DE PAULO E TECLA 
E OS PAPIROS MÁGICOS GREGOS 
Kellen Christiane Rodrigues de Araujo .......................................................... 540 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 11 
 
A ANTROPOLOGIA DO FEMININO: DESCONSTRUINDO ESTRUTURAS DE VIOLÊN-
CIA 
Karen de Souza Colares .................................................................................. 547 
 
EMPODERAMENTO DE MULHERES NO CONTEXTO DA REFORMA PROTESTANTE DO 
SÉCULO XVI 
Letícia Aparecida Ferreira Lopes Rocha ...................................................... 554 
 
RELIGIÃO E IDENTIDADE: O BATUQUE E O PENSAMENTO BATUQUEIRO 
Lilian Ghisso Aristimunho .................................................................................. 562 
 
BÍBLIA E LITURGIA: A POLÊMICA ENTRE O MINISTÉRIO PÚBLICO DE PERNAMBUCO 
E A CÂMARA DO RECIFE 
Liniker Henrique Xavier .................................................................................... 569 
 
NOVOS DESAFIOS À TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO: O TRABALHADOR NO CON-
TEXTO DA TERCEIRIZAÇÃO E DA PRECARIZAÇÃO DO TRABALHO 
Luciano Gomes dos Santos ............................................................................ 576 
 
O POETAR COMO SALVAGUARDA DA FÉ RELIGIOSA 
Luís Gabriel Provinciatto .................................................................................. 583 
 
A EXPRESSÃO “DIA PHTHONON” EM MC 15,10 
Luís Henrique Eloy e Silva ................................................................................. 591 
 
LEITURA CONFLITUAL EM MATEUS 25,14-30: PARÁBOLA DOS TALENTOS 
Luiz Antonio Ferreira Pacheco da Costa 
Regina Maria de Albuquerque Franco Ramos ........................................... 597 
 
UMA TEOLOGIA PNEUMATOLÓGICA DA PALAVRA DE DEUS: CONTRIBUIÇÕES DE 
FERDINAND EBNER 
Luiz Carlos Sureki ............................................................................................... 606 
 
A ÚNICA COISA NECESSÁRIA – UMA ANÁLISE EXEGÉTICA DE LUCAS 10:38-42 
Luiz Felipe Xavier ............................................................................................... 613 
 
O SAGRADO NOS TEXTOS INDIANOS VÉDICOS, SEGUNDO RENÉ GIRARD 
Maiara Rúbia Miguel ....................................................................................... 621 
 
A EXPERIÊNCIA RELIGIOSA DOS HAITIANOS IMIGRANTES EM BELO HORIZONTE 
Márcio Flávio Martins ....................................................................................... 628 
 
IMPACTO DE CONCEITOS DE “ESPAÇO DE FLUXOS” E DE “VIRTUALIDADE REAL” 
NO CONCEITO DE “ESPAÇO SAGRADO”: ESTUDOS PRELIMINARES 
Marcos Rodrigues Simas .................................................................................. 636 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 12 
 
A MANIFESTAÇÃO DOS JUÍZOS DIVINOS CONFORME AP 15,3-4 
Marcus Aurélio Alves Mareano ...................................................................... 643 
 
DA SECULARIZAÇÃO À SINGULARIZAÇÃO: ESTUDO DE CASO DE UM CULTO UM-
BANDISTA–KARDECISTA E REIKIANO 
Maria Augusta B. Gentilini ............................................................................... 651 
 
GÊNERO E RELIGIÃO NO CONGRESSO NACIONAL: A TRAJETÓRIA DE VIDA E 
ATUAÇÃO DE BENEDITA DA SILVA NA 55ª LEGISLATURA 
Maria de Lourdes Ventura de Oliveira ......................................................... 657 
 
ATIVISMO DIGITAL NA LUTA CONTRA A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA: UM ESTUDO 
COM KAYLLANE 
Maria do Carmo de Morais Mata Rodrigues ............................................... 664 
 
O NATURALISMO DA RELIGIÃO EM PAUTA: O CASO DA CIÊNCIA COGNITIVA 
Matheus Fernando Felix Ribeiro ...................................................................... 671 
 
VIOLÊNCIA SIMBÓLICA NO DISCURSO RELIGIOSO MIDIÁTICO NEOPENTECOSTAL 
Maurílio Ribeiro da Silva .................................................................................. 676 
 
A ARTICULAÇÃO ENTRE CRISTOLOGIA E PNEUMATOLOGIA EM PERSPECTIVA 
HISTÓRICA E ECUMÊNICA 
Paulo Sérgio Lopes Gonçalves ...................................................................... 683 
 
REVIVAL RELIGIOSO JOVEM E SISTEMA MULTIMÍDIA 
Pedro Fernando Sahium ................................................................................. 690 
 
O PROTESTANTISMO COMO RELIGIÃO DO CORPO: UMA ABORDAGEM DO JE-
SUS HISTÓRICO COMO O LUGAR DOS SEM-LUGAR 
Priscila Alves Gonçalves da Silva .................................................................... 697 
 
O POVO DO LIVRO NAS “MEMÓRIAS DO LIVRO” 
Priscilla da Silva Góes 
Luciana Gama de Andrade .......................................................................... 705 
 
AS RELIGIÕES DOS TAMBORES NA BATIDA DO RAP: A PRESENÇA DE ELEMENTOS 
AFRO RELIGIOSOS NAS LETRAS DOS RAPPERS EMICIDA E CRIOLO 
Raquel Turetti Scotton ..................................................................................... 712 
 
UMA APROXIMAÇÃO TEOLÓGICO-CRISTÃ SOBRE O CORPO HUMANO 
Renato Alves de Oliveira ................................................................................. 719 
 
CONTRIBUIÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS DA IGREJA CATÓLICA EM VISTA DO 
BEM DO IMIGRANTE E DO ANFITRIÃO 
Renato Arnellas Coelho .................................................................................. 728 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 13 
 
 
O REINO DE DEUS COMO REVELAÇÃO DA ENCARNAÇÃO SEGUNDO JOSEPH 
MOINGT 
Renato Gomes Alves ....................................................................................... 736 
 
UM FILÓSOFO SEM ABSOLUTO: A INFLUÊNCIA DE PIERRE THÉVENAZ NO “ÚLTIMO 
RICOEUR” 
René Dentz ........................................................................................................ 743 
 
RELIGIÃO E POLÍTICA: A CONSOLIDAÇÃO DO ESPAÇO POLÍTICO DOS EVANGÉ-
LICOS NEOPENTECOSTAIS ATRAVÉS DA MARCHA RESGATE NO MUNICÍPIO DO 
CABO DE SANTO AGOSTINHO-PE 
Ricardo Jorge Silveira Gomes 
Adriana Guilherme Dias da Silva Figueirêdo ............................................... 751 
 
A JUSTIÇA SOCIAL NO SERMÃO ESCATOLÓGICO DE MATEUS 25,34-36.40 COM 
ÊNFASE NA CATEGORIA FORASTEIRO 
Rubens Alves Costa .........................................................................................758 
 
UMBANDA: ESBOÇO SOBRE SUA PRÁTICA E SUSTENTABILIDADE 
Sandra Chaves ................................................................................................. 766 
 
VICARIATO FEMININO: UMA IMPACTANTE EXPERIÊNCIA NO NORDESTE BRASI-
LEIRO 
Sandra Helena Rios de Araújo 
Luzia Valladão Ferreira .................................................................................... 772 
 
UMA ABORDAGEM SIMBÓLICA NA GENEALOGIA DE JESUS 
Selma Marques de Paiva ................................................................................ 779 
 
ENTRE AFLIÇÕES E BOM ÂNIMO: ANSIEDADE, DEPRESSÃO E RELIGIOSIDADE EM 
ESTUDANTES UNIVERSITÁRIOS 
Sérgio da Cunha Falcão ................................................................................. 788 
 
ENSINO DE RELIGIÃO: A PARTIR DO REFERENCIAL ECLESIAL 
Sérgio Rogério Azevedo Junqueira ............................................................... 795 
 
UM PASSEIO PELO “JARDIM ENCANTADO” DA PÓS-MODERNIDADE DE MAFFE-
SOLI 
Sérgio Sezino Douets Vasconcelos 
Hélio Pereira Lima ............................................................................................. 800 
 
OS DISCURSOS DE VERDADE SOBRE A FAMÍLIA: A NORMALIZAÇÃO DA FAMÍLIA 
HETEROSSEXUAL, MONOGÂMICA E PATRIARCAL NA POLÍTICA BRASILEIRA 
Tainah Biela Dias ............................................................................................... 807 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 14 
 
MARCA DA ITINERÂNCIA NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL DE CLARICE LISPEC-
TOR 
Tânia Dias Jordão ............................................................................................ 815 
 
RELIGIÃO E PRÓ-SOCIABILIDADE: UMA SÍNTESE INTRODUTÓRIA 
Thales Moreira Maia Silva ................................................................................ 821 
 
SAGRADO E PROFANO NAS EXPRESSÕES RELIGIOSAS NEOPENTECOSTAIS: O DI-
NHEIRO COMO DÁDIVA 
Valdivino José Ferreira ..................................................................................... 828 
 
A LUZ COMO SÍMBOLO DA JUSTIÇA 
Valmor da Silva ................................................................................................. 835 
 
CONTEXTUALIZANDO O ENSINO RELIGIOSO NO MUNICÍPIO DE CARUARU/PE 
Vantuir Raimundo ............................................................................................ 842 
 
A SABEDORIA DA CRUZ DE CRISTO ENQUANTO RAZÃO DA FÉ CRISTÃ NA PÓS-
MODERNIDADE 
Vera Lúcia Membrive Casagrande .............................................................. 849 
 
IDENTIDADES JUVENIS E MOBILIDADE HUMANA: DIÁLOGOS ENTRE E SOCIABILI-
DADE DE ADOLESCENTES REFUGIADOS E O CONCEITO DE ALTERIDADE EM EM-
MANUEL LEVINAS 
Vinnícius Almeida ............................................................................................. 856 
 
A TEOLOGIA EM ESCRITOS DE MICHEL DE CERTEAU: VISLUMBRANDO DEUS NO 
CONTEMPORÂNEO 
Virgínia Buarque ............................................................................................... 863 
 
É POSSÍVEL FALAR EM UMA MITOLOGIA DOS SERES CÓSMICOS? 
Vítor de Lima Campanha ............................................................................... 872 
 
É SHOW OU É CULTO? UMA QUESTÃO POLÍTICA DA MÚSICA GOSPEL 
Waldney de Souza Rodrigues Costa ............................................................. 878 
 
IMAGENS DE DEUS E PLURALISMO: CONTRIBUIÇÃO DA MÍSTICA DO PSEUDO-
DIONÍSIO PARA O DIÁLOGO RELIGIOSO 
Werbert Cirilo Gonçalves ................................................................................ 885 
 
A REDE DAS MULHERES DE TERREIRO E A INTOLERÂNCIA RELIGIOSA 
Zuleica Dantas pereira Campos .................................................................... 892 
 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 15 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
 
É com grande prazer que apresentamos os ANAIS do VI Congresso da 
ANPTECRE, com o tema “Religião, Migração e Mobilidade Humana”, organiza-
dos pelo Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião – 
Mestrado e Doutorado – da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. 
O VI Congresso da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa 
em Teologia e Ciências da Religião (ANPTECRE), que foi sediado na cidade de 
Goiânia (GO), entre os dias 13 a 15 de setembro de 2017, foi idealizado com o 
esforço conjunto dos Programas da área de Ciências da Religião e Teologia 
com o intuito de investigar e compartilhar os resultados das pesquisas sobre 
os múltiplos aspectos da religião, na sua mais ampla acepção, espacialidade e 
temporalidade. 
Por ocasião deste VI Congresso Nacional da ANPTECRE comemoramos 
os dez anos de fundação da Associação, celebrado com um magnífico jantar 
festivo. Esta data também marcou o amadurecimento dos Programas de Pós-
Graduação da área, que de um número reduzido quando da fundação da AN-
PTECRE, atinge hoje um total de vinte e um, sediados em universidades públi-
cas, privadas e comunitárias. A data também serviu de escopo para que os 
professores e alunos envolvidos na Pós-graduação em Ciências da Religião e 
Teologia, bem como de outras áreas afins, comemorassem com todo mérito a 
consolidação de suas linhas de pesquisa, o amadurecimento de seus projetos 
de investigação, sua extensa publicação e suas inúmeras parcerias com outros 
colegas do Brasil e do exterior. 
O VI Congresso da ANPTECRE discutiu o tema Religião, Migração e 
Mobilidade Humana, assunto de relevância em face da atual conjuntura social 
e política não apenas do Brasil, mas do mundo. Para isso foi indispensável o 
financiamento por parte das agências de fomento, quais sejam, CAPES, CNPq 
e FAPEG, as quais não apenas tornaram possível o nosso evento, mas suscita-
ram maior visibilidade e credibilidade às pesquisas desenvolvidas no Brasil, 
tanto em âmbito nacional como internacional. Preparamos com muito esmero 
todas as atividades que aqui foram desenvolvidas. A PUC Goiás, anfitriã do 
evento, juntamente com a presença do Coordenador da área junto à CAPES, 
Prof. Dr. Flávio Senra, também não pouparam esforços para ajudar na organi-
zação desse egrégio Congresso. 
Apesar do caráter científico, a importância do Congresso transcende a 
pesquisa e a atualização do conhecimento transforma o indivíduo na busca de 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 16 
 
seu aperfeiçoamento intelectual. Trazemos, nas páginas destes Anais, mais de 
uma centena de textos apresentados, naquela que é a parte propulsora de 
qualquer Congresso, como segue: as comunicações expostas em GTs e STs. 
Liderados por professores dos diferentes programas da área, cada comunica-
dor pôde trazer sua riqueza investigativa em torno da temática do Congresso. 
Assim, se na abertura do evento apresentamos o Caderno de Resumos e mais 
um livro impresso, organizado pelo Presidente do Congresso, Prof. Dr. Alberto 
da Silva Moreira, contendo a expressão das Conferências e Palestras de mesas 
redondas, agora entregamos, em via virtual, a reflexão dos comunicadores 
compactada nestes Anais. São diversas as contribuições, transcritas em suas 
novecentas páginas. Conferindo uma a uma, nota-se a efetivação e a consoli-
dação da investigação científica, especialmente pela ocasião do referido Con-
gresso. 
O êxito do evento é uma conseqüência não somente do número eleva-
do de congressistas e de trabalhos científicos inscritos, mas especialmente pe-
la pertinência dos temas eleitos e qualidade dos convidados que fizeram parte 
da programação científica. Cada palestrante, debatedor e comunicador trouxe 
para o Centro-Oeste perspectivas estimulantes para o cenário científico, em 
torno de suas próprias pesquisas e da temática em foco. Por isso, comunica-
dores e congressistas, agradecemos a presença e o esforço de vocês que abri-
lhantaram e participaram do evento, levando o seu saber e a sua cultura à 
belíssima cidade de Goiânia, em prol do enriquecimento acadêmico e do apri-
moramento da pesquisa. Com esta publicaçãovirtual dos Anais do VI Con-
gresso da ANPTECRE, completamos as obras impressas e virtuais que proje-
tamos. 
Desejamos uma boa leitura a todos e que os textos, aqui disponibiliza-
dos, proporcionem momentos profícuos de aprendizagem, troca de saberes e 
também contribuam para o aprofundamento das questões discutidas. Até o 
próximo Congresso, que ocorrerá na Pontifícia Universidade Católica do Rio de 
Janeiro, em 2019! 
 
 
 
 
 
Os organizadores 
 
 
 
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ANTROPOLOGIA, TEOLOGIA SISTEMÁTICA E 
TEOLOGIA PÓS-LIBERAL: O USO DA NARRATIVA 
BÍBLICA NA REFLEXÃO SOBRE A 
CONDIÇÃO HUMANA 
 
Adriani Milli Rodrigues – Doutor – UNASP 
 
Resumo: A partir do final do século XX, a construção teológico-sistemática 
tem sido contrastada com a abordagem narrativa da teologia pós-liberal. Nes-
se contraste, enquanto a elaboração sistemática tradicional é percebida como 
um empreendimento informado pela epistemologia moderna da tradição ilu-
minista, a reflexão narrativa é tida como paradigma metodológico não-
metafísico da pós-modernidade. A presente comunicação não pretende con-
trapor os sistemas teológicos tradicionais com a teologia narrativa pós-liberal, 
visto que tal contraposição correria o risco de ignorar a rica contribuição dos 
tratados de teologia sistemática, ao se favorecer a abordagem narrativa, ou o 
risco de desconsiderar os importantes pontos levantados pela teologia pós-
liberal, ao se favorecer os sistemas teológicos tradicionais. Em vez de uma 
contraposição, este estudo objetiva identificar perspectivas epistemológicas 
nas quais a teologia sistemática pode ser enriquecida pela abordagem narrati-
va. A presente comunicação procura alcançar esse objetivo por meio de três 
passos. Em primeiro lugar, há uma breve descrição da teologia narrativa ou 
pós-liberal. Em um segundo momento, este estudo se volta para os aspectos 
epistemológicos da narrativa. Finalmente, à luz do diálogo com a teologia pós-
liberal e nas possibilidades epistemológicas da narrativa, o terceiro passo su-
gere que a reflexão antropológica na teologia sistemática pode ser profunda-
mente enriquecida pela abordagem narrativa. Mais especificamente, a leitura 
teológica de narrativas bíblicas abre janelas epistemológicas para reflexões 
significativas acerca da condição humana. Assim, a comunicação conclui que, 
ao se levar em conta aspectos da abordagem narrativa, a teologia sistemática 
pode continuar articulando propostas teológicas claras e coerentes, sem ne-
cessariamente adotar uma epistemologia de matriz iluminista. 
 
Palavras-chave: Antropologia; Abordagem narrativa; Teologia sistemática; 
Teologia pós-liberal; Narrativas bíblicas. 
 
 
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TEOLOGIA PÓS-LIBERAL E A NARRATIVA 
 
Na introdução de seu livro sobre sistema e história, Heide (2009) enfa-
tiza que um dos debates mais interessantes na teologia contemporânea diz 
respeito à legitimidade epistemológica do uso de sistema como ferramental 
hermenêutico para a investigação e construção teológica. O questionamento 
dessa legitimidade se fundamenta especialmente na crítica de que a estrutura 
da teologia sistemática tradicional é, a rigor, produto do racionalismo e da me-
tafísica moderna. O grupo de teólogos que normalmente expressa essa crítica 
é denominado, de forma geral, de teólogos narrativos ou pós-liberais, sendo 
associado particularmente à Universidade de Yale. Aliás, “a escola de teologia 
de Yale” é uma expressão por vezes utilizada como sinônima de teologia nar-
rativa ou pós-liberal. Portanto, não é coincidência que os três principais nomes 
desse movimento estejam fortemente associados à Yale, a saber, Hans Frei 
(1922-1988) e George Lindbeck (1923- ), que tanto estudaram quanto traba-
lharam nessa universidade, e Stanley Hauerwas (1940- ), que estudou em 
Yale. 
A teologia narrativa ou pós-liberal, no entanto, não é um movimento 
monolítico. Frei, Lindbeck e Hauerwas têm ênfases distintas. De fato, Frei 
(1974) critica “o eclipse da narrativa bíblica” nas abordagens desenvolvidas 
pela teologia moderna, que basicamente se resumiam pela busca de recons-
truir ou especular sobre o que estaria por trás das narrativas do ponto de vista 
do contexto histórico e intelectual, e ressalta a importância de se dar atenção 
à natureza narrativa bíblica em si. Essa atenção se concentra mais nas pró-
prias narrativas, e menos na tentativa de explicar o significado ou a verdade 
que elas contêm. De acordo com essa proposta, ao invés de conclusões rápi-
das que reduzem a narrativa bíblica a algum conceito teológico, o teólogo pre-
cisa ruminar os detalhes da narrativa por algum tempo para, então, traçar 
conclusões. Com efeito, o propósito da Bíblia enquanto narrativa não é mera-
mente apresentar conceitos, mas convidar os leitores a mergulharem no mun-
do da narrativa e se identificarem pessoalmente com os personagens e a tra-
ma. Para isso, o teólogo precisa ser um leitor atento aos detalhes e ao movi-
mento da narrativa. (GOODSON, 2015). 
Se o foco de Frei está na narrativa bíblica, a ênfase de Lindbeck se en-
contra na natureza da doutrina. Lindbeck (1984) critica duas posturas distintas 
na teologia moderna na compreensão de doutrina. Uma é a posição ortodoxa 
tradicional, que ele denomina modelo proposicional de doutrina. Nesse mode-
lo, a doutrina se define pela descrição cognitiva de verdades acerca de reali-
dades objetivas da crença religiosa. A outra posição a ser criticada é a da teo-
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logia liberal, que ele designa como modelo experiencial. Nesse caso, a doutri-
na não é de natureza cognitiva, mas se constitui de símbolos que expressam 
profundos sentimentos e orientações existenciais. O elemento comum dos dois 
modelos é a centralidade dos referentes ontológicos da doutrina, seja a reali-
dade objetiva (modelo proposicional) ou subjetiva (modelo experiencial). Na 
crítica de Lindbeck, ambos os modelos se lançam precipitadamente para a dis-
cussão dos referentes e se olvidam de observar atentamente a própria lingua-
gem da doutrina e sua função. Como alternativa, ele propõe o modelo linguís-
tico-cultural, no qual a doutrina é o idioma cultural de uma comunidade religi-
osa, isto é, uma gramática regulativa da comunidade em termos de sua lin-
guagem sobre seus valores e formas de vida. Como o próprio Lindbeck reco-
nhece, sua proposta é fortemente influenciada por conceitos da filosofia da 
linguagem de Wittgenstein, especialmente a noção de jogos de linguagem. 
Ao passo que Lindbeck discute a doutrina enquanto linguagem de uma 
comunidade religiosa, Hauerwas (2000; 2015) tem como foco as práticas des-
sa própria comunidade na construção narrativa. Em suas palavras, “como Is-
rael, a igreja tem uma história para contar na qual Deus é personagem princi-
pal. Mas a igreja não pode contar essa história sem se tornar parte da trama” 
(HAUERWAS, 2000, p. 186, tradução livre). 
Obviamente, essa breve descrição do pós-liberalismo não faz adequada 
justiça à elaboração detalhada desenvolvida por esses autores. Além disso, a 
despeito da importância de Frei, Lindbeck e Hauerwas na discussão da teolo-
gia pós-liberal, a teologia narrativa não se restringe à escola de Yale. De fato, 
inúmeros autores indicam que a teologia de Karl Barth serviu de considerável 
inspiração para o desenvolvimento de uma teologia narrativa, e essa inspira-
ção é reconhecida por teólogos católicos como Krieg (1977; 1978; 1988), 
Hahnenberg (2010) e Rocchetta (1994), bem como por teólogos protestantes 
como Ford (2008), Heide (2012) e Brennan III (2013). Contudo, o fator pre-
ponderante para o desenvolvimento de uma teologia narrativa em diversas 
vertentes teológicas parece ter sido a virada linguística do século XX no pen-
samento contemporâneo (ESKOLA, 2015). 
Nessa virada, o foco no fenômeno da linguagem associado à crítica ao 
pensamento metafísico moderno exigem uma nova reflexão epistemológicanos diferentes campos do saber, inclusive na teologia sistemática. Com essa 
nova reflexão, a crítica ao racionalismo de matriz iluminista proporciona a va-
lorização das narrativas e histórias na chamada pós-modernidade. Como Lu-
cie-Smith (2016, p. 195) sublinha, “histórias não apenas ilustram o entendi-
mento, elas também o criam”. De fato, as narrativas e histórias deixam de ser 
meras ilustrações aproximadas e superficiais de uma articulação conceitual 
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abstrata profunda, e passam a assumir o palco principal da formulação do 
pensamento. Em outras palavras, o lugar privilegiado da construção do pen-
samento não é o âmbito da abstração conceitual, mas o da concretude da nar-
rativa. Essa ousada constatação resulta do reconhecimento de que a narrativa 
possui uma forma de racionalidade (ROCCHETTA, 1994; LUCIE-SMITH, 2016), 
muitas vezes discreta, mas perspicaz e vigorosa. Sua sutileza tende a ocultar o 
fato de que a narrativa tem uma racionalidade de primeira ordem. Contudo, o 
aspecto epistemológico da narrativa não pode ser devidamente apreciado en-
quanto o foco de nossa atenção se encontra no questionamento da objetivi-
dade da narrativa em relação à realidade do evento narrado. Nem tampouco 
na mera discussão da subjetividade e relatividade da história enquanto inter-
pretação. As duas posturas olvidam o aspecto da interpretação em si, sendo 
incapazes de observar como o fenômeno da interpretação se dá por meio da 
construção narrativa, que pode ou não incluir aspectos objetivos e/ou subjeti-
vos. 
Portanto, uma das principais contribuições da teologia pós-liberal ou 
narrativa é a abertura de horizontes para se refletir acerca da profundidade 
epistemológica da narrativa, suas formas de racionalidade e sua capacidade 
de articulação sistemática não-abstrata. Essa reflexão parece ser promissora 
para o labor da teologia sistemática contemporânea, promovendo novas for-
mas de engajamento com a narrativa bíblica e no pensar a condição humana. 
Nas linhas abaixo, serão resumidas algumas características da narrativa en-
quanto forma de pensamento. 
 
O ASPECTO EPISTEMOLÓGICO DA NARRATIVA 
 
Uma característica normalmente observada na narrativa é a capacida-
de secundária de ilustrar um conceito abstrato. No entanto, Krieg (1977; 
1988) sugere, de maneira perspicaz, que ela não meramente ilustra, mas pri-
mariamente aprofunda o conceito, agregando-lhe mais especificidade por 
meio do raciocínio contextual concreto. De fato, “histórias mostram o que não 
pode ser dito diretamente” (KRIEG, 1977, p. 190). Por exemplo, quando des-
crevemos abstratamente uma pessoa como sábia, um aprofundamento dessa 
descrição exigirá uma narrativa sobre essa pessoa para uma compreensão 
mais específica de sua sabedoria (KRIEG, 1977). Krieg encontra essa dinâmica 
na doutrina de Deus de Barth, particularmente na exposição das perfeições 
divinas. “Em ‘A Realidade de Deus’, Dogmática da Igreja, II/1, Barth conta his-
tórias bíblicas sobre Deus, e com base nelas ele faz declarações acerca dos 
atributos divinos. Por exemplo, Barth conta como Deus atuou em relação a 
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Isaías e em relação a Jesus Cristo, e então assevera que Deus é santo” (KRI-
EG, 1977, p. 191). O mesmo princípio de especificidade pode ser aplicado na 
reflexão antropológica da condição humana. 
Aliás, uma forte característica da narrativa é a sua relação com a expe-
riência da vida humana. Como Hahnenberg (2010, p. 163, tradução livre) res-
salta, a “narrativa é a forma básica da vida”. Similarmente, Lucie-Smith (2016, 
p. 7, tradução livre) salienta que a experiência tem essencialmente uma “qua-
lidade narrativa”. Do ponto de vista individual, o ser humano é “uma corporifi-
cação viva de uma história particular”, que não apenas representa uma narra-
tiva mas atua também como narrador, visto que ele(a) é um(a) contador(a) 
de histórias (LUCIE-SMITH, 2016, p. 7, tradução livre). Da perspectiva coleti-
va, o ser humano em sua narrativa viva está “envolto em uma multidão de 
narrativas sendo vividas por muitas pessoas” (HAHNENBERG, 2010, p. 163, 
tradução livre). De fato, além da experiência concreta da sequencialidade de 
eventos que marcam a vida humana, a narrativa também é capaz de abarcar 
de alguma forma o complexo e multiforme campo das emoções humanas, que 
não são adequadamente retratadas no discurso abstrato conceitual. Além dis-
so, o complexo campo da memória humana, que provê identidade pessoal e 
coletiva, tem caráter fundamentalmente narrativo, uma vez que falar sobre a 
memória é narrar eventos da experiência. 
Em terceiro lugar, a narrativa normalmente é articulada a partir de 
uma perspectiva que traz sentido à eventos. Em geral, contar uma história 
significa interpretar eventos de modo que eles possuam uma ordem ou coe-
rência interna, normalmente em termos de relações implícitas ou explícitas de 
causa e efeito entre eles (LUCIE-SMITH, 2016; FIDDES, 2009). Para Paul Ri-
couer (1997, p. 9-10), a narrativa é “uma obra de síntese: virtude da intriga, 
objetivos, causas, acasos, são reunidos sob a unidade temporal de uma ação 
total e completa”, isto é, a narrativa é uma “síntese do heterogêneo”. Assim, 
Ricouer (1997, vol. 1, p. 12) estipula que a narrativa é “o meio privilegiado 
pelo qual reconfiguramos nossa experiência temporal confusa e, no limite, 
muda”. Essa unificação coerente da experiência humana ambígua e, muitas 
vezes, confusa revela a capacidade sistematizadora da narrativa para a produ-
ção de sentido da vida humana. 
No entanto, essa capacidade de sistematização não deve ser entendida 
no sentido técnico moderno de mera abstração conceitual de forte tendência 
reducionista, mas no sentido geral de organização do pensamento. Em reali-
dade, as narrativas têm mais competência do que a abstração conceitual para 
explorar a complexidade da ambiguidade da experiência e as possibilidades de 
seus múltiplos significados (FIDDES, 2009) que se abrem para o fértil campo 
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da interpretação. Além disso, como Lucie-Smith (2016) enfatiza, cada história 
é inacabada e dá o sentido de algo a ser continuado. Diferente da tendência 
característica dos sistemas modernos de serem produtos acabados, as narrati-
vas estão em um estado de devir, pois são produtos em processo de forma-
ção, por assim dizer. 
 
A NARRATIVA BÍBLICA E A REFLEXÃO SOBRE A CONDIÇÃO HUMANA 
 
Curiosamente, a reflexão acerca do caráter epistemológico da narrativa 
aponta para uma dimensão essencialmente antropológica. De fato, a estrutura 
do pensamento narrativo reflete em grande medida a estrutura da própria 
condição humana. Portanto, a força do pensamento narrativo parece derivar 
de sua conexão com a experiência humana concreta. Em outros termos, pen-
sar sobre a epistemologia narrativa significa refletir antropologicamente. Nessa 
perspectiva, a observação das narrativas bíblicas proporciona horizontes para 
pensar a condição humana, não apenas em termos de conteúdo narrativo, 
mas também em termos de estrutura epistemológica. Um exemplo notável 
dessa possibilidade é a reflexão sobre o que Lucie-Smith (2016) chama de 
princípio de distanciamento da narrativa. De acordo com esse princípio, ao ou-
virmos uma história, o autor nos convida a entrar em um mundo que nos é 
familiar, mas que, geralmente, não é o nosso mundo. 
Lucie-Smith observa esse princípio na narrativa do diálogo entre o pro-
feta Natã e o rei Davi em 2 Sm 12,1-15. De forma perspicaz, este autor subli-
nha que a nota tônica desse diálogo é a crítica à tirania do poder para a afir-
mação da justiça. Ao lidar com o poder tirano, a reflexão narrativa é mais sutil 
e poderosa que o discurso conceitual direto e, desse modo, Natã dialoga com 
o poderoso rei Davi por meio de uma história de injustiça e tirania. Ao convi-
dar o rei para entrar no mundo distante da história de Natã, a narrativa bíblica 
parecesugerir que Davi se torna capaz de identificar instantaneamente um 
comportamento injusto inaceitável que aparentemente ele não estaria obser-
vando com esse nível de clareza em suas próprias ações. Por conta do princí-
pio de distanciamento, a narrativa permite uma reflexão mais clara acerca da 
condição humana. Quando observo a história do outro, consigo refletir melhor 
sobre a minha própria história. Mas isso só é possível porque, o mundo distan-
te da narrativa é concretamente similar ao meu mundo e, portanto, relaciona-
do concretamente com a minha forma de pensar. 
 
 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 23 
 
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A TECNOCIÊNCIA NO “MUNDO VULNERÁVEL”. 
VISÃO DA ECOTEOLOGIA, A PARTIR DE JORGE 
RIECHMANN E A “LAUDATO SI” 
 
Afonso Tadeu Murad – Doutor – FAJE 
 
Resumo: A ecoteologia tem se confrontado cada vez mais com o desafio da 
tecnociência. De um lado, essa possibilitou grandes conquistas para a huma-
nidade. De outro, constituiu-se com uma ideologia autojustificadora, que em 
nome do antropocentrismo, incrementa processos destrutivos nos sistemas de 
vida do planeta. O objetivo de nosso trabalho é descortinar uma visão crítica 
da tecnociência, que sirva para estabelecer um diálogo produtivo com a eco-
teologia. Na primeira parte, apresentaremos a análise do filósofo espanhol 
Jorge Riechmann, a respeito da tecnociência e seu impacto na fragilização do 
mundo. Desenvolveremos os seguintes aspectos: (1) Por que “mundo vulnerá-
vel”, (2) Natureza, biosfera e tecnosfera. Segundo Riechmann, descobre-se 
que a biosfera é uma entidade finita, mortal, vulnerável e ameaçada pelo ex-
cesso de intervenção humana. Vivemos na época de crise ecológica global, 
pois ela afeta a biosfera inteira, alcançando as dimensões do planeta. A nova 
vulnerabilidade do mundo nos interpela dramaticamente como agentes morais 
e cidadãos de uma comunidade política. Então, a ecologia deve ser concebida 
como pensamento dos limites. A tecnociência modifica não somente a nature-
za, mas também o mundo social. Acontece uma verdadeira revolução técnico-
científica, um novo modo de produção do conhecimento e se modifica a estru-
tura da atividade científica. Trata-se de uma crescente instrumentalização do 
conhecimento científico-tecnológico, para outras finalidades, além dele mes-
mo. A tecnociência se tornou uma poderosa ideologia na sociedade de merca-
do. A título de conclusão, confrontaremos brevemente o pensamento de 
Riechmann com a reflexão do Papa Francisco na Encíclica “Laudato Si”, que 
compreende: (1) criatividade e poder da tecnociência, (2) Riscos do paradig-
ma tecnocrático. Com isso, esperamos estimular o crescente diálogo da ecote-
ologia com as ciências humanas, em vista de uma sociedade justa e sustentá-
vel. Este “paper” é apenas o fragmento de um trabalho mais extenso sobre o 
tema, ainda em desenvolvimento. 
 
Palavras-chave: Tecnociência; Laudato Si; Mundo vulnerável; Ecoteologia; 
Riechmann. 
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INTRODUÇÃO 
 
Muitos autores contemporâneos, de várias áreas do conhecimento, re-
fletem sobre a tecnociência. Escolhermos um deles, que tem sido objeto de 
nossa pesquisa em ecoteologia. Trata-se de Jorge Riechmann, professor de 
Filosofia Moral na Universidade de Barcelona, poeta e literato, pesquisador em 
questões ecológico-sociais e colaborador em movimentos de cidadania no seu 
país. O autor, praticamente desconhecido no Brasil, tem uma ampla e comple-
xa obra. Dentre elas o conjunto que ele denominou “Trilogia da autoconten-
ção" (RIECHMANN, 2004, 2005a, 2005b). 
O conjunto da obra de Riechmann fascina seus leitores/as. O autor 
transita por várias disciplinas e áreas de estudo, com precisão. Recorre a mui-
tos pesquisadores, o que torna seus livros uns verdadeiros compêndios. Com-
bina conceitos com analogias criativas. Oferece sínteses e chaves de leitura 
imprescindíveis para compreender o mundo contemporâneo, no horizonte 
ecossocial. E, como ele mesmo diz, estimula a fazer a transição para socieda-
des sustentáveis. 
 Essa comunicação apresentará alguns pontos do pensamento de 
Riechmann acerca dos desafios da tecnociência, em vista de edificar um mun-
do habitável. Recorreremos principalmente à sua obra “Un mundo vulnerable. 
Ensayos sobre ecología, ética e tecnociência” (2005a). A título de conclusão 
aberta, delinearemos os pontos de contato com a ecoteologia, a partir do 
cap.III da Laudato Si, do Papa Francisco. 
 
POR QUE “MUNDO VULNERÁVEL”? 
 
Propaga-se que a tecnociência tornou o ser humano mais forte e capaz 
de enfrentar os desafios ecológicos e sociais. Sem negar todas suas inestimá-
veis contribuições, Riechmann enfatiza outro lado da questão. Para ele, a tec-
nociência se transformou numa ideologia perigosa, auto-justificadora, sem 
controle social, destruidora do planeta. 
A biosfera aparece então como uma entidade finita, extremamente 
frágill, ameaçada pelo excesso de intervenção humana. Vivemos na época de 
crise ecológica global, pois ela afeta a biosfera inteira, alcançando as dimen-
sões do planeta. A nova vulnerabilidade do mundo nos interpela dramatica-
mente como agentes morais e cidadãos de uma comunidade política (RIECH-
MANN, 2005a, p.18.98.135). Nosso tempo se caracteriza como a época moral 
de longo alcance, pois as consequências do que fazemos ou deixamos de fazer 
chegam cada vez mais longe no espaço e no tempo. 
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A humanidade hoje influi decisivamente em catástrofes antes tidas 
como naturais, como é o caso dos furacões. Esses se tornam mais agressivos, 
devido às mudanças climáticas. Além disso, a desigualdade social, especial-
mente o abismo Norte-Sul (países ricos e os do “terceiro mundo”) se liga in-
dissociavelmente com os problemas ecológicos. Nós nos encontramos hoje 
numa situação de gravidade extrema. Há uma intensificação exponencial, da-
do o aumento crescente do fluxo de energia nos processos de produção e 
consumo. O ser humano está alterando a biosfera e os grandes ciclos bioquí-
micos e fisio-geológicos do planeta (RIECHMANN, 2005a, p.41-44,137). 
Então, a ecologia deve ser concebida como pensamento dos limites. 
Existem tecnologias tão poderosas que se classificam como intrinsecamente 
perigosas, por sua desproporção com a fragilidade, falibilidade e vulnerabilida-
de do humano. Aliás, as tecnologias não são nem independentes do sistema 
de valores, nem inevitáveis (RIECHMANN, 2005a, p. 51). 
Cada vez mais a ciência se torna tecnológica. Por este motivo, usa-se o 
neologismo “tecnociência”. Desaparece o ideal clássico da ciência como ativi-
dade teorético-contemplativa pura e desinteressada. A tecnociência leva em 
suas entranhas a modificação do mundo: é sempre operatividade, produtivi-
dade e transformação do dado. Por isso, os problemas éticos relacionados 
com ela não tem a ver somente com sua aplicação, e sim com a própria base 
da investigação. 
A tecnociência modifica não somente a natureza, mas também o mun-
do social. Realiza-se um novo modo de produção do conhecimento e se modi-
fica a estrutura da atividade científica. Uma revolução praxeológica! Há uma 
crescente instrumentalização do conhecimento científico-tecnológico, para ou-
tras finalidades, além dele mesmo (RIECHMANN, 2005a, p. 411-412). 
O capitalismo tem a tendência estrutural à mercantilização total; a que 
o valor monetário suplante a todos os demais valores; a destruir as comunida-
des sociopolíticas que dão sentido à vida moral, ao esvaziamento das bases 
biofísicas e socioculturais das sociedades humanas. A produção capitalista, 
inerentemente expansiva, implica crescente extração de recursos e emissão de 
contaminantes. Um subsistema econômico em expansão dentro de uma bios-
fera finita produz um conflito ecológico inevitável (RIECHMANN, 2005a, p.53). 
As sociedades industrializadas, marcadas pelas engrenagens da produ-
ção capitalista que tendem a mercantilizar tudo, extrapolam os limites ecológi-
cos e sociais. Apropriam-se da totalidade do espaço ecológico do planeta e 
tendem a não assumir a responsabilidade por seus atos, pela via da externali-
zação dos danos ambientais. Então essa se torna uma questão vital para a 
ética ecológica (RIECHMANN, 2005a, p.54.179). 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 28 
 
PODER CRESCENTE DA TECNOSFERA 
 
A partir de COMMONER (1992), considera-se se que os humanos vive-
mos em três mundos: (a) o natural (biosfera ou ecosfera); (b) a tecnosfera, 
um sistema de estruturas artificiais inserido na ecosfera; (c) a socioesfera: re-
de de relações sociais, assim como as entidades e instituições (políticas, eco-
nômicas e culturais), criadas pelo ser humano, mas sem a consistência mate-
rial da tecnosfera (RIECHMANN, 2005a, p., p.105, nota 30 p.131). 
Diferentemente dos outros animais, o humano não satisfaz suas neces-
sidades adaptando-se à natureza. Introduz entre ele e o mundo natural a me-
diação que chamamos de “tecnosfera”. Na época da tecnociência sintética, 
saímos da transformação para a criação. Leva-se até as últimas consequências 
o ideal de (re)criar uma natureza sintética, incluindo o próprio corpo do ser 
humano. 
Sem incorrer na visão ingênua de uma “ecolatria”, deve-se levar em 
conta que “a natureza sabe o que faz”. E isso exige um distanciamento crítico 
em relação à absolutização da tecnociência (RIECHMANN, 2005a, p.108-109). 
A ecoesfera é resultado de um imenso e longo processo de erros e acertos, 
que tornaram possível a continuidade da vida no nosso planeta. 
O ser humano, como animal capaz de ação intencional, previsão e ra-
ciocínio, pode e deve realizar mudanças para melhorar a natureza. No entan-
to, dados a ignorância humana, os riscos inerentes, as distorções introduzidas 
pelo modo de produção capitalista e outros aspectos das nossas relações soci-
ais, impõe-se uma atitude de prudência extrema ao intervir na natureza. Há 
que se pensar muitas vezes, antes de manipular a constituição molecular dos 
organismos vivos ou interferir no funcionamento dos ecossistemas. Não por-
que esses sejam sagradas ou intocáveis, e sim devido à alta probabilidade de 
efeitos imprevistos. 
Hoje estamos modificando a biosfera de forma que a fazemos crescen-
temente inabitável para nós. Fazemos a natureza perder certa capacidade de 
se autoregular. O que está em jogo na crise ecológica não seria tanto a conti-
nuidade da vida sobre o planeta, e sim a sobrevivência da espécie humana. 
(RIECHMANN, 2005a, p.109-110,122-123). 
Os poderes de destruição da humanidade sobre o planeta se multipli-
caram. Hoje somos capazes de destruir muito mais do que podemos reparar 
ou criar. O ser humano se transformou numa força geológica planetária, com 
terríveis consequências para a biosfera, como: (a) apropriação enorme da bi-
omassa terrestre, (b) alteração dos ecossistemas terrestres, (c) extinção mas-
siva de espécies animais e vegetais, (d) intervenção da mineração na superfí-
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cie terrestre, arrastando milhões de toneladas de sedimentos para os leitos 
dos rios, (e) modificação da composição química da atmosfera. 
Portanto, está em curso um grande movimento para a artificialização 
total, historicamente nova e de enorme importância. O poder de intervenção 
das sociedades industriais sobre o planeta é incomparavelmente maior do que 
todos os outros períodos da história humana. A atual crise ecológica resulta de 
desajustes na interação entre biosfera e tecnosfera. Os processos lineares que 
regem a tecnosfera industrial chocam-se violentamente contra os processos 
cíclicos que prevalecem na biosfera. Estas absorvem cada vez mais matéria e 
energia e excretam resíduos a um ritmo insustentável (= intensificação). 
Prejudicar a biosfera é moralmente problemático, pois põe em risco a 
qualidade de vida de bilhões de seres humanos no presente e no futuro, bem 
como as centenas de milhões de seres vivos com os quais compartilhamos es-
te planeta. Eles são dignos de consideração moral por si mesmos (RIECH-
MANN, 2005b, p.92,227). Por isso, devemos nos preocupar moralmente por 
sua sobrevivência e suas oportunidades vitais. Para maiores poderes, maiores 
responsabilidades. Tal contexto implica a questão moral, singular e irrenunci-
ável, de reconstrução ecológica das sociedades industriais, de forma que che-
guem a ser sustentáveis (RIECHMANN, 2005a, p. 114-115, 118). 
Riechmann denuncia o ethos radicalmente imoral da tecnologia mo-
derna (RIECHMANN, 2005a, p. 119-122). Essa se auto-justifica assim: (a) Po-
de-se fazer tudo; tudo é tecnicamente factível. O que hoje é impossível será 
viável amanhã, graças ao progresso técnico sem fim. (b) Aquilo que pode ser 
feito tecnicamente, está justificado moralmente. O ideal da tecnologia sintética 
pressupõe que a realidade é indefinidamente maleável e sujeita à ação huma-
na. Em contrapartida, segundo o pensamento ecológico, a realidade tem con-
sistência e estrutura, e isso impõe limites à ação humana. Um ethos otimista 
sobre a atuação tecnocientífica no mundo não parece adequado para o atual 
momento histórico. Melhor seria o de assombro e medo do homo faber diante 
de suas próprias obras. 
Segundo MANZINI (1992, p.49-50), o homem contemporâneo é um 
demiurgo débil. Pode criar na esfera local, mas não consegue controlar a glo-
bal. O sistema artificial se transforma numa segunda natureza, complexa etão 
difícil de conhecer como a primeira. Ora, se a crise ecológica é resultado de 
ações coletivas humanas, temos a responsabilidade de nos dotar de meios efi-
cazes coletivos, para enfrentá-la (RIECHMANN, 2005a, p. 138). A crise ecoló-
gica, na qual está inserida a tecnociência, lança-nos para o âmbito da ética. 
 
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CONCLUSÕES ABERTAS: CONVERGÊNCIA COM A LAUDATO SI 
 
A reflexão sobre a Tecnociência se encontra no capitulo III da Laudato 
Si, com o título: “raiz humana da crise ecológica”. Nela se destacam: ambigui-
dade da tecnociência (LS 102-105), globalização do paradigma tecnocrático 
(LS 106-114), relação da tecnocracia com um antropocentrismo despótico (LS 
115-121), critérios de juízo sobre a biotecnologia (LS 130-136). A posição do 
Papa Francisco converge com aquela defendida por Riechmann, embora te-
nham pontos de partida distintos. Vejamos brevemente a contribuição da Lau-
dato Si, em forma de tópicos. 
(a) Luzes e sombras da tecnociência: A humanidade entrou numa 
nova era, em que o poder da tecnologia nos põe diante duma encruzilhada. 
De um lado, essa contribui para o progresso humano em muitos âmbitos. Pro-
duz coisas belas. Se bem orientada, leva a melhorar a qualidade de vida (LS 
102-103). De outro lado, confere um poder tremendo aos que detém o conhe-
cimento e o poder econômico. E tal concentração de poder, sem controle, põe 
em risco a humanidade e o planeta (LS 104-105). Há um descompasso cres-
cente, pois o imenso crescimento tecnológico não é acompanhado por uma 
evolução quanto à responsabilidade, aos valores e à consciência (LS 105). Isso 
remete a questão fundamental: o ser humano atual carece de uma ética sóli-
da, uma cultura e uma espiritualidade que lhe ponham limite, dentro de um 
lúcido domínio de si (LS 105). 
(b) Um modelo de compreensão arrasador: a tecnociência não 
está colocada no âmbito instrumental dos meios a utilizar. Ela se transformou 
em um “paradigma homogêneo e unidimensional” Sua lógica consiste na pos-
se, domínio e máxima exploração dos outros seres, reduzidos a meras coisas. 
Perde-se assim a dimensão de relação. Alimenta-se a ilusão do progresso ilimi-
tado e a mentira da disponibilidade infinita dos bens do planeta (LS 106). 
(c) Impacto na vida das pessoas: O paradigma tecnocrático influ-
encia a vida dos indivíduos, o funcionamento da sociedade e meio ambiente. 
Seus produtos condicionam “os estilos de vida e orientam as possibilidades 
sociais na linha dos interesses de determinados grupos de poder” (LS 107). É 
muito difícil utilizar seus recursos sem ser dominado por sua lógica ferrenha. 
Com isso, reduz-se a capacidade de decisão, a liberdade e o espaço para a 
criatividade das pessoas (LS 108). 
(d) Domínio sobre a economia e a política: Essas são direciona-
das em função da maximização dos lucros, em detrimento dos mais pobres e 
dos ecossistemas. Ora, o mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvi-
mento humano integral, nem a inclusão social (LS 109). 
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(e) Unidimensionalidade do saber: A crescente especialização, 
conduzida pela tecnociência, comporta grande dificuldade de realizar um olhar 
de conjunto. O saber fragmentado leva à perda de sentido da totalidade. A 
vida é reduzida às circunstâncias condicionadas pela técnica, como recurso 
principal (e quase único) de interpretar a existência (LS 110). 
Tanto Riechmann quanto Francisco denunciam que a tecnociência, no 
formato como se impõe na atualidade, torna o planeta mais vulnerável, e a 
humanidade, refém de um poder sem limites. Diante de um quadro tão gritan-
te, que alternativas se colocam? Qual a contribuição de Riechmann e da Lau-
dato Si para um mundo sustentável? O que a teologia tem a dizer? Essa é a 
questão chave que desenvolveremos a seguir, na nossa pesquisa. 
 
REFERÊNCIAS 
 
COMMONER, Barry. En paz con el planeta. Barcelon: Crítica, 1992 
OLIVEIRA, Manfredo Araújo. “O Paradigma tecnocrático” em: MURAD, Afonso; 
TAVARES, Sinivaldo (orgs). Cuidar da Casa Comum. São Paulo: Paulinas, 
2015, p.129-145. 
Papa FRANCISCO. Carta Encíclica Laudato Si. Sobre o cuidado da Casa 
Comum. São Paulo: Paulinas, 2015. 
RIECHMANN, Jorge. Un mundo vulnerable. Ensayos sobre ecologia, ética y 
tecnociencia. Madrid: Catarata, 2 ed, 2005 (a). 
-------------. Todos los animales somos Hermanos. Ensayos sobre el lugar 
de los animales en las sociedades industrializadas. Madrid: Catarata, 2005 
(b). 
-------------. Gente que no quiere viajar a Marte. Ensayos sobre ecologia, 
ética y autolimitación. Madrid: Catarata, 2004 
-------------. Biomímesis. Ensayos sobre la imitación de la naturaleza, ecoso-
cialismo y autocontención. Madrid: Catarata, 2006. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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A CONTRIBUIÇÃO DE CARLOS MESTERS PARA O 
ESTUDO POPULAR DA BÍBLIA NAS 
CEB’s DOS 1980 
 
Ailton Soares dos Santos – Mestrando – PUC Goiás 
 
Resumo: As Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) emergiram no Brasil na 
década de 1960. Como parte do movimento católico da Teologia da Liberta-
ção, procuraram lutar contra as injustiças sociais vigentes no Brasil e defender 
os direitos dos trabalhadores e dos setores marginalizados da população. Den-
tro desse movimento surgiu à figura de frei Carlos Mesters, um frade carmelita 
holandês radicado no Brasil, como um dos mais importantes mentores da lei-
tura popular da Bíblia. Uma das formas de difusão da leitura popular da Bíblia 
que ele mais ajudou a propagar foram justamente os Círculos Bíblicos. Essas 
reuniões periódicas das pessoas se caracterizam pela leitura e discussão de 
livretos escritos em linguagem popular, que constituíam um material de apoio 
para a reflexão sobre os textos das Sagradas Escrituras, lidas numa perspecti-
va libertadora. Os Círculos Bíblicos acontecem muitas vezes fora do espaço da 
Igreja; normalmente os fieis se reúnem nas suas próprias casas ou nos espa-
ços pastorais. O foco das CEB’s, seguindo a linha da Teologia da Libertação, 
está no povo pobre e simples (os oprimidos) que compõe a maioria das comu-
nidades cristãs. O objetivo desta comunicação é fazer um estudo dos livretos 
dos Círculos Bíblicos para iniciantes, produzidos por frei Carlos Mesters e pu-
blicados pela editora do CEBI. O foco da análise recai sobre seu uso pelos pe-
quenos grupos leigos na Arquidiocese de Goiânia nos anos de 1980. 
 
Palavras chave: Comunidades Eclesiais de Base; Leitura popular da Bíblia; 
Círculos Bíblicos; Teologia da Libertação. 
 
INTRODUÇÃO 
 
Ler a Bíblia olhando a realidade da vida é como salgar a comida do dia 
a dia; é como plantar uma semente boa em terra fértil; é como acender uma 
lamparina em noite sem luar. São estas palavras simples que circunda as Co-
munidades Eclesiais de Base às chamadas CEB’s (MESTERS). Estas comunida-
des cristãs de base emergiram em âmbito internacional com o Concílio Vatica-
no II e no Brasil emergiu na década de 1960 como uma resposta a uma Amé-
rica Latina empobrecida. Como parte do movimento católico da Teologia da 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 33 
 
Libertação, procuraram lutar contra as injustiças sociais vigentes no Brasil e 
defender os direitos dos trabalhadores e dos setores marginalizados da popu-
lação. Dentro desse movimento surgiu a figura de frei Carlos Mesters, como 
um dos mais importantes mentores da leitura popular da Bíblia. Justamente é 
através dessa figura tão importante que vamos analisar uma das formas mais 
importantes de difusão e propagação das comunidades de base: os chamados 
círculos bíblicos populares. Estes encontros religiosos se caracterizam pela lei-
tura e discussão de livretos escritos em linguagem popular, que constituíam 
um material de apoio para a reflexão sobre os textos das Sagradas Escrituras, 
lidas numa perspectiva libertadora (CEBI, 2011). Os Círculos Bíblicos aconte-
cem fora do espaço da Igreja; normalmente os fieis se reúnem nas suas pró-prias casas ou nos espaços pastorais. 
 
FREI CARLOS MESTERS, 80 ANOS DE PARTILHA E VIVÊNCIA. 
 
As Comunidades Eclesiais de Base (CEB’s) emergiram no Brasil na dé-
cada de 1960 e teve o seu apogeu na década de 1980, chegando a ter quase 
100 mil comunidades de base. Como parte do movimento católico da Teologia 
da Libertação, estas comunidades procuraram lutar contra as injustiças sociais 
vigentes no Brasil e defender os direitos dos trabalhadores e dos setores mar-
ginalizados da população. Dentro desse movimento surgiu à figura de frei Car-
los Mesters, um frade carmelita holandês radicado no Brasil, como um dos 
mais importantes mentores da leitura popular da Bíblia. Neste ano (em 20 de 
outubro de 2017), Frei Carlos Mesters completa 80 anos de muita vida e luta. 
Como grande parte dela foi dedicada ao CEBI (Centro de Estudos Bíblicos). 
Segundo nos relata Eliseu Lopes, o jovem Jacobus Mesters, com 17 anos na 
época, escolheu o Brasil como sua futura atividade missionária. No dia 6 de 
janeiro de 1949, ele e seu amigo Vital Wilderink tomaram o navio rumo ao 
Brasil. Foram duas semanas entre o céu e o mar. No dia 20 de janeiro, o navio 
lançou chegou ao porto do Rio de Janeiro. Era a festa do padroeiro da cidade, 
São Sebastião. Uma numerosa procissão caminhava pelas ruas, e aquele es-
petáculo marcou suas primeiras impressões da terra que adotara como sua 
nova pátria. Frei Carlos se foi se tornando mais brasileiro tão bem que, no en-
contro intereclesial das CEB’s em João Pessoa (PB), quando os peritos foram 
disseram que: 
 
Pelo testemunho de alguns de seus ex-alunos, a Exegese, até 
então considerada uma matéria árida e secundária, passou a 
merecer um grande interesse, graças às virtudes didáticas e, 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 34 
 
sobretudo ao entusiasmo contagiante do jovem mestre. Seu 
desempenho como professor não passou despercebido: em 
1967, foi convocado para dar aulas no Colégio Internacional 
Santo Alberto, em Roma (LOPES, 2017). 
 
A luta do carmelita Carlos Mesters se confunde com a história das 
CEB’s no Brasil, uma luta contra as injustiças e uma resistência contra o capi-
talismo selvagem. Para o clero sair da sacristia e ir de encontro ao povo e rea-
lizar a obra em favor dos mais abandonados não é e nunca será algo fácil. 
Mesters em sua didática dessa proximidade ao povo simples desenvolveu for-
mas simples e próximas da realidade para trabalho com este nicho de pesso-
as, utilizando umas das suas expressões favoritas: um raio-X da vida a luz da 
Bíblia (MESTERS, 2015). 
 
UMA EXPLICAÇÃO DA BÍBLIA A PARTIR DO POVO 
 
Segundo frei Carlos Mesters, a Bíblia não é a única fonte em que Deus 
se revela para a humanidade. O primeiro livro é a criação, ou seja, a natureza. 
Esta palavra de Deus é percebida e lida através do tempo, dos acontecimentos 
históricos e tudo perpassa pela vida do povo, é toda a realidade que nos en-
volve. É justamente nesta mensagem de amor, através da sua criação, Deus 
se revela a seu povo, em uma mensagem de liberdade e justiça. Mas os ho-
mens envoltos em seu egoísmo e ganância recria uma sociedade totalmente 
fora dos planos do seu Criador. Por isto vem à necessidade da Bíblia, pois se-
gundo Mesters, “a Bíblia não veio ocupar o lugar da vida” (1983). 
A Bíblia é um dos livros mais lidos da história da humanidade. Milhões 
de pessoas se inspiram e se inspiraram neste livro considerado sagrado para 
tantas religiões e dentro dela encontraram sentido para a sua vida. Este dado 
nos indica, portanto, um alto numero de leitores. No entanto, que tipo de lei-
tura se faz da Bíblia? Uma leitura superficial? Uma leitura fundamentalista? 
Uma leitura popular? Assim como nos afirma Carlos Mesters, a Bíblia é palavra 
de Deus que se fez conhecer através das raízes de seu povo. Neste sentido, 
ela não caiu pronta do céu, ela surgiu da terra, “surgiu como inspiração divina 
e do esforço humano” 1 (1983, p. 12-13). 
Entrando um pouco dentro da história da Bíblia. O cânone bíblico foi fi-
xado por volta do ano 110 D.C no Sínodo de Jâmnia. No entanto, nos 100 
primeiros anos a comunidade cristã lia o Antigo Testamento, ela usava uma 
versão grega chamada Septuaginta (LXX). Nestes primeiros anos só existiam 
 
1 grifo do autor 
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algumas Cartas de Paulo, somente por volta do ano 150 foi formado o que 
conhecemos hoje por Evangelho (DREHER, 2006). 
Com o passar do tempo e as grandes mudanças produzidas na huma-
nidade a partir dos séculos XIX e XX levaram os cristãos das várias igrejas, 
não somente a Igreja Católica, a olhar a realidade e a Bíblia de modo diferen-
te. Como Por exemplo, na Alemanha, a experiência de R. Bultmann nas trin-
cheiras como capelão militar, durante a primeira guerra mundial, 1914 a 1918, 
levando-o a um novo jeito de lê a Bíblia que influenciou a exegese bíblica do 
século XX em praticamente todas as Igrejas. Ação Católica trouxe uma nova 
maneira de se considerar e experimentar a ação reveladora de Deus na histó-
ria. Antes de se procurar saber o que Deus falou no passado, procura-se Ver 
a situação do povo hoje. Em seguida, com a ajuda de textos da Bíblia e da 
tradição das igrejas, procura-se Julgar a situação. E são eles, os fatos, que 
assim se tornam os transmissores da Palavra e do apelo de Deus e que levam 
a Agir de maneira nova. Portanto, o método mais usado na Leitura Popular da 
Bíblia é o ver-julgar-agir (MESTERS; OROFINO, 2007). 
Fruto do Concílio Vaticano II (1964), nascida para atualizar e adaptar a 
Igreja ao mundo atual, as Comunidades Eclesiais de Base - CEB’s, procurou 
assumir um maior protagonismo dos leigos/as no âmbito de cultivar uma Igre-
ja libertadora (DORNELAS, 2005). Nas CEB’s a fé é transmitida de uma “nova 
leitura” da Bíblia, principalmente uma leitura a partir do pobre, da mulher, das 
diferentes culturas (etnias), dentre outros excluídos. Nas décadas do auge das 
CEB’s entre 1970 e 1980, especialmente no Brasil houve um levante muito 
grande de pesquisas e reflexões sobre este novo jeito de ser Igreja (COSTA, 
2005). Surge muitos teólogos que vão elaborar vários materiais para os círcu-
los bíblicos, um desses grandes teólogos que é o alvo deste estudo é frei Car-
los Mesters, com os círculos bíblicos. No entanto o que é um círculo bíblico 
que tanto foi difundido nas CEB’s? Vejamos o que o próprio nos diz: 
Círculo bíblico não é uma coisa nova. O primeiro encontro em torno da 
Palavra de Deus vem do próprio Jesus, quando andava com os dois discípulos 
na estrada de Emaús. Antes disso, ele mesmo, durante os trinta anos que vi-
veu em Nazaré, todo sábado, participava da reunião da comunidade na sina-
goga, onde se faziam três coisas, que até hoje fazemos nos círculos bíblicos: 
 
Primeiro, eles rezavam e cantavam juntos. Segundo, eles liam e 
meditavam um trecho da Bíblia. Terceiro, eles procuravam ver 
como podiam ajudar-se mutuamente para colocar em prática a 
Palavra e, assim, resolver os problemas da vida (MESTERS, 
2016). 
 
ANAIS do VI Congresso da ANPTECRE – ISSN 2175-9685 36 
 
Neste sentido, é preciso fazer para que a Palavra de Deus possa abrir 
os olhos e nos faça perceber Jesus presente no meio de nós. Segundo ainda 
Carlos Mesters na leitura que as Comunidades de Base fazem da Bíblia, apesar 
das diferenças próprias de cada país ou região, existe um método, cujas ca-
racterísticas básicas são comuns a todos. O método dos pobres se caracteriza 
por estes três critérios: 
 
1. Os pobres levam consigo, para dentro da Bíblia, os proble-
mas da sua vida. Leem a Bíblia a partir da sua luta e da 
sua Realidade. 
2. A leitura é feita em Comunidade. É, antes de tudo, uma lei-
tura comunitária, uma prática orante, um ato de fé. 
3. Eles fazem uma leitura obediente: respeitam o Texto e se co-
locam à escuta do que Deus tem a dizer, dispostos a mudar se 
Ele o exigir. (MESTERS; OROFINO, 2007). 
 
Estes três critérios: texto, comunidade

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