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Tema 6 – Hemorragia digestiva baixa Maria Laura Gonçalves Vieira – T XIV É todo sangramento agudo no trato gastrointestinal que ocorre após o ângulo de Treitz. 10 a 15% dos casos de hemorragia digestiva aguda Mais frequente em idosos. 85% dos casos, o sangramento cessa espontaneamente ou em até 48h Manifestações clínicas Hematoquezia Melena Anemia e/ou instabilidade hemodinâmica (hipotensão postural, síncope, choque hemorrágico) Causas Origem no cólon: • Doença diverticular • Angiodisplasia • Neoplasia • Doenças anorretais • Colite infecciosa / isquêmica / actínica • Pós-polipectomia • Doença inflamatória intestinal Origem no delgado: • Angiodisplasia • Erosões ou úlceras • Doença de Crohn • Radiação • Divertículo de Meckel • Neoplasia • Fístula aortoentérica DIVERTÍCULO COLÔNICO Pequenas hérnias de mucosa intestinal nos pontos de fragilidade da parede do órgão. Dieta pobre em fibras → pouco resíduo para formação do bolo fecal → volume fecal reduzido → ↑pressão intraluminal → aumento da tensão da parede → herniação na parede frágil → divertículo São considerados pseudodivertículos (mucosa e submucosa) Local mais comum: cólon direito Grupo de risco: hipertensos ou em uso de AINEs Quadro clínico: geralmente, hematoquezia autolimitada, indolor e sem sinais de inflamação ANGIODISPLASIA Malformação vascular, originada por defeito de embriogênese. Consiste em vasos sanguíneos frágeis e inchados no cólon. Maior parte dos casos tem origem venosa → sangramento menos intenso que doença diverticular. Local mais comum: cólon (ceco) Angiodisplasias que causam hemorragia digestiva predominam nos idosos (> 65 anos) Fatores de risco: • Estenose aórtica • Doença de von Willebrand • Síndrome urêmica crônica Clínica: hematoquezia indolor e autolimitada • Se associação com fístulas arteriovenosas → hemorragia maciça DIVERTÍCULO DE MECKEL Anormalidade congênita mais frequente do trato gastrointestinal – uma das principais causas de HDB em crianças. Comum em pacientes com doença de Crohn Causa: fechamento incompleto do conduto onfalomesentérico (borda antimesentérica do íleo terminal (45-60cm antes da válvula ileocecal) É um divertículo verdadeiro (todas as camadas da parede intestinal) Contem mucosa ectópica gástrica e células indiferenciadas. CÂNCER COLORRETAL - 10% dos casos de HDB 3ª causa de HDB em pacientes >50 anos Principal local de hemorragia – CA em cólon direito: indolor, intermitente, baixo fluxo Clínica do CA retal: hematoquezia de pequena monta, persistente ou intermitente, associada à constipação, tenesmo e eliminação de muco. OUTRAS CAUSAS Hemorroida interna ou externa Pólipos intestinais (adenomatosos ou hamartomatosos ou pós- polipectomia) Lesão de Dielafoy – vaso arterial submucoso visível Fissura anal (sangramento vermelho vivo de pequena monta) Colite (hematoquezia + dor abdominal + diarreia + febre) Conduta inicial Objetivo é estabilizar paciente Acesso venoso periférico calibroso Fazer tipagem sanguínea Reposição com cristaloides Transfusão de sangue Cateter vesical de demora Sonda nasogástrica – HDB duvidosa Sangramento significativo e com instabilidade hemodinâmica → UTI Após estabilização → investigação diagnóstica e tratamento especifico Diagnóstico Anamnese e exame físico EDA → descartar HDA MÉTODOS DIAGNÓSTICOS Exame retal: • Inspeção, palpação e toque retal; • Anuscopia e retossigmoidoscopia • Diagnóstico de fissuras, fístulas e doença hemorroidária e varizes de reto Colonoscopia: Procedimento de escolha para a avaliação da HDB • Após estabilização hemodinâmica • Método diagnóstico e terapêutico • Mais adequada em casos de sangramento mínimo a moderado. • Opção de preparo: manitol 10% 750ml, VO ou por SNG • Exemplos de achados: sítio de sangramento ativo; coágulo aderido a um foco na mucosa ou a um divertículo; ectasia vascular sangrante. Cintilografia com radionuclídeos: • Eritrócitos do próprio paciente são marcados com Tc99m. O sangue marcado é extravasado para a luz do TGI, criando um foco que pode ser detectado por cintilografia; • As imagens são coletadas até 24 horas após a injeção; • Preparo desnecessário • Somente diagnóstico • É um guia para a utilidade de arteriografias – se a cintilografia for negativa ou somente positiva após várias horas, a angiografia provavelmente não será reveladora, não sendo necessária sua realização. Arteriografia: • Exame invasivo • Cateterização transfemoral das artérias mesentéricas superior e inferior. • Sangramento maciço e ativo • Permite avaliar os principais troncos arteriais • Extravasamento do meio de contraste • Identificação de malformação arteriovenosa • Métodos terapêuticos paliativos: o Vasopressina (59-90% sucesso) o Embolização Cápsula endoscopica: • Hemorragia digestiva de origem indeterminada ou obscura → Fonte de sangramento geralmente é o intestino delgado. Tratamento cirúrgico Necessário para 10 a 25% dos pacientes com HDB. Indicações: • Instabilidade hemodinâmica não reversível; • Necessidade de mais de 2000ml de hemoderivados em 24 horas; • Indisponibilidade de arteriografia ou recidiva hemorrágica pós tratamento não-cirúrgico; • Sangramento contínuo por 72 horas; • Tipo sanguíneo de difícil obtenção; • Pacientes com graves comorbidades. Local do sangramento identificado → colectomia segmentar com anastomose primária Origem não descoberta → colectomia total Colectomia Laparoscópica
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