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Síndromes Dispépticas e Abdome Agudo Perfurativo Definição e Tipos de Abdome Agudo: Por definição, abdome agudo é um grande quadro clínico abdominal variável que pode ser dividido em síndromes, sendo cada uma delas caracterizada por diferentes formas de instalação e progressão a depender da sua etiologia. O que todas as etiologias têm em comum é a necessidade de definição diagnóstica imediata, para determinar a terapêutica adequada e necessidade de intervenção cirúrgica, reduzindo a morbidade e a mortalidade. Já abdome agudo perfurativo é uma síndrome clínica caracterizada por dor abdominal, não traumática, de início súbito, devido a perfuração de víscera oca. A classificação é feita com referência no Ligamento de Treitz: • Perfuração alta: geralmente se inicia por uma peritonite química, por liberação de sucos digestivos, que culmina com proliferação bacteriana e posterior processo infeccioso. • Perfuração baixa: é esperado início por peritonite infecciosa de região já colonizada com evolução para um quadro sistêmico, podendo manifestar sinais de septicemia. Como dito anteriormente, o abdome agudo pode ser dividido em grandes síndromes: • Abdome Agudo Inflamatório: é causada por processo inflamatório e/ou infeccioso em cavidade abdominal, órgãos ou estruturas adjacentes. Costuma cursar com manifestações de peritonite e alterações de ritmo intestinal. Caracteriza-se por dor de início insidioso e intensidade progressiva. Pode ser causado por um processo agudo ou pela agudização de uma doença crônica. Suas principais etiologias são: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite aguda e diverticulite. • Abdome Agudo Perfurativo: caracteriza-se por dor de início súbito e intenso, difusa em todo abdome, agravada com movimentação e irritação peritoneal por derrame de conteúdo de vísceras ocas no peritônio. A evolução natural da síndrome se dá por inflamação química inicial com posterior invasão bacteriana, agravando o quadro. As etiologias mais comuns são úlcera gastroduodenal, diverticulite, corpos estranhos e neoplasia. Apesar de se caracterizar como quadro agudo de início súbito, a apresentação pode ser tardia quando há tamponamento de uma úlcera, por exemplo. • Abdome Agudo Obstrutivo: síndrome caracterizada por sinais e sintomas de obstrução em TGI, como náuseas, vômitos, distensão abdominal, parada de eliminação de flatos e fezes. Tem caráter evolutivo e a dor costuma ser em cólica, geralmente periumbilical. Pode apresentar causa mecânica, por obliteração parcial ou total do lúmen, ou funcional. As etiologias mais comuns são corpo estranho, bridas, hérnias, neoplasias, bolo de áscaris. • Abdome Agudo Vascular: caracterizado por dor abdominal intensa de origem vascular, sendo uma urgência não-traumática grave por redução súbita do fluxo sanguíneo intestinal. Quando o quadro é mais arrastado, a intensidade pode-se apresentar diminuída pela circulação colateral. A dor é difusa e mal definida, apresentando desproporção entre a dor e o exame físico. As etiologias mais comuns são embolia e trombose mesentérica com isquemia intestinal, redução do débito cardíaco, gastroenterites. • Abdome Agudo Hemorrágico: causado pela presença de sangue em cavidade abdominal. São mais raros e geralmente acometem faixas etárias mais avançadas. Dor intensa, com rigidez e sinais de hipovolemia, tais como hipotensão, taquicardia, palidez e sudorese. Como há sangramento, a depender do volume e a velocidade de instalação do quadro, pode haver prejuízo neurológico e a intervenção deve ser rápida. Em mulheres, sempre investigar ciclo menstrual e possibilidade de gravidez. As etiologias mais comuns são gravidez ectópica rota, ruptura de aneurisma de aorta, rotura de baço. Epidemiologia: É a terceira síndrome abdominal aguda mais frequente, ficando atrás de Abdome Agudo Inflamatório (1º) e Obstrutivo (2º). A taxa de mortalidade varia entre 8 a 10% se não tratada, dependendo a etiologia, como veremos adiante. Dentre as principais etiologias, a úlcera péptica evolui com perfuração em 10% dos casos, havendo uma prevalência do duodeno em relação ao estômago (14:1). Principais Causas: As principais causas de abdome agudo perfurativo são: • Perfurações de úlceras pépticas altas: geralmente se inicia por uma peritonite química, por liberação de sucos digestivos, que culmina com proliferação bacteriana e posterior processo infeccioso. • Perfurações de úlceras pépticas baixas: é esperado início por peritonite infecciosa de região já colonizada com evolução para um quadro sistêmico, podendo manifestar sinais de septicemia. Diagnóstico Clínico: De um modo geral, temos: A clínica pode ser acompanhada de sinais de sepse, hipotensão ou choque a depender da gravidade do caso. O acúmulo de gás pode comprometer a musculatura diafragmática resultando em desconforto respiratório. A dor pode ser lombar, nos casos de perfurações retroperitoneais, ou irradiarem para os ombros nos casos de perfuração em abdome superior que irritam o diafragma. Abdome em tábua é uma contratura involuntária generalizada da parede abdominal por peritonte difusa. No exame físico podem encontrar também distensão abdominal e ausência de ruídos hidroaéreos. Lembrem sempre que os sinais e sintomas típicos ocorrem quando há peritônio livre – acometimento de toda cavidade abdominal com dor e peritonite generalizada. Avaliar SEMPRE: se a peritonite é química ou bacteriana, nível da perfuração e presença de comprometimento sistêmico. Exames Complementares: Exames laboratoriais são inespecíficos, podendo nos ajudar a detectar apenas a presença de processos inflamatórios e infecciosos prévios. Assim, para confirmar a perfuração, métodos de imagem são os mais adequados. • Diagnóstico Por Imagem: característica principal é a presença de ar e/ou líquido na cavidade peritoneal, retroperitônio ou na parede dos órgãos. Em alguns casos pode haver pneumoperitônio (75 a 80%), já em outros é esperado o bloqueio no local da perfuração e, portanto, ausência de gás no segmento perfurado. • RX-Simples: exame simples que mostra com facilidade o melhor indicador de perfuração – pneumoperitônio. O quadrante superior direito é onde mais frequentemente vemos ar livre. Pode ser solicitado em diversas incidências: ortostase, decúbito lateral e decúbito dorsal. A radiografia em ortostase é ideal para identificar ar entre o diafragma e o fígado ou estômago. Cerca de 50% do ar costuma se acumular abaixo do fígado ou no espaço hepatorrenal. Em decúbito lateral, temos boa visualização do ar entre o fígado e a parede abdominal lateral, enquanto em decúbito dorsal podemos visualizar alguns sinais que serão mostramos abaixo. • TC: permite uma localização precisa da perfuração e distribuição do gás, além de possibilitar a visualização de abscessos, sinais sugestivos de obstrução e isquemia. Diagnóstico Diferencial: • Pancreatite: processo inflamatório do pâncreas por ativação enzimática inadequada. Apresenta um quadro menos bem caracterizado. 80% dos casos estão relacionados à doença biliar litiásica ou ingestão de álcool, mas outras causas podem ser apresentadas, como trauma e infecções. • Colecistite: inflamação química e/ou bacteriana da vesícula biliar. Causas comuns são litíase vesicular ou colelitíase. Normalmente se dá por impactação de um cálculo, gerando estase do conteúdo biliar e, consequentemente, um fluxo retrógrado. A estase desse conteúdo gera fenômenos vasculares e inflamatórios. Abordagem Terapêutica: A abordagem inicial consiste em medidas de suporte com monitorização e manejo inicial dos casos de hipotensão e choque. A antibioticoterapia de amplo espectro pode ser feita antes do tratamento definitivo ou no intra-operatório, podendo manter-se posteriormente. O tratamento é cirúrgico com objetivode rafia da perfuração, com ou sem epiplonplastia nos casos de úlcera péptica perfurada, ou a ressecção da área comprometida, podendo fazer ressecção com anastomose primária ou com ostomia na impossibilidade de se realizar a anastomose: imunossupressão, desnutrição, infecção. Gastrite: Gastrite é a inflamação da mucosa gástrica causada por vários quadros, como infecção (Helicobacter pylori), medicamentos ou intoxicantes (AINE e bebidas alcoólicas), estresse e fenômenos autoimunes (gastrite atrófica). Muitos casos são assintomáticos, mas algumas vezes pode ocorrer dispepsia e sangramento gastrintestinal. O diagnóstico é por endoscopia. O tratamento é direcionado à causa, mas com frequência é feito por supressão ácida e uso de antibióticos para a infecção por Helicobacter pylori. Gastrite é classificada como gastrite erosiva ou gastrite não erosiva com base na gravidade da lesão da mucosa. É também classificada de acordo com sua localização (ou seja, cárdia, corpo, antro). A gastrite pode ser ainda classificada histologicamente como aguda ou crônica, de acordo com o tipo de célula inflamatória presente. Nenhum esquema de classificação corresponde perfeitamente à fisiopatologia; há alto grau de sobreposição. Algumas formas da gastrite envolvem doenças ácidopépticas e doenças por H. pylori. Além disso, o termo é genericamente aplicado a desconforto abdominal não específico (e em geral não diagnosticado) e gastroenterite. A gastrite aguda é caracterizada por infiltrado leucocitário polimorfonuclear da mucosa do antro e do corpo gástrico. Já a gastrite crônica implica em algum grau de atrofia (com perda da função da mucosa) ou metaplasia. Com frequência, envolve o antro (com subsequente perda de células G e diminuição da produção de gastroina) ou o corpo (com perda das glândulas oxínticas, provocando produção reduzida de ácido, pepsina e fator intrínseco). • Fisiopatologia: a infecção por HP é a causa mais frequente de gastrite crônica, a qual afeta dois terços da população mundial Na fase aguda da gastrite, a HP consegue induzir hipocloridria logo nos primeiros três dias de infecção. Serão citocinas como a IL-1β, IL-8 e a exotoxina vacA que vão inibir, transitoriamente, a bomba de protões. A IL1, por exemplo, inibe a liberação da histamina estimulada pela gastrina, diminuindo a secreção ácida A gastrite aguda envolve preferencialmente o antro gástrico é não atrófica. Há uma intensa infiltração neutrofílica da mucosa e da lâmina própria e também pode ocorrer, em casos mais exuberantes, edema das fovéolas, perda de mucina e erosão do citoplasma justaluminal. Os danos são causados pela HP e pelo sistema imune do hospedeiro. Sem tratamento adequado, a gastrite aguda evolui para gastrite crônica na maioria dos casos. Na gastrite crônica, a HP, além de envolver o antro, abrange também parte do corpo gástrico. A resposta inflamatória induz uma secreção exagerada de gastrina pelas células G do antro e uma diminuição de somatostatina, com resultante incremento da secreção ácida. Com a cronicidade da inflamação, vai havendo uma perda gradual de células G e de células parietais, diminuindo a secreção ácida e com desenvolvimento de atrofia gástrica e metaplasia intestinal. Estas alterações facilitam a progressiva migração da HP em direção ao corpo gástrico, com atrofia e respectiva hipocloridria. A hipocloridria, como referido, é ainda potenciada pela ação de citocinas como a IL-1β. Em síntese, a gastrite de predomínio antral é não atrófica e está relacionada com úlcera duodenal, pois níveis persistentemente elevados de gastrina e de ácido gástrico podem danificar o duodeno Assim, o padrão da gastrite é o maior determinante da evolução clínica da infecção por HP. Ulcera: É a ruptura da integridade da mucosa do estômago ou duodeno, que resulta em defeito local ou uma escavação em razão de inflamação ativa. As úlceras ocorrem dentro do estômago e/ou do duodeno e, com frequência, são de natureza crônica. A DUP inclui úlceras tanto gástricas quanto duodenais. As úlceras são definidas como rupturas na superfície mucosa com tamanho >5 mm e profundidade que vai até a submucosa. As úlceras duodenais (UD) e as úlceras gástricas (UG) têm muitas características em comum em termos de patogênese, diagnóstico e tratamento, porém vários fatores as diferenciam umas das outras. O Helicobacter pylori e os AINE constituem os fatores de risco mais comuns para a DUP. Outros fatores de risco incluem doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal crônica, uso atual de tabaco, uso prévio de tabaco, idade avançada, três ou mais consultas médicas em um ano, coronariopatia, uso prévio de álcool, raça afro-americana obesidade e diabetes melito. Os mecanismos pelos quais alguns desses fatores de risco levam à doença ulcerosa são ressaltados adiante: • Úlceras Duodenais: as UD ocorrem com mais frequência na primeira porção do duodeno (>95%), e cerca de 90% localizam-se a uma distância de até 3 cm do piloro. Em geral têm ≤1 cm de diâmetro, mas podem alcançar 3 a 6 cm (úlcera gigante). As úlceras são nitidamente demarcadas, às vezes com uma profundidade que alcança a muscular própria. Na maioria das vezes, a base da úlcera consiste em uma zona de necrose eosinofílica com fibrose circundante. As UD malignas são extremamente raras. H. pylori e lesão induzida por AINE são responsáveis pela maioria das UD. • Úlceras Gástricas: ao contrário das UD, as UG podem representar uma neoplasia maligna e devem ser submetidas a biópsia por ocasião de sua descoberta. As UG benignas são mais frequentemente distais à junção entre o antro e a mucosa que secreta ácido. As UG benignas são bastante raras no fundo gástrico e histologicamente semelhantes às UD. As UG benignas associadas ao H. pylori estão associadas também com gastrite antral. Em contrapartida, as UG relacionadas com os AINE não são acompanhadas de gastrite ativa crônica, mas, pelo contrário, podem mostrar evidência de uma gastropatia química, representada por hiperplasia foveolar, edema da lâmina própria e regeneração epitelial na ausência de H. pylori. Pode ocorrer também extensão das fibras musculares lisas para dentro das porções superiores da mucosa, onde não costumam ser encontradas. Assim como acontece nas UD, a maioria das UG pode ser atribuída tanto a H. pylori quanto a dano da mucosa induzido por AINE. As UG que ocorrem na área pré-pilórica ou aquelas localizadas no corpo gástrico e associadas a uma UD ou a uma cicatriz duodenal demonstram uma patogênese semelhante àquela das UD. A produção ácido-gástrica (basal e estimulada) tende a ser normal ou reduzida nos pacientes com UG. Quando as UG se instalam na presença de níveis mínimos de ácido, pode haver uma deficiência nos fatores de defesa da mucosa. As UG foram classificadas com base na sua localização: as do tipo I ocorrem no corpo gástrico e tendem a estar associadas a uma baixa produção de ácido gástrico; as do tipo II localizam-se no antro, e a produção de ácido gástrico pode variar de baixa a normal; as do tipo III ocorrem a uma distância de 3 cm do piloro e são comumente acompanhadas de UD e produção normal ou elevada de ácido gástrico; e as do tipo IV são encontradas na cárdia e estão associadas a uma baixa produção de ácido gástrico. • H. pylori: é um bastonete gram negativo, sendo responsável pela maioria dos casos de DUP, tendo uma participação no desenvolvimento do linfoma MALT e do adenocarcinoma gástrico. É encontrado nas porções mais profundas do gel mucoso que reveste a mucosa gástrica, pois é capaz de dividir a ureia em amônia e bicarbonato, criando um meio alcalino em um ambiente gástrico ácido. A primeira etapa da infecção depende da motilidade da bactéria e sua capacidade de produzir urease, que produz amônia, levandoà alcalinização do pH circundante. A produção de produtos tóxicos causa lesão tissular local, induzindo uma resposta imune mucosa local, aumentando os níveis de gastrina, com resultante aumento na secreção ácida. • AINEs: a maioria dos anti-inflamatórios são não seletivos, fazendo a inibição da COX 1 e da prostaglandina, que agem no estomago, inibindo a produção de ácido clorídrico e aumentando a produção de muco -> om sua inibição, isso não acontece. Fatores de risco incluem idade avançada, história de úlcera, uso em altas doses, uso concomitante de anticoagulantes, infecção concomitante por H. pylori, tabagismo e etilismo. • Complicações: hemorragia digestiva é a apresentação mais comum, apresentando-se como hematêmese (sangramentos maiores) ou melena (sangramentos menores). A segunda complicação mais comum é a perfuração. E em terceiro lugar a obstrução pilórica, que é menos comum -> úlceras mais distais. • Tratamento: erradicação do H. pylori, e terapia/prevenção da doença induzida por AINE. ➢ Antiácidos: hoje raramente utilizados, alívio dos sintomas de dispepsia -> Hidróxio de Aluminio/Magnesio. ➢ Antagonistas dos receptores H2: inibem a secreção ácida basal, sendo utilizadas no tratamento das úlceras agudas (4 a 6 semanas), associada à erradicação do H. pylori -> cimetidina, ranitidina, famotidina e nizatidina. ➢ Inibidores de bomba de prótons (H, K – ATPase): ligam-se de modo covalente à H, K – ATPase, inibindo-a irreversivelmente -> omeprazol, esomeprazol, lansoprazol e pantoprazol. Sindromes Dispepticas: A dispepsia é definida como um distúrbio da digestão caracterizado por um conjunto de sintomas relacionados ao trato gastrointestinal superior, como dor, queimação ou desconforto na região superior do abdômen, que podem estar associados a saciedade precoce, empachamento pósprandial, náuseas, vômitos, timpanismo, sensação de distensão abdominal, cujo aparecimento ou piora pode ou não estar relacionado à alimentação ou ao estresse. O aparecimento da dispepsia ou sintomas dispépticos pode estar associado a vários distúrbios do trato gastrointestinal superior, como doença ulcerosa péptica, doença do refluxo gastrointestinal, gastrites, neoplasias do trato gastrointestinal superior, doença do trato biliar e dispepsia funcional. • Dispepsia Funcional: origem no trato gastrointestinal superior, mas nenhuma doença orgânica detectável consegue explicar os sintomas. Os sintomas podem incluir dor epigástrica, queimação epigástrica, empachamento pós-prandial e saciedade precoce. Inchaço abdominal e náusea também podem ser sentidos, mas são menos específicos e não são considerados sintomas cardinais de dispepsia funcional. Os sintomas se sobrepõem com manifestações atípicas de doença do refluxo gastroesofágico (DRGE), sendo que estudos prévios sobre a dispepsia funcional podem ter, inadvertidamente, incluído pacientes com sintomas DRGE atípicos. Nos critérios de Roma III atuais, os sintomas foram divididos em sintomas relacionados às refeições (síndrome do desconforto pós- prandial) e não relacionados às refeições (síndrome da dor epigástrica). • Dispepsia Orgânica: pode ser definida como a secundária a lesões específicas, como úlcera péptica, esofagite, câncer gástrico e colelitíase. Assim, é um agrupamento de sintomas resultantes de distintas doenças, sendo estudada a partir das mesmas. DOENÇA DO REFLUXO GASTRESOFÁGICO (DRGE): A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) se desenvolve quando o refluxo de conteúdos estomacais no esôfago provoca sintomas complicados ou que incomodam. Os sintomas clássicos da DRGE são pirose e regurgitação ácida; os sintomas atípicos incluem dor torácica, disfagia e odinofagia. As manifestações extraesofágicas do refluxo podem incluir tosse, laringite, asma e erosões dentárias, mas esses sintomas podem ser mais facilmente atribuídos à DRGE se vierem acompanhados de sinais e sintomas clássicos de doença do refluxo. Outras associações propostas que não foram claramente estabelecidas incluem faringite, sinusite, otite média e fibrose pulmonar idiopática. • Fisiopatologia: a etiopatogenia da DRGE é multifatorial. A exposição crônica da mucosa esofágica ao conteúdo gastroduodenal é decorrente do defeito de um ou mais mecanismos de defesa do esôfago, sendo eles: ➢ A barreira antirrefluxo, formada pelos esfíncteres esofágicos inferior (interno) e externo. ➢ Os mecanismos de depuração ou “clareamento” intraluminal, a exemplo do peristaltismo, da ação da gravidade e da própria neutralização do conteúdo ácido pela saliva. ➢ Os mecanismos de resistência normalmente presentes no epitélio esofágico (muco, bicarbonato, junções intercelulares firmes, suprimento sanguíneo). A falha da barreira antirrefluxo – seja pela hipomotilidade esofágica ou pela hipotonia do esfíncter esofágico inferior (EEI) – combinada ao refluxo do conteúdo duodeno-gastroesofágico lesa a mucosa do esôfago por ação da composição ácida do material gástrico ou até mesmo por meio de enzimas proteolíticas provenientes do conteúdo duodenal (sais biliares e enzimas pancreáticas). Nesse contexto, a exposição crônica da mucosa do esôfago ao conteúdo ácido é responsável pelo processo de metaplasia ou displasia epitelial. Além disso, essa acidificação da mucosa esofágica distal ativa o nervo vago, explicando, assim, a ocorrência de algumas manifestações extraesofágicas da DRGE. HÉRNIA DE HIATO: A hérnia de hiato é uma protrusão do estômago pelo hiato diafragmático. Muitas hérnias são assintomáticas, mas uma incidência aumentada de refluxo ácido pode causar doença de refluxo gastroesofágico(DRGE). O diagnóstico se faz pelo esofagograma com bário. O tratamento é direcionado aos sintomas da DRGE, se presente. A etiologia da hérnia de hiato costuma ser desconhecida, mas acredita-se que ocorra pela distensão dos ligamentos da fáscia entre o esôfago e o diafragma no hiato esofágico (a abertura pela qual o esôfago atravessa o diafragma). • Sinais e Sintomas: a maioria dos pacientes com hérnia de hiato por deslizamento é assintomática, mas pode ocorrer dor torácica e outrossintomas de refluxo. A hérnia paraesofágica é geralmente assintomática, mas pode encarcerar e estrangular -se, diferentemente da hérnia de hiato por deslizamento. Sangramento gastrointestinal oculto ou maciço pode ocorrer com qualquer tipo de hérnia. Referencias Bibliograficas: • SuperMaterial SanarFlix • Resumo SanarFlix • Resumos da Med • Harrinson • Cecil
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