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Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima Obrigação de Dar Consiste a prestação na entrega de uma coisa ou mais ao credor, podendo ser determinada e certa, ou incerta. Obrigação de Dar Coisa Certa • A coisa é individualizada, contém gênero, quantidade e qualidade; • A coisa já se encontra concretamente determinada, distinguidas das coisas da mesma espécie. Somente a coisa estabelecida é utilizada para adimplir; • A prestação é uma coisa específica; • Nesse caso, há uma proteção aos riscos diferente da obrigação de dar coisa incerta; • O Código Civil determina que, na obrigação de dar coisa certa, o acessório acompanha o principal, ou seja, também fica o agente obrigado a dar os acessórios da coisa certa; ↓ • Art. 233/CC: A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das circunstâncias do caso. • Espécies: → Obrigação de Dar Coisa Certa Propriamente Dita: O proprietário da coisa, no momento em que se cria a obrigação, é o devedor. → Obrigação de Restituir: O proprietário da coisa, no momento em que se cria a obrigação, é o credor. • Perda e Deterioração: - “A coisa perece para o dono – res peret domino”. Quando não há culpa, o prejuízo é do dono. → Perda: ◦ Perda nas Obrigações Propriamente Ditas sem Culpa: - Art. 234/CC: Se, no caso do artigo antecedente, a coisa se perder, sem culpa do devedor, antes da tradição, ou pendente a condição suspensiva, fica resolvida a Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima obrigação para ambas as partes; se a perda resultar de culpa do devedor, responderá este pelo equivalente e mais perdas e danos; - Neste caso, basicamente, ocorre a extinção da obrigação. ◦ Perda nas Obrigações Propriamente Ditas com Culpa do Devedor: - Art. 239/CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos; - Equivalente = Valor monetário do bem; - Perdas e Danos = Obrigação de arcar com o prejuízo sofrido. ◦ Perdas nas Obrigações de Restituir sem Culpa: - Art. 238/CC: Se a obrigação for de restituir coisa certa, e esta, sem culpa do devedor, se perder antes da tradição, sofrerá o credor a perda, e a obrigação se resolverá, ressalvados os seus direitos até o dia da perda; - Basicamente, a obrigação é extinta; - Exemplo: Loca-se um carro por 5 dias, e no último dia o carro é roubado. Os valores da locação deverão ser pagos, porque continuam ressalvados o direito do credor até o dia da perda. ◦ Perdas nas obrigações de restituir com culpa: - Art. 239/CC: Se a coisa se perder por culpa do devedor, responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos. → Deterioração: - A coisa sofre um dano que diminui o seu valor, sem o esgotar; - Em termos de consequência, smepre se mantém a consequência que já havia na perda e se acrescenta outra. ◦ Deterioração nas Obrigações Propriamente Ditas sem Culpa: - Art. 235/CC: Deteriorada a coisa, não sendo o devedor culpado, poderá o credor resolver a obrigação, ou aceitar a coisa, abatido de seu preço o valor que perdeu; - Continua existindo a possibilidade da resolução da obrigação, mas poderá, também, abater do prelo da coisa o valor da deterioração. ◦ Deterioração nas Obrigações Propriamente Ditas com Culpa: Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima - Art. 236/CC: Sendo culpado o devedor, poderá o credor exigir o equivalente, ou aceitar a coisa no estado em que se acha, com direito a reclamar, em um ou em outro caso, indenização das perdas e danos; - Se mantém a possibilidade de obrigação de resolver a obrigação e pagar equivalente e perdas e danos, acrescentada da possibilidade de receber a coisa no estado em que se encontra e cobrar perdas e danos. ◦ Deterioração nas Obrigações de Restituir: - Art. 240/CC: Se a coisa restituível se deteriorar sem culpa do devedor, recebê-la-á o credor, tal qual se ache, sem direito a indenização; se por culpa do devedor, observar- se-á o disposto no art. 239; - Problema de Redação: Art. 239 – “(...) responderá este pelo equivalente, mais perdas e danos.”; - Não há lógica nesse recebimento de perdas e danos como única opção de restituição de coisa deteriorada. • Melhoramentos, Acrescidos e Frutos: A vantagem será do dono, porque, de alguma maneira, a coisa foi melhorada a partir do aumento da sua qualidade; → Obrigações Propriamente Ditas: - Art. 237/CC: Até a tradição pertence ao devedor a coisa, com os seus melhoramentos e acrescidos, pelos quais poderá exigir aumento no preço; se o credor não anuir, poderá o devedor resolver a obrigação. Parágrafo único. Os frutos percebidos são do devedor, cabendo ao credor os pendentes. - Nesses casos, os benefícios são dos proprietários da coisa; - No caso concreto, dificilmente o vendedor vai fazer um melhoramento em coisa já vendida; - Há discussão acerca da possível existência de má-fé em um eventual melhoramento, isso porque pode obrigar o comprador a pagar um preço mais caro ou desistir do contrato; - Os frutos já existentes e percebidos são colhidos pelo vendedor (devedor) e os frutos pendentes são de direito de colheita do comprador (credor); Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima - Obrigação Pecuniária: é aquela onde deve se dar dinheiro. → Obrigações de Restituir: - Quem está na posse do bem e eventualmente realiza melhoramentos não é o dono; - Art. 241/CC: Se, no caso do art. 238, sobrevier melhoramento ou acréscimo à coisa, sem despesa ou trabalho do devedor, lucrará o credor, desobrigado de indenização; - Se o melhoramento aconteceu sem trabalho ou dispêndio (gasto), simplesmente o credor ganha sem ter que pagar nada; - Se o melhoramento se deu em decorrência de trabalho ou dispêndio, o Código Civildiz que isso se guia a partir das regras sobre benfeitorias feitas pelo possuidor de boa- fé ou má-fé; - Art. 242/CC: Se para o melhoramento, ou aumento, empregou o devedor trabalho ou dispêndio, o caso se regulará pelas normas deste Código atinentes às benfeitorias realizadas pelo possuidor de boa-fé ou de má-fé. Parágrafo único. Quanto aos frutos percebidos, observar-se-á, do mesmo modo, o disposto neste Código, acerca do possuidor de boa-fé ou de má-fé; - As benfeitorias são sempre uma ação ou uma obra. Existem as benfeitorias necessárias, úteis e voluptuárias; - As benfeitorias necessárias são para reparar ou conservar o bem (ex.: reparo em encanamento com vazamento); - As benfeitorias úteis são para garantir uma melhor utilização do bem (ex.: instalação de portão eletrônico); - As benfeitorias voluptuárias são aquelas de mero deleite ou aformoseamento do bem (ex.: construção de jardim para decorar uma casa); - O possuidor de boa-fé, em regra, tem direito à indenização nas benfeitorias úteis e necessárias surge o direito de retenção, nas voluptuárias, o dono pode não querer a benfeitoria e neste caso, não há o direito à indenização; - O possuidor de má fé só será indenizado pelas benfeitorias necessárias, mas não há o direito de retenção. O possuidor de má fé deverá indenizar o sujeito de direito por todos os frutos colhidos durante a sua posse de má fé; - A avaliação de má-fé ou boa-fé tem a ver com a ciência do sujeito quanto àquela posse ser legítima, ilegítima, adequada ou inadequada; - Quanto aso frutos, o possuidor de boa-fé tem direito aos percebidos, cabendo ao credor os frutos pendentes; Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima - Quanto ao possuidor de má-fé não existe direito a nenhum fruto, inclusive tendo que indenizar o credor por frutos que ele nem mesmo tenha coletado, porque a lógica é que a posse dele no bem impediu o sujeito de ter acesso aos frutos. Obrigação de Dar Coisa Incerta • Noções gerais: - A coisa encontra-se determinada ao menos pelo gênero e quantidade. Não é uma determinação da coisa em concreto, mas sim em abstrato; - Perda e deterioração não cabem nas discussões de obrigação de dar coisa incerta; - Enquanto for coisa incerta, em regra, não há como falar-se em perda e deterioração porque o gênero não perece, de forma que há a possibilidade de substituição da coisa. • Escolha (Arts. 242 a 246/CC): - Ato jurídico stricto sensu; - É o ato de individualizar a coisa incerta. Em regra a escolha cabe ao devedor (regra supletiva); - A escolha traz a concreto a coisa em abstrato; - Esta escolha não é completamente desvinculada; - O devedor não poderá entregar a pior das coisas nem é obrigado a entregar a melhor (Princípio ou Regra do Meio Termo), de forma que a escolha do devedor deve estar vinculada à qualidade média da coisa em questão; - A obrigação é firmada com base em uma representação mental feita pelos sujeitos. Nessa representação mental tem-se uma ideia do padrão da coisa; - Deve-se observar a questão do meio termo num universo geral e em um universo específico, em que há uma possível diferenciação na qualidade média da coisa a partir dessas duas análises distintas; - A obrigação deve ser cumprida no universo em que foi criada, logo, os padrões mínimo e máximo podem ser diferentes do universo geral (deve-se observar o dever de informação nos casos do universo geral – o credor deve possuir conhecimento); - As partes podem convencionar um padrão mínimo na obrigação. A intencionalidade é irrelevante, o que se observa é se a coisa cumpre ou não a obrigação; - Em alguns contratos, pode haver uma cláusula onde a escolha cabe ao credor, não ao devedor; Direito das Obrigações 2022.2 Professor: Maurício Requião Aluna: Ana Flora Lima - Não há o mesmo regramento para a escolha do devedor e a escolha do credor; - Espera-se em geral que o credor escolha o melhor produto (exemplo: comprar batatas); - A partir de quando o credor já tem a ciência de qual o objeto escolhido, a obrigação passa a se guiar pela obrigação de dar coisa certa (o interesse de deixar de ser coisa incerta para coisa certa é do devedor, pois há a proteção quanto à perda e a deterioração); - A cientificação da escolha acontece quando são fornecidos ao credor elementos suficientes para que ele tenha como identificar a coisa individualizada em concreto; - A cientificação da escolha (transformação de incerta para certa) é vantajosa para o devedor. • Gênero Limitado: - Casos em que o próprio gênero perece (exemplo: um colecionador tem as cinco ultimas garrafas de um determinado vinho, mas, ocorre uma chuva e as destrói. Neste caso, o devedor não tem mais como cumprir a obrigação, pois não existe mais o gênero); - Nessas situações em que o gênero é limitado e este perece, tenta-se fazer com que ocorra a perda e deterioração por caso fortuito ou força maior; - A priori, o gênero nem precisaria perecer totalmente para que houvesse a possibilidade de alegar-se caso fortuito ou força maior. Obrigação Pecuniária • A obrigação é firmada de modo nominal, é mero suporte de um valor.
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