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Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 1 INTRODUÇÃO • Ocorrência comum nos consultórios e emergências. • Grau importante de morbimortalidade. • Pode ser por condições benignas ou doenças graves. • Apresenta diferentes manifestações. • Sempre colher história detalhada e realizar um exame físico completo. CONCEITOS IMPORTANTES • Hematêmese e melena: sinais de HDA. • Hematêmese: vômito com sangue. • Melena: sangue digerido nas fezes. Fezes pretas, preguentas e com cheiro terrível. • Hematoquezia e enterorragia: sinais de HDB. • Hematoquezia: sangue visível nas fezes. Geralmente, sangramento do cólon esquerdo é sangue vermelho vivo, e sangramento do cólon direito é amarronzado. • Enterorragia: sangue muito volumoso pelo ânus. TIPOS DE HEMORRAGIAS DIGESTIVAS CLASSIFICAÇÃO • Hemorragia digestiva alta: acima/antes do ângulo de Treitz. É tudo aquilo que pode ser acessado pela EDA. Até o duodeno. • Hemorragia digestiva baixa: abaixo/após o ângulo de Treitz. É tudo aquilo que pode ser acessado pela colonoscopia. Cólon e reto. • Hemorragia digestiva média: jejuno e íleo. • Hemorragia digestiva obscura: é aquela que, mesmo após EDA e colonoscopia bem feitas, não se sabe a causa e a localização. Geralmente, costuma sendo de jejuno ou íleo. SANGRAMENTO OCULTO O sangue oculto nas fezes pode vir de qualquer lugar do trato (hemorragia alta, baixa ou média), mas que não está clinicamente visível. É um sangramento de pouco volume, que não muda o aspecto das fezes. Perda de cerca de 5-10mL/dia. Deve ser pesquisado através da análise bioquímica das fezes. PRINCÍPIOS CLÍNICOS • Estabilização hemodinâmica: é a primeira coisa a ser feita em pacientes com edema agudo de pulmão (EAP), choque cardiogênico, hemorragia digestiva e sepse. • Avaliação da estabilidade/instabilidade: avaliar taquicardia, hipotensão, tontura, mucosas descoradas, rebaixamento do nível de consciência, padrão ventilatório, pulsos, estado hemodinâmico. • Parada do sangramento ativo. • Tratamento da doença de base: feito após a estabilidade do paciente e a resolução do sangramento ativo. • Prevenção de novo episódio. AVALIAÇÃO INICIAL • Determinar a gravidade: ❖ Quantidade de sangue: Ex. encheria uma colher de sopa, um copo de café? ❖ Sinais vitais: procurar indícios de choque. Avaliação da pressão (hipotensão), frequência cardíaca (taquicardia), TEC, pulsos. • História clínica: anamnese. ❖ Características do sangramento: hematêmese, melena, enterorragia ou hematoquezia? Quantidade de sangue, eventos anteriores. ❖ Possibilidades diagnósticas: Ex. dispepsia sugestiva de úlcera, gastrite, DRGE? Tem indícios de doença hepática crônica? É um paciente idoso que teve um quadro de hematoquezia – doença diverticular? • Exame físico: ❖ Sonda nasogástrica: 1 – confirmar que existiu um sangramento; 2 – preparar o paciente para EDA. • Internamento: HEMORRAGIA DIGESTIVA Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 2 ❖ Instabilidade, sangramento volumoso → internar. ❖ Pequeno sangramento – indício de sangramento orificial (ex. fissura anal, hemorroida) → avaliar. REANIMAÇÃO • Simultaneamente. • Hidratação-cristaloide: 1-2 cateteres calibrosos. Hidratar o paciente para tentar manter a sistólica >100mmHg e FC<100bpm. • Concentrado de hemácias: às vezes, é necessário realizar transfusão sanguínea. Indicações: ❖ Anemia importante: Hb<7. ❖ Instabilidade hemodinâmica, apesar da reanimação/prova de volume. Atenção: paciente com hemorragia por varizes de esôfago (ex. doença hepática crônica, hipertensão portal) ter cuidado com volume e transfusão de sangue, pois se aumenta a pressão no sistema porta, aumenta as varizes de esôfago. • Concentrado de plaquetas e plasma fresco congelado: pode ser necessário em paciente com sangramento e plaquetas <50.000. • Oferta de oxigênio: de acordo com a necessidade. Ex. paciente com HDA e RNC → risco de broncoaspiração → IOT? • Monitorização constante: dados vitais, exames seriados, débito urinário. • Avaliação inicial: hemograma (Hb, Ht, VCM, plaquetas), coagulograma, função e perfil hepáticos, função renal e eletrólitos, gasometria, tipagem sanguínea e testes de reação cruzada. Prática: 1. Situação 1: paciente com sangramento em uso de AAS, varfarina ou heparina: inicialmente suspende. 2. Nem sempre é necessário reverter a anticoagulação do paciente por conta do risco de trombose. Se necessário, pode ser feito com vitamina K. TERAPIA INICIAL • Inibidor da bomba de prótons (IBP): as causas mais comuns de HDA são cloridropépticas (ex. gastrite, úlcera). Via venosa. • Octreotide (vasoconstrictor esplâncnico venoso): Feito casa haja suspeita de que o paciente tenha hipertensão portal (vasodilatação patológica) e que a hemorragia seja secundária a varizes. DIAGNÓSTICO • Anamnese e exame físico. • Endoscopia digestiva alta (EDA). • Colonoscopia. Se o paciente estiver instável e mantendo sangramento mesmo após cristaloide, sangramento e IBP, não pode fazer EDA. Nesses casos, as possibilidades são: • Cintilografia com hemácias marcadas: aplicação do tecnécio e do radionuclídeo. Pode ser feita com o paciente instável, mas não é possível intervenção. • Angiotomografia: tomografia com protocolo especial para visualização de vasos e sangramentos. Diagnóstico, mas não tratamento. • Angiografia: exame contrastado e cateterizado. Permite intervenção. Ao achar o vaso, pode-se injetar um vasosconstrictor. A intervenção pode causar isquemia mesentérica, arritmia grave ou embolia altamente seletiva. • Cirurgia: última opção; TERAPIA DEFINITIVA • Farmacológica: às vezes o IBP é a única coisa necessária para a cessação do sangramento. • Endoscópica: injeção de adrenalina na lesão sangrante, hemoclipe ou substâncias que parem o sangramento ou que provoquem hemostasia/tamponamento. • Angiográfica. • Cirúrgica: quando tudo falha e o paciente tem risco de vida. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA • Causas mais comum de HDA: úlcera péptica. • Outras causas: gastrite, esofagite, varizes de esôfago, gastropatia hipertensiva portal, Mallory-Weiss. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 3 ÚLCERA PÉPTICA • Causa mais comum de HDA. • Complicação mais frequente: sangramento. • Fatores de risco: acidez (H+), Helicobater pylori e uso de AINES. • A: Úlcera sangrante. • B: Vaso com iminência de sangramento. • C: Coágulo aderido na úlcera. • Úlcera com sangramento recente. Inativo no momento. TRATAMENTO: Existem várias estratégias para estancar o sangramento de uma úlcera. São elas: • Hemostasia endoscópica: ❖ Sangramento ativo/coágulo aderido/vaso visível. ❖ Injeção de epinefrina. ❖ Coagulação térmica. ❖ Hemoclipe. ❖ Selante de fibrina. ❖ Pó hemostático. ❖ Terapia combinada. • Terapia combinada: ❖ A e B: coagulação térmica + hemoclipe. ❖ Injeção de adrenalina + eletrocauteriazação. ❖ Injeção de adrenalina + hemoclipe. ESOFAGITES • Causa frequente de hemorragia. • A terapia farmacológica é a preponderante, no intuito de reduzir a acidez ou outras causas de esofagite. VARIZES NO TGI • Causa importante. • Avaliar presença do red spots (presença do sinal na cor vermelha) – significa iminência de sangramento. TRATAMENTO: • Estabilização hemodinâmica: ❖ Cuidado para não elevar a pressão portal. • Balão de Sengstaken-Blakemore: ❖ Falha na estabilização, falência do controle de sangramento. Feito quando não consegue fazer o sangramento parar e nem mandar para a endoscopia ❖ Ponte até EDA: tempo mínimo. • Terapia farmacológica: Vasoconstrictores esplâncnicos. • Terapia endoscópica definitiva – ligadura elástica: Assim que possível. É a melhor terapia. Efetiva para sangramento agudo e erradicação devarizes a longo prazo. LACERAÇÕES DE MALLORY-WEISS • Vômitos → aumento da pressão → laceração. Geralmente, o 5º vômito vem acompanhado de sangue. Não necessita de terapia específica. OUTRAS CAUSAS DE HDA • Neoplasias malignas: <1%. Tumores ulcerados. Correlacionar com a clínica. • Gastropatia hipertensiva portal: ectasia de vasos da mucosa devido ao aumento da pressão portal. HEMORRAGIA DIGESTIVA BAIXA • A HDB é bem menos comum que a HDA. • A causa mais comum é a diverticulose, seguida de câncer e colites (normal, isquêmica). Outras causas: angiodisplasias, doenças orificiais, DII. • Sexo masculino. • Incidência aumenta com a idade. Beatriz Machado de Almeida Internato – 10º semestre 4 DOENÇA DIVERTICULAR DO CÓLON • Não confundir diverticulite (inflamação) com diverticulose – doença diverticular (sangramento). • A doença diverticular do cólon é a causa mais comum de hematoquezia, porém não é a causa mais comum de sangue oculto nas fezes. A causa mais comum de HDB com sangue oculto é tumor/câncer, porque o sangramento é menor. ANGIODISPLASIA E ANGIOECTASIA • Malformação vascular. • Causa comum de hemorragia digestiva baixa (HDB) no idoso. COLITES • Isquemia mesentérica, colites por DII, colite por bactéria, colite por vírus.
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