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COMPREENSÃO DOS ELEMENTOS E DA LINGUAGEM PICTÓRICA CURSOS DE GRADUAÇÃO – EAD Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica – Prof. Ms. Juan José Balzi. Meu nome é Juan José Balzi. Sou pintor, ilustrador, desenhista e professor. Estudei Desenho, Pintura e Publicidade Artística na Academia Nacional de Belas Artes de Buenos Aires (1948-1956) e saí desta instituição com os títulos de Professor de Desenho e Técnico em Publicidade Artística. Em 1958, mudei-me para São Paulo, onde passei a me dedicar especialmente à publicidade. Já na década de 1960, mudei-me para Milão, onde obtive a cidadania italiana, o diploma da Academia de Brera e a convalidação dos meus títulos no Ministério de Instrução Pública. Já no final da década de 1960, mudei-me para a Espanha, onde comecei a expor regularmente. Em 1976, superei os exames de habilitação na Universidade de Bologna (Itália) e, de 1977 a 1983, lecionei Educação Artística e Desenho e História da Arte na Escola Media e Liceu Científico Italiano de Barcelona (Espanha). Ilustrei para a Editora Argos Vergara as obras completas de Baltasar Gracián e de José Martí e, já de volta ao Brasil, em 1987, realizei capas e ilustrações para quase todas as editoras de São Paulo. Nesta cidade, lecionei nos cursos de pós-graduação da F.A.A.P. e ministrei cursos e palestras para o Instituto Italiano de Cultura, Aliança Francesa, Fundação Ioschpe, Secretaria Municipal de Cultura etc. De 1994 a 2004, desenvolvi, primeiro para a Secretaria do Estado da Cultura e depois para a Prefeitura de Santo André, a Oficina Meninos de Arte cuja metodologia está registrada no Ministério da Educação. Em 1993, a Editora Ática publicou meu livro O Impressionismo, reeditado em 2009 pela Editora Claridade. Sou autor de aproximadamente 400 óleos, muitos dos quais em coleções particulares e museus de Europa e América (minhas exposições mais importantes foram na Galeria Gaudí de Barcelona, M.A.C. de São Paulo, Museu Estadual de Tübingen, na Alemanha, e a retrospectiva de 1990 no Museu de Arte Brasileira da F.A.A.P). E-mail: juan.balzi@hotmail.com Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação COMPREENSÃO DOS ELEMENTOS E DA LINGUAGEM PICTÓRICA Juan José Balzi Batatais Claretiano 2014 Fazemos parte do Claretiano - Rede de Educação © Ação Educacional Claretiana, 2012 – Batatais (SP) Versão: ago./2014 700 B158c Balzi, Juan José Compreensão dos elementos e da linguagem pictórica / Juan José Balzi – Batatais, SP : Claretiano, 2014 212 p. ISBN: 978-85-8377-126-5 1. Representação e interpretação. 2. Sensibilidade, percepção e imaginação. 3. Artesania e conceito. 4. Forma, composição e espaço. 5. Cor. 6. Cor-luz e cor-pigmento. 7. Técnica divisionista e técnica pontilhista. 8. Comunicação subjetiva, estética e expressão. 9. Expressão e Expressionismo. I. Compreensão dos elementos e da linguagem pictórica. CDD 700 Corpo Técnico Editorial do Material Didático Mediacional Coordenador de Material Didático Mediacional: J. Alves Preparação Aline de Fátima Guedes Camila Maria Nardi Matos Carolina de Andrade Baviera Cátia Aparecida Ribeiro Dandara Louise Vieira Matavelli Elaine Aparecida de Lima Moraes Josiane Marchiori Martins Lidiane Maria Magalini Luciana A. Mani Adami Luciana dos Santos Sançana de Melo Luis Henrique de Souza Patrícia Alves Veronez Montera Raquel Baptista Meneses Frata Rosemeire Cristina Astolphi Buzzelli Simone Rodrigues de Oliveira Bibliotecária Ana Carolina Guimarães – CRB7: 64/11 Revisão Cecília Beatriz Alves Teixeira Felipe Aleixo Filipi Andrade de Deus Silveira Paulo Roberto F. M. Sposati Ortiz Rafael Antonio Morotti Rodrigo Ferreira Daverni Sônia Galindo Melo Talita Cristina Bartolomeu Vanessa Vergani Machado Projeto gráfico, diagramação e capa Eduardo de Oliveira Azevedo Joice Cristina Micai Lúcia Maria de Sousa Ferrão Luis Antônio Guimarães Toloi Raphael Fantacini de Oliveira Tamires Botta Murakami de Souza Wagner Segato dos Santos Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação Educacional Claretiana. Claretiano - Centro Universitário Rua Dom Bosco, 466 - Bairro: Castelo – Batatais SP – CEP 14.300-000 cead@claretiano.edu.br Fone: (16) 3660-1777 – Fax: (16) 3660-1780 – 0800 941 0006 www.claretianobt.com.br SUMÁRIO CADERNO DE REFERÊNCIA DE CONTEÚDO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 9 2 ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO .......................................................................... 12 3 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 41 4 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 42 UNIDADE 1 – O ÂMBITO DA PINTURA NO MARCO DAS ARTES VISUAIS E A FUNÇÃO DO PINTOR 1 OBJETIVO .......................................................................................................... 43 2 CONTEÚDO ....................................................................................................... 43 3 ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................. 43 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 45 5 A PINTURA ........................................................................................................ 45 6 PINTAR ............................................................................................................... 46 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 63 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 63 9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 64 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 65 UNIDADE 2 – A VISÃO 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 67 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 67 3 ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................. 67 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 72 5 O SENTIDO DA VISÃO ....................................................................................... 72 6 PERCEPÇÃO, IMAGINAÇÃO E SENSIBILIDADE ............................................... 78 7 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 91 8 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 91 9 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 92 10 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 93 UNIDADE 3 – A FORMA 1 OBJETIVO ......................................................................................................... 95 2 CONTEÚDOS .................................................................................................... 95 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 95 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 99 5A COMPOSIÇÃO ................................................................................................ 100 6 A COR................................................................................................................. 107 7 O GESTO ............................................................................................................ 113 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 121 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 121 10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 122 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 122 UNIDADE 4 – A COR 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 125 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 125 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 125 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 127 5 A COR-LUZ ......................................................................................................... 128 6 A COR-PIGMENTO ............................................................................................ 135 7 A LINGUAGEM DA COR .................................................................................... 149 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 152 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 153 10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 153 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 154 UNIDADE 5 – COMUNICAÇÃO SUBJETIVA 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 155 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 155 3 ORIENTAÇÕES PARA O ESTUDO DA UNIDADE ............................................... 156 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 161 5 A COMUNICAÇÃO SUBJETIVA ......................................................................... 162 6 ELEMENTOS E MECANISMOS DA COMUNICAÇÃO SUBJETIVA..................... 164 7 A EXPRESSÃO ENTRE A RAZÃO E A INTUIÇÃO ............................................... 174 8 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 178 9 CONSIDERAÇÕES .............................................................................................. 178 10 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 179 11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 179 UNIDADE 6 – ARTESANATO E CONCEITO 1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 181 2 CONTEÚDOS ..................................................................................................... 181 3 ORIENTAÇÃO PARA O ESTUDO DA UNIDADE ................................................. 182 4 INTRODUÇÃO À UNIDADE ............................................................................... 183 5 CONCEITO E ARTESANATO .............................................................................. 184 6 ARTE POPULAR ................................................................................................. 187 7 ARTE INDÍGENA ................................................................................................ 194 8 ARTE NAÏF ......................................................................................................... 205 9 QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS ........................................................................ 209 10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 209 11 E-REFERÊNCIAS ................................................................................................ 210 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 212 Claretiano - Centro Universitário CRC Caderno de Referência de Conteúdo Conteúdos –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– Representação e interpretação. Sensibilidade, percepção e imaginação. Artesa- nia e conceito. Forma, composição e espaço na pintura, na música e na literatu- ra. Cor: o gesto e a pincelada na comunicação subjetiva. Cor-luz e cor-pigmento. Técnica divisionista e a técnica pontilhista. Códigos e simbologias da cor. Comu- nicação subjetiva, estética e expressão. Expressão e Expressionismo. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. INTRODUÇÃO Por que estudamos pintura? Não basta ter talento? Antiga- mente se dizia que "o artista nasce, não se faz", mas recentemente passamos a ouvir que "o artista nasce e se faz". Mas por que este Caderno de Referência de Conteúdo chama-se Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica? Chama-se porque, embora hoje haja quem pense que esta maneira de produzir imagens – cha- mada pintura –, seja obsoleta e que deva ser incorporada ao comum denominador de Artes da Imagem, a verdade é que ela subsiste. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica10 Além do mais, no decorrer deste Caderno de Referência de Conteúdo, ficará claro que, quando dizemos "pintura", não nos referimos exclusivamente à arte de representar ou criar imagens estendendo tinta sobre uma superfície, mas, sobretudo, àquelas obras que, mesmo tendo relevo, foram concebidas para serem ob- servadas como uma imagem bidimensional e não tridimensional, ou seja, como uma pintura e não como uma escultura. De qualquer modo, o gênero pintura, esta maneira de pro- duzir imagens bidimensionais, deve conviver hoje com outras ma- neiras, não somente o desenho (com o qual sempre conviveu), a fotografia, o cinema etc., mas também com os resultados de teo- rias que inclusive excluem o artesanato, reivindicando o conceito como valor único da expressão artística. Isso nos tem obrigado a dar igual atenção à parte artesanal da arte da pintura, como a sua parte conceitual, tanto à sua técnica, como à sua teoria, de modo a satisfazer um espectro, o mais amplo possível, de profissões de- rivadas desta arte. Assim, começamos por definir, na Unidade 1, a pintura, a profissão de pintor e a ação de pintar, dentro e fora das artes plás- ticas. Para isso, analisamos o significado da palavra "artista". O que é um artista? Para resolver esta questão tão importante, questão básica para nossos estudos, comparamos a diferença entre repre- sentar e interpretar a realidade no trabalho do artista pintor, com a diferença entre executar e interpretar uma partitura musical, e também com a diferença entre representar um papel ou interpre- tá-lo, no caso de um ator de teatro. Por isso explicamos, na Unidade 2, como funciona o sentido da visão, com a percepção, a imaginação e a sensibilidade. O ar- tista pintor é um ser contemplativo (o que não quer dizer quieto ou sossegado), ele percebe a cor e a forma de um objeto ou pes- soa, antes mesmo de identificar que ou quem é, ele é capaz de perder um ônibus por observar a cor e a forma do veículo, antes de ler o número. Isso não quer dizer que o artista tenha que ser um boêmio sonhador que anda sempre nas nuvens, como pensam Claretiano - Centro Universitário 11© Caderno de Referência de Conteúdo alguns; o artista pintor é um profissionaligual a qualquer outro. Ele tem de aprender uma técnica e desenvolver sua sensibilidade, que é sua virtude principal, assim como a de um economista é a objetividade, a de um sacerdote a paciência e a de um bombeiro a temeridade. Uma das maneiras de desenvolver a sensibilidade plástica, tanto para um pintor como para qualquer outra pessoa, é visitar boas exposições, ver boa pintura. Mas quando se fala em pintor, logo pensamos em cor, não somente nas chamadas "cores puras", as cores do espectro solar, mas também no preto e branco. Isto quer dizer que não estamos falando cor-luz, pois no espectro solar não existe nem a cor preta nem a branca; estamos falando da cor-pigmento, das tintas que usam os pintores. Na Unidade 3, tratamos em detalhe das combi- nações de cores e das normas de equilíbrio cromático. Também fa- lamos de composição: primeiro como ordem de vida, e logo como ciência da distribuição das coisas num espaço determinado, anali- sando as estruturas compositivas de quadros famosos. A cor e a composição são os elementos mais importantes de uma pintura; neste Caderno de Referência de Conteúdo intro- duzimos um terceiro elemento, tão importante quanto os outros dois, e que até o século passado não se levava em conta: o gesto, o traço, a pincelada. Como veremos na Unidade 3, este terceiro ele- mento rouba o protagonismo da composição em alguns dos movi- mentos mais importantes do século 20: desde os últimos quadros de Monet até as transvanguardas dos anos de 1970. É na Unidade 4 que tratamos tanto da parte teórica da pin- tura, como da prática. No primeiro caso, falando das pesquisas de Isaac Newton até as divergências entre as teorias de Goethe e Schopenhauer, transcrevendo inclusive alguns trechos da Doutrina das Cores de Goethe. No segundo caso, a prática, descrevendo as principais técnicas de pintura, incluindo aquelas que não são de pintura, mas pertencem às artes plásticas e servem à construção de imagens bidimencionais. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica12 É o artista um comunicador? É a pintura um meio de comu- nicação? Em que consiste a comunicação subjetiva? Todas essas questões são resolvidas na Unidade 5, mas podemos adiantar que a resposta à primeira pergunta é afirmativa, desde que se tenham em conta as diferenças entre os sentimentos do emissor (o pintor) e o receptor (o observador). Quanto à segunda questão, a respos- ta é também afirmativa, desde que o pintor saiba traduzir a uma linguagem subjetiva (cores, formas ou traços) seus sentimentos ou ideias, do contrário, sua mensagem será literária, jornalística, pan- fletária, mas nunca pictórica. A Unidade 6, a última, trata de um assunto da máxima im- portância nos dias de hoje: qual a diferença entre arte popular e arte "erudita"? Onde se traça a linha imaginária (nunca melhor dito) que divide uma da outra? Ela existe realmente? Bem, é pro- vável que no futuro se fundam uma à outra; existem sintomas que indicam essa possibilidade, e descobriremos esses sintomas se ob- servarmos o tratamento que os responsáveis culturais e os meios de comunicação estão dando ao assunto. Em contrapartida, de- vemos observar que, no passado, a maioria dos compositores da chamada música "erudita" se inspirava em temas populares. Mas, no que respeita à possível diferença da arte popular com a arte "erudita" também na forma, de maneira que exista só uma cul- tura que identifique nossa sociedade e nosso tempo, preferimos que seja você, nosso aluno, a chegar a uma conclusão. Nós temos nos limitado a proporcionar a você, neste Caderno de Referência de Conteúdo, uma análise de todas as formas de arte popular exis- tentes. E também, como pista para você resolver a questão, um exame das relações de nossa arte popular com as das Civilizações Pré-colombianas. 2. ORIENTAÇÕES PARA ESTUDO Abordagem Geral Neste tópico, apresenta-se uma visão geral do que será estu- dado neste Caderno de Referência de Conteúdo. Aqui, você entrará Claretiano - Centro Universitário 13© Caderno de Referência de Conteúdo em contato com os assuntos principais deste conteúdo de forma breve e geral e terá a oportunidade de aprofundar essas questões no estudo de cada unidade. Desse modo, essa Abordagem Geral visa fornecer-lhe o conhecimento básico necessário, a partir do qual você possa construir um referencial teórico com base sólida – científica e cultural – para que, no futuro exercício de sua profis- são, você a exerça com competência cognitiva, ética e responsabi- lidade social. O estudo da Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica vem satisfazer as várias necessidades de pessoas que desejam se especializar em alguma das profissões que têm como base o tema aqui tratado. E quais seriam essas profissões? São muitas, por isso vamos reduzi-las às duas grandes áreas de atividades que as agrupam: a das atividades docentes e a das atividades artísticas. Na área das atividades docentes, você achará neste Caderno de Referência de Conteúdo os conhecimentos indispensáveis para os que irão se dedicar à Educação Artística para crianças e adoles- centes, como também àqueles que queiram se dedicar ao ensino da pintura aos adultos, e inclusive para os que queiram se espe- cializar num meio de educação artística que vem cada vez mais mostrando sua eficácia, sobretudo na população carente, mas, de certo modo, também nos estabelecimentos de ensino onde não existe tal disciplina ou se considera dispensável: estamos nos refe- rindo à Arte-educação. E qual seria a diferença entre a Educação Artística e a Arte- -educação? A Educação Artística tem como objetivo principal a ex- ploração das aptidões dos alunos, com vistas a uma futura escolha profissional, enquanto a Arte-educação tem como objetivo princi- pal a educação dos adolescentes, por meio de práticas artísticas, com vistas à descoberta e ao exercício de sua cidadania. Veremos, mais adiante, alguns aspectos de sua metodologia. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica14 Se, como dissemos, o objetivo principal da Educação Artísti- ca é o de detectar no adolescente suas vocações ou suas particu- lares capacidades antes do seu ingresso a uma faculdade, é lógico que por Educação Artística entendamos o ensino das caracterís- ticas elementares de todas as artes, e não somente as das artes plásticas ou artes da imagem. No entanto, vejamos quão revela- dora é esta matéria da revista espanhola Apuntes de Educación, editada entre outubro e dezembro de 1980: "O ensino da arte na primeira etapa. Uma solução em pendência". Na Espanha é notável o progresso nos diversos campos do ensino. Há, entretanto, uma área abandonada por desleixo e esquecimen- to de uns e outros: a disciplina História da Arte. [...] Não se cria um historiador e um pedagogo em arte apenas por seu grau universitário; sempre faltará uma base, que em nosso sistema educativo se chama EGB e BUP, embora possa se dar o contrário. [...] os que aceitam sua missão educativa, entenderão que o museu e a obra de arte, tem que ser colocados no núcleo da escola. Cabe a eles se precaverem contra mitificações: os objetos de uso diário, casas, ferramentas de trabalho ou elementos de decoração. Será preciso uma suntuosa catedral para compreender arquitetura? [...] Vivemos em um mundo regido por imagens e sons de uma socieda- de de consumo. Atrevo-me a dizer que a maioria de nossos alunos foi educada pela visualização das imagens; vem daí a importância dos meios audiovisuais de comunicação, entre o emissor, a obra de arte e o receptor: nossos alunos. [...] No pré-escolar e na primeira etapa do EGB temos que prestar aten- ção a dois aspectos concretos de nossa matéria em correlação com outras áreas de trabalho. Os dois primeiros consistirão do desenvolvimento dos sentidos, principalmente visuais e auditivos, e no aprendizado de um alfa- beto visual. No primeiro caso, poremos o aluno em contato com a obra de arte, para que ele identifique sensorialmente, elementostais como formas, materiais, cores, espaços etc. Primeiro será suficiente o contato com objetos de uso diário do aluno, ou simples visitas a museus, para contato direto com a obra de arte. Segundo, partindo do trabalho anterior, poderemos iniciar uma sistemática elementar (RUIZ, 1980, p. 9). Observe que em nenhum momento se faz menção a outras artes que não sejam as artes da imagem. E o mesmo acontece nos livros que as editoras italianas colocam à disposição dos profes- Claretiano - Centro Universitário 15© Caderno de Referência de Conteúdo sores de Educazione Artística per la Scuola Media (e que corres- pondem aos programas do Ministério de Instrução Pública): O que quer dizer livre expressão, A realidade do artista, Técnicas de ex- pressão figurativa, Escultura, relevo e baixo relevo, A cor: pintura a têmpera, Aquarela, Pastel, Colagem, Gravado, Desenho, Compo- sição, História da Arte. Estes são alguns dos subtítulos de um dos livros. Vejamos outro: O traço, A tipografia, A gráfica publicitária, A cerâmica, Arquitetura, Artesanato e Arte Popular, Desenho in- dustrial, O teatro (cenografia), O cinema, Desenho animado, Duas palavras sobre o belo e o feio, Realismo-Naturalismo, Impressio- nismo, Expressionismo etc., apoio de inquestionável valor para o professor de Educação Artística, pois convenhamos que é difícil achar alguém que tenha tido experiência ou todas essas profis- sões, antes de dedicar-se à docência. Mas, de todo modo, continu- am ignorando-se outras artes importantes na formação do adoles- cente. Acontece que naquele tempo existia, na Escola Média e no Liceu, a disciplina Música. Aqui no Brasil, o Ministério da Educação dispôs, aproximadamente em 1990, que no estudo da disciplina Educação Artística, engloba-se também as artes musicais. Isso oca- sionou, na época, um grande descontentamento entre os profes- sores de Artes Plásticas e os de Artes Musicais: como poderia um só professor ensinar artes plásticas e musicais ao mesmo tempo?! Seguramente chamará a atenção os contínuos exemplos de outras artes que utilizamos nos nossos estudos de pintura. Acontece que os conceitos da arte da pintura são comuns aos de outras artes, e acreditamos que seja útil para nossos estudos nos apoiar nessas similitudes. Por sua vez, a Educação Artística apresenta notáveis vantagens dentro de um conceito multidisciplinar do ensino médio. Hoje, no ensino, devemos conseguir que as diversas disci- plinas que compõem o currículo se ajudem mutuamente. Poucas matérias têm tantas facetas quanto a Educação Artística; por isso é a que mais se adapta a um sistema multidisciplinar. Um de seus principais objetivos será apoiar-se em outras matérias, sendo ao mesmo tempo apoiada por estas. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica16 Se pensarmos que, até a invenção da fotografia, no século 19, a História era ilustrada apenas com documentação gráfica, torna-se fácil imaginar que espécie de apoio podemos dar a essa matéria. Podemos ajudar a "ver" a História. Igualmente fácil é ima- ginarmos como ela pode nos ajudar a entender a situação social em que surgiram determinados movimentos artísticos. O mesmo poderíamos dizer de um trabalho com o professor da língua portu- guesa. Mas o que dizer então de nossa colaboração com o profes- sor de música, matéria com a qual temos tanto em comum, dado que, em alguns países, tratou-se de converter as duas matérias em uma só. Nosso objetivo, então, será juntarmos às disciplinas huma- nas as exatas, para demonstrarmos para o que serviu na arte o Retângulo Áureo, ou quando pedimos ao professor de matemática que nos ajude a entender uma abstração; quando com o professor de ciências reproduzimos o espectro solar dentro de classe e, ao mesmo tempo, explicamos a teoria do Impressionismo e o fenô- meno do arco-íris. Sem falar no desenho geométrico, em que o professor explicará ao aluno como usar os instrumentos adequa- dos. Para concluir esta primeira parte, dedicada à pintura dentro das atividades docentes, diremos que, se estamos falando do en- sino e do aprendizado da pintura no segundo grau e no terceiro, o universitário, devemos nos lembrar de que existem grandes seg- mentos da população que não têm tido acesso a esses conheci- mentos. E não estamos nos referindo somente às classes carentes (no final desta apresentação falaremos de programas de Arte-edu- cação), mas também a adultos das mais diferentes profissões, que carecem de conhecimentos básicos em arte, mas sem ter perdido seus interesses culturais ("eu queria ser pintor, mas..."). Eles que- rem ir a la recherche du temps perdu. Eles se encontram dentro de um vastíssimo espectro socioeconômico, frequentam exposições, podem comprar livros e às vezes até visitar museus no exterior. Afortunadamente nossos museus apresentam, periodicamente, Claretiano - Centro Universitário 17© Caderno de Referência de Conteúdo exposições que permitem o contato direto com a obra de arte original. Mas, apesar de ser imprescindível para o conhecimento profundo e real da obra, esse conhecimento será parcial, visto que os museus não podem apresentar, nem têm por que apresentar, suas exposições na ordem cronológica da história. São necessárias informações prévias, que situem a obra em seu contexto histórico, para que, posteriormente, possamos reconhecer suas origens e suas consequências. Os artistas modernos romperam com as concepções da arte que os precederam, desafiando o público a "reaprender a ler" a obra pictórica, bem como outras manifestações artísticas. Isso porque, sendo a pintura uma forma de comunicação e, portanto, transmissora de uma mensagem, é necessário que o receptor co- nheça o código através do qual ela é emitida. Poderia parecer que estamos nos desviando do tema, mas não é assim, porque, seja nas Artes Plásticas (e em particular a pintura), como nos musicais e em toda arte que para se expressar necessite de um desenvolvimento técnico-físico, devem começar a ser praticadas na adolescência. Podemos imaginar que uma moça queira realizar seus sonhos infantis de se tornar uma bailarina clás- sica aos 18 anos? Você acha que a essa idade ela poderia executar um attitude, um arabesque, uma pirouette, ou quaisquer posições ou movimentos mais comuns do balé? Claro que não! A esta idade os seus ossos já formados só lhe permitiriam interpretar alguma coreografia de vanguarda. Podemos imaginar um rapaz queren- do ser pianista, sujeitando-se a fazer os monótonos e exaustivos exercícios do Czerni aos 18 anos? Nesta idade, os ossos de suas mãos estão completamente desenvolvidos, e ele já tem que estar em condições de executar qualquer partitura (interpretar é outra coisa, e disso falaremos mais adiante). Pois, da mesma maneira, um pintor deverá ter cumprido com seus exercícios de desenho de observação, não só para aprender a desenhar, mas sobretudo para aprender a ver, deverá ter apren- © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica18 dido a combinar as cores, deverá conhecer as leis da composição e, especialmente, ter tido um tempo de exercitação de todos es- tes conhecimentos antes que termine sua adolescência, porque quando ele chegar à chamada "idade da razão", as universidades estarão no seu direito de exigir que ele seja capaz de entender um conceito abstrato. Eis por que temos dado tanta ênfase ao ensino e aprendizado da pintura. Porque ensino e aprendizado são dois conceitos que se fundem num só: também se aprende ensinando. Esse é um princí- pio importante na docência e na criação. Claro que ele se refere a ampliar nossos conhecimentos, estar disposto a reconsiderá-los, a aperfeiçoá-los ou modificá-los, refere-se a que podemos descobrir coisas importantes até nos nossos próprios alunos. Nem todos os pintores têm capacidade, ou interesse pela docência, e isso não tem nada a ver com as suas capacidades de pintor. Em princípio, todos têm que aprender a pintar para ensinar a pintar, pois não se pode ensinar o que nãose sabe. Mas, os me- lhores pintores não são necessariamente os melhores professores. Há pintores que precisam se isolar para criar, a inspiração os sur- preende em qualquer momento, e eles não podem pensar noutra coisa que não seja colhê-la, possuí-la e, então, a gestação da obra se converte em algo tão íntimo como uma prece. Picasso subia ao estúdio, na sua casa de La Californie, em Cannes, todos os dias à mesma hora. Certa vez, um jornalista per- guntou-lhe: -"mas o senhor vai ao seu estúdio, mesmo que não esteja inspirado?", e o mestre respondeu-lhe: -"claro, imagine se a inspiração vier e não me achar!". E é assim mesmo, o artista pin- tor deve trabalhar periodicamente, como qualquer funcionário assalariado. Se não estiver com inspiração para trabalhar, ficará zanzando pelo estúdio, reordenando as telas, as ferramentas de trabalho... Existe um sentimento de dependência e veneração pe- los seus pincéis e suas bisnagas. Mas, sobretudo, ele tem que ver pela manhã o que fez no dia anterior, no calor do seu entusiasmo, ver o que fez com novos olhos. E se for uma tela que tinha deixado Claretiano - Centro Universitário 19© Caderno de Referência de Conteúdo sem acabar, olhá-la como se nunca a tivesse visto antes; pode ser que o quadro estivesse pronto e ele não o tivesse percebido. Ou então, vê-lo como uma matéria, manchas que estão ali esperando aquelas poucas pinceladas que lhe faltam para converter-se numa obra de arte. Dito com outras palavras: ter a coragem de esque- cer o que projetava fazer, e aceitar o que encontra na tela. Cada dia entrar no estúdio pensando "surpreenda-me" e, esquecendo a imagem que tinha guardado na mente, concluir a que acaba de achar. "Eu não procuro, acho", também dizia Picasso. Esse é o espírito do pintor ao longo de todo o século 20; na antiguidade, a relação entre a obra e o seu autor era bem di- ferente, o artista não tinha tanta liberdade (nem tanta solidão), tudo era mais calculado e coletivo, as obras de arte obedeciam a um projeto que envolvia não somente a execução das obras, como também seus objetivos e o seu destino dentro de uma sociedade. Hoje, quando dizemos "pintura", não estamos nos referindo so- mente à arte de interpretar a realidade por meio de traços e cores, e o uso de tintas e pincéis. Hoje, a palavra "pintura" é o "cognome" de uma concepção da imagem, tão ampla como a própria semiolo- gia, hoje estão em discussão as fronteiras entre arte e arte popu- lar, entre arte e artesanato, e, numa situação assim, não podemos deixar de prestar atenção também àquelas pessoas que ainda se interessam pela velha e boa pintura. De qualquer modo, seja nas características atuais da pintura, como nas do século 20, ou nas da Renascença, a "pintura" conti- nuará a ser um meio de comunicação subjetiva e o "pintor" deverá ter talento, apurada sensibilidade e percepção aguçada. O talento não pode ser ensinado, mas a sensibilidade e a percepção sim. Nas primeiras décadas do século 20, Ortega y Gasset (2008, p. 27), o grande crítico da "arte nova", dizia: Trata-se de uma questão de ótica muito delicada. Para vermos um objeto, temos que acomodar, de determinada forma, nosso órgão da visão. Se essa acomodação for inadequada, não o veremos ou o enxergaremos mal. Imaginemos ver um jardim através de uma vidraça. Nossos olhos se acomodarão de forma que o raio de visão © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica20 atravesse o vidro, sem se deter nele, detendo-se nas flores e árvo- res. Como o alvo de nossa visão é o jardim, não veremos o vidro, nosso olhar passará por ele sem percebê-lo. Quanto mais puro for o cristal, menos o veremos. Entretanto, fazendo um esforço, pode- mos esquecer o jardim e concentrar nosso raio ocular no vidro. O jardim, então, desaparecerá diante dos nossos olhos, e só veremos massas de cores que parecem manchas presas ao vidro. Portanto, ver o jardim e o vidro da janela, são duas coisas incompatíveis: uma exclui a outra e requer acomodações visuais diferentes. Deste trecho de La deshumanización del Arte de Ortega, de- duzimos que uma coisa é observar a realidade que o quadro repre- senta, o tema, a mensagem, e outra observar a realidade do qua- dro em si, suas cores, sua composição etc. E é justamente a pintura moderna a que requer mais atenção na observação do vidro. Ao analisar os elementos que compõem uma obra de arte pic- tórica, tratemos primeiro de identificá-los numa obra determinada. Nem todas se prestam a este tipo de análise, mas existem algumas que parecem ter sido feitas expressamente para tal fim; no Palazzo Ducale de Urbino, cidade da região italiana de Lê Marche, há uma pequena tela de Piero della Francesca, o grande renascentista do 1.400, chamada A Flagelação. Embora não seja a obra mais consi- derada pelos historiadores, que costumam dar muito mais impor- tância aos grandes afrescos da História da Cruz, que Piero pintou na igreja de Santa Cruz em Arezzo, sua cidade natal, é fácil achá-la (A Flagelação) reproduzida em livros ou pela Internet. Só que, ao ver a reprodução, temos a impressão de tratar-se de um imenso mural. No entanto, trata-se de um óleo sobre tela de 81 X 59 cm. A que se deve então essa impressão de grandiosidade e essa forte emoção estética e religiosa que recebemos ao mesmo tempo, quando des- cobrimos este pequeno quadro num muro do palácio? Analisemos elemento por elemento, começando por onde o artista começou - pelo desenho, dando a este elemento três senti- dos: desenho no sentido do desenho da figura humana, anatômico, de observação; desenho no sentido de desenho geométrico, arqui- tetônico, de perspectiva neste caso; e desenho no sentido de dese- nho do quadro todo, da imagem completa, desenho da composição. Claretiano - Centro Universitário 21© Caderno de Referência de Conteúdo A composição de A Flagelação é estático-simétrica. A com- posição estática é uma das características da pintura da Renascen- ça, que assim é chamada a arte do século 15, por fazer renascer o conceito estético helênico do século 5 a.C. Segundo este conceito, a beleza das formas só pode ser representada e apreciada no seu estatismo, na sua quietude; o dinamismo, o movimento, leva em câmbio à deformação. Por isso, o Cristo que está sendo flagela- do no quadro de Piero está representado na elegante pose de um apolo helênico. Além do mais, porque em quase todas as culturas ocidentais, todos os deuses e hierarquias foram sempre represen- tados em posições hieráticas, quer dizer, majestosas. Mas sobre- tudo porque, sempre segundo o conceito estético helênico, tudo o que é belo é bom, e vice-versa. Portanto, Jesus Cristo, máximo exemplo de bondade, deve ser representado da forma mais bela. Para concluir com o elemento composição, digamos que no esquema estático-simétrico deste quadro notemos ainda outro detalhe de sua composição simétrica. Pelo seu tamanho e cores nítidas, as três figuras que ocupam a metade direita da imagem deveriam desequilibrar a composição do quadro, porque, na me- tade esquerda, as cinco figuras pequenas e cinzentas não conse- guem equilibrar o "peso" visual da parte direita. Acontece que é aí, na parte esquerda, onde acontece a flagelação, e o drama históri- co que o espectador cristão guarda dentro de si, equilibra a parte visual. A força emocional do tema, na parte esquerda, equilibra o peso visual da parte direita. Não esqueçamos que o sentido da vi- são não é nada sem a projeção da imagem que ele envia ao fundo do cérebro. Portanto, imagem "vista" e imagens do subconsciente se fundem. Voltando ao desenho, agora de perspectiva, observemos que, se prolongamos as linhas até o horizonte, onde elas se en- contram, o ponto de fuga está localizado exatamente no centro do quadro. Mas, se prolongarmos imaginariamente essas líneas no sentido contrário, ou seja, abrindo-se para fora do quadro em nos- sa direção, nos sentiremos dentro dele. Se estivermos observando © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica22o quadro a distância devida para que a imagem entre completa dentro de nosso cone visual (neste caso a 2,50 mts), a diferença de tamanho entre nós e as três figuras que estão no primeiro plano do quadro será a mesma que a diferença de tamanho entre estas figuras e as cinco do fundo do quadro. Piero desenhou a perspec- tiva de tal maneira que o cenário representado se prolonga fora do quadro. Por isso ele nos parece bem maior. E num alarde de virtuosismo, ele coloca a fileira de colunas, que divide verticalmen- te as duas partes do quadro, ligeiramente à direita do ponto de fuga, para assim fazer este desenho "mais difícil ainda". Antes de Piero della Francesca ter escrito seu tratado Prospectiva Pingendi (perspectiva com ponto de fuga), primeiro passo para o realismo humanista, os pintores da Escola 1.300 representavam os edifícios distantes empregando as projeções ortogonais, nas quais as linhas que deveriam convergir a um ponto de fuga permanecem parale- las. Isso causa o curioso aspecto da pintura do Primitivo Renasci- mento ou Pré-renascentista. Um outro elemento a ser analisado é a cor. Desde a revolu- ção impressionista, chamamos "cores puras" aquelas com as quais representamos o espectro solar, não aquelas que obtemos por mistura. Mas esta é uma concepção técnico-científica; os pintores metafísicos de inícios do século 20 optavam pelas cores chamadas "terras" (siena, sépia, sombra etc.) para representar objetos singe- los, simples, mas com toda a honestidade do verdadeiro. Quando observamos uma natureza morta de Giorgio Morandi, podemos dizer que essas cores não são puras? Toda essa delicadeza na har- monização de beges, sépias quase pardos, celestes quase cinzas, rosas quase brancos... todas essas sutilezas cromáticas não são também uma forma de pureza? Pois bem, essa é justamente a paleta que, seiscentos anos antes, Piero emprega para representar a castidade, a virtude, a probidade do flagelado, e que compartilha com as outras persona- gens que têm ao redor, inclusive com os seus carrascos. Claretiano - Centro Universitário 23© Caderno de Referência de Conteúdo Assim como as cores das personagens da metade esquerda do quadro nos passam um sentimento de humildade, as da direita nos comunicam claramente um espírito de ostentação; o violeta, o púrpura, o azul cobalto obscuro com desenhos dourados repre- sentam muito bem o poder e a riqueza das altas hierarquias. Mas quem são essas personagens? Existem as mais diversas interpreta- ções políticas e religiosas: segundo Siebenhüer (1954), seriam dois conselheiros responsáveis pela morte de Oddantonio, pela sua política impopular que levou a uma revolta. Segundo De Tolnay (1963), as três figuras seriam personificações do hebraísmo, do pa- ganismo grego e da heresia platônica ocidental etc. Há, inclusive, quem afirme que o quadro não representa a flagelação de Cristo, mas o sonho de São Jerônimo, em que ele sonha estar sendo fusti- gado como punição divina por ter lido textos pagãos. Quer dizer então que o fato representado pode ser coloca- do em qualquer momento histórico, inclusive no contemporâneo. O que vemos à esquerda do quadro é um homem seminu, sendo flagelado e, à direita, dois homens vestidos luxuosamente, indife- rentes ao martirizado; o que essa imagem pode nos sugerir é a exata divisão entre o poder e o desamparo, entre o opressor e o oprimido. Um dos elementos que compõem a obra de arte pictórica é o gesto, mas este só começa a aparecer no Romantismo, quase a mea- dos do século 19, alcançando uma importância igual à composição e à cor a meados do século 20. Coincide com o advento do Expressio- nismo e outros movimentos, em que o individualismo do artista se acentua e utiliza a representação da realidade para comunicar seus sentimentos pessoais. O pintor da Renascença não tinha como ob- jetivo representar a sua personalidade, ele ficava voluntariamente fora do quadro, venerando a imagem que representava. Não devemos ter dúvidas de que o martírio da flagelação seria representado mais dramaticamente pelas luzes e sombras do Barroco, ou pelas violentas cores dos expressionistas, mas o que importava a um renascentista como Piero della Francesca não era o drama em si, mas a beleza contida nele. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica24 Toda esta maravilhosa concepção da imagem não poderia ter sido concretizada no quadro que acabamos de analisar, se o pintor não tivesse tido a técnica necessária para realizá-lo. Se- ria como querer dizer algo sem conhecer o idioma. Quando uma criança desenha uma figura humana com a cabeça desproporcio- nalmente grande e as pernas pequeninas, nem sempre é porque considera a cabeça a parte mais importante; na maioria das vezes é porque acabou o espaço da folha de papel onde desenhava. Cal- cular o tamanho da figura que queremos representar em relação ao espaço onde vamos representá-la é o primeiro passo da técnica do desenho. No que se refere às técnicas de pintura, temos que ter sem- pre presente que a propriedade no uso dos materiais emprega- dos é uma das qualidades que determinam o valor de um quadro. Por exemplo: modelar em barro é o meio mais eficaz de adquirir o sentido da terceira dimensão, mas seria impossível modelar uma figura em pé, sem primeiro fazer uma armação de madeira e, ou, de arame. As aquarelas de melhor qualidade vêm em pequenas bisnagas, mas seria absurdo pretender estendê-las sobre uma su- perfície com o pincel bem carregado de tinta espessa, como sai do tubo. Isto pode ser feito com guache ou óleo, mas se empregar- mos aquarela sem diluí-la na água (como seu nome bem o indica), ela perderá a transparência que a caracteriza, e o que é pior: não vai secar nunca. Em contrapartida, se a estendemos com o pincel bem molhado num papel não apropriado, serão produzidas ondu- lações que farão correr as cores para qualquer lugar, menos para onde queremos que elas vão. Também é errado querer "abrir" um espaço branco sobre outras cores já pintadas, pois, pela sua trans- parência, as cores das aquarelas sempre podem ser obscurecidas, mas nunca clareadas; o branco é só o do papel e, portanto, deverá ser reservado previamente. Quem quiser clarear ou modificar as cores de uma pintura à água, superpondo novas camadas sobre as já pintadas, deverá usar guache. A técnica do guache é exatamente contrária à da aquarela, deve ser usado espesso, denso; o fato de Claretiano - Centro Universitário 25© Caderno de Referência de Conteúdo que seja uma tinta à água não autoriza ninguém a usá-la de ma- neira transparente. Também é errado fixar uma pintura a guache com verniz brilhante, pois a característica própria, principal, iden- tificadora do guache, é justamente a de ser uma tinta fosca. Quem quiser proteger uma pintura a guache (é o pigmento preferido de alguns tipos de insetos) deverá usar um verniz fosco. Tão importante como o conhecimento das técnicas de pintar é o uso dos utensílios apropriados. Não podemos usar um pincel de pelo duro (mais próprio para o guache ou óleo) na aquarela; requer-se para esta o uso de pincéis muito macios, de pelo de mar- ta. Na pintura a guache ou óleo, o tipo de pincel dependerá do tipo de técnica: tratando-se da técnica do Expressionismo ou do Gestualismo, o pincel poderá ser de pelo duro, mas tratando-se da técnica do Hiper-realismo ou do Surrealismo, os pincéis deve- rão ser tão macios como os da aquarela. No guache e no óleo, costuma-se também a usar espátula, mas cuidado, porque o gua- che, quando usado grosso demais, tende a rachar assim que secar. No óleo, o efeito craqueler se produz mais tarde, porque as tintas a óleo demoram muito mais para secar, dependendo das cores e das condições atmosféricas (tempo úmido ou seco) podem demo- rar de dois a trinta dias para secar superficialmente. Há pintores que, por questões comerciais, tratam de acelerar este processo, adicionando líquidos secantes ao óleo de linhaça e à terebintina, veículos das tintas a óleo.Pelos mesmos motivos comerciais, há quem envernize os quadros apenas superficialmente secos, isto é um erro grave! As pinturas a óleo devem ser envernizadas depois de terem secado superficialmente, e antes de terem secado com- pletamente, quer dizer, nunca antes de um ano. É importante também manter uma concordância entre os ma- teriais empregados. De nada serve utilizar as tintas de melhor qua- lidade sobre suportes não apropriados. O suporte ideal das tintas a óleo de boa qualidade é a tela de linho. Grandes mestres da pintura têm utilizado, porém, cartões ao invés de telas; a pintura a óleo so- bre cartão é típica na pintura uruguaia do século 20, desde Pedro © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica26 Figari até Torres Garcia, só que esses cartões foram preparados com giz e cola de peixe, similar às preparações das telas de linho. Hoje, seja por uma questão de preços, ou por uma questão de tempo, cada vez mais estão sendo usadas as tintas acrílicas, no lugar das tintas a óleo, mas os resultados não são idênticos; as tin- tas acrílicas sempre darão às cores uma tonalidade esbranquiçada, típica das tintas a água – a exceção da aquarela, as cores a óleo são sempre mais sutilmente densas. Deveriam ser respeitadas as características de cada técnica: as do óleo, brilhante e ao mesmo tempo profunda, adulta; a do guache, fosca e clara, jovem. As técnicas do carvão e o pastel parecem nos reportar às épocas primitivas, quando o importante era somente o desenho e, em consequência, o traço, mas no século 20 houve artistas que acharam nesta técnica uma maneira de expressar seus sentimen- tos, mais de acordo com as exigências de velocidade do novo sécu- lo. Para Toulouse Lautrec, o pastel foi uma das maneiras de tomar nota do trepidante movimento das noites da Paris da Belle Epo- que. Mas antes disso, no final do século 19, o pastel representou para Edgard Degas a possibilidade de representar os movimentos das bailarinas do Balé de Paris, e a vaporosidade do tule dos seus tutus. No trabalho desses artistas, o pastel apresenta a granulosi- dade típica do traço do giz, mas, bem antes, a finais do século 18, o pastel usado com a técnica do esfumado, esbatido com o dedo ou com o esfuminho, para não engordurar o papel, representava muito bem os rostos empoados das personagens da corte. Mas, nem tudo é técnica na arte da pintura. Como assina- lamos bem antes, uma coisa é representar e outra interpretar. Para uma pianista, não é suficiente possuir a digitação necessária para executar uma partitura, deverá interpretá-la. Para um pintor, a técnica nunca deverá ser uma finalidade, e sim um meio de ex- pressar sua maneira de ver, de sentir, de ser. Não é absolutamente imprescindível cursar uma escola de arte para nos tornarmos pintores, o que é imprescindível, sim, é Claretiano - Centro Universitário 27© Caderno de Referência de Conteúdo termos a certeza da nossa vocação, e não pensar noutra coisa que não seja pintura, ver pintura, pintar periodicamente, estar conven- cidos de que este é o nosso trabalho e não outro. Isto é também o que explica a existência de autodidatas na História da arte. As marinhas de José Pancetti talvez sejam um dos melhores exemplos de como se deve usar o óleo; no entanto, no seu aprendizado, só consta uma passagem de dois anos pelo Grupo Bernardelli, do Rio de Janeiro, e de posteriores aulas com um pintor chamado Bru- no Lechowsky. O resto foi prática constante e contatos com bons pintores. Um detalhe: quando Pancetti tinha apenas dez anos de idade, seguiu com seus pais para Itália, onde durante vários anos desempenhou os mais humildes ofícios, mas também onde segu- ramente viu muito boa pintura. Di Cavalcanti é um mestre reverenciado tanto pelas suas es- truturas compositivas como pelo tratamento matérico do óleo e o sutil cromatismo de suas pequenas naturezas mortas. No entan- to, o único aprendizado que consta na sua biografia é uma breve passagem pela Academia Ranson de Paris, seguindo o conselho de ilustres artistas do Modernismo com quem teve a sorte de con- viver quando ainda jovem, era caricaturista de jornais e revistas. O resto, repetimos, é prática, trabalho, e assumir a insegu- rança econômica, pela qual todo artista que se preze há de passar no início, no meio ou no final de sua carreira. Observe-se que, por meio de todos nossos estudos sobre a arte da pintura, permeia-se uma certa ambiguidade, em alguns ca- sos, relativismo noutros. Por exemplo, qual é, afinal, a diferença entre a cor-luz e a cor-pigmento? A cor depende de nossa sensibi- lidade visual à luz, ou ela existe também independentemente da luz? Quais seriam as verdadeiras cores dos pigmentos que usamos para pintar se não tivéssemos a luz para identificá-las? É a realida- de o que vemos ou é a ideia que temos dela? Que tipo de certeza temos das imagens que vemos? Uma fotografia é mesmo a prova de um fato? E, parodiando a Ortega: o pintor moderno, ao pintar um quadro, está representando a realidade que vê através de sua © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica28 janela, ou está representando a realidade do vidro da janela, ou as duas ao mesmo tempo, ou, finalmente, a sua ideia ou sentimento? A interpretação que fizemos mais adiante de A Flagelação coincide exatamente com o que Piero della Francesca quis expressar? O es- pectador capta a ideia que o pintor quer expressar, ou está vendo nela a representação de sua própria ideia sobre o assunto? Tudo isto tem a ver com a subjetividade da expressão pictó- rica, e de toda a linguagem artística. Interessa ler, a este respeito, o que o grande Miguel de Unamuno (1993) escreveu a respeito do relativismo das impressões: Não existe nada mais ambíguo do que isso que se chama de re- alismo na arte literária. Porque, que realidade vem a ser a desse realismo? É verdade que o chamado realismo, coisa puramente externa, apa- rente, cortical e episódica, refere-se à arte literária e não ao poético ou criativo. Em um poema – e as melhores novelas são poemas -, numa criação, a realidade é uma realidade íntima, criativa e de vontade. Um poeta não constrói suas criaturas – criaturas vivas – pelas vias do chamado realismo. As figuras dos realistas costumam ser manequins vestidos, que funcionam à base de corda e que car- regam no peito um fonógrafo que repete as frases que seu Mestre Pedro recolheu em ruas e pracinhas e cafés e anotou em sua ca- derneta. Qual é a realidade íntima, a realidade real, a realidade eterna, a realidade poética ou criativa de um homem? Seja homem de carne e osso ou seja desses que chamamos de ficção, é a mesma coisa. Porque Dom Quixote é tão real quanto Cervantes; Hamlet ou Mac- beth tanto quanto Shakespeare, e meu Augusto Pérez tinha talvez suas razões para me dizer, como me disse – ver minha novela (e tão novela!) Névoa, páginas 280 e 281 – que talvez eu não fosse mais do que um pretexto para que sua história e as de outros, inclusive a minha própria, chegassem ao mundo. O que vem a ser o mais íntimo, o mais criativo, o mais real que um homem tem? Aqui preciso me referir, mais uma vez, àquela engenhosíssima te- oria de Oliver Wendell Holmes – em seu "The autocrat of the brea fast table, III" – sobre os três Juan e os três Tomás. E ele afirma que quando conversam dois, Juan e Tomás, há seis na conversação, que vêm a ser: Claretiano - Centro Universitário 29© Caderno de Referência de Conteúdo Três Juan: 1. O Juan real; conhecido somente pelo seu Criador. 2. O Juan ideal de Juan; nunca o real, e com freqüência muito dife- rente dele. 3. O Juan ideal de Tomás; nunca o Juan real, nem o Juan de Juan. Três Tomás: 1. O Tomás real. 2. O Tomás ideal de Tomás. 3. O Tomás ideal de Juan Ou seja, o que se é, o que se acredita ser e o que o outro acha. E Oliver Wendell Holmes passa a dissertar sobre o valor de cada um deles (UNAMUNO, 1993, p. 10-11). O pensamento de Unamuno coincide com o do seu contem- porâneo Luigi Pirandello nodrama Cosi é se vi pare (Assim é se lhe parece): as personagens, o Sr. Ponza e sua sogra, Srª. Frola, ques- tionam-se mutuamente sobre a existência da Srª. Ponza, suposta- mente falecida. A obra polemiza sobre a confiança que temos nos "dados de fato" e reivindica igual realidade para o "fantasma" da construção subjetiva. Três séculos antes, Shakespeare tinha escrito As you like it (como gostais), uma "comédia de equívocos" em que ninguém é o que parece ser. É desta obra um dos monólogos mais famosos de Shakespeare: Todo o mundo é um cenário. Visto desde outro ângulo, o cavalo pintado por Delacroix em seu quadro Morte de Sardanápalo, no início do século 19, é bem similar ao cavalo pintado por Rubens em seu quadro São Jorge, do século 17, as mesmas cores, a mesma pose empinada, as mesmas pinceladas gestuais para representar as crinas ao vento; é a teoria da arte que analisa as causas, que assinala as diferenças. Muitas imagens produzidas pela Pintura Paleocristã são tecnicamente si- milares às produzidas pela pintura italiana de meados do século 20; é a História da Arte que ordena cronologicamente os fatos, que evidencia as diferenças. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica30 O pintor moderno deverá habituar-se a andar de olhos fe- chados sobre estas areias movediças. A pintura não é uma das ci- ências exatas, mas ele pode segurar-se a essa certeza: uma árvo- re é algo concreto. Mas a imagem que temos dela não. Ela pode variar segundo a luz que a ilumina, segundo os reflexos na janela através da qual a observamos, e mesmo segundo nosso estado de ânimo (há dias em que "vemos tudo negro" e outros em que "ve- mos tudo azul"). Portanto, o que o artista pinta sobre a tela é a representação de uma imagem, a sua imagem da árvore. Mas o quadro resultante é um objeto concreto, tão concreto quanto a própria árvore. Tem altura e largura. As pinceladas em sua super- fície também podem ser medidas. Até a espessura da tinta pode ser medida, inclusive podemos cheirá-la se ela ainda não secou. Só que nossa percepção desse quadro também é uma imagem. Das reflexões expostas até aqui, podemos deduzir que tam- bém as fronteiras entre arte popular e arte "erudita" são dúbias. Quando dizemos "popular" não nos referimos somente aos totens do Alaska, nem às cerâmicas do Mestre Vitalino, nem às pinturas corporais de nossos índios, nem à Arte Naïf etc. Quando dizemos "popular" estamos nos referindo, neste caso, à grande maioria do público que, mesmo não tendo conhecimentos técnicos nem con- ceitos eruditos, possui sensibilidade e necessidade de se expressar. Acho que essas pessoas podem desenvolver a sua sensibilidade e seus sentimentos por meio das cores e das formas, sem necessi- dade de tornarem-se profissionais numa faculdade de arte. Mes- mo porque o público ao qual me refiro não tem as possibilidades econômicas de assistir a cursos ou de adquirir os materiais para as "belas-artes". Isso sem falar na escassez de centros de ensino qualificados que temos nessa área. Algumas experiências recentes no campo da Arte-educação, como as Oficinas de Pintura e Grafite Meninos de Arte, realizadas em São Paulo de 1994 a 2004, vem ao encontro da necessidade que atualmente temos neste país de assumir nossas carências e de olharmos ao redor para descobrir os elementos que temos hoje ao nosso alcance, e desenvolver uma Claretiano - Centro Universitário 31© Caderno de Referência de Conteúdo nova forma de expressão mais condizente com a nossa realidade socioeconômica. Eis alguns exemplos da metodologia empregada nas Oficinas: 1) Desenhando com o corpo: um adolescente contorna com carvão a silhueta de um colega encostado ao muro, um adolescente contorna com carvão a sombra de um colega projetada, um adolescente, de costas ao muro, desenha uma perfeita circunferência usando seus braços como compasso etc. 2) Proporções do corpo humano: às vezes é necessário de- senhar figuras em tamanhos diferentes do natural. Para esses casos, ensinamos a desenhar utilizando um de nós como modelo (importante exercício de observação), ou esquemas idealizados de proporções. Poder passar do desenho caricaturesco ao desenho de uma figura bem proporcionada, marca a passagem da infância à matu- ridade (embora alguns adultos utilizem estes cânones para realizar caricaturas mais sofisticadas). 3) Espectro solar: conseguir distinguir e fazer 24 cores mis- turando só 4, e de tinta látex P.V.A., é uma façanha para nossos adolescentes. 4) Escalas de tons: aprender a ver, observar, desenvolver a percepção, se adestrar nas dosagens dos componentes de uma cor ou tonalidade, são alguns dos objetivos des- te exercício. 5) Composição: exercícios de ordem, de divisão racional de espaços, identificação dos eixos de uma obra. A compo- sição é a única arte comum a toda e qualquer atividade humana. 6) Volume por cor: a utilização das cores "quentes" na luz e das "frias" na sombra substitui o velho sistema aca- dêmico de utilizar tonalidades da mesma cor para dar a sensação do volume. 7) Gestualismo musical: os brasileiros têm uma sensibi- lidade particular para a música. Tratamos de estender esta sensibilidade à pintura usando o pincel como batu- ta. Utilizando uma metodologia específica, traduzimos a © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica32 gestos e pinceladas os ritmos e melodias de música clás- sica e popular. Isto, além de desenvolver habilidade com o pincel, faz descarregar muita energia contida. 8) Pichação gráfica: pichação é o nome que se dá no Brasil ao grafite. Só que aqui este grafite, que originalmente era uma frase contestatária escrita num muro públi- co, converteu-se numa espécie de código secreto com inclusão de logomarcas de gangues. Em nossa oficina, tratamos de devolver à "pichação" ou "grafite" seu sen- tido contestatário, mas agora com uma linguagem pura- mente gráfica. Os trabalhos são o resultado da análise de imagens e materiais da imprensa destinados a obter opiniões que logo traduzirão em ações diretas, muitas vezes intervenções gestuais sobre esse material, mas com uma metodologia específica. Recordamos aqui as palavras do grande pintor uruguaio Tor- res Garcia (1946, n. p.): [...] tudo isto é o que se proporia como programa máximo uma vez que a América deveria proporcionar uma arte inédita. Em si mesmo, todo artista americano deveria enfrentar a grande batalha que se realiza continuamente entre o homem universal e o homem individual. Eliminado o subjetivo, como se disse antes, já não existiriam aristas em particular, mas a ARTE. Cada um deveria voltar ao primitivo e trabalhar no elementar. E aqui, primitivo não que dizer pré-histórico, mas o que vem no início de um enorme círculo da arte. Em consequência, sacrificar o pessoal (de certa forma, pois o pes- soal não se pode perder nem se quer dentro do hieratismo mais ortodoxo) e por na contribuição desse novo ideal de toda sua fé. Poderemos então, levantar um novo classicismo nesta terra da América. Concluímos esta abordagem por onde a começamos, pela educação, pela docência da arte, deixando uma questão para de- bater: as possibilidades futuras de converter a expressão individu- al do artista moderno e a expressão popular, numa arte única que identifique nossa sociedade. Claretiano - Centro Universitário 33© Caderno de Referência de Conteúdo Glossário de Conceitos O Glossário permite a você uma consulta rápida e precisa das definições conceituais, possibilitando-lhe um bom domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de conhecimen- to dos temas tratados neste Caderno de Referência de Conteúdo. Veja, a seguir, a definição dos principais conceitos: 1) Afresco: o afresco deve seu nome ao fato de que se de- via pintar sobre o último reboco do muro ainda fresco. Dessa maneira, a tinta penetra e garante uma duração igual à do muro que lhe serviu de suporte. 2) Arte Degenerada: nome que, no Terceiro Reich de Adolf Hitler, deu-se às obrasde Picasso, Kandinsky, Münch e, praticamente, a todos os artistas de vanguarda da épo- ca. Para demonstrar a "degeneração", eram realizadas reuniões onde se mostravam as deformações cubistas e expressionistas ao lado das deformações de pacientes de um asilo tipo Pequeno Cotolengo de Don Orione (SOS ESTUDANTE, 2011). 3) Concretismo ou Arte Concreta: o termo foi usado pelo pintor e arquiteto Theo Van Doesburg para definir uma tendência dos anos 30 que pretendia reformular a pin- tura abstrata. Mas foi o escultor suíço Max Bill quem deixou claro, a partir dos anos 40, que não se trata de abstrair nada, mas de construir objetivamente em base a problemas matemáticos. O Concretismo teve grande repercussão no Brasil a partir de 1956. 4) Claro-escuro: é o estudo da luz e da sombra dos objetos com a finalidade de representar o volume. 5) CO.BR.A: iniciais das cidades de origem do movimento chamado Expressionismo Abstrato: Copenhagen, Bruxe- las e Amsterdam. 6) Cores puras: chamamos "cores puras" aquelas que re- produzem as cores do espectro solar, ou seja, as cores- -luz. 7) Dadaístas: Dada, palavra onomatopeica escolhida ao acaso por um grupo de artistas que se reunia entre 1915 e 1923 no Cabaret Voltaire de Zurique, realizando even- © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica34 tos e obras de caráter provocativo, destinadas a exempli- ficar, perante o público, a necessidade de desenvolver a percepção, a imaginação e a fantasia. 8) Divisionismo: é a técnica criada pelos impressionistas para representar a atmosfera entre os objetos. 9) Expressionismo: é um movimento artístico que surgiu na Alemanha em 1905. Mas, hoje se dá esse nome, tam- bém, a toda pintura que tende a deformar ou exagerar a realidade por meios que expressam os sentimentos e a percepção de maneira intensa e direta. 10) "Fauvismo" (fouvismo): "feras", nome dado pelo crítico Louis Vauxelles a um grupo de pintores (Matisse, Ma- rket, Derain, Vlamink etc.) durante a sua primeira mostra em 1905, em Paris. Seus quadros se caracterizam pelas suas cores brilhantes, puras, sem matizes, e suas pince- ladas macro-pontilhistas. 11) Futurismo: é um movimento cultural que a inícios do sé- culo 20 exaltava o movimento, o dinamismo, a velocida- de das novas máquinas e até a guerra. 12) Godê: pequena paleta de plástico ou cerâmica utilizada para a mistura de cores à água. 13) Helenismo: refere-se à criação dos cânones estéticos clássicos na Grécia, durante o século 5º a.C. 14) Helenístico: termo aplicado à arte grega do século 4º ao século 1º a.C. 15) Hiperrealismo: é uma escola surgida nos EUA nos anos 60, logo após o Pop Art e com a mesma intenção de crí- tica à "sociedade de consumo". Sua técnica consiste em grandes ampliações fotográficas em cor, posteriormente retocadas escrupulosamente com aerógrafo. Eis porque é tão difícil descobrir se são fotos ou pinturas. 16) Marina: é um dos gêneros em que se dividiam os temas da pintura e para os quais existem até hoje formatos de telas específicos: paisagem (formato retangular horizon- tal), marina (formato retangular horizontal com a base medindo o dobro da altura), especial para cenas marí- timas, e figura (formato retangular vertical). Na pintu- ra moderna, entende-se, porém, que não há por que o Claretiano - Centro Universitário 35© Caderno de Referência de Conteúdo formato de tela ter relação com o gênero (tema). Assim, hoje, encontra-se nas lojas especializadas todo tipo de formato. 17) Matéricas: que têm volume, que são reconhecíveis ao tato. 18) Marchetaria: arte de incrustar, embutir ou aplicar peças recortadas de madeira ou outros materiais. 19) Métopas: relevos que decoram o friso dos templos gre- gos do século 5º a.C. Divididas por tríglifos (três estrias verticais), as métopas representam cenas das guerras ou da mitologia, como os trabalhos de Hércules, no templo de Olímpia ou a guerra dos Lapitas contra os centauros, no Partenón de Atenas. Os melhores destes relevos en- contram-se no British Museum de Londres. 20) Paleo-Cristã: arte das primitivas comunidades cristãs. Pinturas executadas com temple ou ao fresco nas pare- des e tetos das catacumbas, entre os séculos 1º e 3º. 21) Partitura: o compositor de música anota em um papel pautado por penta-gramas (5 linhas e 4 espaços), por meio de signos chamados notas, a melodia que "ouviu" no seu cérebro. Também anota abaixo de cada sequên- cia de notas a entonação com que devem ser executadas pelo intérprete: "adágio" (lento), "forte", "fortíssimo", "forte assai" (bastante forte) etc. As indicações são em italiano, pois foi na Itália que se inventou a notação mu- sical. 22) Pigmento: matéria básica para a fabricação de tintas, provenientes de terras, óxidos e minerais. 23) Pichação: dístico, em geral, de caráter político, escrito com piche em muro de via pública. Hoje, signos de gan- gues pintados com spray. 24) Pré-renascimento ou Primitivo Renascimento: pintura italiana do medievo, basicamente do século 13 até mea- dos do século 14 (LORENZETTI, 2011). 25) Simbolismo: expressão analógica, tema nitidamente li- terário. O simbolismo foi um movimento literário do fi- nal do século 19 chefiado por Stèphane Mallarmé e que contou entre seus adeptos com poetas como Verlaine, © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica36 Rimbaud e Moréas; dramaturgos como Ibsen e Claudel; músicos como Debussy e pintores como Odilon Redón, Gustave Moureau, Puvis de Chavannes, Paul Serusier, Paul Gauguin, embora o simbolismo destes dois últi- mos (líderes da escola de Pont'Aven no norte da França) caracteriza-se mais por uma utilização subjetiva da cor do que por uma simbológica ilustrativa. Antecedente do Simbolismo francês é o movimento literário iniciado na Inglaterra no início do século 19, por William Blake e Samuel Palmer e representado na pintura pelo Prerafa- elismo de Dante Gabriel Rosetti, W. Morris, Burne-Jons e outros. Mas, na realidade, este movimento foi uma re- ação anglosaxã contra o materialismo e o maquinismo dominante a meados do século 19. 26) Surrealismo: movimento artístico e literário iniciado na França na década de 20, sob a liderança do escritor An- dré Breton, com o objetivo, segundo ele, de solucionar as contradições entre sonho e realidade. São os pintores mais conhecidos desse movimento: Salvador Dali, Yves Tanguy, Max Ernst, René Magritte, entre outros. 27) Técnica divisionista dos impressionistas: trata-se da "mistura óptica da cor", pela qual pinceladas justapostas de cores diferentes, quando são observadas a distância, superpõem-se na retina do espectador formando uma só. 28) Transvanguarda: movimento contemporâneo, surgido na Alemanha, Áustria e Itália, em 1975. Helmut Mid- dendorf, Georg Baselitz, Enzo Cucchi e Sandro Chia são alguns dos artistas mais conhecidos deste movimento. 29) Valor intrínseco (refere-se à qualidade da feitura e ou importância do conceito): o valor intrínseco de uma obra de arte é intraduzível a valores monetários. O valor econômico de uma obra de arte depende de sua cotação no mercado, a qual, como qualquer outro produto, é de- terminada pela lei da oferta e da demanda. Claretiano - Centro Universitário 37© Caderno de Referência de Conteúdo Esquema dos conceitos-chave Para que você tenha uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo, apresentamos, a seguir (Figura 1), um Esquema dos Conceitos-chave. O mais aconselhável é que você mesmo faça o seu esquema de conceitos-chave ou até mesmo o seu mapa mental. Esse exercício é uma forma de você construir o seu conhecimento, ressignificando as informações a partir de suas próprias percepções. É importante ressaltar que o propósito desse Esquema dos Conceitos-chave é representar, de maneira gráfica, as relações en- tre os conceitos por meio de palavras-chave, partindo dos mais complexos para os mais simples. Esse recurso pode auxiliar você na ordenação e na sequenciação hierarquizada dos conteúdos deensino. Com base na teoria de aprendizagem significativa, entende- -se que, por meio da organização das ideias e dos princípios em esquemas e mapas mentais, o indivíduo pode construir o seu co- nhecimento de maneira mais produtiva e obter, assim, ganhos pe- dagógicos significativos no seu processo de ensino e aprendiza- gem. Aplicado a diversas áreas do ensino e da aprendizagem es- colar (tais como planejamentos de currículo, sistemas e pesquisas em Educação), o Esquema dos Conceitos-chave baseia-se, ainda, na ideia fundamental da Psicologia Cognitiva de Ausubel, que es- tabelece que a aprendizagem ocorre pela assimilação de novos conceitos e de proposições na estrutura cognitiva do aluno. Assim, novas ideias e informações são aprendidas, uma vez que existem pontos de ancoragem. Tem-se de destacar que "aprendizagem" não significa, ape- nas, realizar acréscimos na estrutura cognitiva do aluno; é preci- so, sobretudo, estabelecer modificações para que ela se configure como uma aprendizagem significativa. Para isso, é importante con- siderar as entradas de conhecimento e organizar bem os materiais © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica38 de aprendizagem. Além disso, as novas ideias e os novos concei- tos devem ser potencialmente significativos para o aluno, uma vez que, ao fixar esses conceitos nas suas já existentes estruturas cog- nitivas, outros serão também relembrados. Nessa perspectiva, partindo-se do pressuposto de que é você o principal agente da construção do próprio conhecimento, por meio de sua predisposição afetiva e de suas motivações internas e externas, o Esquema dos Conceitos-chave tem por objetivo tor- nar significativa a sua aprendizagem, transformando o seu conhe- cimento sistematizado em conteúdo curricular, ou seja, estabele- cendo uma relação entre aquilo que você acabou de conhecer com o que já fazia parte do seu conhecimento de mundo (adaptado do site disponível em: <http://penta2.ufrgs.br/edutools/mapascon- ceituais/utilizamapasconceituais.html>. Acesso em: 11 mar. 2010). Como você poderá observar, esse Esquema dará a você, como dissemos anteriormente, uma visão geral dos conceitos mais importantes deste estudo. Ao segui-lo, você poderá transitar entre um e outro conceito e descobrir o caminho para construir o seu processo de ensino-aprendizagem. O Esquema dos Conceitos-chave é mais um dos recursos de aprendizagem que vem se somar àqueles disponíveis no ambien- te virtual, por meio de suas ferramentas interativas, bem como àqueles relacionados às atividades didático-pedagógicas realiza- das presencialmente no polo. Lembre-se de que você, aluno EaD, deve valer-se da sua autonomia na construção de seu próprio co- nhecimento. Claretiano - Centro Universitário 39© Caderno de Referência de Conteúdo Concepção Talento Apetidão natural Sesibilidade Eventos e espetaculos de qualidade, concertos, peças de teatro, filmes, livros etc. Percepção Imaginação Execução Conhecimentos Técnicos e teóricos, instituições ou professores qualificados Exercícios (Prática) Prática periódica Divulgação "Manager", Exposições, Relações do publico expectador Figura 1 Esquema dos Conceitos-chave – Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica. Questões Autoavaliativas No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas sobre os conteúdos ali tratados, as quais podem ser de múltipla escolha, abertas objetivas ou abertas dissertativas. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica40 Responder, discutir e comentar essas questões, bem como relacioná-las com a prática do ensino de Artes pode ser uma forma de você avaliar o seu conhecimento. Assim, mediante a resolução de questões pertinentes ao assunto tratado, você estará se prepa- rando para a avaliação final, que será dissertativa. Além disso, essa é uma maneira privilegiada de você testar seus conhecimentos e adquirir uma formação sólida para a sua prática profissional. Bibliografia Básica É fundamental que você use a Bibliografia Básica em seus es- tudos, mas não se prenda só a ela. Consulte, também, as bibliogra- fias apresentadas no Plano de Ensino e no item Orientações para o estudo da unidade. Figuras (ilustrações, quadros...) Neste material instrucional, as ilustrações fazem parte inte- grante dos conteúdos, ou seja, elas não são meramente ilustra- tivas, pois esquematizam e resumem conteúdos explicitados no texto. Não deixe de observar a relação dessas figuras com os con- teúdos estudados, pois relacionar aquilo que está no campo visual com o conceitual faz parte de uma boa formação intelectual. Dicas (motivacionais) O estudo deste Caderno de Referência de Conteúdo convida você a olhar, de forma mais apurada, a Educação como processo de emancipação do ser humano. É importante que você se atente às explicações teóricas, práticas e científicas que estão presentes nos meios de comunicação, bem como partilhe suas descobertas com seus colegas, pois, ao compartilhar com outras pessoas aqui- lo que você observa, permite-se descobrir algo que ainda não se conhece, aprendendo a ver e a notar o que não havia sido perce- bido antes. Observar é, portanto, uma capacidade que nos impele à maturidade. Claretiano - Centro Universitário 41© Caderno de Referência de Conteúdo Você, como aluno dos cursos de Graduação na modalidade EaD, necessita de uma formação conceitual sólida e consistente. Para isso, você contará com a ajuda do tutor a distância, do tutor presencial e, sobretudo, da interação com seus colegas. Sugeri- mos, pois, que organize bem o seu tempo e realize as atividades nas datas estipuladas. É importante, ainda, que você anote as suas reflexões em seu caderno ou no Bloco de Anotações, pois, no futuro, elas pode- rão ser utilizadas na elaboração de sua monografia ou de produ- ções científicas. Leia os livros da bibliografia indicada, para que você amplie seus horizontes teóricos. Coteje-os com o material didático, discuta a unidade com seus colegas e com o tutor e assista às videoaulas. No final de cada unidade, você encontrará algumas questões autoavaliativas, que são importantes para a sua análise sobre os conteúdos desenvolvidos e para saber se estes foram significativos para sua formação. Indague, reflita, conteste e construa resenhas, pois esses procedimentos serão importantes para o seu amadure- cimento intelectual. Lembre-se de que o segredo do sucesso em um curso na modalidade a distância é participar, ou seja, interagir, procurando sempre cooperar e colaborar com seus colegas e tutores. Caso precise de auxílio sobre algum assunto relacionado a este Caderno de Referência de Conteúdo, entre em contato com seu tutor. Ele estará pronto para ajudar você. 3. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS RUIZ, A. S. Revista Apuentes de Educación. nº 0, outubro-dezembro, 1980, p. 9 Ediciones Anaya S.A., Madrid. Tradução Marina Thil Grillo, 1990. TORRES GARCIA, J. Manuscrito de Torres Garcia. Museu Torres Garcia, Montevidéu, 9 de fevereiro de 1946. Tradução de Helena Wiechmann, 2012. UNAMUNO, M. Três novelas exemplares e um prólogo. São Paulo: Nova Alexandria, 1993. © Compreensão dos Elementos e da Linguagem Pictórica42 4. E-REFERÊNCIAS LORENZETTI, A. Veduta di uma cittá sul maré. Disponível em: <http://www.italica.rai. it/argomenti/storia_arte/ambrogiolorenzetti/galleria/9.htm>. Acesso em: 8 ago. 2011. SOS ESTUDANTE. Resumo do documentário "Arquitetura da Distribuição". Disponível em: <http://www.sosestudante.com/resumos-a/resumo-do-documentario-arquitetura-da- destruicao.html>. Acesso em: 8 ago. 2011. EA D 1 O Âmbito da Pintura no Marco das Artes Visuais e a Função do Pintor 1. OBJETIVO • Definir a função da pintura no marco das artes visuais e de outras atividades afins e a atitude do pintor, tipifican- do sua função nos campos da representação e da inter- pretação. 2. CONTEÚDO • Conceitos básicos para a compreensão da pintura no complexo panorama
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