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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CAIAPÔNIA-GO Processo Criminal n° XXXXXXXXX Jenisvaldo, inscrito no CPF sob nº XXXXX, residente e domiciliado à Rua XXXXX, bairro XXXXX Caiapônia- GO, seu advogado ao final assinado, vem respeitosamente à presença de vossa excelência, por seu representante legal, com fulcro nos art. 396 e 396- A, apresentar sua RESPOSTA À ACUSAÇÃO Pelas razões de fatos e fundamentados: I- DOS FATOS Jenisvaldo, estava em um restaurante na cidade de Iporá- Goiás quando se envolveu em uma briga com Uanderson, pelo fato de Uanderson ao passar perto de sua cadeira ter esbarrado e ao feito derrubar o copo em que estava bebendo um suco. O resultado da briga foi que Uanderson, pelos murros e empurrão seguido de queda quem sofreu, perdeu momentaneamente os movimentos da sua perna esquerda e do seu braço esquerdo e teve que ficar internado de 24/04/2021 até 30/06/2021, não podendo praticar sua atividade laboral. O Ministério Público ofereceu denúncia ao Juízo da Comarca de Caiapônia- Goiás em face de Jenisvaldo pela incursão nas sanções do artigo 129, § 1º, I cumulado com artigo 61, II, “a” e 14, I, todos do Código Penal. II- DO DIREITO A) Da Incompetência do Juízo Conforme se extrai dos autos, o juízo da Vara Criminal da Comarca de Caiapônia- Goiás recebeu a denúncia do Ministério Público contra Jenisvaldo pela prática do crime previsto no art. artigo 129, § 1º, I cumulado com artigo 61, II, “a” e 14, I, todos do Código Penal. Os atos estão eivados de nulidade por não seguir o rito da Lei nº 9.099/95, vez que neste rito há institutos despenalizadores, como é o caso da transação penal e composição Civil dos danos, o que evitaria o oferecimento da denúncia. O acusado foi prejudicado porque não lhe foi dada tal oportunidade, e este não pôde ser beneficiado com tais institutos. Com fulcro no art. 5º, LV, da Constituição e art. 564, IV, do CPP, ocorreu nulidade nos atos, vez que houve omissão de formalidade que constituía elemento essencial destes, não sendo assegurado ao acusado os meios e recursos a ele inerentes. Desta forma, requer seja declarada a incompetência deste juízo e seja remetido o processo ao juízo competente, por inteligência dos arts. 564, incisos I e IV, e 567, caput, do Código de Processo Penal c/c art. 5º, inciso LV, da Constituição Federal. B. Da Inimputabilidade Penal do Acusado Nas conformidades do que já foi exposto na presente defesa, constata-se que há necessidade da absolvição do acusado tendo em vista a sua insanidade mental, com a devida a apresentação do sofrimento do acusado de “Distúrbio Patológico Mental”. O acusado havia saído da clínica e ainda estava sob efeito de forte medicação “tarja preta” que contém em sua bula a descrição de “reação agressiva quando submetido a forte stress” como efeito colateral, conforme relatório médico e bula apresentada. No sistema biológico (ou etiológico) apenas é relevante se o agente é portador de alguma doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, bastante isso para a caracterização da inimputabilidade, não se importando se o indivíduo tem, ou não, capacidade de compreensão do ilícito cometido. Conforme elucida Mirabete: “aquele que apresenta uma anomalia psíquica é sempre inimputável, não se indagando se essa anomalia causou qualquer perturbação que retirou do agente a inteligência e a vontade do momento do fato.” (Mirabete, 2004, p. 210). Conforme Guilherme de Souza Nucci: “[...] por este critério, será considerada inimputável a pessoa que apresentar anormalidade mental, consistente em doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado” (Nucci, 2008, p. 275). A jurisprudência também é clara, nesse sentido: TRF-1 - APELAÇÃO CRIMINAL ACR 16417 MG 0016417- 26.2011.4.01.3800 (TRF-1) Ementa: PROCESSO PENAL. INCIDENTE DE INSANIDADE MENTAL. ALCOOLISMO. INTOXICAÇÃO CRÔNICA. DOENÇA. ART. 26 , CP . INIMPUTABILIDADE. TEORIA BIOPSICOLÓGICA. LAUDO PERICIAL. ART. 149 , CPP . DEFERIMENTO. CERCEAMENTO DE DEFESA. 1. Na quadra de intoxicação crônica do organismo, o alcoolismo, para o direito penal, é doença passível de conferir inimputabilidade ao agente, devido à ausência de higidez mental. 2. O Código Penal , em termos de sanidade mental do autor do fato delitivo, adota a teoria biopsicológica, por não restringir a ação do Juiz, vinculando-o sempre ao laudo médico (teoria puramente biológica), assim como afastando a possibilidade de decisões arbitrárias do Magistrado acerca da capacidade do agente de entender o caráter da ilicitude do fato e de comportar-se conforme tal (teoria puramente psicológica). 3. Sem prejuízo do direito do réu de produzir prova judicial, a despeito da questionável dúvida sobre sua higidez mental ao tempo dos fatos, é de ser instaurado o incidente de insanidade requerido, tendo em vista o laudo médico oficial ser o instrumento jurídico apropriado para aclarar a questão. 4. Apelação provida. STJ - HABEAS CORPUS HC 33401 RJ 2004/0011560-7 (STJ) Em matéria de defesa, faz-se constar a importância do artigo 26 do Código Penal Brasileiro, uma vez que a legislação vigente trata da inimputabilidade penal do acusado por razões por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, e como já abordado, o denunciado sofre problemas mentais que causam a sua inimputabilidade. Vejamos o artigo 26 do Código Penal: “Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento”. Portanto, em relação ao direito Processual Penal, este assegura ao réu isento de pena por razão de inimputabilidade penal, devendo portanto, ao Magistrado absolver o réu pelas razões do inciso “VI” do artigo 386 do Código de Processo Penal. Observemos: “Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça: (…) VI – existirem circunstâncias que excluam o crime ou isentem o réu de pena (arts. 20, 21, 22, 23, 26 e § 1º do art. 28, todos do Código Penal), ou mesmo se houver fundada dúvida sobre sua existência.” Além do mais, cabe ressaltar que o réu poderá ser absolvido conforme o artigo 415, parágrafo único do CPP, vejamos: “Art. 415. O juiz, fundamentadamente, absolverá desde logo o acusado, quando: Parágrafo único. Não se aplica o disposto no inciso IV do caput deste artigo ao caso de inimputabilidade prevista no caput do art. 26 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, salvo quando esta for a única tese defensiva” V- DO PEDIDO Diante de todo o exposto, requer: A) Seja reconhecida a preliminar processual de incompetência, a fim de declarar a nulidade pela incompetência do juízo, sendo remetido o processo àquele juízo competente, se for o caso, nos termos dos arts. 564, incisos I e IV, e 567, caput, do CPP; B) Seja absolvido sumariamente o acusado, nos termos do art. 26 do CP, inciso VI do art.386 e art. 415, ambos do CPP; Nestes Termos. Pede e espera Deferimento. IPORÁ, 28 DE JUNHO DE 2021 SOFYA BRUNA COSTA E SILVA – Advogada – OAB/UF: XXXX