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DESCRIÇÃO
As contribuições da prática de atividades físicas na prevenção e/ou reabilitação de câncer, acidente
vascular encefálico, doenças neurológicas e saúde mental em geral.
PROPÓSITO
Compreender como a prática de atividades físicas pode contribuir para a prevenção e/ou recuperação
de neoplasias e doenças neurológicas é importante na formação do profissional da área de saúde, uma
vez que esse tipo de situação se apresenta frequentemente em sua atuação.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios para a prevenção e o
tratamento do câncer
MÓDULO 2
Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios no tratamento após acidente
vascular encefálico
MÓDULO 3
Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios no tratamento de doenças
neurológicas e da saúde mental em geral
 
Fonte: rawpixel / Freepik
INTRODUÇÃO
De acordo com o Ministério da Saúde (BRASIL, 2019), as principais causas de morte em ambos os
sexos no Brasil, em 2018, foram as doenças cardíacas isquêmicas, seguidas pelos acidentes
cerebrovasculares. No entanto, as doenças neurológicas apareceram com destaque.
 EXEMPLO
Por exemplo, “doença de Alzheimer e outras demências” posicionam-se no terceiro lugar no sexo feminino e
sétimo no masculino, com incremento em ambos os sexos nos últimos anos. Em faixas etárias acima dos 70
anos, essa categoria está em segundo lugar como causa de morte. A partir dos 30 anos de idade, destacam-
se, igualmente, as neoplasias.
 
Nestes casos, paralelamente ao incremento em sua prevalência, também ocorre o aumento da
quantidade de pacientes sobreviventes, acarretando maior demanda por programas de
reabilitação que os reinsiram na vida social. Entre outros aspectos, isso significa retomar as
atividades cotidianas, seja no trabalho, em família ou no lazer. São muitas as dimensões contempladas
por esses programas. Na verdade, as limitações físicas, deficiências e incapacidades que devem ser
compensadas sempre correspondem a comprometimentos psicológicos e sociais. Assim, as estratégias
de recuperação desses pacientes devem ser multifatoriais.
A prática de atividades físicas ajuda a prevenir doenças cardiovasculares, neoplasias e aquelas
de fundo neurológico tipicamente encontradas em pessoas idosas. Nas últimas décadas, a
discussão acerca do papel dos exercícios físicos ultrapassou a perspectiva preventiva. Programas de
treinamento físico vêm sendo valorizados como estratégias complementares ao tratamento de doenças
incapacitantes, como câncer, acidentes cerebrovasculares e doenças neurológicas, como Parkinson e
Alzheimer.
 
Fonte: CGN089 / Shutterstock.com
Assim, ampliam-se as oportunidades de intervenção de profissionais que atuam com a prescrição de
exercícios físicos. E aumentam também as responsabilidades no que tange ao preparo técnico para
atender esses pacientes.
Aqui discutiremos os benefícios e as características de programas de atividades físicas para pacientes
acometidos de câncer, acidente vascular encefálico e doenças de Parkinson e Alzheimer. Esse conteúdo
deve ajudar, e muito, a formação dos profissionais da área de saúde.
MÓDULO 1
 Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios para a prevenção e
o tratamento do câncer
ATIVIDADE FÍSICA E CÂNCER
Nos últimos anos, diversos grupos vêm investigando o papel das atividades físicas na melhoria do
prognóstico e na qualidade de vida dos pacientes com câncer, antes, durante e após o tratamento. De
forma geral, as evidências vão no sentido de que a prática de atividades físicas por pacientes com
câncer é segura, viável e eficaz para incrementar a aptidão física, atenuar a fadiga e melhorar a
qualidade de vida de maneira geral.
 
Fonte: prostooleh / Freepik
LLee e Paffenbarger (1994) publicaram um dos primeiros estudos demonstrando uma associação
inversa entre níveis de atividade física e a incidência de cânceres de cólon e pulmões em mais de 17 mil
homens com idades entre 30 e 79 anos. Steindorf (2013) mencionou mais de 200 estudos
epidemiológicos que demonstravam que o risco para determinados tipos de câncer, como de mama e
cólon, seria menor em indivíduos fisicamente ativos. O efeito protetor da atividade física se estenderia a
outras neoplasias, como a de endométrio, próstata, gástrica e nos ovários.
NEOPLASIAS
Formação anormal de tecido pela proliferação desordenada das células. A neoplasia pode ser
maligna ou benigna.
Talvez o mais importante estudo até aqui publicado tenha sido o de Moore e colaboradores
(2016), investigando a associação de atividades físicas de lazer com a incidência de diversos
tipos comuns de câncer.
O estudo foi realizado com uma expressiva população de 1,44 milhões de participantes com idades
entre 19 e 98 anos — 186.932 pacientes de câncer foram incluídos no levantamento. Níveis altos de
atividade física de lazer relacionaram-se a riscos menores de desenvolvimento de 14 tipos de câncer:
esôfago, fígado, pulmão, rim, estômago, endométrio, leucemia mieloide, mieloma, cólon, cabeça,
pescoço, reto, bexiga, mama, independentemente do estado nutricional (normal, sobrepeso ou
obesidade) e do tabagismo, que modificou apenas a associação com o câncer de pulmão.
Em suma, a atividade física de lazer associou-se a um menor risco de desenvolvimento de câncer e a
simples participação já foi fator primário. Isso significa que, em termos preventivos, a intensidade das
atividades realizadas não deveria ser uma preocupação central.
 
Fonte: SEVENNINE_79/ Shutterstock.com
Um dos tipos de câncer para os quais os efeitos benéficos da atividade física, tanto em termos
preventivos quanto no tratamento, são mais reconhecidos é o câncer de mama (IBRAHIM e AL-
HOMAIDH, 2011).
javascript:void(0)
 
Fonte: nensuria / Freepik
No que tange à prevenção, haveria uma redução de 20% a 40% no risco em mulheres ativas vs.
sedentárias. Em mulheres pós-menopáusicas com altos níveis de atividades físicas, estudos indicaram
que a redução do risco pode chegar a 80%. Ou seja, para cada hora de atividade física semanal, o risco
diminuiria 6%.
Após o tratamento, os dados demonstram uma relação inversa consistente entre níveis de atividade
física e mortalidade, apoiando a premissa de que programas de exercícios deveriam ser incluídos na
rotina pós-tratamento (IBRAHIM & AL-HOMAIDH, 2011). Além disso, a recidiva seria menor em
mulheres fisicamente ativas. Esses resultados são encorajadores, uma vez que se trata de uma
intervenção acessível com grandes chances de modificar o desfecho da doença em longo prazo.
Outro tipo de câncer frequentemente mencionado na literatura é o de cólon. Há amplas evidências de
que sua incidência é menor entre indivíduos fisicamente ativos.
 
Fonte: EnsineMe
Em termos gerais, os números sugerem uma redução de 20% a 30% no risco de desenvolvimento da
doença, quando se comparam indivíduos muito ativos com muito inativos. Evidências também sugerem
benefícios da atividade física, principalmente quando realizada com intensidade elevada, em desfechos
do câncer de próstata (NEWTON et al., 2018).
Além do efeito preventivo, deve-se notar que pacientes sobreviventes ao câncer, os quais concluíram
com sucesso seu tratamento primário, geralmente têm a expectativa de retomar suas atividades
cotidianas, no trabalho, na família e no lazer. Como se sabe, mesmo eficazes para prolongar a vida,
muitos tratamentos são intensivos e muito invasivos, podendo levar à fadiga crônica e à redução das
atividades físicas, o que tende a comprometer a qualidade de vida dos pacientes. Esses efeitos
indesejáveis podem se prolongar dificultando o retorno à vida normal.
A atividade física pode aliviar sequelas relacionadas ao câncer e auxiliar os pacientes a retomar a vida
que tinham antes do tratamento. As evidências indicam que a prática de atividades físicas durante e
após o tratamento do câncer é capaz de melhorar muitos indicadores dodesempenho físico, além de ser
viável e bem aceita pelos pacientes.
Vários ensaios clínicos avaliaram a eficácia da atividade física em indicadores de saúde física e mental
em pacientes após o tratamento do câncer, todos eles relataram melhora significativa após a atividade
física (FONG et al., 2012).
 
Fonte: Ann Rodchua/ Shutterstock.com
Programas de atividades físicas são aconselháveis após o tratamento do câncer e, se possível, antes do
seu início, com efeitos positivos nas dimensões física, psicológica e social.
 
Fonte: Brian A Jackson/ Shutterstock.com
Além disso, a eficiência de tratamentos medicamentosos, como a quimioterapia, parece ser otimizada
pela prática de exercício físico.
 
Fonte: senivpetro / Freepik
Por outro lado, os mecanismos subjacentes ao efeito protetor das atividades físicas em relação aos
muitos tipos de câncer ainda são indefinidos e controversos.
 
Fonte: marymarkevich / Freepik
A elucidação desses mecanismos é importante, para que se possam implementar rotinas de treinamento
que otimizem os efeitos desejados.
 
Fonte: rawpixel / Freepik
O EFEITO PROTETOR DAS ATIVIDADES FÍSICAS
PARA O CÂNCER.
Duas hipóteses vêm sendo discutidas quanto ao efeito das atividades físicas para o câncer:
Primeira hipótese
A primeira considera os efeitos do exercício na redução dos fatores de risco para a doença. Muitas vias
biológicas são sugeridas, incluindo redução do estado inflamatório, menor tempo de trânsito intestinal,
diminuição do nível circulante de fatores insulínicos de crescimento, controle da hiperinsulinemia, melhor
tolerância à glicose, secreção mais equilibrada de diversos hormônios e efeitos favoráveis na função
imune.

Segunda hipótese
A segunda hipótese investiga fatores produzidos durante o exercício agudo, incluindo catecolaminas e
miocinas (produzidas pelo próprio músculo) , que teriam potencial efeito anticancerígeno.
Em relação às adaptações em longo prazo, nota-se que uma das possíveis contribuições das atividades
físicas na prevenção do câncer decorre dos efeitos favoráveis no controle do peso e percentual de
gordura. Há uma associação entre sobrepeso e risco de cânceres relacionados a hormônios, mama,
próstata, cólon ou intestino grosso.
Durante muito tempo, acreditou-se que o efeito protetor das atividades físicas recreativas contra esses
tipos de câncer devia-se, direta ou indiretamente, ao fato de indivíduos ativos exibirem melhor estado
nutricional, como menos sobrepeso ou obesidade. Independentemente disso, o fato é que níveis
aumentados de atividades físicas previnem o desenvolvimento de muitos tipos de câncer.
Assim, deve-se estimular o engajamento em rotinas que aumentem o dispêndio calórico, senão pelo
controle do peso, pelo menos em virtude dos benefícios à saúde – a prevenção de neoplasias é contada
entre esses efeitos favoráveis.
Outro benefício crônico do exercício é a atenuação da perda de massa muscular induzida pelos
tumores, o que é conhecido como caquexia do câncer.
CAQUEXIA DO CÂNCER
Essa síndrome é definida por perda de peso, astenia e anorexia do paciente.
javascript:void(0)
 
Fonte: EnsineMe
De forma geral, relaciona-se caquexia a uma expressiva perda muscular, acompanhada de redução
do apetite, inflamação e resistência à insulina. Até hoje, nenhuma intervenção específica provou-se
eficaz na prevenção ou reversão do problema. No entanto, terapias farmacológicas e nutricionais,
complementadas por exercícios resistidos podem minorar o problema, ajudando a preservar a massa
muscular e a controlar o ambiente pro-inflamatório que contribui para agravar o problema. Uma vez que
o impacto sobre marcadores inflamatórios tende a ser maior no exercício aeróbio, uma associação entre
treinamento resistido e atividades aeróbicas poderia ser considerada como ideal.
 
Fonte: EnsineMe
 Mecanismos da caquexia do câncer.
O efeito anti-inflamatório dos exercícios físicos é importante na prevenção do risco e contribuição ao
tratamento do câncer. Níveis elevados de fatores pró-inflamatórios e reduzidos de fatores anti-
inflamatórios associam-se a maior risco de desenvolvimento da doença. A prática regular de
atividades físicas tem influência favorável nesses marcadores, tanto aguda quanto cronicamente. Entre
as citocinas influenciadas pelo exercício, destaca-se na defesa contra o câncer o fator inibitório de
migração de macrófagos (MIF). Essa citocina inibe as células natural killer (NK) do sistema imune e
estimula a invasão de células tumorais. Uma única sessão de exercícios moderados a intensos parece
regular a ação do MIF no sentido contrário, tendendo a agir para retardar a evolução do tumor.
 
Fonte: wavebreakmedia / Shutterstock.com
Os exercícios físicos provocam adaptações no sistema imune. Em linhas gerais, especula-se que
haveria mudanças no perfil de liberação de citocinas, distribuição das células do sistema imune e
invasões de células cancerosas que são importantes para combater a evolução de tumores. Aceita-se
que o sistema imunológico tenha papel relevante não apenas na redução do risco de câncer, mas no
combate a tumores existentes. Há evidências de que o sistema imune é capaz de reconhecer e
eliminar células cancerosas.
O papel dos componentes imunológicos inatos ou adquiridos na defesa contra células tumorais foi há
tempos estabelecido. Com base nisso, estratégias terapêuticas para estimular o potencial tumoricida do
sistema imune continuam sendo desenvolvidas — conhecidas sob a denominação genérica de
imunoterapia.
Essa modalidade de tratamento é aplicada com sucesso em uma grande variedade de tumores, como
melanoma, carcinoma renal ou câncer de ovário. Aceita-se que volumes moderados de exercício têm
efeito positivo sobre o sistema imune e que sua prática pode ajudar a preservá-lo mesmo quando
o paciente recebe altas doses de quimioterapia. Então, uma questão é o quanto intervenções com
exercícios físicos podem influenciar o sistema imunológico em termos de prevenção do câncer,
atenuação de disfunção imunológica relacionada a tratamentos quimio e radioterápicos, prevenção de
doenças inflamatórias e incremento da eficácia da imunoterapia.
 
Fonte: Freepik / Freepik
A hipótese de efeito anticancerígeno agudo do exercício também se justificaria por meio de alterações
na função imune. Parece haver uma ligação entre exercício, câncer e sistema imune inato,
particularmente as células NK. Essas células representam a primeira linha de defesa contra o
crescimento de tumores malignos. Além disso, o exercício associa-se com a liberação de miocinas pela
própria contração dos músculos esqueléticos.
Uma miocina importante é a interleucina-6 (IL-6), cujos níveis plasmáticos elevam-se rapidamente
durante o exercício em proporção à intensidade. Isso parece acelerar a mobilização das células NK do
sistema imune, particularmente na presença de catecolaminas. Pedersen e colaboradores (2016)
demonstraram que:
 
Fonte: EnsineMe
Esses dados foram posteriormente confirmados por Idorn e Straten (2017), demonstrando que a
infiltração de células NK nos tumores era diretamente influenciada pelas catecolaminas produzidas
durante o exercício físico. A adrenalina, emerge como elemento central na regulação da melhoria
do controle tumoral por células do sistema imune em resposta ao exercício físico.
Dethlefsen e colaboradores (2017a) testaram esse modelo em mulheres operadas de câncer de mama e
sob quimioterapia. As pacientes realizaram duas horas de exercício aeróbio em cicloergômetro, com
intensidade de 55% VO2pico (cerca de 70% da FCmáx) .
Os mesmos mecanismos observados nos ratos reproduziram-se nas voluntárias: a supressão das
células cancerosas pela ação das células NK dependeu diretamente da secreção de catecolaminas
durante o exercício.
Apesar do reconhecimento de que programas de atividades físicas deveriam ser integrados no
tratamento multidisciplinar de pacientes com câncer, a natureza dessa intervenção ainda é incerta. As
recomendaçõesespecíficas quanto à quantidade e às características das atividades físicas para
pacientes oncológicos ainda precisam ser definidas.
 
Fonte: Gorodenkoff / Shutterstock.com
O problema é que a maior parte dos dados disponíveis advém de estudos transversais desenvolvidos
em populações de características diversas.

 
Fonte: Pavel L Photo and Video / Shutterstock.com
A carência de estudos experimentais testando relações dose-resposta entre volume/intensidade dos
exercícios e os desfechos desejados na prevenção e tratamento da doença dificulta a apresentação de
indicações mais objetivas para o delineamento de programas para pacientes com câncer.
No atual estágio das pesquisas, acredita-se na influência positiva de programas variados de treinamento
físico em vários tipos de câncer. Talvez o primeiro estudo a investigar a influência da atividade física
durante tratamento quimioterápico tenha sido publicado por Winningham e colaboradores (1989),
incluindo mulheres com câncer de mama. As pacientes participaram de um programa de
treinamento aeróbio em cicloergômetro, sem queixas de desconforto ou complicações e
melhorando a capacidade de desempenho físico.
Desde então, outros estudos vêm confirmando esses resultados, inclusive com outros tipos de
tratamento, como radioterapia ou intervenção hormonal. Assim, agências normativas e painéis de
especialistas na América do Norte e Europa concordam que a atividade física em pacientes oncológicos
é viável, durante e após tratamento médico.
Programas de exercícios podem melhorar a aptidão física e atenuar a fadiga crônica em pacientes com
câncer de mama, próstata e doenças hemato-oncológicas e melhoram indicadores psicológicos e
sociais, ajudando a controlar a ansiedade e aumentando a oportunidade de atividades em grupo.
Programas de exercícios físicos na área da oncologia têm objetivos que diferem daqueles propostos na
reabilitação de outras condições patológicas. Os efeitos colaterais dos tratamentos são uma
preocupação comum das intervenções.
 EXEMPLO
Um programa de exercícios resistidos pode ser direcionado para ajudar na redução da incontinência urinária,
efeito colateral comum do tratamento do câncer de próstata.
 
Tanto os tratamentos convencionais quanto o advento de novas terapias associam-se com uma gama de
efeitos colaterais debilitantes, sejam eles fisiológicos (redução da capacidade física, fadiga, ganho de
peso, disfunção cardíaca e pulmonar) ou psicossociais (náuseas, depressão, ansiedade etc.) . Esses
sintomas podem ter implicações profundas na qualidade de vida.
No caso de cirurgias, há que se considerar impactos que dependem da localização do tumor e extensão
de possíveis ressecções. Logo, são desejáveis intervenções que possam atenuar esses efeitos
colaterais, que aumentam a segurança das atividades cotidianas e potencializam o efeito dos
tratamentos aplicados.
A fadiga relacionada ao câncer é um problema vivido pela maior parte dos pacientes, estima-se que de
25% a 99% sofram com esse problema, durante ou após o tratamento medicamentoso (BLOCH et al.,
2013). Trata-se de uma síndrome, que envolve cansaço físico e psicológico persistente, não
necessariamente ligada a esforços realizados e que não é aliviada pelo descanso ou sono. Isso leva a
uma diminuição das atividades diárias, com impacto negativo na motivação, capacidade física e
qualidade de vida.
 
Fonte: Rido / Shutterstock.com
Apesar de ter etiologia mal compreendida, entre os mecanismos sugeridos para explicar essa síndrome,
incluem-se alterações no:
metabolismo muscular;
disfunção do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal;
perturbação do ritmo circadiano;
desregulação na produção de citocinas;
maior estresse oxidativo relacionado à doença e ao tratamento.
Esses dois últimos fatores, ajudam a explicar a perda de massa muscular progressiva em muitos
pacientes.
 
Fonte: Unai Huizi Photography/ Shutterstock.com
A prática de exercícios contribui com a atenuação de todos esses fatores, tanto durante a atividade
quanto em virtude de adaptações em longo prazo. Isso depende de fatores como o tipo de câncer, o
estágio da doença e a duração da intervenção.
 
Fonte: Nutnutchar NAV / Shutterstock.com
As evidências indicam que exercícios aeróbios e resistidos podem ser eficazes para atenuar esses
problemas. A escolha da modalidade do treinamento dependerá do que se deseja em termos da
melhoria da qualidade de vida do paciente e das preferências individuais.
 
Fonte: Iryna Inshyna/ Shutterstock.com
Há exemplos bem-sucedidos de rotinas da prática de Pilates para pacientes com câncer de mama após
tratamento medicamentoso ou mesmo mastectomia, com impacto físicos e psicológicos positivos, como
a capacidade funcional, fadiga, depressão e qualidade de vida.
 
Fonte: rawpixel / Freepik
Exercícios resistidos terão influência maior sobre a massa e força muscular, enquanto os aeróbios
influenciarão a capacidade cardiorrespiratória e a resistência a esforços prolongados. Em ambos os
casos, haverá efeitos sobre a fadiga crônica, bem como a prevenção da perda muscular observada em
vários tipos de câncer.
No caso de as condições do paciente permitirem, os exercícios deveriam ser ministrados durante e após
o tratamento. Nem sempre isso é possível, pois os efeitos colaterais de determinadas intervenções
medicamentosas podem ser incapacitantes. De todo modo, programas de treinamento conduzidos no
pós-tratamento parecem ser mais eficazes do que aqueles realizados durante as intervenções,
sejam elas quimio-, hormono- ou radioterápicas.
 ATENÇÃO
As contraindicações para a prática de exercícios por parte de pacientes com câncer decorrem do seu estado
clínico. Logo, cada caso deve ser discutido com o médico. É importante observar fatores associados ao
processo neoplásico e ao tratamento, que podem ser agravados pelo exercício físico. Fraturas patológicas,
limitações cardiovasculares ou pulmonares induzidas pela quimioterapia ou radioterapia, anemia,
desidratação e infecções são alguns exemplos de condições que podem contraindicar a prática de exercícios
por pacientes oncológicos.
 
 
Fonte: Freepik / Freepik
 
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS FÍSICOS
Quanto à prescrição em si, recomendam-se de 30 a 60 minutos de atividades vigorosas diárias,
buscando-se um mínimo de 150 minutos semanais A associação inversa entre atividades físicas e
mortalidade por câncer se manifesta com volumes reduzidos de lazer ativo, mas um maior envolvimento,
com maiores intensidades, parece proporcionar benefícios adicionais. Logo, alguma atividade parece ser
melhor do que nenhuma, mas quanto mais melhor. Respeitando-se as condições clínicas dos
pacientes, esse tipo de intervenção revela-se viável e segura.
Pedisic e colaboradores (2020) demonstraram que qualquer tempo dedicado à corrida, mesmo uma vez
por semana, reduziria o risco de mortalidade por diversos tipos de câncer.
 
Fonte: EnsineMe
A intensidade ideal dos exercícios para pacientes oncológicos é objeto de debates. A influência da
atividade física como mediadora do estresse oxidativo não foi suficientemente estudada em pacientes
com câncer. Sabe-se que atividades intensas tendem a aumentar a produção de radicais livres de
oxigênio, ao passo que atividades moderadas e mais prolongadas aumentariam a capacidade
antioxidativa, inclusive em pacientes oncológicos.
Menor estresse oxidativo ajudaria a preservar a musculatura esquelética, reduzindo a fadiga crônica
relacionada à doença. Estudos recentes demonstram outra visão. Como dito, as respostas agudas e
crônicas do sistema imune ao exercício, particularmente as células NK, decorrem da liberação de
miocinas como a IL-6 em resposta à secreção de catecolaminas, em proporção direta à intensidade da
atividade realizada.
Na prática, a identificação da adrenalina e noradrenalina como fatores centrais na modulação das
respostas do sistema imune ao exercício, relacionadas à defesa contra a formação das células
malignas, sugere queintensidades moderadas a vigorosas consistam na opção ideal em rotinas para
pacientes com câncer.
Experimentos iniciais de Dethlefsen e colaboradores (2017b) apontam para dois caminhos que explicam
o papel protetor do exercício nas neoplasias.
Em primeiro lugar, as adaptações ao treinamento, com redução de fatores de risco sistêmicos para a
doença. Dentre estes, podemos mencionar os hormônios sexuais, insulina, marcadores inflamatórios ou
estresse oxidativo, muitos deles relacionados com o sobrepeso, especialmente o acúmulo de gordura
central.
 
Fonte: Africa Studio / Shutterstock.com
No entanto, as evidências atuais vão se reforçando no sentido de valorizar a regularidade da prática dos
exercícios, ou seja, os efeitos de cada sessão parecem ser importantes para melhorar o
prognóstico da doença. Essa resposta sistêmica aguda decorreria do aumento da secreção de
catecolaminas e miocinas, levando a um efeito anticancerígeno cumulativo diretamente mediado
pelo exercício.
Com base nessas evidências, pode-se afirmar que programas de exercício para a prevenção e
tratamento do câncer deveriam envolver a maior intensidade e volume (frequência semanal) possíveis,
avaliadas as condições individuais dos pacientes. Nesse sentido, é interessante mencionar um estudo
recente de Schlüter e colaboradores (2019). Eles aplicaram protocolos de high-intensity interval training
(HIIT) em pacientes em fase pós-tratamento de câncer de próstata e mama.
 ATENÇÃO
Além de revelarem-se seguros, os protocolos de high-intensity interval training tiveram boa aceitação por
parte dos pacientes, que declararam ver-se praticante a modalidade de forma habitual. Por essas razões,
compreende-se o resultado de meta-análises, sugerindo que exercícios aeróbios e resistidos seriam
benéficos antes, durante e após o tratamento de todos os tipos de câncer, bem como de suas possíveis
sequelas.
 
Programas terapêuticos de exercícios são seguros e viáveis, com impacto favorável em desfechos
clínicos e funcionais. Além disso, atenuam efeitos colaterais dos tratamentos, tornando-os mais
toleráveis por parte dos pacientes.
No vídeo a seguir, o professor Paulo de Tarso Veras Farinatti nos apresentará conceitos que
demonstram o efeito de exercícios aeróbicos e de força no tratamento de diferentes tipos de câncer.
Vamos assistir!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NO TOCANTE ÀS RELAÇÕES ENTRE ATIVIDADE FÍSICA E CÂNCER,
ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA:
A) A prática regular de atividades físicas parece estar relacionada a um menor risco de desenvolvimento
de uma quantidade restrita de tipos de câncer. Por isso, essa estratégia não é muito valorizada em
termos de políticas públicas de saúde.
B) Os efeitos colaterais não são importantes para o planejamento das sessões de treinamento, devendo
ficar subordinados aos objetivos em termos de aptidão funcional e melhoria clínica do paciente.
C) O treinamento resistido é contraindicado para pacientes após tratamento do câncer, pois pode
atenuar um efeito benéfico da quimio e radioterapia, denominado caquexia.
D) Os benefícios da prática de exercícios por pacientes com câncer ocorrem de forma aguda e crônica,
incluindo efeitos no estado pró-inflamatório e sistema imunológico que podem ajudar na defesa contra a
evolução dos tumores.
E) O treinamento resistido se demonstrou mais eficiente que o treinamento aeróbico na prevenção de
diversos tipos de câncer.
2. QUANTO AO DELINEAMENTO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO FÍSICO
PARA PACIENTES COM CÂNCER, PODE-SE AFIRMAR:
A) Deve-se incluir atividades leves e fáceis de executar, pois esses pacientes são muito frágeis.
B) A combinação ótima deveria contemplar o maior volume e intensidade que o paciente tolerar, em
virtude dos efeitos crônicos e agudos sobre o sistema imune e marcadores inflamatórios.
C) Apenas exercícios aeróbios são indicados, pois exercícios resistidos aumentam a produção de IL-6,
com ação pró-inflamatória prejudicial ao paciente.
D) Deve-se evitar aplicar exercícios durante o tratamento com quimio e radioterapia, pois o efeito
concorrente e pró-inflamatório da contração muscular esquelética se contrapõe à ação anticancerígena
desses tratamentos.
E) Somente atividades moderadas são recomendadas e no máximo três vezes por semana.
GABARITO
1. No tocante às relações entre atividade física e câncer, assinale a alternativa correta:
A alternativa "D " está correta.
 
As evidências acumuladas indicam que o exercício acarreta adaptações crônicas benéficas ao paciente
com câncer, mas também a produção de miocinas e a aceleração da atividade das células NK durante o
exercício agudo, as quais agem para retardar a evolução de tumores malignos.
2. Quanto ao delineamento de programas de treinamento físico para pacientes com câncer, pode-
se afirmar:
A alternativa "B " está correta.
 
Rotinas de treinamento devem respeitar os limites impostos pelas condições clínicas e funcionais dos
pacientes. Contudo, dentro desses limites, os melhores efeitos sobre fatores como sistema imune,
estado inflamatório, resistência à insulina e sobrepeso (todos relacionados com fatores de risco para o
câncer) são obtidos com o maior volume e intensidade possíveis de exercícios físicos.
MÓDULO 2
 Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios no tratamento após
acidente vascular encefálico
 
Fonte: gpointstudio / Freepik
ATIVIDADE FÍSICA E ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO
O acidente vascular encefálico (AVE) é uma das doenças neurológicas com maior incidência no mundo,
especialmente entre idosos. Trata-se de uma síndrome clínica de origem cerebrovascular, podendo
provocar disfunções sensitivas, cognitivas e motoras ou até levar à morte. A ocorrência da doença
cerebrovascular (DCV) é cada vez mais frequente, principalmente devido ao agravamento ou aumento
da presença de fatores de risco na população, como hipertensão arterial sistêmica, diabetes, obesidade
e sedentarismo..
No Brasil, os dados epidemiológicos são alarmantes, colocando o AVE nos primeiros lugares na lista de
causa de mortalidade (BRASIL, 2019). No entanto, grande parte da população acometida por AVE
sobrevive, apresentando sequelas, entre as quais se destacam as disfunções neuromusculares.
Sobreviventes de AVE frequentemente manifestam sequelas físicas significativas em um dos
domínios (direito ou esquerdo) , em decorrência de prejuízos no controle voluntário motor no lado
afetado. Essa condição é definida como hemiparesia, considerada uma das principais sequelas de
lesões cerebrovasculares em decorrência da diminuição da atividade de vias corticoespinais
descendentes que controlam a atividade de neurônios motores.
Essas alterações decorrentes do AVE repercutem negativamente sobre a capacidade de realização de
tarefas cotidianas, comprometendo a capacidade funcional e independência dos pacientes. Indivíduos
hemiparéticos por AVE perdem sua competência motora, sobretudo a capacidade de locomoção.
Em virtude dessas alterações, o nível de atividade diária de pacientes pós-AVE pode diminuir de 40% a
50% em comparação com indivíduos saudáveis (ALZAHRANI et al., 2011).
 
Fonte: Anatta_Tan/ Shutterstock.com
 COMENTÁRIO
Isso justifica os baixos níveis de aptidão cardiorrespiratória encontrados nessa população, com influência
negativa sobre o seu nível de atividades físicas, risco cardiovascular e qualidade de vida, bem como no risco
de recorrência do AVE.
Esse tipo de sequela limita a realização de esforços físicos e tarefas motoras de forma geral.
 
A aptidão física do paciente pós-AVC é um assunto que merece atenção, pois está no cerne das
questões relacionadas a programas de reabilitação física para essa população.
O paciente com sequela motora por AVE apresenta impedimentos motores que restringem sua
capacidade de locomoção, com consequências drásticas sobre sua capacidade física. Assim, diversos
estudos demonstram que as sequelas neurológicas do AVE acarretam limitações na capacidade
funcional, comprometendoa qualidade de vida e independência funcional dos pacientes (ACSM, 2010).
Em geral, a capacidade cardiorrespiratória de pacientes pós-AVE torna-se comprometida, com aumento
do gasto energético para a realização de tarefas motoras. Isso leva, progressivamente, a um estilo de
vida mais sedentário, favorecendo o desenvolvimento de comorbidades como:
insuficiência pulmonar;
hipertensão;
diabetes;
obesidade;
doenças cardiovasculares;
doença vascular periférica.
Desse modo, o exercício físico tem assumido posição central em programas de reabilitação desses
pacientes. Em geral, objetiva-se aprimorar a aptidão física, o que acarreta impactos positivos nas
esferas clínica e funcional. Para isso, as intervenções têm foco central na recuperação da função
dos pacientes, de maneira a reintegrá-los à sua rotina diária com menor sobrecarga fisiológica
sistêmica e mais eficiência e segurança.
Por outro lado, para que pacientes com sequela motora pós-AVE sejam capazes de aprimorar sua
capacidade física e funcional, é necessário um mínimo de competência motora para que realizem os
exercícios propostos com volume e intensidade adequados.
 ATENÇÃO
Para tanto, programas de reabilitação devem ser implementados com vistas a estimular o reaprendizado
motor.
 
Programas de treinamento físico para pacientes pós-AVE revestem-se de caraterísticas únicas, pois os
efeitos fisiológicos almejados dependem de adaptações motoras prévias para compensar deficiências
graves no controle motor.
 
Fonte: Daisy Daisy / Shutterstock.com
Programas de exercícios físicos podem acarretar influências favoráveis sobre aspectos físicos e
psicossociais dos pacientes pós-AVE. As evidências acumuladas apontam que esse tipo de intervenção
pode melhorar a capacidade cardiorrespiratória, deambulação (andar, caminhar despretensiosamente)
e força muscular, principalmente de membros superiores.
 
Fonte: jcomb / Freepik
Isso contribui com aspectos importantes da independência funcional, como menos fadiga e maior
proficiência na realização de tarefas cotidianas e prevenção de quedas. Na esfera psicossocial, é bem
aceito que pacientes pós-AVE que participam de programas de exercícios tendem a apresentar menos
sintomas depressivos e melhor função cognitiva executiva.
 
Fonte: Robert Kneschke / Shutterstock.com
 
PRESCRIÇÃO DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PARA
PACIENTES PÓS-AVE
Apesar dos benefícios dos exercícios físicos, poucos profissionais que atuam na área são capacitados
para delinear prescrição adequada a esses pacientes. Portanto, traremos informações de cunho teórico-
prático com vistas a sumarizar o conhecimento disponível e justificar recomendações que poderão ser
aplicadas em pacientes pós-AVE.
A maior parte dos pacientes pós-AVE apresenta sequelas motoras, como hemiparesia, espasticidade,
afasia e limitações cognitivas. No plano funcional, em geral, até seis meses depois do evento
costumam subsistir dificuldades importantes para atividades básicas, como vestir-se ou banhar-
se.
ESPASTICIDADE
Aumento do tônus muscular por condição neural anormal.
AFASIA
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Distúrbio de linguagem comumente observado em pacientes de AVE.
De acordo com a Associação Americana do Coração, mais de 30% dos pacientes relatam participação
social limitada, com limitações na autonomia, até quatro anos depois do AVE (BILLINGER et al., 2014).
No que diz respeito à função muscular, o lado afetado sofre perda de massa muscular, com produção
de citocinas inflamatórias que aceleram a atrofia das fibras, menor vascularização e maior fadiga
localizada.
 
Fonte: pressfoto / Freepik
A maioria dos pacientes com sequela de AVE apresenta uma qualidade de marcha prejudicada, com
baixa velocidade e eficiência mecânica; muitos dependem de meios auxiliares para locomoção, como
órteses e muletas.
 
Fonte: Frank Middendorf / Shutterstock.com
Deve-se ainda considerar que pacientes acometidos de AVE podem exibir comorbidades paralelas,
como obesidade, diabetes ou hipertensão.
 
Fonte: BaanTaksinStudio/ Shutterstock.com
Uma das maiores consequências desse quadro é uma vida cada vez mais sedentária, o que piora o
problema, que combina intolerância aos esforços físicos, menor participação em atividades físicas e
retração social. Tudo isso leva a reduções adicionais na capacidade física funcional e assim por diante.
Os objetivos primários da reabilitação de pacientes pós-AVE incluem:
Atenuar os déficits funcionais decorrentes das sequelas, minimizando seu impacto.
Controlar comorbidades que constituem fatores de risco para a recidiva.
Maximizar a independência para as atividades cotidianas.
Contribuir para a reinserção social do paciente na família e na comunidade de forma geral.
Melhorar a qualidade de vida, atenuando quadros depressivos ou de ansiedade.
Programas de atividades físicas são capazes de provocar adaptações positivas relacionadas a
todos esses objetivos. Portanto, a inclusão de programas de treinamento físico é recomendada
como estratégia terapêutica para pacientes pós-AVE.
Os propósitos da intervenção com exercícios dependerão dos estágios de reabilitação do paciente. Logo
após o evento, ocorrerão duas fases:
PRIMEIRA FASE
A primeira fase da reabilitação se preocupa com a redução dos riscos em razão da imobilidade
prolongada, buscando-se recuperar a movimentação voluntária e as atividades básicas de cuidado
pessoal. Os exercícios são personalizados de acordo com a tolerância do paciente, suas limitações e
deficiências, bem como a estrutura disponível e as preferências de atividades físicas. Nessa fase,
minimizar o tempo em que o paciente permanece deitado é crucial – a simples mobilização,
fazendo-o suportar o próprio peso (sentar e levantar), ajuda a minorar impactos negativos sobre o débito
cardíaco, capacidade cardiorrespiratória, massa e força muscular e risco de tromboembolismo.
Intervenções precoces nesse sentido, a partir das primeiras 24h-48h após o evento, aumentam
decisivamente a tolerância ao esforço e contribuem para reduzir o tempo para que o paciente volte a
caminhar.
SEGUNDA FASE
Uma vez que o paciente se encontre estável, tem início a segunda etapa da reabilitação, cujo propósito
é retomar os níveis de atividade física. Os exercícios devem ser supervisionados, sendo comumente
realizados em centros de reabilitação. Em geral, são exercícios funcionais para a recuperação da
proficiência motora, como marcha, equilíbrio, força muscular e habilidade motora de membros
superiores. Aos poucos, introduzem-se tarefas funcionais próximas do cotidiano do paciente,
relacionadas aos cuidados pessoais, mas também ao trabalho e lazer. A ênfase é colocada na
repetição dos movimentos com dificuldade progressivamente maior.
Esse trabalho deve ser complementado com exercícios que representem sobrecarga para o sistema
cardiorrespiratório e muscular, visando incremento na capacidade aeróbia e força. O objetivo primário
é aumentar a capacidade física e funcional, diminuindo o estresse fisiológico que as atividades
cotidianas passarão a representar.
Recomenda-se que pacientes pós-AVE realizem exercícios aeróbios não apenas para melhorar a
capacidade cardiorrespiratória, mas também o padrão e eficiência de marcha, reduzindo o risco de
quedas e aumentando sua independência.
 ATENÇÃO
O uso de esteiras, portanto, é preferencial a outros ergômetros. O treinamento resistido, por sua vez, tem
clara relação com a independência para realizar atividades do dia a dia, bem como com o equilíbrio e a
coordenação em tarefas com diferentes exigências de força.
A melhoria da capacidade cardiorrespiratória e da força aumenta a tolerância a esforços submáximos e
à fadiga, diminuindo o custo de habilidades fundamentais como a caminhada e, desse modo,
aumentando as possibilidades de retomada da vida cotidiana. Quanto mais precocemente se aplicarem
esses estímulos, melhor. Programas de treinamento iniciados em até seis dias a seis meses após o AVE
são capazesde provocar melhoras significativas na capacidade cardiorrespiratória, força muscular,
velocidade e resistência à caminhada nos pacientes. Um aspecto importante nessa fase é
desenvolver níveis de confiança e conhecimento que permitam aos pacientes praticar atividades
físicas por si mesmos após liberação.
TERCEIRA FASE
Na terceira etapa da reabilitação, há estratégias para facilitar que os pacientes mantenham um
estilo de vida ativo que se coadune com as recomendações existentes para a manutenção da
capacidade funcional e prevenir eventos cardiovasculares de forma geral. Não há regra, uma vez
que muitos fatores podem influenciar a prática de atividades físicas, como o nível de incapacidade
permanente, comorbidades, recursos físicos (ambiente, equipamentos etc.), suporte social e
preferências individuais.
Os programas podem incluir desde exercícios em casa até rotinas mais sofisticadas em academias ou
centros desportivos. Entre as barreiras enfrentadas pelos pacientes para engajarem-se regularmente em
atividades físicas, destacam-se: depressão, fadiga, falta de interesse ou motivação, crenças negativas
em relação ao exercício, medo (quedas, recidiva de AVE e outros eventos), falta de suporte social,
carência de recursos, transporte, disponibilidade de locais e equipamentos e o custo de atividades
físicas oferecidas por instituições privadas.
 ATENÇÃO
Em relação às variáveis do treinamento em si (frequência, intensidade, duração e tipo de atividade),
combinações ideais para a otimização dos efeitos desejados para pacientes pós-AVE não foram definidas.
No entanto, a prescrição do exercício para esse grupo não se distancia do que é feito para outros tipos de
doenças crônicas não transmissíveis – ao mesmo tempo que se busca uma dose efetiva para que se
incremente a capacidade física e funcional, evitam-se exageros que exponham o paciente a riscos.
 
Por exemplo, pacientes com risco cardiovascular devem fazer exames sintoma-limitados para que
limites de esforço sejam estabelecidos, como em qualquer outro caso. Em geral, os pacientes na
segunda fase de reabilitação migram de esforços leves (em torno de 40% da frequência cardíaca de
reserva (FCR) ou 20 bpm acima da FC de repouso) para intensidades maiores, à medida que suas
condições o permitam (SAUNDERS et al., 2014). A frequência dos exercícios, deveria ser ≥ 3
vezes/semana, em sessões de 20 a 60 minutos de duração dependendo da capacidade do paciente. No
caso de pacientes mais graves com baixa tolerância a esforços prolongados, aplicar ao longo do dia
sessões mais curtas (de 10 a 15 minutos) com intensidade de moderada a elevada.
 DICA
As modalidades podem combinar ergômetros de braço, esteira, ou ambos, dependendo das condições do
paciente, porém, exercícios aeróbios em esteira deveriam predominar sobre os de braço, em virtude do
impacto sobre a capacidade de deambulação.
 
Outra vantagem dos exercícios na esteira é o apoio nas barras laterais, o que ajuda a aliviar o peso
durante a caminhada. Dependendo do nível de comprometimento da marcha, é possível aumentar a
carga através da velocidade, inclinação ou ambos.
Além disso, exercícios formais e supervisionados deveriam ser complementados por um aumento das
atividades físicas em geral (jardinagem, caminhadas curtas etc.) . Atualmente, debate-se a eficácia de
programas de exercícios modificados para pacientes que não conseguem andar ou têm problemas de
comunicação. Opções como jogos de vídeo e aplicativos interativos de computador estão sendo
investigadas (BILLINGER et al., 2014).
Ainda que estudos adicionais sejam necessários para definir os efeitos dessas modalidades sobre
desfechos funcionais de pacientes pós-AVE, alguns desses jogos e aplicativos envolvem movimentos de
braços e pernas, proporcionando níveis de intensidade moderados a vigorosos, o que abre
possibilidades interessantes para o tratamento desses pacientes.
No que diz respeito à função muscular, exercícios resistidos e de flexibilidade são recomendados. O
treinamento resistido é defendido como alternativa para maximizar o impacto funcional das intervenções,
principalmente quando os pacientes se encontram clinicamente estabilizados.
Sabe-se que as respostas hemodinâmicas aos exercícios resistidos são diretamente influenciadas pela
intensidade da contração muscular, em termos de percentual da força máxima.
Melhorar os níveis de força significa diminuir a carga relativa das atividades cotidianas,
resultando em menor pressão arterial e frequência cardíaca. Portanto, o treinamento resistido
revela-se importante não somente por incrementar a capacidade de realização das tarefas diárias, mas
por reduzir as demandas cardíacas ao levantar e transportar cargas, como sacolas com compras etc.
Logo, além da capacidade funcional melhorada, a combinação de exercícios aeróbios e resistidos
contribui para dar maior segurança durante as atividades cotidianas.
 ATENÇÃO
As recomendações de treinamento resistido para pacientes pós-AVE sugerem frequência de 2 a 3
vezes/semana, evoluindo de séries simples a múltiplas de 8 a 10 exercícios para os principais grupamentos
musculares (tronco e membros superiores/inferiores), com 10 a 15 repetições.
 
Enfim, exercícios complementares de flexibilidade para pacientes pós-AVE para aumentar a amplitude
de movimentos e mobilidade, bem como evitar deformidades relacionadas às contrações espásticas e
hemiparesia. Movimentos compensatórios nesse sentido devem ser planejados de acordo com as
condições específicas exibidas pelos pacientes.
O quadro a seguir sumariza as recomendações gerais de prescrição de exercícios para pacientes pós-
AVE.
 
Recomendações para programas de exercício em pacientes pós-AVE
Fase/Tipo Frequência/Intensidade/Tempo
Hospital e convalescência inicial (1ª fase): 
- Caminhada leve, atividades de cuidado pessoal 
- Sentar e levantar de forma intermitente 
- Atividades na posição sentada 
- Atividades desafiadoras em termos motores
- 10-20 bpm > FC repouso ou
Borg ≤ 11 (Escala 6–20) 
- Frequência e duração
toleradas (estímulos
intervalados)
Treinamento aeróbio (2ª fase): 
- Atividades com grandes grupamentos musculares
(caminhada na esteira, cicloergômetro, ergômetro de braço,
isolados ou combinados) 
- Exercícios funcionais, casos apropriados
- 40-70% VO2max/FCR; 55-
80% FCmax; Borg 11-14
(Escala 6–20) 
- 3-5 dias/semana 
- 20-60 min/sessão (ou
múltiplas de 10-15 min) 
- 5-10 min aquecimento e volta
à calma 
- Complemento com aumento
de atividades diárias 
- Estratégias complementares
(jogos de vídeo e aplicativos
ativos)
Treinamento da função muscular (2ª fase) 
- Exercícios resistidos para tronco, membros inferiores e
superiores 
- Uso de pesos livres, máquinas, elásticos etc. 
- Circuitos funcionais
- 1-3 séries de 10-15 reps com
carga de 50-80% de 1 RM 
- 8-10 exercícios para os
principais grupamentos
musculares 
- 2-3 dias/semana 
- Progressão gradual de
cargas compatível com
tolerância 
- Exercícios de coordenação e
equilíbrio
Treinamento da flexibilidade (2ª fase) 
- Alongamento de tronco, membros inferiores e superiores 
- Foco na amplitude de movimentos e deformidades
- Alongamentos estáticos
(sustentação por 10-30 s) 
- 2-3 dias/semana 
- Antes ou após treinamento
aeróbio ou resistido
No vídeo a seguir, o professor Paulo de Tarso Veras Farinatti analisará o efeito de exercícios aeróbicos e
de força nas diferentes fases de tratamento do AVE. Confira!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. OS OBJETIVOS PRINCIPAIS DE PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS PARA
PACIENTES PÓS-AVE SÃO:
A) Melhorar a mobilidade articular e a afasia, pois esses pacientes têm flexibilidade muito reduzida. A
afasia piora a perda de massa muscular e deve ser objeto de preocupação:
B) Minimizar o impacto das sequelas motoras sobre a incapacidade funcional, facilitando a reinserção
social do paciente.
C) Controlar o peso do paciente, pois as sequelas motoras combinadas com sobrepeso e obesidade
aumentamo risco de novos eventos cerebrovasculares.
D) Reverter a perda de massa muscular no membro hemiparético, pois a dramática atrofia é a principal
responsável pela dependência funcional.
E) Melhorar o nível de massa muscular e reduzir o percentual de gordura.
2. QUANTO ÀS FASES DA REABILITAÇÃO DO PACIENTE ACOMETIDO DE AVE, É
CORRETO AFIRMAR:
A) A primeira fase ocorre no hospital, sendo eminentemente medicamentosa e para a qual pouco
contribuem os exercícios físicos;
B) Na segunda fase, a preocupação principal é com a força dos indivíduos, deixando-se o
desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória para a terceira fase.
C) Exercícios físicos já podem ser aplicados nas primeiras 24 ou 48 horas após o evento, evitando-se
com isso os efeitos deletérios da imobilidade prolongada no leito.
D) Ex-atletas acometidos de AVE não precisam realizar exercícios físicos tão precocemente quanto os
indivíduos que foram sedentários a vida inteira, pois sua condição física e função muscular parecem ser
mais preservadas após eventos cerebrovasculares.
E) A quarta fase ocorre somente em hospitais e tem por objetivo a hipertrofia muscular.
GABARITO
1. Os objetivos principais de programas de exercícios para pacientes pós-AVE são:
A alternativa "B " está correta.
 
Os exercícios para pacientes pós-AVE visam compensar déficits funcionais diversos que limitam a
capacidade de realização das atividades cotidianas e, portanto, a participação nas atividades sociais que
tinham antes do evento. Não é possível reverter a atrofia muscular nos membros hemiparéticos, uma
vez que a sua origem é neurológica.
2. Quanto às fases da reabilitação do paciente acometido de AVE, é correto afirmar:
A alternativa "C " está correta.
 
Os efeitos do exercício físico são mais expressivos quanto mais cedo se iniciar a estimulação do
paciente. A imobilidade prolongada exacerba as perdas musculares e de condição cardiorrespiratória,
dificultando a reabilitação posterior. O passado atlético não influencia nos efeitos do AVE, apesar de
contribuir para a sua prevenção.
MÓDULO 3
 Reconhecer os benefícios e as características de programas de exercícios no tratamento de
doenças neurológicas e da saúde mental em geral
EPIDEMIOLOGIA E CARACTERIZAÇÃO DAS
DOENÇAS NEUROLÓGICAS
Com o envelhecimento populacional, aumenta a incidência de doenças degenerativas tipicamente
encontradas na idade avançada. Entre elas, incluem-se as condições patológicas de natureza
neurológica como Parkinson e Alzheimer, ambas mais comuns em pessoas com mais de 60 anos de
idade.
 
Fonte: EnsineMe
 
Fonte: Marian Weyo / Shutterstock.com
 Homem idoso com Parkinson tentando controlar os movimentos das mãos para se alimentar.
A doença de Parkinson acarreta prejuízos neurológicos progressivos, associando-se a disfunções
que incluem tremores em repouso, rigidez muscular, bradicinesia (lentidão de movimentos) ,
instabilidade postural, déficit cognitivo e demência, entre outros.
Sua fisiopatologia relaciona-se com o declínio na secreção de um neurotransmissor chamado
dopamina, em regiões do cérebro conhecidas como “substantia nigra” e “ganglia basal”.
Os efeitos da doença levam a restrições na mobilidade e habilidade para realizar as atividades diárias,
comprometendo a independência funcional e impactando na qualidade de vida do paciente e sua família.
Como resultado, observam-se alterações desfavoráveis no padrão de marcha, com piora na
deambulação, aumento no risco de quedas, dificuldades de mudar de posição (sentar-se e levantar, sair
da cama etc.) .
 
Fonte: corbac40 / Shutterstock.com
 Alguns sintomas da doença de Parkinson.
A doença de Alzheimer também consiste em processo neurodegenerativo crônico, que se inicia na
região temporo-parietal e avança para as demais áreas do cérebro. As alterações clínicas da doença
comprometem o metabolismo de neurotransmissores como a acetilcolina, responsáveis pela mediação
da atividade cognitiva. Como resultado, ocorre uma deterioração cognitiva progressiva e
persistente, grave o suficiente para provocar mudanças de comportamento, comprometer as
funções sociais, levando à perda da autonomia do paciente.
 
Fonte: Freepik / Freepik
O nível da limitação cognitiva e a gravidade dos sintomas de comportamento, como agitação, depressão
e agressividade, dependem da atrofia cerebral provocada pela formação de placas amiloides e
emaranhados neurofibrilares decorrentes da redução na disponibilidade de neurotransmissores.
A sobrevida dos pacientes é, em média, de 8 a 12 anos após o diagnóstico, podendo em alguns casos
estender-se a mais de 20 anos. Em diferentes níveis de gravidade, para além das deficiências
cognitivas, observa-se um declínio da capacidade de realizar funções executivas, com impacto no
desempenho motor, equilíbrio ou locomoção.
Apesar de incuráveis, os efeitos das doenças de Parkinson e Alzheimer podem ser atenuados com
tratamento farmacológico. Essas drogas, contudo, apenas aliviam sintomas, tendo pouco efeito na
progressão e geram efeitos colaterais que podem acarretar prejuízos à qualidade de vida dos pacientes.
Por isso, alternativas não medicamentosas para ajudá-los vêm sendo propostas.
Nesse contexto, muito se tem investigado sobre o papel do exercício físico, o qual emergiu como
estratégia que pode trazer benefícios, principalmente no que tange à funcionalidade dos pacientes.
Entre os fatores presentes em ambas as doenças, que poderiam se beneficiar de intervenções com
exercícios, podem ser mencionados:
o desempenho motor;
o equilíbrio e risco de quedas;
a deambulação;
as funções executivas de forma geral;
o padrão de sono ou os distúrbios neuropsicológicos (depressão, ansiedade, mudanças de
humor) .
 
Fonte: Freepik / Freepik
 
ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇA DE PARKINSON
A doença de Parkinson leva a um progressivo déficit motor, com impacto desfavorável na marcha,
postura e equilíbrio. Isso contribui para a perda de independência funcional, quedas e inatividade, com
abdicação das atividades sociais e risco de desenvolvimento de outras doenças não transmissíveis,
como a sarcopenia (Perda de massa muscular) , osteoporose, hipertensão ou diabetes.
O tratamento medicamentoso é a primeira opção, mas tende a perder eficácia à medida que a doença
avança e pode contribuir com o agravamento dos problemas motores.
Considerando que os sintomas da doença de Parkinson relacionam-se estreitamente com déficits
motores como bradicinesia, comprometimento da marcha, perda de equilíbrio e dificuldades posturais,
exercícios físicos são defendidos como estratégia para estimular o controle do movimento e retardar a
progressão da doença.
Em contrapartida, a inatividade física é um fator importante para a deterioração dos sintomas e avanço
da doença. Pacientes fisicamente ativos tendem a exibir menos incapacidades que aqueles com
altos níveis de inatividade.
Quando os pacientes sucumbem ao ciclo vicioso da inatividade física, em que o isolamento social
provocado pela doença leva a mais sedentarismo, aceleram-se as perdas de massa e força muscular,
capacidade aeróbia e piora-se o desempenho físico.

O declínio da força muscular compromete o equilíbrio e a habilidade para realizar atividades básicas,
como caminhar ou levantar-se de uma cadeira. A redução da capacidade cardiorrespiratória acarreta
fadiga precoce, restringindo as possibilidades de esforços mais intensos ou prolongados.
A prática de exercícios teria efeitos favoráveis nas disfunções motoras e não motoras do paciente
parkinsoniano. A síntese e a expressão de neurotransmissores específicos ajudam a explicar o efeito
neuroprotetor do exercício. O exercício físico é capaz de promover adaptações neuroquímicas
benéficas ao paciente, como aumento da atividade cortical, densidade de receptores
dopaminérgicos e melhor regulação de fatores neurotróficos relacionados com a preservação, a
diferenciação e a plasticidade neuronal.
Por outro lado, há benefícios em sistemas não dopaminérgicos(serotonina, catecolaminas etc.) que
são relevantes para o padrão de sono, a depressão e a ansiedade, além dos conhecidos efeitos
psicossociais da prática de atividades físicas, com influência na disposição geral, cognição e atenuação
do isolamento social.
Rotinas de treinamento visando o fortalecimento muscular e/ou o condicionamento cardiorrespiratório
parecem acarretar melhoras no desempenho motor dos portadores de doença de Parkinson, com
impacto favorável em sua qualidade de vida, principalmente nos estágios iniciais de doença. A
melhora em aspectos de sua mobilidade, capacidade física e socialização, somada a um potencial efeito
neuroprotetor, justificaria o uso de programas de atividade física como estratégia de reabilitação nessa
população.
 
Fonte: Iryna Inshyna / Shutterstock.com
Programas de exercícios no contexto da reabilitação na doença de Parkinson investem-se de grande
variedade de objetivos e métodos, visando promover melhorias na mobilidade, na postura e no
equilíbrio. É possível encontrar na literatura diferentes abordagens, incluindo caminhadas, corridas,
exercícios resistidos, vibração do corpo inteiro, Pilates, ioga, tai-chi, dança, treinamento funcional ou
jogos ativos de vídeo (exergames) (ACSM, 2011; GOBBI et al., 2013a; CARVALHO et al., 2018; MAK e
WONG-YU, 2019).
 ATENÇÃO
Os resultados positivos ocorrem em diferentes dimensões: menor risco de quedas; atenuação de sintomas
motores; aumento da força, massa muscular e densidade mineral óssea; melhora no equilíbrio; mobilidade;
desempenho motor e padrão de marcha; incrementos cognitivos (atenção e controle inibitório). Isso tem
repercussões positivas nas funções executivas, principalmente em tarefas mais complexas e percepção da
qualidade de vida.
 
É possível afirmar que paciente parkinsoniano se beneficia de estratégias variadas de intervenção com
exercícios físicos. Não há modalidades ou combinações ideais de intensidade e volume. As atividades
devem ser prescritas a partir da avaliação clínica, funcional, mental e cardiorrespiratória. Com isso, será
possível estabelecer as necessidades do paciente e os limites que deverão ser respeitados.
De posse dessas informações, o profissional que atua na prescrição de exercícios físicos poderá, em
parceria com o médico, definir aspectos como modalidades de exercícios, duração, intensidade,
frequência do treinamento.
Há alguns anos, o Colégio Americano de Medicina do Esporte publicou recomendações gerais para a
prescrição de exercícios para pacientes com doença de Parkinson (ACSM, 2011), que vamos aqui
resumir.
RECOMENDAÇÕES PARA TREINAMENTO FÍSICO NA
DOENÇA DE PARKINSON
Em primeiro lugar, nota-se que as recomendações quanto ao volume e intensidade dos exercícios
correspondem ao que é geralmente prescrito para a população de jovens ou idosos. Essas
recomendações podem ser aplicadas, conquanto se levem em conta as condições clínicas e limitações
impostas pelo grau de severidade da doença.
A título de ilustração, é fácil compreender que um paciente com comprometimento severo da marcha e
equilíbrio terá objetivos diferentes no treinamento em relação àquele que tem condições de caminhar
numa esteira rolante.
 
Fonte: Freepik / Freepik
 
A maior parte das recomendações do ACSM aplica-se a pacientes nos estágios iniciais a moderados da
doença.
 
Nesses casos, os efeitos do treinamento parecem ser similares aos observados em adultos
assintomáticos, com influência direta em seu desempenho funcional, incluindo melhoras na força
muscular, capacidade aeróbia, equilíbrio e flexibilidade.
 
Em pacientes nos últimos estágios da doença, essa abordagem é mais difícil, uma vez que dependem
frequentemente de equipamentos auxiliares para se equilibrarem ou para andarem (bengalas,
andadores, muletas etc.) ; exercícios adaptados são necessários.
 
Em sua fase final, quando o paciente se encontra preso ao leito, fisioterapia é a opção mais frequente.
Algumas precauções devem ser tomadas quando se lida com a prescrição de exercícios para o paciente
com doença de Parkinson. Um fenômeno comumente observado em estágios mais avançados da
doença, quando há comprometimentos evidentes na marcha e rigidez muscular, é o “congelamento”
ou a “não frenagem” na caminhada.
 
CONGELAMENTO
No congelamento, o paciente exibe uma incapacidade de iniciar ou continuar o movimento durante a
caminhada – é como se não fosse possível elevar os pés do chão.
NÃO FRENAGEM
Na não frenagem, a deambulação é feita com passos rápidos e curta amplitude e pode haver dificuldade
de parar. Evidentemente, isso deve ser observado e o profissional deve tomar muito cuidado para evitar
acidentes.
Outra fonte de risco são as disfunções respiratórias decorrentes da rigidez e fraqueza dos músculos
respiratórios, com maior risco de dispneia (dificuldade em respirar) , disfagia (dificuldade em engolir) e
tosse. Exercícios mais intensos podem levar a esse quadro e devem ser aplicados com critério.
Problemas de natureza cardiovascular advêm de uma progressiva disfunção autonômica, com aumento
da ocorrência de hipotensão ortostática, sudorese excessiva ou insuficiente, disfunção urinária,
sensação de fraqueza e síncope. Esses fatores são precipitados pela intensidade e duração do
exercício, principalmente em climas quentes e úmidos. Devem ser evitadas mudanças bruscas de
posição (levantado, sentado, em pé) , sobretudo em estágios mais avançados da doença, para prevenir
vertigens e quedas durante as sessões.
O quadro a seguir sumariza as recomendações do American College of Sports Medicine (ACSM) para a
prescrição de exercícios no contexto da reabilitação na doença de Parkinson.
Treinamento aeróbico
Frequência 3-5 dias por semana
Duração
20-60 minutos ou múltiplos estímulos de 10 minutos, dependendo da
intensidade
Intensidade Leve (40% FCR); Moderada (40-60% FCR); Vigorosa (60% FCR)
Tipo
Caminhada transportando o próprio peso ou forçada (30% velocidade habitual),
cicloergômetro
Treinamento aeróbico
Precauções Quedas, baixa atenção devido à depressão, ansiedade ou déficit cognitivo
Treinamento resistido
Frequência 2-3 dias por semana
Duração 2-4 séries de 8-15 repetições. Séries simples para idosos ou pacientes graves
Intensidade
Leve (40-50% RM (repetição máxima) , idosos); Moderada (60-80%
RM (repetição máxima) , iniciantes); Vigorosa (80% RM (repetição máxima) ,
avançados)
Tipo Exercícios multiarticulares e funcionais para os principais grupos musculares
Precauções Quedas, hipotensão postural, adaptações a limitações motoras e comorbidades
Treinamento da flexibilidade
Frequência 2-3 vezes por semana; diariamente é possível
Duração 10-30 segundos (ponto de desconforto); 30-60 segundos (idosos)
Intensidade
Estático: máxima amplitude de movimentos; FNP (facilitação neuromuscular
proprioceptiva) : 3-6 segundos de contração + 30 segundos de alongamento
assistido
Tipo Principais grupos articulares, principalmente tronco
Treinamento aeróbico
Precauções
Mais efetivo em estágios iniciais da doença; adaptações a limitações motoras e
comorbidades
Treinamento neuromotor
Frequência 2-3 dias por semana
Duração 10-15 minutos; 30-60 minutos em pacientes com risco elevado de quedas
Intensidade Tolerada pelo paciente
Tipo
Exercícios de equilíbrio, agilidade, coordenação, funcionais e multifacetados (tai-
chi, dança etc.)
Precauções Quedas, déficit de atenção, adaptações a limitações motoras e comorbidades
 
Fonte: pressfoto / Freepik
 
ATIVIDADE FÍSICA E DOENÇA DE ALZHEIMER
A doença de Alzheimer consiste em uma condição patológica degenerativa que se caracteriza pelo
acúmulo de placas amiloides extraneuronais e emaranhados neurofibrilares intraneuronais
principalmente no lobo temporal, o que leva a um declínio cognitivo progressivo. Além disso, são
comuns sintomas neuropsiquiátricos como delírios, agitação, agressividade, depressão, disforia,
ansiedade, apatia, indiferença, irritação, comportamento motor disfuncional, alteraçõesdo sono e
apetite.
 ATENÇÃO
Alzheimer não tem cura e não há possibilidades de reversão da degeneração cognitiva e comportamental a
ela associada. Os tratamentos farmacológicos mais usuais buscam atenuar os distúrbios de comportamento
e desacelerar o declínio cognitivo. Estimulação adicional visa dar apoio à terapia farmacológica, incluindo
intervenções sensoriais, ambientais, terapia comportamental e exercícios físicos, com resultados positivos.
 
Apesar dos resultados promissores relatados quanto à eficácia de programas de atividades físicas para
a estimulação cognitiva e a redução de sintomas neuropsiquiátricos, há muitas dúvidas acerca dos
métodos a serem aplicados, bem como os mecanismos envolvidos.
Os principais benefícios da prática de atividades físicas por pacientes com Alzheimer são manter
a independência, retardar o declínio funcional e reduzir o risco de hospitalização e atenuar
sintomas neuropsiquiátricos como agressividade ou depressão.
De forma geral, reconhece-se que a prática regular de atividades físicas previne doenças
neurodegenerativas, prevenindo ou retardando déficits cognitivos. A incidência do mal de Alzheimer,
efetivamente, parece ser menor em indivíduos fisicamente ativos.
Nos estágios iniciais da doença, os efeitos do exercício são similares àqueles observados em idosos de
maneira geral e há evidências de que o tempo para realizar atividades funcionais diminui
substancialmente em pacientes que se exercitam. Uma possível explicação para os efeitos positivos do
exercício nesses pacientes decorre de um aumento da circulação cerebral, com estímulo à produção de
fatores que favorecem a regeneração neuronal e a preservação da transmissão de estímulos através
das sinapses e a neuroplasticidade como um todo.
 
Fonte: Microswitch /Wikimedia commons/licença(CC BY 3.0.)
 Proteina BDNF.
Entre esses efeitos, destacam-se o aumento na produção do BDNF e a redução do estresse oxidativo,
com menor produção de espécies reativas de oxigênio prejudiciais ao tecido nervoso.
A capacidade de auto-organização dos pacientes melhora, em resposta a programas de exercícios com
ressurgimento de comportamentos atrofiados ou inibidos. Mais recentemente, debateu-se a
possibilidade de que o hormônio irisina, liberado pelo tecido muscular durante o exercício físico, possa
ajudar a prevenir a perda de memória relacionada ao Alzheimer.
BDNF
brain-derived neurotrophic fator, uma proteína da família dos fatores de crescimento da
neurotrofina
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Fonte: prostooleh / Freepik
A avaliação pré-participação em programas de exercícios deve ser, eminentemente, médica. Com
isso, não apenas se estratifica o risco, mas também se definem as deficiências capazes de comprometer
a realização das atividades propostas e os objetivos. A aplicação de testes físicos, principalmente os
laboratoriais, torna-se difícil por conta dos déficits cognitivos e distúrbios de comportamento, sobretudo
nos pacientes em estágio avançado.
Assim, é comum que os pacientes não compreendam os testes e exibam níveis de agitação
incompatíveis com a realização. Alguns autores sugerem que várias sessões de familiarização seriam
necessárias antes de se aplicarem testes físico-motores, mas isso pode consistir em fonte de estresse
adicional, então se questiona a necessidade e eficácia desses procedimentos. Em geral, utilizam-se as
próprias sessões de treinamento como fonte de informação para uma avaliação física e motora
dos pacientes (GOBBI et al., 2013b).
 
Fonte: CGN089 / Shutterstock.com
 
RECOMENDAÇÕES PARA TREINAMENTO FÍSICO NA
DOENÇA DE ALZHEIMER
Quanto às características das sessões de treinamento, as evidências não permitem indicar combinações
ótimas de volume e intensidade para a melhoria na capacidade cognitiva e dos sintomas
comportamentais na doença. No entanto, benefícios vêm sendo relatados em resposta a programas que
combinam exercícios aeróbios e resistidos de intensidade moderada ou mesmo baixa, com frequência
de 3 a 5 dias por semana, com pelo menos 30 minutos em cada sessão. Esses exercícios podem ser
complementados por atividades com ênfase na coordenação motora, flexibilidade, equilíbrio e
agilidade, por meio de tarefas que estimulem atenção, memória, linguagem e funções executivas.
Pacientes em estágios iniciais e intermediários têm amplas condições de participarem de rotinas de
exercício.
No entanto, problemas decorrentes da falta de memória devem ser enfrentados com calma, uma vez
que frequentemente se esquecem dos exercícios. O profissional deve estar pronto para repetir
permanentemente os ensinamentos, buscando simplificar ao máximo as instruções.
 EXEMPLO
Exercícios calistênicos e caminhadas em percursos conhecidos são exemplos de atividades recomendadas,
evitando-se tarefas funcionais mais complexas. Diante das características dessa população, as atividades
devem ser supervisionadas em pequenos grupos, o que pode evoluir para atenção individual nos pacientes
em estágios mais avançados.
 
 
Rotinas de treinamento para doentes com Alzheimer têm características similares em termos de
intensidade e volume ao usualmente recomendado para indivíduos idosos. Contudo, sua aplicação
exige consistência e similaridade nos exercícios propostos a cada sessão e paciência por parte
de quem as supervisiona. Muitas vezes, o paciente percebe as reações negativas aos seus erros e
esquecimentos, o que o desmotiva e precipita episódios de depressão.
 
Fonte: Photographee.eu/ Shutterstock.com
Outros cuidados decorrem dos efeitos colaterais da terapia farmacológica. Algumas drogas podem
aumentar o risco de perda do equilíbrio e de hipotensão ortostática, com impacto na incidência de
quedas.
 
Fonte: master1305 / Freepik
Alguns pacientes exibem quadros de sonolência diurna, lentidão nos gestos motores ou rigidez
muscular. Isso sublinha ainda mais a necessidade de acompanhamento clínico, em parceria com o
supervisor das sessões de exercícios — recomenda-se que o profissional de saúde seja treinado para
identificar e prevenir a ocorrência de efeitos adversos dos medicamentos.
Apesar dos muitos benefícios do exercício, pode ser difícil para pessoas com Alzheimer se engajarem
em programas. Para além da carência de locais especializados no atendimento, problemas relacionados
à falta de motivação para fazê-lo são frequentes.
A pessoa idosa com demência não tem confiança em si, acredita-se incapaz de melhorar ou participar
de atividades mais desafiadoras. Esse sentimento estende-se ao seu entorno social, constituindo
barreira importante à prática de atividades físicas. Ao contrário, pessoas com Alzheimer que acreditam
beneficiar-se dos exercícios físicos e que se sentem confiantes em realizá-los são mais propensas a
aderir aos programas propostos.
O profissional interessado nesse campo de atuação precisa ampliar seu leque de ações, combinar o
planejamento e a condução das sessões de exercícios com estratégias que atinjam a família do paciente
em termos informativos e que contribuam para uma participação conjunta durante as atividades
propostas.
No vídeo a seguir, o professor Paulo de Tarso Veras Farinatti explicitará sobre o efeito de exercícios
aeróbicos e de força nas diferentes fases de tratamento das doenças de Parkinson e Alzheimer. Assista!
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. EM RELAÇÃO À DOENÇA DE PARKINSON, ASSINALE A ALTERNATIVA
CORRETA:
A) A sarcopenia é um problema importante, ligado ao fenômeno do “congelamento” durante a
caminhada.
B) Em pacientes mais graves, disfunções respiratórias podem aumentar o risco de tosse e
engasgamento durante o exercício. Intensidades muito elevadas, portanto, devem ser evitadas.
C) Indivíduos parkinsonianos deveriam evitar exercícios de força, pois é doloroso quando há
comprometimento na deambulação e postura.
D) O foco dos programas de exercício é aumentar a produção de dopamina e isso só é atingido através
de volumes e intensidades elevados de treinamento.
E) Os pacientes deParkinson não devem fazer exercícios de alongamento.
2. PACIENTES COM DOENÇA DE ALZHEIMER PODEM BENEFICIAR-SE DE
PROGRAMAS DE EXERCÍCIOS FÍSICOS PORQUE:
A) Os exercícios têm potencial para reverter a degeneração dos neurônios cerebrais.
B) A apoptose neuronal é um fenômeno que se dá eminentemente em indivíduos fisicamente inativos.
C) Um programa adequado de exercícios pode substituir a terapia medicamentosa que causa muitos
efeitos colaterais indesejáveis.
D) Contribuem com a preservação da independência funcional, reduzindo o risco de hospitalização e,
provavelmente, agindo para retardar o declínio cognitivo típico da doença.
E) Aumentam a progressão da redução cognitiva.
GABARITO
1. Em relação à doença de Parkinson, assinale a alternativa correta:
A alternativa "B " está correta.
 
Disfunções respiratórias podem decorrer da rigidez e fraqueza dos músculos respiratórios, com maior
risco de dispneia, disfagia (dificuldade em engolir) e tosse. Exercícios mais intensos têm maior risco de
levar a esse quadro.
2. Pacientes com doença de Alzheimer podem beneficiar-se de programas de exercícios físicos
porque:
A alternativa "D " está correta.
 
Os benefícios da prática de atividades físicas na doença de Alzheimer relacionam-se com a manutenção
da independência funcional, retardando-se o declínio no desempenho motor e reduzindo risco de
hospitalização, além da atenuação de sintomas neuropsiquiátricos como agressividade ou depressão.
Além disso, aceita-se que podem prevenir ou retardar déficits cognitivos típicos do envelhecimento.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste tema, discutimos aspectos relacionados aos benefícios e às características de programas de
exercícios físicos voltados para pacientes com câncer, acidente vascular encefálico e as doenças de
Parkinson e Alzheimer.
Inicialmente, fornecemos informações concernentes à fisiopatologia dessas doenças, buscando
estabelecer pontes com os efeitos provocados por diferentes tipos de exercícios físicos. Em seguida,
foram descritos aspectos que dão subsídio à inserção de programas de exercício físico como parte
importante do tratamento global desses pacientes. Para tanto, detalhamos os benefícios específicos a
cada condição nas dimensões física, funcional, mental e social, esclarecendo de que forma o exercício
físico pode complementar o tratamento farmacológico.
Apresentamos, enfim, recomendações quanto à intensidade, frequência, duração e ao tipo de
treinamento adequados a essas condições patológicas, bem como precauções a serem tomadas de
acordo com as suas peculiaridades.
 
Agora com a palavra o professor Paulo de Tarso Veras Farinatti, relembrando alguns tópicos
tratados no tema. Vamos ouvir!
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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