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CLIMATÉRIO Perimenopausa: Período fisiológico associado ao declínio da função ovariana, que ocasiona oscilações e diminuição dos hormônios sexuais nos diversos sistemas orgânicos da mulher até o memento em que não houver atividade reprodutiva ovariana. A perimenopausa constitui o período da transição menopausal até o primeiro ano após a menopausa. Em média, varia de 4 a 5 anos, podendo ser mais curta ou com intervalo maior que 10 anos. · Menopausa: Entre 45 e 55 anos. · Menopausa precoce: Entre 40 e 45 anos; · Menopausa tardia: > 55anos; · Insuficiência ovariana prematura: < 40anos. Fisiologia do climatério A diminuição da capacidade de produção dos esteroides pelos ovários, gera aumento da liberação de FSH e LH, assim como os principais sintomas relacionados ao período. 1. Primeiramente, acontece uma diminuição da quantidade de folículos por atresia e diminuição dos ciclos ovulatórios; 2. Gerando diminuição de estrogênio e, principalmente, de progesterona por volta dos 37-38 anos de idade. 3. Por volta dos 45 anos, há pequena quantidade de estrogênio e progesterona, gerando ciclos anovulatórios; 4. A concentração de FSH pode chegar a níveis 20 vezes maiores quando comparados ao período de menacma, desencadeando a liberação de ativina, pectíneo responsável por aumentar os receptores de FSH nos folículos remanescentes. 5. O aumento de FSH, somado a maior sensibilidade folicular, acarreta maturação acelerada dos folículos com propensão a atresia; 6. Clinicamente, o intervalo entre os ciclos se torna mais curto, com ciclos anovulatórios; 7. Os estrogênios, mesmo em concentrações baixas, sem a contraposição de progesterona, desecncadeia instabilidade endometrial, com propensão a sangramento uterino anormal até que o endométrio sofra atresia, gerando amenorreia após a menopausa. OBS: O estradiol é produzido pelas células da granulosa e a progesterona pelo corpo lúteo. Com o declínio folicular, esses diminuem/zeram. A estrona passa ser o principal estrogênio, produzido por aromatização periférica dos androgênios. Quadro clínico: Inicia geralmente com a irregularidade menstrual e, posteriormente, podem surgir outros sintomas, como: · Ressecamento da vagina; · Aumento da sensibilidade mamaria; · Alterações do peso corporal; · Fogachos (“ondas de calor”); · Distúrbios do sono; · Perda urinária involuntária; · Queda do cabelo; · Ressecamento e perda da elasticidade da pele; · Fadiga; · Alterações do humor; · Déficit de memória; · Dificuldade de concentração; · Diminuição da libido. Diagnóstico: Essencialmente clínico; Hipogonadismo hipergonadotrófico: FSH > 30 IU/L e Estradiol < 20 pg/ml. · OBS: Só se alteram nas fases mais tardias. Sintomas Vasomotores: O hipoestrogenismo no hipotálamo gera desregulação dos centros termorreguladores, em virtude de alterações na liberação de serotonina e noradrenalina. A baixa de estrogênio está relacionada com a diminuição dos níveis da serotonina cerebral e superestimulação dos receptores 5-HT2, principalmente no córtex e no hipotálamo, desencadeando a liberação pulsátil de catecolaminas que levam à vasodilatação periférica, responsável pela aparência corada, ondas de calor, transpiração excessiva e aumento da frequência cardíaca, seguidos de arrepio frio após a dissipação do calor. · Fogachos: Geralmente acontecem durante a noite e são descritos como uma sensação súbita de calor na face, região cervical e parte superior do tórax, que dura entre2-40min, acompanhada de sudorese profusa e palpitações. · Tratamento: Deve ser feito apenas quando causar comprometimento da qualidade de vida da mulher. · Fitoterápicos à base de soja: Isoflavonas; · Medicamentos receptadores de serotonina: Paroxetina; · Agonistas alfa-adrenérgicos: Clonidina; · Terapia hormonal. Sintomas geniturinários: O estrogênio é o hormônio responsável pela maturação do epitélio e manutenção da microbiota vaginal. O hipoestrogenismo está relacionada à síndrome geniturinária por levar afinamento do epitélio vaginal (atrofia), diminuição da elasticidade, aumento do pH vaginal (redução da produção de glicogênio e de ácido láctico), redução da lubrificação e alterações da sensibilidade genital. · Sintomas vaginais: Ressecamento vaginal, queimação, aumento da frequência de vulvovaginites, dispareunia e prolapsos genitais. · Sintomas urinários: Aumento da frequência urinária, urgência, noctúria, disuria, incontinência e infecções do trato urinário. · Tratamento: · Hidratantes vaginais; · Estrogênio vaginal local; · Fisioterapia do assoalho pélvico; · Laserterapia. Sexualidade: A disfunção sexual acomete em torno de 2/3 das mulheres durante a perimenopausa, principalmente pela diminuição da libido, diminuição da sensibilidade dos tecidos vulvares à estimulação sexual, atrofia urogenital, transtornos emocionais. · Tratamento: · Terapia sexual; · Fisioterapia ginecológica na dispareunia; · Reposição hormonal para diminuição do desejo sexual; · Bupropiona e Tibolona na diminuição do desejo sexual. Sistema osteoarticular: O estrogênio diminui a diferenciação de progenitores dos osteoclastos. Diminui a produção de proteases por essas células por agir sobre a via RANK/RANKL/Osteoprotegerina, relacionada à formação dos osteoclastos. Os osteoblastos e osteócitos possuem receptores próprios para estrogênio, o que estimula a produção de matriz óssea. A transição menopáusica está relacionada com dores e inflamações poliarticulares, por existir receptores de estrogênio na membrana sinovial. OBS: A partir dos 40 anos de idade, o risco de fratura nos próximos 10 anos pode ser calculado e avaliado por meio da ferramenta FRAX. OBS: A densitometria deve ser utilizada a partir dos 65 anos de idade, como método de rastreio. · Tratamento: · Estrogenioterapia e tibolona. OBS: O uso de hormônio não apresenta indicação clara apena para esse uso. Risco cardiovascular: O estrogênio é considerado cardioprotetor por garantir aporte sanguíneo para os leitos vasculares, promovendo resposta antioxidante e antiagregante plaquetário endotelial. Além disso, o estrogênio age na musculatura lisa dos vasos, atuando como vasodilatador direto e indireto, por promover liberação de prostaglandinas. O hipoestrogenismo causa vasoconstrição, hipercoagubilidade por aumentar a expressão do fator VII e VIII, inibidor de ativador de plasmogênio-1 e fibrinogênio. O hipoestrogenismo causa também aumento do colesterol total, por aumento de LDL, VLDL e apolipoproteína A e B. · Tratamento: · Terapia de reposição de estrogênio. OBS: Ela reduz o risco cardiovascular apenas quando iniciada precocemente na transição menopáusica, embora seus benefícios não justifiquem o seu uso apenas para isso. Ganho de peso: O hipoestrogenismo leva ao aumento do consumo alimentar e diminuição do gasto energético, favorecendo o ganho de peso. Aumento risco para obesidade androide (circunferência abdominal/quadril >0,8). · Tratamento: · Terapia de reposição hormonal; OBS: Causa o retorno para o perfil ginecoide, mas não tem benefícios claros, não devendo ser indicado apenas esse motivo. Declínio cognitivo e transtornos emocionais: · Baixos níveis e flutuações de estrogênio estão relacionados com piores desempenhos neurocognitivos, especialmente relacionados a memória, fluência verbal e função cognitiva. · O estrogênio atua nos sistemas serotoninérgicos e dopaminérgicos por modular a expressão de receptores nucleares e de membrana presentes no corpo do neurônio e nos terminais pré-sinápticos. · Ele ainda age sobre a acetilcolina-transferase, aumento a produção de acetilcolina nas fendas, neurotransmissor fundamental para os processos motores e cognitivos. · O estrogênio e a progesterona reduzem inflamação e aumentar a neurogênse, além de participar da regeneração neuronal. · Com a diminuição do estrogênio circulante, as sinapses ficam prejudicadas, causando diminuição da produtividade laboral e alterações emocionais. OBS: · Cerca de 60% das mulheres apresentam prejuízos da concentração, memória e função executiva na peri e menopausa. · Durante a transição menopáusica asmulheres têm risco 3x maior de apresentar quadro depressivo ou de recaídas de quadros depressivos prévios. TERAPIA HORMONAL Não deve ser utilizada como rotina e seu uso deve ser desencorajado nas mulheres assintomáticas e sem comprometimento da qualidade de vida. A estrogenioterapia aumenta o risco de hiperplasias e carcinomas quando usada isoladamente quando a mulher ainda tem útero, devendo ser mandatório o uso combinado com progesterona. As dosagens e a via de administração variam de acordo com o perfil da paciente, a intensidade e tipo de sintoma. A recomendação atual é o uso das menores doses possíveis para o tratamento de acordo com cada paciente. Progesterona: · Sequencial: Usada durante 12 a 14 dias consecutivos durante o mês; · Contínuo: Uso diário. OBS: Durante a perimenopausa é indicado o uso sequencial, pois o contínuo está ligado a sangramentos imprevisíveis. Progesteronas mais seletivas: Como a trimegestona, são menos antagônicos aos efeitos do estrogênio; Derivados da testosterona: Diminuem os benefícios sobre o perfil lipídico e cardiovascular. Drosperinona: Antagonista do receptor de aldosterona, com atividade mineralocorticoide e antiandrogênica, relacionada com a diminuição da PA em mulheres hipertensas. Acetato de norestisterona e progesterona natural vaginal: Apresentam baixas doses circulantes e reduzido risco tromboembólico, além de mais segurança sobre o tecido mamário.