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103 UNIDADE 4 CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Objetivos • Compreender quais são os objetivos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa. • Conhecer as principais ferramentas de qualidade na área de produção de alimentos. • Compreender o conceito de qualidade na produção de alimentos no contexto da educação ambiental. Conteúdos • Conceito e objetivos do Codex Alimentarius. • Atuação da Anvisa na área de alimentos. • Definições das principais ferramentas de qualidade na área de alimentos: Sistema APPCC e ISO 22000. • Compreender a avaliação de surtos alimentares. • Conceito de 5S e sustentabilidade aplicado às UPRs. Orientações para estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite apenas a este conteúdo; busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas, apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 104 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 2) Busque identificar os principais conceitos apresentados e siga a linha gradativa dos assuntos até poder observar a evolução do estudo relacionando as principais ferramentas de qualidade e sua aplicação prática na produção de alimentos. 3) Compare cada ponto importante relacionado aos surtos de doenças de origem alimentar e relacione-os com os conteúdos abordados nas outras unidades, na tentativa de propor medidas para evitá-los. 105© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 3, tratamos, de maneira sucinta, da importância do controle higiênico-sanitário em serviços de alimentação, de algumas das principais legislações e de como estão relacionados os critérios de higiene, técnica, tempo e temperatura que norteiam as ações da Vigilância Sanitária para fiscalização das Unidades Produtoras de Refeições. Você deverá sempre se atualizar, pois legislações estão em constante mudança. As legislações estudadas incluíram também a documentação obrigatória para o funcionamento dos restaurantes. Nesta unidade, vamos falar de outro importante tema, a qualidade e as ferramentas utilizadas na produção de alimentos seguros. Mais especificamente, discutiremos as definições dessas ferramentas, como os Sistemas APPCC e ISO 22000, que são específicos para a área de alimentos, e também a ferramenta do pensamento Lean, que nos auxilia a criar a cultura da disciplina e ajuda a melhorar as condições pessoais e profissionais das empresas. Para finalizar, comentaremos como podemos melhorar os processos produtivos e deixá-los mais sustentáveis, preocupações atuais das organizações, não sendo diferente para o setor de Serviços de Alimentação, que tem como objetivo fornecer refeições nutritivas, saudáveis e higiênicas. Bons estudos! 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta de forma sucinta os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão 106 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE integral, é necessário o aprofundamento pelo estudo do Conteúdo Digital Integrador. 2.1. CONCEITO E OBJETIVOS DO CODEX ALIMENTARIUS No começo do século 20, os diferentes conjuntos de normas derivados da elaboração independente de leis e normas alimentares por diversos países ocasionaram obstáculos ao comércio e grande preocupação entre comerciantes de alimentos. Como reação a esses obstáculos, foram criadas associações comerciais que passaram a pressionar os governos para que se harmonizassem as diversas normas alimentares com a finalidade de facilitar o comércio de alimentos inócuos e com qualidade bem definida (FAO; OMS, 2018). De acordo com Salino (2008), o significado do termo “Codex Alimentarius” é um conjunto de normas que visam à segurança sanitária dos alimentos. A fim de possibilitar a coordenação de esforços no âmbito mundial para garantir a inocuidade dos alimentos e, consequentemente, a proteção à saúde dos consumidores, foi criada pela Organização de Alimentação e Agricultura (FAO) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1963, a Comissão do Codex Alimentarius (CAC), que tem como objetivo desenvolver a padronização de produtos alimentícios, visando proteger a saúde dos consumidores e assegurar práticas justas no comércio de alimentos. A CAC é um organismo intergovernamental, de que participam 188 países-membros atualmente. Desde 1963, está encarregada de implementar o Programa de Padrões para Alimentos do Comitê Conjunto da FAO/OMS (FAO; OMS, 2018). 107© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE O Codex Alimentarius tornou-se uma referência mundial para as empresas do setor alimentar que produzem, transformam, armazenam e/ou distribuem gêneros alimentícios, bem como para os organismos de controle e comércio de alimentos (FAO; OMS, 2018). O Brasil é signatário do Codex e tem participação ativa em suas reuniões. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a representante do Ministério da Saúde junto ao CAC (GERMANO; GERMANO, 2011). O Codex Alimentarius, termo latino que significa “Código Alimentar” ou “Legislação Alimentar”, é um compêndio de padrões para alimentos, códigos de práticas e de outras recomendações, apresentadas em formato padronizado. Os padrões, manuais e outras recomendações do Codex têm por objetivo garantir que os produtos alimentícios não representem riscos à saúde do consumidor e possam ser comercializados com segurança entre os países (FAO; OMS, 2018). Destacamos como importante para seus estudos a parte do Codex Alimentarius que trata dos princípios gerais de Higiene dos Alimentos. As leituras indicadas no Tópico 3.1 tratam sobre Codex Alimentarius. Neste momento, você deve realizar essas leitu- ras para aprofundar o tema abordado. 2.2. ATUAÇÃO DA ANVISA NA ÁREA DE ALIMENTOS No Brasil, o início do controle higiênico e a organização de ações de vigilância sanitária ocorreram no começo no século 18, seguindo o modelo e os regimentos adotados por Portugal. Com a chegada da família real portuguesa, em 1808, o país 108 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE passou a fazer parte das rotas internacionais de comércio, com intensificação do fluxo de embarcações, passageiros e mercadorias, o que gerou a necessidade de um maior controle higiênico sanitário. Estruturou-se, assim, a Saúde Pública, com foco na contenção de epidemias e na aceitação dos produtos brasileiros no mercado internacional (ROZENFELDS, 2000; UFCE; ANVISA, 2015). Já no século 20, tivemos a criação do Ministério da Saúde em 1953, a que foi atribuída a atuação na regulação de alimentos e de estabelecimentos industriais e comerciais, a partir de 1961, com o Código Nacional de Saúde (ROZENFELDS, 2000; ANVISA, 2015). Em 1969, foi editado o Decreto-Lei nº 986/69, que estabeleceu as normas básicas para alimentos, recebendo influência do Codex Alimentarius internacional (BRASIL, 2018). Em 1976, com a reestruturação do Ministério da Saúde, foi criada a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária e sua estrutura denotava maior ênfase nas ações de controle da qualidade dos produtos de interesse da saúde: alimentos, cosméticos, saneantes de uso domiciliar e medicamentos (UFCE; ANVISA, 2015). Foi somente com o reconhecimento do novo papel do Estado no contexto da saúde, consagrado pela Constituição de 1988, que foi elaborada a Lei nº 8.080, que regula em todo o território nacional as ações e serviços de saúde da Vigilância Sanitária (GERMANO, 2015). A definição de vigilânciasanitária está contida no artigo 6º, parágrafo 1º, da Lei Federal 8.080, de 1990, que afirma ser a Vigilância Sanitária: um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decor- 109© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE rentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde (BRASIL, 1990). Logo depois da instituição do Sistema Único de Saúde (SUS), em 1990, a Secretaria Nacional de Vigilância Sanitária passou a ser chamada de Secretaria de Vigilância Sanitária (SVS) e foi dado início a um período de desregulamentação, cujo propósito era responder de forma rápida e ágil às demandas do setor produtivo (UFCE; ANVISA, 2015). Porém, alguns episódios marcantes de falhas no sistema de vigilância contribuíram para a substituição da Secretaria de Vigilância Sanitária pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, a Anvisa (GERMANO, 2015). Criada pela Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é uma autarquia sob regime especial, que tem sede e foro no Distrito Federal, e está presente em todo o território nacional por meio das coordenações de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados. Tem por finalidade institucional promover a proteção da saúde da população, por intermédio do controle sanitário da produção e do consumo de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive de ambientes, processos, insumos e tecnologias a eles relacionados, incluindo também o controle de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfandegados (ANVISA, 2018). A Anvisa regulamenta e coordena o sistema nacional e também executa ações de controle, sendo caracterizada pela independência administrativa, pela estabilidade de 110 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE seus dirigentes enquanto perdurarem seus mandatos e pela autonomia financeira (GERMANO, 2015). A mesma lei citada define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), a que se refere o art. 1º: O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária compreende o conjunto de ações definido pelo 1º do art. 6º e pelos arts. 15 a 18 da Lei n. 8.080 de 19/9/1990, executados por instituições da Administração Pública direta e indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, que exerçam atividades de regulação, normatização, controle e fiscalização na área de vigilância sanitária (BRASIL, 1999). Seguindo essa definição, as principais unidades estruturais componentes do SNVS são: • nível federal: Anvisa, que está integrada ao Instituto Nacional de Qualidade de Saúde (INCQS), à Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) e aos Laboratórios Centrais de Saúde Pública; • nível estadual: Secretarias Estaduais de Saúde e Centros de Vigilância Sanitárias Estaduais (ambos integrados à Anvisa); • Nível municipal: Secretarias Municipais e Centros Municipais de Saúde (ambos integrados à Anvisa). Dentre as diversas competências atribuídas à vigilância sanitária, destacaremos aqui aquela com foco na fiscalização da produção e comercialização de alimentos. As ações de Vigilância Sanitária na área de alimentos são de responsabilidade das três esferas de governo, compartilhadas entre os níveis de gestão e articuladas na forma de sistemas. O Sistema Estadual de Vigilância Sanitária – Sevisa é coordenado pelo Centro de Vigilância Sanitária – CVS e integra-se ao Sistema 111© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Nacional de Vigilância Sanitária, sob a coordenação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA/MS). O Centro de Vigilância Sanitária tem como missão promover e proteger a saúde da população, com ações capazes de eliminar ou prevenir riscos à saúde decorrentes da alimentação. Para isso, realiza, entre outras iniciativas, ações de monitoramento programado da qualidade sanitária de produtos e de estabelecimentos na área de alimentos, bebidas, águas envasadas, insumos, embalagens, aditivos alimentares e coadjuvantes de tecnologia, limites de contaminantes e resíduos de medicamentos veterinários, focando no controle do cumprimento das boas práticas pelas empresas, e também em análises laboratoriais. A fiscalização é feita em estabelecimentos que fornecem alimentos industrializados (supermercados e mercearias, por exemplo) ou in natura (feiras livres, açougues, entre outros) e também os que fornecem refeições comerciais (restaurantes, lanchonetes, padarias) e refeitórios – como de creches e escolas ou ainda de indústrias. Todos devem obedecer a regras e padrões previstos em leis, bem como decretos no âmbito dos três níveis de administração (GERMANO, 2015). Dentre as principais legislações relacionadas a alimentos, temos: RDC 216/2004; CVS-5/2013; RDC-275/2004, todas já abordadas na Unidade 3. As leituras indicadas no Tópico 3.2 tratam da atuação da Anvisa. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 112 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 2.3. DEFINIÇÕES DAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE QUALI- DADE NA ÁREA DE ALIMENTOS: SISTEMA APPCC (ANÁLISE DE PERIGOS E PONTOS CRÍTICOS DE CONTROLE) E ISO 22000 Qualidade é a capacidade de um produto ou serviço satisfazer necessidades implícitas a custo competitivo, contendo bons atributos visíveis, invisíveis e de segurança. Além disso, a área de serviços emprega outros atributos, como cordialidade no atendimento, rapidez, pontualidade, facilidade de acesso, entre outros (CEZARI, 1995). Garantia da qualidade é um processo evolutivo da qualidade, visando sempre alcançar níveis mais altos de satisfação em relação a um produto ou serviço por parte dos consumidores, e esse fenômeno engloba atividades que agregam controle de qualidade, sendo que os resultados obtidos serão avaliados como uma forma de verificar se há algo de errado, para que seja corrigido adequadamente (CEZARI, 1995). Empresas que não tiverem uma garantia da qualidade dos produtos fornecidos não sobreviverão e não crescerão no mercado de trabalho. Porém, sabemos que, hoje em dia, satisfazer as necessidades dos clientes não é o suficiente para obter o sucesso, devendo então também conquistá-los (ARRUDA, 1998). O controle de qualidade é medido por meio de comparações da realidade da empresa com as normas estabelecidas; caso a qualidade do produto não esteja dentro das normas, deve ser modificado ou descartado imediatamente. Depois de corrigir os erros, devem ser avaliadas novamente todas as etapas de produção dos alimentos, desde o recebimento, armazenamento e distribuição até o produto final; caso essas etapas não estejam 113© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE adequadas, podem provocar um aumento no surto de doenças de origem alimentar (ARRUDA, 1998). Para que um estabelecimento tenha qualidade, é fundamental a existência do manual de boas práticas, um documento em que está descrito o que deve ser feito em um estabelecimento, em relação a, principalmente, requisitos sanitários, manutenção e higienização de instalações, equipamentos e utensílios, controle de pragas, higiene, saúde dos manipuladores e garantia da qualidade do produto desde o recebimento da matéria-prima até o consumo pelo cliente. O manual deve ser de uma produção fiel, e conterá arotina de trabalho daquela empresa, e sendo atualizado sempre que a empresa for realizar alterações em sua estrutura física ou operacional (CEZARI, 1995). A partir desses pré-requisitos, podemos pensar em implantar e implementar uma ferramenta de qualidade. Vamos descrever agora para seu entendimento um pouco do Sistema APPCC. No Quadro 1, encontramos alguns programas e ferramentas disponíveis para o controle de qualidade. 114 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Quadro 1 Programas e ferramentas de qualidade mais comu- mente utilizados pelas empresas. Fonte: adaptado de Oliveira et al. (2011). 115© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Sistema APPCC Basicamente, o sistema APPCC é caracterizado por uma série de etapas em que as características de cada produto devem ser monitoradas, desde a aquisição da matéria-prima até a chegada do produto final ao consumidor. Durante todos esses caminhos, são analisados os perigos físicos, químicos e biológicos que poderiam afetar o consumidor e também o produto final (RIBEIRO-FURTINI; ABREU, 2006). Começaremos pelas definições importantes para entendermos o Sistema APPCC, segundo Silva Junior (2014, p. 361-362): Perigo – é uma contaminação de origem biológica, química ou física em condição potencial de agravo a saúde do consumidor. Severidade – é a gravidade da doença ou grau de suas consequências. Ponto de controle – é um local ou situação a ser corrigida, porém sem risco imediato à saúde do consumidor. Ponto crítico – é o local ou situação onde estão presentes os perigos com riscos à saúde e que devem ser controlados. São considerados PCCs (pontos críticos de controle): todos pontos críticos onde procedimentos imediatos de controle podem ser exercidos para eliminar, prevenir ou reduzir os perigos a níveis suportáveis e que possam ser monitorados constantemente, trazendo segurança ao alimento. Controle dos pontos críticos – são os procedimentos ou medidas de controle dos pontos críticos que possam ser tomados para garantir a segurança do processo, objetivando a eliminação, prevenção ou redução dos perigos até níveis suportáveis. Limite crítico – é um valor utilizado como critério que traga segurança no controle dos pontos críticos. Desvio – falha ou não alcance do limite crítico. 116 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Limite operacional – critério mais restritivo que o limite crítico indicado, usado para reduzir a probabilidade de ocorrência do desvio. Monitoramento (monitorização) – é o ato de medir ou observar se os limites críticos estão sendo respeitados para assegurar se o PCC está sob controle. Ação corretiva – são as tomadas de ações corretivas imediatas quando o monitoramento indicar que um critério importante não está sendo atingindo. Risco – é a probabilidade estimada da ocorrência dos perigos. Etapa – um ponto, procedimento, operação ou estágio na cadeia alimentar, incluindo desde matérias-primas cruas na produção primária até o consumo. Registro – documento específico para informações e resultados. Verificação – a utilização, se necessário, de métodos, procedimentos, testes e outras avaliações complementares. Validação – obter evidência de que os elementos do plano APPCC são efetivos. Essa metodologia que será estudada a seguir será embasada no sistema original publicado pela ICMSF (International Comissionon Microbiological Specifications for Foods) e pela Ianfes (International Association of Milk, Food and Environmental Sanitarians, Inc.), intitulada HACCP – Hazard Analisis Critical Control Point Sistem e no Codex alimentarius (SILVA JUNIOR, 2005). O Sistema APPCC significa “análise de perigos e pontos críticos de controle” e seu enfoque é assegurar a inocuidade dos alimentos, sendo o perigo definido como a contaminação inaceitável de natureza biológica, química ou física que possa causar danos à saúde do consumidor. O sistema APPCC pode ser aplicado ao longo de toda a cadeia de alimentos, desde a 117© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE produção primária até o consumo final, devendo sua aplicação ser baseada em evidências científicas de riscos à saúde humana. Além de melhorar a segurança dos alimentos, a aplicação da ferramenta APPCC pode proporcionar outros benefícios importantes, como facilitar a inspeção por parte das autoridades reguladoras e promover o comércio internacional pelo aumento da confiança na segurança dos alimentos. Segundo Silva Junior (2005, p. 345-347), as etapas necessárias para implantação do sistema devem ser: Sensibilização dos Colaboradores – Na primeira etapa todos devem estar cientes da importância da qualidade e porque ficarem dispostos a terem condutas adequadas, porém mudança de rotina sempre é difícil pela demonstração de resistência que os mesmos apresentam. Devemos contar com uma equipe técnica que desenvolva mudanças necessárias para que os colaboradores comprem a ideia do sistema e tomem posse da responsabilidade necessária. Portanto desde o alto escalão da empresa para realizar as mudanças estruturais necessárias e outros investimentos em tecnologia até os colaboradores das funções mais diversas devem estarem juntos em busca da qualidade do produto. Contratação de Consultoria – é necessário nesta segunda etapa que seja escolhida uma Consultoria que envolva uma equipe multidisciplinar e que conheça as atividades da UPR contando assim com Microbiologistas, Nutricionistas, Químicos, dentre outros, pois é fundamental para a sequência das próximas etapas. Diagnóstico da UPR – Etapa onde a equipe de Consultoria, Responsável técnico e os seus integrantes levantam a situação da UPR, identifica e analisa seus prováveis perigos existentes (químico, físico e biológicos), analisando os riscos que são a probabilidade da ocorrência dos perigos, verificando as medidas preventivas e corretivas existentes, definindo fluxogramas 118 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE (caminho que o alimento vai passar dentro da cozinha) e identificando os Pontos Críticos de Controle. Definição da Equipe APPCC – Deve ser escolhido para liderar a equipe um coordenador que será responsável pela elaboração, implantação, acompanhamento, verificação e melhoria contínua do processo, está ligado à Direção Geral. Estabelecimento dos Fluxogramas e Descrição dos Processos – esta etapa compreende uma descrição clara e objetiva das etapas que envolvem o processamento do produto. A partir do fluxograma, a equipe APPCC conhece e descreve o processo de fabricação do produto e define os pontos críticos. Após a elaboração do diagrama de fluxo ou fluxograma, a equipe verifica in loco se foi bem elaborado e se condiz com a realidade, e verifica se os pontos críticos definidos estão exatos ou necessitam de medidas corretivas. Determinação dos Pontos Críticos de Controle (PCC) – Etapa onde a matéria-prima ou operação em que medidas preventivas podem ser aplicadas e perigos podem ser controlados (eliminados, prevenidos ou reduzidos). Pode haver mais de um PCC no qual são aplicadas medidas para controlar um mesmo perigo. A determinação de um PCC no sistema APPCC pode ser facilitada pela aplicação da árvore decisória, a qual apresenta uma abordagem de raciocínio lógico. A árvore decisória deve ser usada como orientação para determinar os PCC e sua aplicação deve ser flexível, considerando se a operação está relacionada à produção, ao abate, ao processamento, ao armazenamento, à distribuição ou outro fim. Esse exemplo de árvore decisória pode não ser aplicável a todas as situações, outras abordagenspodem ser utilizadas. Recomenda-se a capacitação para aplicação da árvore decisória. Se um perigo for identificado em uma etapa do processo onde é necessária a adoção de uma medida de controle para garantir a segurança e não haja medidas implantadas nessa ou em qualquer outra, então o produto ou o processo devem ser modificados nesta etapa ou em qualquer outra etapa, anterior ou posterior, para incluir a medida de controle. 119© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Elaboração do Plano APPCC – esta sétima etapa nada mais é que um documento formal que reúne as informações que serão fundamentais do produto, contendo todos os detalhes do que é crítico para produção de alimentos seguros para os consumidores. Entendendo essas etapas para implantação do Sistema APPCC, deveremos entender também os princípios que envol- vem o Sistema APPCC, para elaboração do Plano APPCC. Princípios do sistema APPCC O Codex Alimentarius e o NACMCF (National Advisory Committee on Microbiological Criteria for Foods) adotaram sete princípios para caracterizar a sequência lógica de elaboração de planos APPCC/HACCP. Princípio 1 – Análise dos perigos e medidas preventivas Este princípio tem como objetivos identificar os perigos significativos e caracterizar as medidas preventivas correspon- dentes; avaliar a necessidade de mudança de um processo ou etapa de processo e servir de base para a identificação dos pon- tos críticos de controle (PCCs). Princípio 2 – Identificação dos pontos críticos de controle (PCCs) Os PCCs são os pontos caracterizados como realmente crí- ticos à segurança. As ações e os esforços de controle dos PCCs devem ser concentrados, e seu número deve ser restrito ao mí- nimo e indispensável. 120 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Princípio 3 – Estabelecimento dos limites críticos Limite crítico é um valor máximo e/ou mínimo de parâme- tros biológicos, químicos ou físicos que assegurem o controle do perigo estabelecido. Os limites críticos são estabelecidos para cada medida preventiva monitorada dos PCCs. Os valores po- dem ser obtidos de fontes diversas como: guias e padrões da le- gislação, literatura, experiência prática, levantamento prévio de dados, experimentos laboratoriais que verifiquem a adequação e outros. Os limites críticos devem estar associados a medidas como temperatura, tempo, pressão, atividade de água, acidez, pH, resíduos de antibióticos etc. Princípio 4 – Estabelecimento dos procedimentos de monitoramento O monitoramento é uma sequência planejada de observa- ções ou mensurações para avaliar se um determinado PCC está sob controle e para produzir um registro fiel para uso futuro na verificação. Os procedimentos de monitorização devem ser efe- tuados rapidamente porque se relacionam com o produto em processo e não existe tempo suficiente para a realização de mé- todos analíticos mais complexos e demorados. Os métodos mi- crobiológicos não podem caracterizar a monitorização, pois não é possível ter um resultado rápido. Os métodos físicos, químicos, observações visuais e sensoriais são preferidos, porque podem ser realizados rapidamente, de forma contínua ou a intervalos de tempo adequados para controle do processo. 121© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Princípio 5 – Estabelecimento de ações corretivas Ações corretivas devem ser aplicadas quando ocorrem desvios dos limites críticos que foram estabelecidos no Plano APPCC. A resposta rápida diante da identificação de um processo fora de controle é uma das principais vantagens do sistema APPCC. As ações corretivas deverão ser adotadas no momento ou imediatamente após a identificação dos desvios. Princípio 6 – Estabelecimento dos procedimentos de verificação A verificação consiste na utilização de procedimentos para evidenciar se a etapa monitorada está sendo controlada adequadamente ou, ainda, se o sistema APPCC está funcionando corretamente. Exemplos de verificação são as análises microbiológicas, inspeções, controles dos registros de monitorização, auditorias, aferição dos equipamentos de medição etc. Princípio 7 – Estabelecimento dos procedimentos de registros Todo mecanismo utilizado para avaliar se um PCC e/ou perigo está sob controle, por observações ou medidas, deve ser registrado. Como exemplos podemos citar auditorias de fornecedores, registros de temperaturas de estocagem, ações corretivas, treinamentos, relatórios de validação e modificação do plano APPCC. Enfim, o Sistema APPCC requer sequência lógica de etapas bem estudadas e estruturadas, é embasado pelas condutas e critérios definidos no manual de boas práticas de manipulação, documento fundamental para implantação dessa ferramenta de qualidade. Somente pode ser implantada a partir de pré- 122 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE requisitos como estrutura física adequada, equipe treinada, investimento econômico que for necessário. Vale ressaltar que é uma ferramenta de qualidade de vital importância para proteção dos produtos alimentícios contra os perigos; é um sistema que controla as etapas pelas quais o produto vai passando e não apenas controla o produto final; é puramente preventivo, pois cuida das etapas por que o produto passa até chegar ao consumidor, porém não é um sistema de risco zero. NBR ISO 22000 – Norma para segurança dos alimentos Segundo a ABNT (2008), a NBR ISO 22000 veio em substituição à NBR ISO 14900, de 2002, que é uma norma para os Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos voltada para empresas que se preocupam em assegurar controles dos perigos. Foi publicada em 2006 e é complementar a outra norma internacional, a ISO 9001. Foi desenvolvida por profissionais da indústria de alimentos junto a especialistas de organizações internacionais, contando com a cooperação do Codex Alimentarius. Precisamos compreender que a norma foi criada para definir uma padronização internacional no campo das normas de segurança de alimentos e isso também propicia uma ferramenta para a implementação e certificação do Sistema APPCC. Essa norma também cobre e explica todos os requisitos para um sistema de segurança de alimentos que uma Empresa na área de alimentos, dentro da sua cadeia produtiva, precisa implementar para mostrar sua habilidade em controlar os perigos relacionados à segurança de alimentos, garantindo um alimento seguro ao consumidor. 123© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Devemos saber também que essa norma pode ser aplicada a todas organizações envolvidas com alimentos, independentemente de tamanho, em qualquer etapa da cadeia e pode ser acompanhada por meio do uso de recursos internos e externos da organização. Essa norma permite à organização: 1) Planejar, implementar, operar, manter e atualizar o sistema da gestão da segurança de alimentos, direcionando-o para fornecer produtos que, de acordo com o seu uso internacional, estejam seguros para o consumidor. 2) Demonstrar conformidade com os requisitos estatutários e regulamentares aplicáveis à segurança de alimentos. 3) Avaliar e estimar as solicitações dos clientes e demonstrar conformidade com aqueles requisitos mutuamente acordados relativos à segurança de alimentos, na intenção de aumentar a satisfação dos clientes. 4) Comunicar efetivamente assuntos de segurança de alimentos aos seus fornecedores, consumidores e outras partes interessadas. 5) Assegurar que a organização está conforme à sua política de segurança de alimentos estabelecida. 6) Demonstrar tais conformidades às partes relevantes interessadas. Essa norma é constituída por três partesfundamentais: a primeira afirma que a empresa deve ter boas práticas que não são listadas diretamente na norma, mas são referenciadas nos Programas de Pré-requisitos do sistema APPCC; a segunda exige requisitos do sistema APPCC de acordo com os princípios 124 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE estabelecidos pela Comissão do Codex Alimentarius; e a terceira inclui requisitos de um sistema de gestão baseados nos princípios de melhoria contínua. Ela é importante para as indústrias de alimentos que dese- jam produtos de qualidade e possui diversos benefícios. É uma Norma Internacional que fornece a possibilidade de harmoniza- ção com as normas de segurança de alimentos e também con- tém os requisitos para um Sistema de Gestão completo para a produção de alimentos seguros, indo além dos requisitos APPCC. As leituras indicadas no Tópico 3.3 tratam sobre ferramentas de qualidade: sistema APPCC e NBR ISO 22000. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.4. AVALIAÇÃO DE SURTOS ALIMENTARES Para a compreensão da avaliação de surtos alimentares, antes de tudo, deve ficar claro que boas práticas são pré- requisitos de qualidade para evitar que os clientes possam consumir alimentos contaminados, com estes causando doenças para indivíduos. Portanto, as normas de boas práticas devem ser seguidas pelos manipuladores desde a escolha do alimento até a sua distribuição. Sabe-se que, quando os produtos alimentícios não estão de acordo com o Manual de Boas Práticas, muitos microrganismos patogênicos podem contaminá-los, provocando risco à saúde do comensal (BENEVIDES; LOVATTI, 2004; SILVA JUNIOR, 2005). Segundo a Vigilância Sanitária (Anvisa), quando há ingestão de alimentos que podem estar contaminados com 125© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE algum microrganismo patogênico, agente biológico, químico ou físico, e com ocorrências clínicas subsequentes, caracterizam- se DTAs, como já estudado na Unidade 2. Quando essas DTAs ocorrem e duas ou mais pessoas apresentam sinais e sintomas semelhantes após a ingestão de um alimento ou água do mesmo local de origem, caracteriza-se um surto alimentar. Para evitar ou reduzir os riscos desses surtos de doenças transmitidas por alimentos, devem-se ter medidas preventivas e controle de higiene, incluindo o Manual de Boas Práticas. Elas devem ser adotadas na cadeia produtiva, em unidades de comercialização e nos domicílios, visando à melhoria das condições sanitárias dos alimentos (BRASIL, 2018), como visto na Unidade 3. Porém, quando alguns pontos principais não são diagnosticados e tornam-se falhas de preparações – como uso incorreto do binômio tempo-temperatura, refrigeração inadequada, uso de produtos clandestinos, grande intervalo entre o preparo e o consumo, condições inadequadas de armazenamento e de conservação dos alimentos, más condições de higiene na manipulação dos alimentos, dentre outros que contribuem para a ocorrência de contaminação cruzada –, os alimentos podem se tornar grandes carreadores de patógenos, e, quando falamos de produção em larga escala, podem ocorrer surtos de DTAs. É importante que os profissionais da área de alimentos entendam como devem ser os procedimentos para diagnóstico dos surtos de DTAs. Para isso, deve-se ser capaz de realizar o diagnóstico dos fatores que podem levar ao surto, como visto na tabela a seguir: 126 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Tabela 1 Fatores que contribuem para a ocorrência de surtos de doenças de origem alimentar. FATORES DE CONTRIBUIÇÃO Porcentagem* Fatores relacionados à multiplicação microbiana Estocagem em temperatura ambiente 43 Resfriamento inadequado 32 Preparação do ambiente muito distante do local onde será servido 41 Espera em ambiente e temperatura inadequados 12 Utilização de sobras 5 Descongelamento inadequado e estocagem imprópria 4 Produção de alimentos em excesso 22 Fatores relacionados à sobrevivência microbiana Aquecimento próprio 17 Cozimento inadequado 13 Fatores relacionados à contaminação Manipulação de alimentos 12 Alimentos processados contaminados 19 Alimentos crus contaminados 7 Contaminação cruzada 11 Limpeza inadequada de equipamentos 7 Alimentos enlatados contaminados 2 *A porcentagem excede o total de 100, uma vez que os fatores que normalmente contribuem para a ocorrência de enfermidade de origem alimentar podem ser múltiplos. Fonte: Adaptado de World Health Organization (1999 apud FORSYTHE, 2013). Após o diagnóstico dos fatores, deve-se presumir qual o possível patógeno, verificar e mandar para análise microbiológica as amostras dos prováveis alimentos envolvidos, verificar o quadro clínico, ou seja, a frequência de sintomas dos envolvidos no surto, o período de incubação (aparecimento dos primeiros 127© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE sinais e sintomas), a duração da doença, verificar o cardápio servido pela UPR, a taxa de ataque para cada alimento que possa estar envolvido e, se possível, realizar o exame de coprocultura para verificar o surto de infecções intestinais dos portadores. A realização dos passos descritos aqui resumidamente é bem complexa na prática e, na maioria das vezes, não se chega a nenhum tipo de resultado, pois vários itens são necessários para se chegar a um diagnóstico final preciso. Vamos destacar aqui alguns procedimentos e sua importância. Segundo Silva Junior (2005), laboratórios clínicos e micro- biológicos são várias vezes utilizados para analisar alimentos por ocasião do aparecimento de doenças que possam ser causa- das por alimentação. A porcentagem de ocorrências serve para orientar o levantamento epidemiológico, ou seja, se um grande percentual de clientes passou mal e ficou doente, tudo indica que um alimento comum foi ingerido pela maioria. Outro procedimento importante para avaliar um surto é o cálculo do período de incubação: deve-se calcular o período mé- dio por uma somatória de períodos de incubação individuais ou, quando necessário, deve-se calcular a mediana, isto é, o período de incubação que significa o valor intermediário entre os valores encontrados em ordem crescente, em vez da média, que é a so- matória do período de incubação pelo número de entrevistados. O período médio de incubação serve para realizar a cur- va epidêmica junto com as informações a respeito dos sintomas predominantes. Também deveremos efetuar o cálculo da dura- ção média da doença em primeiro lugar, pela medição da du- ração da doença. O cálculo resume-se à somatória da duração da doença dividida pelo número de pacientes, obtendo então a duração média da doença. Esse cálculo serve para completar 128 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE a curva epidêmica, a qual nada mais é que um gráfico demons- trando a distribuição do tempo de aparecimento dos sintomas iniciais de todos os casos que ocorreram no aparecimento da doença. Ainda, precisamos realizar o cálculo de frequência dos sintomas, que é feito relacionando o número de doentes entre- vistados com a quantidade de sintomas observados, como visto na Tabela 2 a seguir. Tabela 2 Análise da frequência dos sintomas. FREQUÊNCIA DOS SINTOMAS Sintomas Número de casos com sintomas Porcentagem Vômito 01 5,8 % Náusea 02 11,7 % Diarreia 17 100,0 % Dores abdominais 00 0,0 % Gases 06 35,2 % Cólicas 16 94,0 % Disenteria 00 0,0 % Febre 00 0,0 % Mal-estar 08 47,0 % Calafrio 00 0,0 % Número de casos 17 Fonte: Bryan, FL –“Center for Disease Control, 1979 apud Silva Junior, 2005”. Silva Junior (2005) afirma que, para a avaliação,precisa- mos realizar o cálculo da taxa de ataque para cada alimento en- volvido, e deve ser calculada a taxa por alimentos específicos, isto é, é necessário observar qual alimento é mais ingerido entre os alimentos específicos, como visto nos Quadros 1 e 2: 129© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Quadro 2 Exemplo A: cálculo da taxa de ataque para alimentos específicos. Fonte: Bryan, FL –“Center for Disseases Control 1979 apud Silva Junior, 2005”. Quadro 3 Exemplo B: cálculo da taxa de ataque para alimentos específicos. CÁLCULO DE TAXA DE ATAQUE PARA ALIMENTOS ESPECÍFICOS ALIMENTOS Nº de pessoas que ingeriram o alimento Nº de pessoas que não ingeriram o alimento ± entre as pessoas (ingeriram e não ingeriram) Frango com bacon 16 1 15 Arroz de forno 16 1 15 Beterraba 8 9 - 1 Feijão 13 14 9 Éclair 17 0 17 Número de casos = 17 Fonte: Bryan, FL –“Center for Disseases Control, 1979 apud Silva Junior, 2005”. 130 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Segundo Silva Junior (2014 p.88), a taxa de ataque pode ser calculada de acordo com as informações a seguir. Quadro 4 Cálculo de taxa de ataque para cada alimento específico Nº total de comensais. Vamos demonstrar como fazer o cálculo para cada alimento ingerido: Para alimento A: % Dc = nº de doentes que comeram o alimento A x 100 Total de pessoas que comeram o alimento A % Dnc = nº de doentes que não comeram o alimento A x 100 Total de pessoas que não comeram o alimento A 131© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Figura 1 Fórmula para cálculo da taxa de ataque para alimentos específicos. A seguir, na Figura 2, temos um exemplo de formulário para avaliação das Doenças Transmitidas por Alimentos: PACIENTES 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 PERÍODOS (h) SINTOMAS CARDÁPIO LOCAL Nº DE REFEIÇÕES DATA/OCORRÊNCIA / / Nº DE OCORRÊNCIAS % REFEIÇÃO SUSPEITA / / H o rá ri o - r e fe iç ã o H o rá ri o - 1 º si n to m a H o rá ri o - fi m d a d o e n ça P e rí o d o d e in cu b a çã o D u ra çã o d a d o e n ça V ô m ito s N á u se a s C ó lic a s D ia rr e ia s D is e n te ri a G a se s M a l e st a r F e b re C a la fr io s Período de incubação - Média Duração da doença - Média TOTAL DE SINTOMAS Frequencia de sintomas - F. S. % TOTAL DE ALIMENTOS ESPECÍFICOS Total de indivíduos que COMERAM os alimentos específicos Total de indivíduos que NÃO COMERAM os alimentos específicos – CDL - 1985. Fonte: Silva Junior, 2017. Figura 2 Formulário para avaliação das DTAs. 132 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE A partir desses cálculos, poderemos entender e avaliar um surto quando conseguimos todas as informações necessárias. Vale ressaltar, porém, que uma grande parte dos surtos não é avaliada inteiramente por falta de dados para completar um diag- nóstico final, pelos motivos já citados. As leituras indicadas no Tópico 3.4 tratam sobre a investigação de surtos de origem alimentar. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. 2.5. CONCEITOS DE 5S E SUSTENTABILIDADE APLICADOS ÀS UPRS A metodologia 5S teve origem no Japão, na década de 1960, quando o país vivia a chamada crise de competitividade (PIRES, 2014, p. 11). É uma ferramenta que tem por finalidade aprimorar o ambiente de trabalho, melhorar a produtividade ba- seando-se na melhora da qualidade de vida dos funcionários, na melhoria da segurança no trabalho e na diminuição de desperdí- cio e custos (OLIVEIRA et al., 2011). O nome 5S surgiu das iniciais das cinco técnicas que o compõem: 1) Seiri (senso de organização, utilização): identificar e eliminar informações e objetos em desuso. 2) Seiton (senso de organização): após a triagem feita na etapa anterior, colocar tudo em seu devido lugar, criando espaços definidos para cada material, objeto, equipamentos etc. 133© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 3) Seiso (senso de limpeza): identificar os hábitos e rotinas que geram sujeira e criar rotinas para evitá-los. 4) Seiketsu (senso de saúde): padronizar e melhorar as atividades desenvolvidas, na tentativa de melhorar o ambiente de trabalho e também a saúde física e mental dos funcionários. 5) Shitsuke (senso de disciplina): estabelecer um compromisso com todas as partes envolvidas para que as etapas anteriores sejam implantadas e cumpridas. A implantação do sistema 5S parece simples, mas requer muito empenho e determinação de toda a equipe. Primeiro, é preciso fazer um diagnóstico do local, levantando todos os pontos que precisam ser alterados; depois, criar uma estratégia para aplicação das 5 etapas; por fim, o mais importante: cultivar disciplina e comprometimento de todos os envolvidos para que o programa seja implantado e perdure. Este é um método utilizado em diversos setores e pode muito bem ser utilizado na indústria alimentícia, como também nas UPRs. Afinal, garantir qualidade, segurança, diminuição nos custos e aumento da produtividade são resultados esperados em qualquer tipo de serviço. Segundo a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas, sustentabilidade é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender às necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro (ARRUDA e QUELHAS, 2010). De acordo com Arruda e Quelhas (2010), o desenvolvimento sustentável apresenta-se como uma forma de equilibrar as 134 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE atividades essenciais à vida do ser humano. Alguns autores ainda ressaltam que esse desenvolvimento vem sendo associado à perspectiva de um país manter uma atividade por um longo prazo, ou até mesmo fazer com que ela não se esgote. Para alguns autores, as UPRs têm um papel relevante no reflexo ambiental, devido ao fato de suas operações no processo produtivo gerarem descarte de produtos e embalagens, e também por utilizarem produtos químicos muitas vezes desordenadamente, e por desperdiçarem quantidades significativas de água e energia. Para Rodrigues et al. (2012, p. 13), “é preciso que a alimentação saudável seja aliada a uma alimentação sustentável, ou seja, as matérias-primas industrializadas devem ser utilizadas moderadamente de forma a valorizar a sazonalidade do local”. Torna-se necessário conscientizar os gestores em relação aos aspectos importantes para a preservação do meio ambiente, como o uso adequado da água, a produção e o destino de resíduos sólidos, a coleta seletiva de lixo, o descarte adequado do óleo, entre outros. Todavia, os profissionais da área de alimentos, alimentação e nutrição, que são os líderes nos mais diversos tipos de serviços alimentares, deveriam entender e fomentar ações que estimulassem em seus colaboradores atitudes responsáveis e conscientes em relação ao uso correto dos alimentos, bem como de todos os recursos que envolvem a produção de alimentos. Estudos demonstram que a área de serviços alimentares ainda se encontra bem aquém do que deveria na questão da promoção da sustentabilidade como forma de economia financeira, ambiental e social. 135© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE Faz-se necessário adotar, desde o cardápio até o diálogo com os fornecedores de alimentos, uma interaçãode procedimentos que estimulem práticas adequadas e sustentáveis. Nas UPRs, é fundamental que sejam desenvolvidos programas de sensibilização junto aos colaboradores para evitar o desperdício, bem como ações educacionais que envolvam implantação e manutenção da sustentabilidade também com os clientes – afinal, todos nós somos responsáveis por uma qualidade de vida melhor. Ter responsabilidade social e ambiental nos dias atuais é condição básica da sobrevivência humana. As leituras indicadas no Tópico 3.5 tratam sobre conceito de 5S e sustentabilidade aplicado às UPRs. Neste momento, você deve realizar essas leituras para aprofundar o tema abordado. Vídeo complementar –––––––––––––––––––––––––––––––– Neste momento, é fundamental que você assista ao vídeo complementar. • Para assistir ao vídeo, pela Sala de Aula Virtual, clique no ícone Videoaula, localizado na barra superior. Em seguida, selecione o nível de seu curso (Graduação), a categoria (Disciplinar) e a Disciplina (higiene e controle de qualidade – Complementar 3). • Para assistir ao vídeo, pelo seu CD, clique no Botão – Vídeos Complementares, e selecione: Vídeo Complementar 4. –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 3. CONTEÚDOS DIGITAIS INTEGRADOR O Conteúdo Digital Integrador é a condição necessária e indispensável para você compreender integralmente os conteúdos apresentados nesta unidade. 136 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 3.1. CONCEITO E OBJETIVOS DO CODEX ALIMENTARIUS Pela importância no setor de alimentos e pela garantia de alimentos seguros para os consumidores, é que governantes do mundo inteiro, no sentido de minimizar doenças, elaboram um código de alimentos para ser utilizado entre as nações, visando à uniformização e livre comercialização com padrões entre os povos. • SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico sanitário em serviços de alimentação. 7. ed. São Paulo: Varela, 2014. Capítulo 2. • ANVISA – AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Codex alimentarius. 2016. Disponível em: <http:// portal.anvisa.gov.br/documents/33916/388701/ Codex+Alimentarius/10d276cf-99d0-47c1-80a5- 14de564aa6d3>. Acesso em: 10 abr. 2018. • FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION; OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Codex alimentarius. Disponível em: <http://www.fao.org/fao- who-codexalimentarius/en/>. Acesso em: 10 abr. 2018. 3.2. ATUAÇÃO DA ANVISA NA ÁREA DE ALIMENTOS Para planejar e realizar trabalhos de qualidade relacionando alimentos, saúde e produção, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária busca através de suas informações, inspeções e criação de legislações o cumprimento de critérios que garantam a saúde pública. 137© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE • BRASIL. Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Home page. Disponível em: <http://portal. anvisa.gov.br/institucional>. Acesso em: 10 abr. 2018. • GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, treinamentos de recursos humanos. 4. ed. rev. ampl. Barueri: Manole, 2011. (Biblioteca Virtual Pearson). Acesso em: 3 jan. 2018. 3.3. DEFINIÇÕES DAS PRINCIPAIS FERRAMENTAS DE QUALI- DADE NA ÁREA DE ALIMENTOS: SISTEMA APPCC E NBR ISO 22000 Baseado nas regras definidas nas legislações vigentes para a cadeia alimentícia, faz-se necessária a utilização das ferramentas de qualidade que beneficiam o cumprimento de critérios de segurança nos processos de produção e estabelece qualidade do produto final para que ele possa ser comercializado nacional e internacionalmente. • SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico sanitário em serviços de alimentação. 7. ed. São Paulo: Livraria Varela, 2014. Capítulos 5 e 6. • GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, treinamentos de recursos humano. 4. ed. rev. ampl. Barueri: Manole, 2011. Capítulos 35 e 36.(Biblioteca Virtual Pearson). Acesso em: 3 jan. 2018. 138 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE • ASSIS, L. Alimento seguro: ferramentas para controle da produção e distribuição. Rio de Janeiro: Senac Nacional, 2011. Capítulos 3 e 4. • BRUNO, P. Alimentos seguros: a experiência do sistema S. Boletim Técnico do Senac, Rio de Janeiro, v. 36, n. 1, jan./abr. 2010. Disponível em: <http://www.bts.senac. br/index.php/bts/article/viewFile/229/212>. Acesso em: 10 abr. 2018. • COLLETTO, D. Gerenciamento da segurança dos alimentos e da qualidade nas indústrias de alimentos. Monografia (Graduação em Engenharia de Alimentos) – Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2012. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs. br/bitstream/handle/10183/72762/000870926.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018. 3.4. INVESTIGAÇÃO DE SURTOS DE DTA É fundamental entendermos o processo de investigação para evidenciarmos as possíveis causas que podem levar os indivíduos a doenças transmitidas por alimentos, bem como na tentativa de solucionar possíveis erros na cadeia produtiva de alimentos. • SILVA JUNIOR, E. A. Manual de controle higiênico sanitário em serviços de alimentação. 7. ed. São Paulo: Varela, 2014. Capítulo 2. • GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, 139© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE treinamentos de recursos humano. 4. ed. rev. ampl. Barueri: Manole, 2011. Capítulo 27. (Biblioteca Virtual Pearson). Acesso em: 3 jan. 2018. • SANTA CATARINA (Estado). Secretaria de Estado da Saúde. Sistema Único de Saúde. Manual de orientação para investigação em surtos de DTA. Florianópolis: Dive, 2006. Disponível em: <http://www.dive.sc.gov. br/conteudos/publicacoes/manuais_cartilhas/Manual_ de_Orientacao_para_Investigacao_em_Surtos_de_ DTA.pdf>. Acesso em: 10 abr. 2018. 3.5. CONCEITOS DE 5S E SUSTENTABILIDADE APLICADOS ÀS UPRS Assuntos que se integram e se tornam recorrentes na produção de alimentos, pois sem a sua aplicabilidade nas indústrias e nas Unidades Produtoras de Refeições afetam o bem-estar da população, o ambiente físico e a convivência social. • MELLO, C. H. P. (Org.). Gestão da qualidade. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2011. Capítulo 6. Disponível em: <http://claretiano.bv3.digitalpages.com.br/users/ publications/9788576056997/pages/_7>. Biblioteca Virtual Pearson. Acesso em: 3 jan. 2018. • GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. (Orgs.). Sistema de gestão: qualidade e segurança dos alimentos. Barueri: Manole, 2013. Disponível em: <http://claretiano.bv3.digitalpages.com.br/users/ publications/9788520433041/pages/-20>. Biblioteca Virtual Pearson. Acesso em: 3 jan. 2018. 140 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em responder às questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos estudados para sanar as suas dúvidas. 1) O método APPCC (Análise de Ponto Crítico de Controle) é utilizado como suporte para melhorar as condições de controle. Leia as alternativas abaixo e destaque a correta: I - O método define as reais situações em que o controle deve ser realizado e possa ser monitorado e controlado. II - Com o método APPCC, não há necessidade de utilizar o Manual de Boas Práticas. III - Para o método APPCC, perigo é definido como a contaminação de origem biológica, químicaou física em condição potencial que possa causar agravo à saúde. IV - O perigo químico não apresenta danos a longo prazo, apenas se manifesta no momento do contato com o contaminante. V - Fluxograma é a sequência ordenada das etapas integrantes da preparação dos alimentos, e permite determinar os pontos críticos e os seus controles. a) Todas as alternativas estão corretas. b) Todas as alternativas estão incorretas. c) Apenas os itens II e IV estão incorretos. d) Apenas os itens I e III estão incorretos. e) Apenas o item V está correto. 2) Assinale a alternativa incorreta no tocante à implantação do sistema APPCC: a) As análises físico-químicas podem proporcionar resultados rápidos, permitindo que o processo possa ser ajustado de imediato, em se tratando de monitoramento de pontos críticos de controle. b) Estabelecer critérios para garantir o controle das operações em UAN (Unidade de Alimentação e Nutrição) significa selecionar ou planejar medidas preventivas ou de controle para serem aplicadas em cada ponto crítico de controle e colocá-las em prática. 141© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE c) A variabilidade do critério não é inerente ao processo e à forma de mensuração. d) Se uma matéria-prima constitui um PCC, deve-se monitorar sua condição e origem. e) Para o monitoramento das atividades de limpeza, deve-se verificar se os processos de lavagem, enxágue e desinfecção estão sendo seguidos. 3) Analise as afirmativas sobre a ISO 22000: I - A ISO 22000 estabelece os requisitos para a implantação de um sistema de gestão da segurança alimentar em todas as fases da cadeia alimentar. II - Tal norma resultou da colaboração entre o Codex Alimentarius e a ISO, com o objetivo de harmonizar as normas internacionais de segurança alimentar. III - A ISO 22000 engloba somente os princípios do APPCC do Codex Alimentarius com o gerenciamento da qualidade da ISO 9001. A partir da análise, conclui-se que estão corretas as afirmações: a) I e II. b) II e III. c) I, II e III. d) II e III. Gabarito Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões au- toavaliativas propostas: 1) c. 2) c. 3) a. 142 © HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE 5. CONSIDERAÇÕES Qualquer estabelecimento produtor de alimentos necessita das boas práticas de fabricação conforme as legislações vigentes e o Codex Alimentarius. Cabe a nós, profissionais, demonstrar a necessidade de implementá-las. É necessário aprender os critérios utilizados, assim como interpretar os itens das legislações vigentes, que, em alguns momentos, não foram bem interpretados e direcionados às realidades da nossa produção de alimentos. Seu entendimento facilitará a implantação desde procedimentos básicos de boas práticas até a utilização de ferramentas de qualidade para alcançar certificação de qualidade na área de alimentos. Os conteúdos estudados na Unidade 4 devem ser reconhecidos pelo profissional nutricionista para que este seja capaz de identificar falhas, detectar riscos, avaliar processos, definir procedimentos corretivos e eficazes, além de zelar para que estes sejam permanentes, visando à garantia de um alimento em condições higiênico-sanitárias adequadas ao consumo. Encerramos esta obra desejando a você bons estudos e lembrando que deverá sempre se manter atualizado nessa área, uma vez que ela sofre mudanças constantes. 6. E-REFERÊNCIAS Sites pesquisados BENEVIDES, C. M. J.; LOVATTI, R. C. C. Segurança Alimentar em Estabelecimentos Pro- cessadores de Alimentos. Higiene Alimentar. São Paulo. v.18, n.125, p.24-27, 2004. 143© HIGIENE E CONTROLE DE QUALIDADE DE ALIMENTOS UNIDADE 4 – CONTROLE NA ÁREA DE ALIMENTOS E SUAS FERRAMENTAS DE QUALIDADE BRASIL. Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Home page. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/institucional>. Acesso em: 10 abr. 2018. ______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços cor- respondentes e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Bra- sil, Brasília, 20 set. 1990. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/ l8080.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. ______. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. Define o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária, cria a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, 27 jan. 1999. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9782.htm>. Acesso em: 5 abr. 2018. CVS – CENTRO DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Alimentos. Disponível em: <http://www.cvs. saude.sp.gov.br/apresentacao.asp?te_codigo=1>. Acesso em: 10 abr. 2018. FAO – FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION; OMS – ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Codex alimentarius. Disponível em: <http://www.fao.org/fao-who-codexali- mentarius/home/es/>. Acesso em: 5 abr. 2018. GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos: qualidade das matérias-primas, doenças transmitidas por alimentos, treinamen- tos de recursos humano. 5. ed. rev. ampl. Barueri: Manole, 2015. Capítulo 3, p. 61-106 Disponível em: <http://claretiano.bv3.digitalpages.com.br/users/publica- tions/9788520437209>. 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