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Teoria de Aprendizagem Social Os principais enfoques teóricos sobre o desenvolvimento humano são divididos entre quatro classes, sendo elas: a Teoria Maturacional, que estuda a origem biológica e origem do código genético; a Teoria da Aprendizagem, estudo das transformações geradas por conta de estímulos do ambiente; a Teoria Psicanalítica, estudo da dinâmica da personalidade e a Teoria Cognitiva, estudo das estruturas e processos cognitivos. A teoria de aprendizagem social foi encabeçada por Albert Bandura, psicólogo canadense, nascido em 1925, iniciou seus estudos pelo comportamento agressivo, publicando sua primeira obra em 1959 “Adolescent Agression”. Seu estudo se enquadra na Teoria da Aprendizagem que estuda o comportamento humano por meio da observação do comportamento do outro e suas consequências, dessa forma sua teoria parte do aprendizado social. Albert Bandura, um proeminente psicólogo contemporâneo, sugeriu que uma parte significativa daquilo que um indivíduo aprende ocorre através da imitação ou da modelagem. Bandura tem sido referido como um teórico da aprendizagem social, na medida em que se preocupa com a aprendizagem que ocorre no contexto de uma situação social. No decurso de uma interacção social o indivíduo poderá modificar o seu comportamento como resultado das respostas dos outros membros do grupo. O estudo de Albert Bandura considera os mesmos pressupostos do condicionamento operante, marcados pela Teoria de Skinner de comportamento por associação entre estímulo e resposta, porém Bandura vai muito além, pois considera que o comportamento depende do mundo simbólico interno e conta com a previsão das consequências do comportamento. Dessa forma, para Bandura, no condicionamento operante a consciência das respostas são levadas em consideração, todas as mudanças comportamentais são mediadas cognitivamente. Como Skinner. Bandura (1977, 1982. 1983) acredita que o comportamento é frequentemente específico a uma situação e é modelado acentuadamente pelos princípios da aprendizagem. Os dois homens vêem métodos científicos como importantes para determinar o que as pessoas fazem e em quais circunstâncias. Mas, enquanto Skinner via os seres humanos como criaturas comparativamente simples a mercê das pressões ambientais, Bandura as vê como complexas, únicas, activas e conscientes. Bandura enfatiza o pensamento e a auto-regulação. As pessoas estão resolvendo problemas continuamente, capitalizando sua enorme amplitude de experiências e capacidades refinadas para processar informações. (...) o condicionamento operante dificilmente se obtém sem consciência das respostas requeridas para o reforço; em algumas circunstâncias, a expectativa de reforço é mais poderosa do que o próprio reforço (...) (ROSA, 2003) O sistema simbólico de auto-estimulação pode se dar a partir de um estímulo externo e uma resposta manifesta. O sistema de autorregulação e autocontrole, da mesma forma, se dão a partir da percepção das consequências do comportamento, levando em conta os processos cognitivos e que muitos comportamentos são adquiridos pela observação de um modelo. Bandura no estudo do comportamento deu maior notação a aprendizagem pela observação de um modelo, que intitulou de modelação. Em várias culturas as crianças apresentam padrões de comportamento, conhecimentos e atitudes, aprendidos e modificados, por meio do padrão apresentado pelos adultos. Isto significa que não é somente um ensaio entre erros e acertos, mas a consequência dessa experiência. Essa aprendizagem observacional contribui para o desenvolvimento de mecanismos cognitivos e nas pautas sociais. A teoria da aprendizagem social de Bandura é uma psicologia verdadeiramente abrangente, retomando elementos tanto dos comportamentalistas como dos cognitivistas. Para Bandura, o comportamento, as estruturas cognitivas internas e o meio interagem de forma a que cada uma actue como determinante indissociável da outra. As pessoas são, até certo ponto, produto do seu meio, mas também escolhem e moldam o seu meio. Não estamos perante uma rua de sentido único. (SPRINTHALL & SPRINTHALL 1993, p. 253) Albert Bandura desenvolveu numerosas experiências que fundamentaram a importância da aprendizagem por observação, isto é, a aprendizagem que resulta da interacção e da imitação social. Esta teoria enfatiza a importância da modelagem dos comportamentos, atitudes e respostas emocionais dos outros na aquisição de novos conhecimentos. Os comportamentos observados que são reforçados positivamente conduzem a sua reprodução pelos observadores e os comportamentos que são reforçados negativamente desaparecem. Segundo ROSA (2003) “A teoria da Aprendizagem Social supõe que o ser humano seja um agente intencional e reflexivo, dotado de prerrogativa de autodirecção, no que concerne ao comportamento.” Modelagem De acordo com Bandura, muitos dos nossos comportamentos são aprendidos através da observação e imitação de um modelo, esse processo chama-se modelação ou modelagem. Além disso, ressalta que os eventos ambientais (recursos, ambiente físico) pessoais (crenças, expectativas) e comportamentais (escolhas, actos individuais) interagem no processo de aprendizagem, num determinismo recíproco. Classificação dos modelos Os modelos classificam-se em vivos, representativos e simbólicos: Modelos vivos: são aqueles em que se apresenta um modelo de presença física , como o pai é para o filho, um amigo para um companheiro e que este modelo tenha uma relação de convivência, na qual exerça influência sobre a outra. Modelos representativos: podemos descrever como a televisão, os filmes, os meios audiovisuais, em que não ocorre a presença física do modelo. Modelos simbólicos: são encontrados nos livros, em textos escritos, desenhos. Os modelos podem ser reais ou não, o que os identifica é a forma como eles chegam ao observador. Representantes religiosos que transmitem força são também considerados modelos simbólicos. A modelação ou modelagem funciona da seguinte maneira: Para uma criança imitar algum comportamento primeiro ela precisa observar, depois disso reter essa informação na memória. Afinal se não prestamos atenção não gravamos nada. Mas para reproduzir esse comportamento, ela tem que ser capaz de avaliar se o contexto é propício. Como ela faz isso? Prevendo as consequências, ela já sabe prever pois gravou essas informações quando observou o comportamento de outro. Se a criança avaliar de forma positiva o contexto ela poderá se sentir motivada a repetir o que aprendeu observando. Bandura destaca ainda a importância do reforço nesse tipo de aprendizagem e aponta dois tipos: Reforço vicário (indirecto): A criança observa o modelo e vê ele ser recompensado. Esse fato estimula/motiva a criança a reproduzir o comportamento observado. A criança que observa um adulto a ser elogiado por uma determinada acção terá uma maior probabilidade de responder da mesma forma que a criança que vê a acção mas não vê o reforço subsequente, a isto chamamos de reforço vicário ou vicariante, uma vez que a criança não está a ser reforçada naquela altura, mas apenas a testemunhar o reforço. Reforço directo: A criança é recompensada directamente após apresentar um comportamento desejável. O reforço directo envolve dois sub-processos: Auto-sistema: o indivíduo avalia seu comportamento, avalia o julgamento e a reacção que ele causa Auto-eficácia: crença do indivíduo na sua capacidade de desempenho. Os fenómenos de aprendizagem directa podem ocorrer levando em consideração o processo vicariante, que se dá pela observação do comportamento de outra pessoa e suas consequências, dessa forma observando se aprende a falar, a nadar. Se o modelo apresentar um comportamento desastrado o observador provavelmente não irá se engajar no mesmo comportamento e inversamente se um comportamento apresentarconsequências positivas, dependerá do observador imitar o modelo. Deste modo, o reforço e a modelagem conjugados podem proporcionar condições muito poderosas para a modificação do comportamento. Muitos dos nossos hábitos e atitudes persistentes resultam da combinação de forças poderosas. Embora reconhecendo a importância do condicionamento operante de Skinner, Bandura insiste que nem toda a aprendizagem resulta do reforço directo de respostas. As pessoas também aprendem imitando o comportamento de outros, ou de modelos, e este tipo de aprendizagem ocorre mesmo quando as respostas imitativas não são reforçadas. Por exemplo, as crianças podem levantar-se quando ouvem o Hino Nacional a ser entoado, porque viram os pais a fazer isso. A resposta da criança não é, naquele momento, seguida de um chocolate ou de qualquer outro reforço primário. A criança imita simplesmente o comportamento dos pais. É praticamente infinita a lista das novas formas de comportamentos que podem ser aprendidos através da modelagem e, embora o exemplo anterior se refira a formas positivas de aprendizagem, a modelagem pode também criar comportamentos indesejáveis. Uma criança pode aprender a ter uma atitude agressiva, a dizer mentiras ou a ser desonesta através do mecanismo da modelagem. Modelagem e comportamento agressivo Em sua teoria Bandura, caracteriza os factores internos e externos que interferem nos processos humanos de aprendizagem. Sua teoria conta com mais de cinquenta obras publicadas, e iniciou seus estudos, pelo comportamento agressivo, relevando o comportamento da observação de modelos reais e simbólicos nas pautas imitativas de agressão, demonstrando que as crianças expostas a modelos de comportamento agressivo, não só apresentam a resposta imitativa como também podemos salientar que elas se apresentam em maior número que o modelo. O modelo agressivo proporciona um comportamento desinibitório para a agressão, tanto para a criança como para o adulto. A modelação e imitação Por muito tempo a modelação foi rotulada por imitação, algo meramente reprodutivo, sem considerar os processos de mediação simbólica. Tal ocorrência pode dar-se, realmente, em experiências de laboratório, onde as respostas não têm consequências para os sujeitos, os quais participam em pesquisas para receber recompensa (...) (ROSA,2003). Mas não se trata no caso de ensinar uma criança a falar ou a expressar seus sentimentos, necessidades, ensinar outro idioma, ou a se comportar socialmente. Nesse caso a modelação será beneficiada da observação de modelos capazes. Modelação, aprendizagem de princípios e regras Nesse caso a modelação apresenta um conjunto específico de resposta, e verifica logo após a aprendizagem de seus observadores. Apesar de parecer somente uma imitação do modelo, observa-se que as crianças continuam apresentando esses comportamentos em diversas situações sem a presença de seus modelos. Quando o observador tem um modelo que trata as pessoas que estão ao seu redor com respeito e consideração, o observador mesmo em situações novas irá apresentar comportamentos idênticos ao do seu modelo, tratando com respeito e consideração à todos. Dessa forma a modelação vai gerar um comportamento de respostas apropriadas quando o observador se encontrar em situações de padrões semelhantes. Esse processo necessita de não somente de imitação de comportamento, mas abstracção, generalização e elaboração de princípios, de funções cognitivas sofisticadas. Bandura demonstrou que a aprendizagem por observação permite a aquisição de regras, conceitos e estratégias de selecção, procura de processamento da informação. As crianças ao observarem modelos adultos realizando tarefas inferiam as regras de classificação e as generalizavam em novos estímulos. Portanto demonstrou-se que a modelação no ensino de regras pode ser maior que a experiência directa. Modelação Verbal e modelação de Comportamento O desenvolvimento de novas respostas, requer organização e uma clara representação de elementos de comportamento em padrões de sequências, portanto o comportamento complexo pode se dar pela modelação verbal e da modelação de comportamento. A modelação verbal ocorre quando a resposta a ser aprendida é por meio de instruções verbais e quanto mais detalhadas elas forem, melhor será o desempenho dos aprendizes. A modelação de comportamento é aprendida pelo observador na observação de um modelo, para posteriormente reproduzi-la, para as crianças pequenas essa modelação é mais eficaz que a verbal. A modelação e comportamento criativo A modelação não produz somente a reprodução do comportamento de outrem, mas também enseja padrões criativos e inovadores. Dessa forma, fica evidente a influência da modelação na implementação de mudanças psicológicas mais amplas e complexas. O Professor e a modelação O professor do ponto de vista da teoria da aprendizagem social, é alguém que representa o modelo de comportamento, modelo verbal e simbólico o resultado dependerá da consistência do modelo, de sua adequação quanto aos alunos, da afectividade ou atractividade do professor como modelo. Não só o professor se apresenta como modelo, mas também os próprios alunos, que podem ser se tornar um importante recurso. O estudo referente a Teoria da Aprendizagem Social de Albert Bandura vai além dos conhecimentos tão divulgados de Skinner, no Condicionamento Operante, pois sua teoria comprova que o ser humano é capaz de envolver as funções superiores cognitivas em suas observações e nas consequências delas, podendo memorizar, adaptar, organizar e adequar seus comportamentos. Para Bandura os principais modelos que uma criança possui são seus pais e seus professores, cabendo a eles um dos papéis sociais mais importantes em que a criança adquire padrões de comportamento. Os padrões de comportamento poderão variar de acordo com seus modelos, portanto tanto a família, como o professor devem representar o melhor modelo possível para a criança, recordando que ela observa os adultos em todas as situações de modelação. O processo de aprendizagem por observação e seus mecanismos Atenção – Para que a aprendizagem ocorra é necessária a atenção quanto aos comportamentos exibidos pelo modelo e suas consequências. A valoração dada à actividade é atribuída a sua utilidade, contribuindo para fortalecer a atenção. Retenção – O comportamento observado é retido na memória por meio de um sistema de codificação para que possa posteriormente ser resgatado. Esses acontecimentos são transformados na memória em representações mentais, em forma de imagens simbólicas ou símbolos verbais. Os comportamentos podem ser mentalmente praticados, antecipando prováveis consequências, dessa forma tornam-se quase que automáticos, proporcionando a pessoa espaço para novas aprendizagens. Reprodução Motora – Nessa fase o comportamento observado é retido, organizado e adaptado pela utilização posterior de acordo com as circunstâncias e capacidades individuais. Reforço e Motivação – Nem todos os padrões comportamentais retidos pela memória são postos em prática, para Bandura existe distinção entre aquisição e desempenho. O desempenho depende de reforçamentos anteriores. Esses factores determinam a decisão de agir ou de manifestar alguma atitude. Factores que facilitam a aprendizagem social Existem um número de factores que são úteis para a promover a ocorrência da aprendizagem social. Alguns desses factores são: a atenção, a memória, as capacidades motoras, o reforço, a identificação, o estatuto do modelo e a origem do modelo. Aplicabilidade da Teoria A medida que o professor interage com os seus alunos investem uma determinada informação que vai além do próprio ensino. Com os seus professores, os alunos podem aprender coisas sobre a higiene, honestidade, egoísmo, autodisciplina ou desorganização.Referências bibliográficas AZEVEDO, Nair Rios. Atmosfera Moral da Escola: a promoção do desenvolvimento ético. Rio de Janeiro: E-papers, 2010. BERNS, Roberta M. Desenvolvimento da Criança. São Paulo: Edições Loyola, 2002. DAVIDOFF, Linda L, Introdução à Psicologia, Person Makron Books,S.P, 2001 FALCAO, Gerson Marinho. Psicologia da Aprendizagem. 10ed. São Paulo: Editora Ática, 2002 JESUS, Saul Neves de. Psicologia da Educação. Quarteto Editora, 2004 MANHIÇA, Carlos. Manual de Psicologia da Aprendizagem. Maputo: MINED, 1996 127 MWAMWENDA, Tuntufyes. Psicologia Educacional: uma perspectiva africana. Mapuro: Texto Editora, 2005 ROSA, Jorge de La (Org.). Psicologia e educação: o significado do aprender. Porto Alegre: Edipucrs, 2003. SPRINTHALL, N. A. e SPRINTHALL, R. C. Psicologia Educacional, Uma Abordagem Desenvolvimentista. Lisboa, Mcgraw-Hill, 1993. TAVARES, J.e ALARCÃO, I. Psicologia de Desenvolvimento e de Aprendizagem. Coimbra, Livraria Almedina, 1990.
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