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15 12 21 PDF LIVRETO ANAFILAXIA

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Anafilaxia:
conceitos, quadro clínico,
diagnóstico e tratamentos
 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação do Projeto
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Coordenação Geral da DTED/
UNA-SUS/UFMA
Ana Emilia Figueiredo de Oliveira
Gestão de projetos da UNA-SUS/UFMA
Amanda Rocha Araújo
Coordenação de Produção Pedagógica
da UNA-SUS/UFMA
Paola Trindade Garcia
Coordenação de Ofertas Educacionais
da UNA-SUS/UFMA
Elza Bernardes Monier
Coordenação de Tecnologia da
Informação da UNA-SUS/UFMA
Mário Antônio Meireles Teixeira
Coordenação de Comunicação
da UNA-SUS/UFMA
José Henrique Coutinho Pinheiro
Professor-autor
Carlos Eduardo Abbud Hanna Roque 
Validadora Técnica – UFMA
Cadidja Dayane Sousa do Carmo
Validadoras técnicas – Ministério da Saúde 
(DESF/SAPS/CGDEP/DAEVS/SVS/MS)
Amanda Firme Carletto
Beatriz Zocal da Silva
Michelle Leite da Silva
Nathalie Alves Agripino
Validadora técnica – Universidade de Brasília 
(UnB) – Departamento de Saúde Coletiva
Cláudia Brandão
Validadoras Pedagógicas
Lívia Anniele Sousa Lisboa
Cadidja Dayane Sousa do Carmo
Revisora Textual
Camila Cantanhede Vieira 
Designers Instrucionais
Samira Vasconcelos Gomes
Steffi Greyce de Castro Lima
Designers Gráficas
Jackeline Mendes Pereira
Agnes Milen Guerra
COMO CITAR ESTE MATERIAL
ROQUE, Carlos Eduardo Abbud Hanna. Anafilaxia: conceitos, quadro clínico, diagnóstico e 
tratamentos. In: UNIVERSIDADE ABERTA DO SUS. UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO. 
Cuidado nas queixas comuns no atendimento à demanda espontânea na atenção primária à 
saúde. Cuidado em reações anafiláticas. São Luís: UNA-SUS; UFMA, 2021.
© 2021. Ministério da Saúde. Sistema Universidade Aberta do SUS. Fundação Oswaldo Cruz & Universidade 
Federal do Maranhão. É permitida a reprodução, disseminação e utilização desta obra, em parte ou em sua 
totalidade, nos termos da licença para usuário final do Acervo de Recursos Educacionais em Saúde (ARES). 
Deve ser citada a fonte e é vedada sua utilização comercial, sem a autorização expressa dos seus autores, 
conf. Lei de Direitos Autorais-LDA. (Lei n.09.610, de 19 de fevereiro de 1998).
Créditos
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário
Apresentação ....................................................................................................................
1 ANAFILAXIAS .................................................................................................................
 1.1 Classificação ..........................................................................................................
 1.2 Fatores Desencadeantes .......................................................................................
2 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DAS REAÇÕES ANAFILÁFICAS ..........................
3 TRATAMENTO DA REAÇÃO ANAFILÁTICA ..................................................................
Considerações finais .......................................................................................................
Referências .......................................................................................................................
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Apresentação
OBJETIVO
Ao final deste material, esperamos que você compreenda o conceito de anafilaxia, 
reconhecendo o quadro clínico das reações anafiláticas e identificando o 
tratamento adequado.
Olá, aluna(o)!
Dentre as queixas comuns no atendimento à demanda espontânea na Atenção 
Primária à Saúde (APS), estão as Reações Anafiláticas, que se caracterizam por serem 
uma reação alérgica súbita grave com potencial de evoluir para óbito. Dessa forma, 
é de fundamental importância a compreensão do manejo adequado desses quadros 
pela equipe da APS, principal porta de entrada do usuário ao Sistema Único de Saúde 
(SUS), pois essas são emergências tratáveis que, se não cuidadas, ameaçam a vida das 
pessoas.
Você sabe quais são as características clínicas das reações anafiláticas?
Quais os critérios para o seu diagnóstico e o tratamento adequado para esses casos? 
Convidamos você a explorar este recurso educacional com o intuito de compreender 
o conceito de anafilaxia, reconhecer o quadro clínico das reações anafiláticas e de 
estabelecer o diagnóstico correto para iniciar o tratamento eficaz de forma imediata.
Bons estudos!
Embora não haja um consenso sobre o seu conceito, de modo geral, compreende-se a 
anafilaxia como1: 
O diagnóstico da anafilaxia é essencialmente clínico, evidenciando o envolvimento de 
vários sistemas, como o cardiovascular, o cutâneo, o respiratório e o gastrointestinal. O 
seu reconhecimento e o tratamento oportuno, bem como o posterior estudo etiológico, são 
essenciais para evitar novos episódios1.
1. ANAFILAXIAS
5
1.1 Classificação
A anafilaxia imunológica é geralmente mediada por imunoglobulina E (IgE) específica, 
que se liga a seus receptores de alta afinidade presentes em mastócitos e basófilos do 
tecido circulante e a receptores de baixa afinidade presentes em linfócitos, eosinófilos 
e plaquetas. A interação entre o alérgeno e a IgE induz a degranulação de mastócitos 
e basófilos e a liberação de mediadores pró-inflamatórios, como histamina, triptase, 
leucotrienos, prostaglandinas e fator ativador de plaquetas. Esses mediadores produzem 
vasodilatação, aumento da permeabilidade vascular, contração da musculatura lisa 
brônquica, hipersecreção glandular, e são responsáveis pelas manifestações clínicas1.
No entanto, a anafilaxia causada por mecanismos fisiopatológicos imunológicos pode 
ser Não IgE Mediada, existindo outros mecanismos de ativação imune que podem induzir a 
anafilaxia, como a produção de imunoglobulina G (IgG), a ativação do sistema complemento 
ou a ativação direta do sistema imune inato1.
A anafilaxia não imunológica é produzida por fatores cujo mecanismo exato de indução 
ainda não está bem elucidado, mas sabe-se que é desencadeada por alguns fatores 
físicos, como exercícios, calor, radiação ultravioleta, álcool e alguns medicamentos, como 
os opioides. Ainda é desconhecido o mecanismo responsável pelo quadro de anafilaxia 
idiopática, sendo essa reação diagnosticada após a realização de um estudo alérgico em 
que a causa não foi determinada1.
A anafilaxia pode ser classificada a partir dos mecanismos fisiopatológicos como 
imunológica, não imunológica e idiopática1. 
Reação alérgica grave e inesperada que tem um início rápido e pode ser fatal.
6
CLASSIFICAÇÃO DA ANAFILAXIA PELOS MECANISMOS FISIOPATOLÓGICOS 
Anafilaxia
Imunológica
(Alérgica)
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World 
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
Não Imunológica
(Não Alérgica)
Idiopática
IgE Mediada
(Alimentos, venenos de insetos, látex,
medicamentos, contraste radiográfico)
Não IgE Mediada
(Derivados do sangue, agregados imunes,
contraste radiográfico, anti-inflamatórios
não hormonais)
Agentes Físicos
(Frio, exercícios físicos, etanol)
Outros medicamentos
(Anti-inflamatórios não hormonais,
opiáceos, contraste radiográfico)
7
1.2 Fatores Desencadeantes
Os indivíduos com histórico de reações alérgicas e os portadores de asma são mais 
propensos a apresentar quadros de anafilaxia2. A seguir, estão exemplificados alguns dos 
principais fatores desencadeantes de reações anafiláticas:
Os principais fatores desencadeantes das reações anafiláticas são os alimentos, 
picadas de inseto ou o contato com outros animais, e medicamentos2.
PRINCIPAIS FATORES DESENCADEANTES DE REAÇÕES ANAFILÁTICAS
Alimentos
Banana;
Frutas cítricas;
Chá de camomila;
Leite de vaca;
Ovo;
Peixe e crustáceos;
Amendoim, amêndoa, nozes;
Glúten;
Trigo.
Fator Desencadeante Exemplos
Abelhas;
Formigas;
Águas-vivas;
Serpentes.
Ácido acetilsalicílico;
Analgésicos;
Anti-inflamatórios;
Relaxantes musculares;
Antibióticos;
Quimioterápicos;
Inibidores de bomba de prótons.
Látex;
Contrastes radiográficos;
Exercícios físicos;
Baixas temperaturas.
Animais
Medicamentos
Outras Causas
Fonte: Adaptado de CARDONA,Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World 
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
O resultado e a gravidade de uma reação anafilática não dependem apenas do próprio 
indutor e de sua dose, mas também da presença de cofatores, que podem afetar o início 
e a intensidade de uma determinada reação. Esses cofatores incluem uma variedade de 
circunstâncias endógenas e exógenas², conforme apresentado na imagem a seguir:
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 
2020. World Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7607509/pdf/main.pdf.>. Acesso em: 06 maio 2021.
FATORES RELACIONADOS À IDADE
FATORES E COFATORES QUE INDUZEM A ANAFILAXIA
Crianças
(Não conseguem
informar sintomas)
Adolescentes e
Adultos Jovens
(Aumenta
comportamento
de risco)
Gestantes e
Puérperas
(Risco por uso de
medicamentos)
Idosos
(Interação medicamentosa
e maior risco de anafilaxia
por veneno de inseto)
COMORBIDADES
Rinite Alérgica
Eczema
Doença
Psiquiátrica
Asma e
outras doenças
respiratórias
Doenças
Cardiovasculares Mastocitose
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
/ ETANOL / USO DE DROGAS
Etanol, sedativos,
hipnóticos,
antidepressivos
Betabloqueadores,
AINE, inibidores
da ECA
COFATORES QUE PREDISPÕEM A ANAFILAXIA
Exercícios
Físicos
Infecções
Agudas
Estresse Alteração
da Rotina
Estado
Pré-Menstrual
8
9
Frequentemente, os sintomas têm início alguns segundos ou minutos após o contato 
com a substância. No entanto, quando o quadro é desencadeado por substâncias orais ou 
quando o início dos sintomas demora mais que 30 minutos, as reações anafiláticas podem 
ser mais demoradas ou recidivadas3.
Em diversas situações, as reações alérgicas acometem apenas um sistema, com 
manifestação clínica relacionada apenas às alterações dermatológicas, como a urticária e 
o angioedema. A urticária atinge apenas a epiderme e a mucosa, com lesões polimórficas 
que podem ocorrer em qualquer área do corpo. O angioedema apresenta acometimento 
mais profundo da derme e da submucosa, caracterizado por edema localizado sem outros 
sintomas, atingindo face, mãos, região genital e, raramente, órgãos abdominais3.
Para o diagnóstico da reação anafilática, é importante a realização de anamnese 
sucinta e direcionada, seguida de exame físico focado na procura de sinais claros de 
reação anafilática e, tão logo a hipótese diagnóstica seja feita, deve-se iniciar o tratamento 
imediatamente3.
2 QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO DAS REAÇÕES
ANAFILÁFICAS
As reações anafiláticas apresentam manifestações clínicas mistas, sendo incluídos 
diversos sinais e sintomas sistêmicos, que variam de leves a graves, podendo evoluir 
brevemente para quadros muito graves, que se não tratados imediatamente podem 
evoluir para óbito3.
O diagnóstico de anafilaxia é altamente provável quando pelo menos um dos dois critérios 
a seguir é atendido:
1. Início agudo (minutos a várias horas) com comprometimento da pele, mucosa ou ambos 
(Ex.: urticária generalizada, prurido disseminado, edema em lábios, língua ou úvula).
Associado a pelo menos UM dos sintomas a seguir:
a. Comprometimento respiratório (dispneia, broncoespasmo, estridor laríngeo, hipoxia).
b. Comprometimento cardiovascular ou disfunção de órgão-alvo (hipotensão, tontura,
 arritmias, hipotonia, síncope, incontinência).
c. Comprometimento gastrointestinal grave (dor abdominal intensa, vômitos persistentes),
 especialmente após a exposição a alérgenos não alimentares.
2. Início agudo (minutos a várias horas) de hipotensão ou broncoespasmo ou 
envolvimento laríngeo (estridor, alteração vocal, odinofagia) após exposição a um 
alérgeno conhecido ou altamente provável para aquele paciente, mesmo na ausência
de envolvimento cutâneo típico.
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World 
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. 
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Quando a história de contato com as substâncias é evidente, o diagnóstico da reação 
anafilática se torna óbvio. Porém, quando isso não acontece, é essencial que sejam 
considerados diagnósticos diferenciais2. Os principais diagnósticos diferenciais envolvem 
a agudização da asma, síncope, síndrome do pânico, urticária generalizada, obstrução 
de via aérea por corpo estranho, espasmo laríngeo, infarto agudo do miocárdio (IAM), 
tromboembolismo pulmonar, acidente vascular cerebral (AVC), convulsão, intoxicação 
aguda, hipotensão, reação vasovagal, choque hipovolêmico e choque séptico2.
Dilemas diagnósticos comuns Asma; Síncope; IAM; AVC; Convulsão.
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS DA ANAFILAXIA
Intoxicação alimentar.Síndromes Pós-prandiais
Doenças não orgânicas Síndrome do Pânico.
Séptico; Hipovolêmico; Cardiogênico.Choque
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. World 
Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020.
Em diversas situações, as reações alérgicas acometem apenas um sistema, com 
manifestação clínica relacionada apenas às alterações dermatológicas, como a urticária e 
o angioedema. A urticária atinge apenas a epiderme e a mucosa, com lesões polimórficas 
que podem ocorrer em qualquer área do corpo. O angioedema apresenta acometimento 
mais profundo da derme e da submucosa, caracterizado por edema localizado sem outros 
sintomas, atingindo face, mãos, região genital e, raramente, órgãos abdominais³.
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Nesses casos, o diagnóstico é clínico, não sendo necessária a realização de exames 
laboratoriais, inicialmente, considerando a duração dos sintomas, histórico familiar, 
comorbidades, utilização de novas medicações ou aumento de dose. Os diagnósticos 
diferenciais dessas lesões envolvem tinea corporis, pitiríase, granuloma anular, hanseníase 
e lúpus eritematoso subcutâneo³. Observe abaixo alguns casos de pessoas com urticárias 
e angiodemas: 
Angioedema periorbital: reação
ao uso de antibiótico oral.
Fonte: Acervo pessoal do autor.
Urticária: reação ao uso de anti-
inflamatório não esteroidal.
Fonte: Acervo pessoal do autor.
Urticária em face: reação por
uso de dermocosmético.
Fonte: Acervo pessoal do autor.
Urticária: agente causador
não identificado.
Fonte: Acervo pessoal do autor.
12
Após a identificação de um caso de reação anafilática, a equipe da Unidade de Saúde 
da Família (USF) deve trabalhar de forma integrada, encaminhando o usuário para ambiente 
adequado onde será possível prestar os cuidados iniciais, articular imediatamente junto à 
Rede de Atenção à Saúde a remoção do usuário para unidade de urgência e emergência e 
garantir as medidas de suporte necessárias até a chegada do Serviço Móvel de Urgência. No 
entanto, vale ressaltar que a atuação da equipe da USF, no caso em questão, não se encerra 
com a remoção do usuário. É necessário que o usuário seja monitorado pela equipe, através 
de busca ativa e visita domiciliar pelo agente comunitário de saúde, e do compartilhamento 
e discussão do caso na reunião de equipe e na reavaliação clínica após alta da unidade de 
urgência e emergência, pois a longitudinalidade e a coordenação do cuidado são atributos 
essenciais da APS.
3 TRATAMENTO DA REAÇÃO ANAFILÁTICA
IMPORTANTE
A reação anafilática é sempre uma condição de absoluta emergência, e o Serviço 
Móvel de Urgência deve ser acionado imediatamente, enquanto a equipe presta 
os cuidados iniciais e garante as medidas de suporte necessárias até a remoção 
do paciente para unidade de urgência e emergência.
O objetivo do tratamento da reação anafilática é manter a oxigenação e a perfusão 
dos órgãos vitais, sendo a adrenalina a droga de escolha, devendo ser administrada 
imediatamente4.
A adrenalina é o medicamento mais eficaz para o tratamento da anafilaxia. Pode 
prevenir ou reverter o broncoespasmo e o colapso cardiovascular, devendo ser administrada 
precocemente, pois melhora a sobrevida. Possuirápido início de ação e meia-vida curta, 
com estreita margem terapêutico-tóxica. A via intramuscular (IM) é a via de escolha para 
administração da adrenalina no tratamento inicial da anafilaxia em qualquer situação, 
preferencialmente na face anterolateral da coxa4.
A adrenalina é encontrada em solução aquosa a 1mg/ml. A dose administrada para 
adultos é de 0,3ml a 0,5ml, por via IM, em dose única. Nos casos refratários, pode ser repetida 
em intervalos de 15 minutos, de duas a três vezes. Para crianças, a dose recomendada é de 
0,01mg/kg, com máximo de 0,5mg, por via IM, também em dose única, podendo ser repetida 
em intervalos de 15 minutos nos casos refratários4.
A adrenalina por via IM apresenta mais rápida e mais alta taxa de concentração 
plasmática do que por via subcutânea (SC), e apresenta maior margem de segurança do 
que a administração por via intravenosa (IV)4.
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Os efeitos adversos comuns e transitórios da adrenalina podem ocorrer com o uso de 
doses terapêuticas, e envolvem4:
Ansiedade
Medo
Inquietação
Tontura
Dor de cabeça
Palpitações
Palidez
Tremor
Os efeitos terapêuticos da adrenalina envolvem ação agonista em receptores alfa-1 
adrenérgicos, que promove o aumento da vasoconstrição e da resistência vascular periférica, 
diminuindo o edema da mucosa; ação agonista nos receptores beta-1 adrenérgicos, 
com efeito inotrópico e cronotrópico positivo; e ação agonista nos receptores beta-2 
adrenérgicos, aumentando a broncodilatação e diminuindo a liberação de mediadores 
inflamatórios dos mastócitos e basófilos4.
IMPORTANTE
Até o momento, não existem estudos com elevado grau de evidência sobre o 
uso da adrenalina IV na anafilaxia, devendo essa via ser utilizada apenas por 
profissional médico experiente, em ambiente hospitalar e com monitoramento 
cardíaco rigoroso, uma vez que apresenta maior risco de efeitos adversos graves, 
como taquiarritmias e isquemia miocárdica, devido à dosagem inadequada ou 
possível potencialização por outros medicamentos que o usuário está recebendo. 
Desse modo, a via IV apenas será indicada em casos refratários após múltiplas 
doses IM de adrenalina, parada cardíaca ou em pessoas hipotensas que não 
respondem à reposição volêmica IV4. 
Os efeitos adversos raros geralmente ocorrem em caso de superdosagem, uso 
concomitante de outros medicamentos ou comorbidade associada, na forma de arritmias 
ventriculares, isquemia miocárdica, edema pulmonar, crise hipertensiva, e hemorragia 
intracraniana4.
Mesmo nas pessoas que apresentam comorbidades ou maior risco de efeitos adversos 
pelo uso de adrenalina, uma vez que não existe contraindicação absoluta ao seu uso, a 
relação risco-benefício indica a utilização da medicação nos casos de anafilaxia, pois o 
benefício é muito maior do que o risco das complicações5.
14
Os corticoides e anti-histamínicos também podem ser utilizados nos quadros de reação 
alérgica com manifestação dermatológica, pois a urticária e o angioedema geralmente são 
autolimitados e apresentam boa resposta ao tratamento sintomático3.
Na fase aguda da reação anafilática, o emprego de corticoides orais (prednisona, 
prednisolona) ou venosos (hidrocortisona) e anti-histamínicos (loratadina, prometazina, 
dexclorfeniramina) não é útil, devendo ser reservados para
evitar uma evolução arrastada4. 
Vale salientar que a adrenalina pode apresentar interação com outras drogas. Os 
betabloqueadores podem diminuir sua eficácia, os inibidores da enzima conversora de 
angiotensina e os bloqueadores do receptor de angiotensina II podem concorrer com 
seu efeito compensatório à hipotensão; os antidepressivos tricíclicos e os inibidores 
da monoamina oxidase (MAO) dificultam a metabolização da adrenalina e promovem o 
aumento da concentração sérica acima de níveis terapêuticos, e a cocaína e as anfetaminas 
facilitam a toxicidade da adrenalina pelo aumento da sensibilização do miocárdio5. 
IMPORTANTE
Deve-se estar atento aos quadros de anafilaxia em pessoas que fazem uso de 
betabloqueadores, pois estão mais sujeitos às reações anafiláticas. Além disso, 
a adrenalina pode ter ação limitada nesses pacientes4. 
Nos casos em que há hipotensão, o usuário deve ser colocado em posição de 
Trendelenburg (decúbito dorsal com elevação dos membros inferiores), devendo ser 
realizada infusão rápida intravenosa de solução fisiológica. Nas situações em que 
está presente o broncoespasmo, deve-se considerar o uso de broncodilatador, como o 
salbutamol3.
15
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victòria et al. Guía de actuación en anafilaxia. Galaxia, 2016; BRASIL. Ministério 
da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica nº 
28 – Acolhimento a demanda espontânea: Queixas mais comuns na Atenção Básica. Volume II. 1 ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2012; SOLÉ, D. Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Alergia. Guia Prático 
de Atualização. Anafilaxia. nº 1, 2016.
50mcg/kg/dose.
Dose Máxima: 10 jatos.
4 a 8 jatos a cada
20 minutos.
Salbutamol 100mcg/jato
(Via inalatória)
Não deve ser usada em
menores de 2 anos.
2 a 6 anos – 1,25ml, 3x ao dia.
6 a 12 anos – 2,5ml, 3x ao dia.
Acima de 12 anos – 5,0ml, 3x ao dia.
2mg, 3x ao dia.
Dexclorfeniramina
2mg (cp) ou 2mg/5 ml
(xarope)
MEDICAMENTOS UTILIZADOS NAS REAÇÕES ANAFILÁTICAS
Dose – Criança Dose – AdultoMedicamento
0,01mg/kg, até o
máximo 0,5mg, IM. 0,3ml a 0,5ml, IM.Adrenalina 1mg/ml
5-10ml/kg IV nos
primeiros 5 minutos e
30ml/kg na primeira hora.
1 a 2 litros IV.
Expansão de Volume
Solução Salina
Ringer Lactato
4mg/kg IV ou IM. 100mg a 500mgIV ou IM.
Hidrocortisona –
Ampola com 100mg
ou 500mg
0,5mg-1mg/kg/dia VO. 0,5mg-1mg/kg/dia VO.
Prednisona 5mg (cp)
ou 20mg (cp)
Prednisolona 3mg/ml
(xarope)
Não deve ser usada
em menores de 2 anos.
0,5 mg/kg/dose, IM.
25mg-50mg, IM.
Dose máxima: 100mg/dia.
Prometazina 25mg/ml
(Injetável)
Não deve ser usada
em menores de 2 anos.
Abaixo de 30kg – 5mg/dia.
Acima de 30kg – 10mg/dia.
10mg/dia.Loratadina 10mg (cp)ou 1mg/ml (xarope)
16
Após os cuidados iniciais na Unidade Básica de Saúde (UBS), os usuários 
que apresentam quadro de anafilaxia devem ser removidos para unidade de 
urgência/emergência para terapia e monitoramento contínuos, especialmente aqueles 
com apresentação inicial de comprometimento respiratório ou circulatório significativo e 
pacientes com anafilaxia refratária6.
As reações bifásicas podem ocorrer em menos de 5% das pessoas com diagnóstico de 
anafilaxia e são definidas como a recorrência da anafilaxia dentro de 72 horas após a reação 
inicial sem nova exposição ao alérgeno. O tempo de observação superior a seis horas após 
a resolução dos sintomas anafiláticos pode excluir a recorrência de uma reação secundária 
em mais de 95% das pessoas. Um período mínimo de observação de quatro horas apoia as 
diretrizes atuais, com períodos de observação mais longos recomendados com base em 
fatores individualizados, como reação bifásica anterior, gravidade da apresentação inicial, 
tratamento com doses múltiplas de adrenalina, reação anafilática previamente prolongada, 
desencadeamento anafilático desconhecido ou presença de fatores de risco para anafilaxia 
grave ou fatal6.
17
ABORDAGEM INICIAL - ANAFILAXIA
Fonte: Adaptado de CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 
2020. World Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. Disponível em: 
<https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7607509/pdf/main.pdf.>. Acesso em: 06 maio 2021.
Além disso:
Imediata e simultaneamente, realize os passos 4, 5 e 6:
1. Tenha um protocolo de emergência por escrito para reconhecimento
 e tratamento da Anafilaxia. A equipe deve estar capacitada.
2. Afastar/Remover o agente causador da anafilaxia.
3. Avalie o paciente: vias aéreas, respiração, circulação,
 nível de consciência, pele e peso corporal.
4. Peça Ajuda - Acione o Serviço Móvel de Urgência para remoção
 do paciente.
5. Administre adrenalina (1mg/ml) porvia intramuscular na face
 anterolateral da coxa, na dose de 0,3ml a 0,5ml para adultos,
 e 0,01mg/kg para crianças.
6. Coloque o paciente em posição de Trendelenburg (Decúbito
 dorsal com elevação dos membros inferiores).
7. Quando indicado, administrar oxigênio suplementar de alto fluxo
 (6-8 L / minuto), por meio de máscara facial ou via aérea orofaríngea.
8. Estabeleça acesso intravenoso, em caso de hipotensão administrar
 volume (solução salina ou ringer lactato). 1 a 2 litros para adultos
 e 10ml/kg para crianças.
9. Se indicado a qualquer momento, inicie a ressuscitação
 cardiopulmonar com compressões torácicas contínuas.
10. Em intervalos regulares e frequentes, monitore a pressão sanguínea
 do paciente, a frequência e função cardíaca, o estado respiratório
 e a oxigenação (monitore continuamente, se possível).
 
 
 
 
 
 
 
 
Considerações finais
Como você pôde observar, as reações anafiláticas apresentam manifestações 
clínicas mistas, sendo incluídos diversos sinais e sintomas sistêmicos, que variam 
de leves a graves, e que podem evoluir em pouco tempo para quadros muito graves, 
podendo levar o usuário a óbito. Sendo assim, a reação anafilática é sempre uma 
condição de absoluta emergência e seu tratamento deve iniciar imediatamente. O 
tratamento da reação anafilática tem o intuito de manter a oxigenação e a perfusão 
dos órgãos vitais, sendo a adrenalina o medicamento mais eficaz para isso devido à 
sua ação de início rápido, melhorando a sobrevida do usuário.
Neste material, foram apresentados os quadros clínicos característicos de 
reações anafiláticas, os critérios para seu diagnóstico e o tratamento adequado que 
deve ser estabelecido nesses casos. Esses conhecimentos são relevantes para que 
o diagnóstico e o tratamento possam ser feitos com agilidade em uma pessoa com 
reação anafilática e, assim, salvar sua vida. Esperamos que você tenha compreendido 
os pontos abordados aqui e que possa aplicar esses conhecimentos na sua prática de 
trabalho.
Até a próxima!
 
 
 
 
 
 
 
 
Referências
1. TOCHE, P. Paola. Anafilaxia. Revista Médica Clínica Las Condes, v. 22, n. 3, p. 
265-269, 2011. Disponível em: http://www.clc.cl/clcprod/media/contenidos/pdf/-
MED_22_3/265-269-dra-toche.pdf. Acesso em: 06 maio 2021.
2. CARDONA, Victoria et al. World allergy organization anaphylaxis guidance 2020. 
World Allergy Organization Journal, v. 13, n. 10, p. 100472, 2020. Disponível em: 
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC7607509/pdf/main.pdf. Acesso 
em: 06 maio 2021.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento 
de Atenção Básica. Cadernos de Atenção Básica nº28 – Acolhimento a demanda 
espontânea: Queixas mais comuns na Atenção Básica. Volume II. 1 ed. Brasília: 
Ministério da Saúde, 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publica-
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