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Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 1 PROBLEMA 7 TOSSE E PNEUMONIA TOSSE A tosse fornece uma função protetora essencial para as vias respiratórias e pulmões humanos. Sem um reflexo de tosse efetivo, nós corremos risco de reter secreções e material aspirado nas vias respiratórias, predispondo à infecção, atelectasia e comprometimento respiratório. A tosse excessiva pode ser cansativa e pode ser complicada por vômito, síncope, dor muscular ou fraturas nas costelas e pode agravar as hérnias inguinais ou abdominais e a incontinência urinária. A tosse é muitas vezes um indício da presença de doença respiratória. MECANISMO DA TOSSE A tosse espontânea é desencadeada pela estimulação das terminações nervosas sensoriais que parecem ser primariamente receptores de adaptação rápida e fibras C. Os estímulos químicos (capsaicina) e mecânicos (poluição) podem iniciar o reflexo da tosse. Um canal de íon catiônico, chamado de receptor vaniloide do tipo 1, é encontrado nos receptores de adaptação rápida e nas fibras C — ele é o receptor para a capsaicina e sua expressão é aumentada em pacientes com tosse crônica. As terminações nervosas aferentes inervam de forma abundante a faringe, a laringe e as vias respiratórias até o nível dos bronquíolos terminais e dentro do parênquima pulmonar. Elas também podem ser encontradas no meato acústico externo (o ramo auricular do nervo vago, chamado de nervo de Arnold) e no esôfago. Os sinais sensoriais viajam por meio dos nervos vago e laríngeo superior para uma região do tronco encefálico no núcleo do trato solitário, vagamente identificado como o “centro da tosse”. O reflexo da tosse envolve uma série altamente orquestrada de ações musculares involuntárias, com o potencial para input a partir das vias corticais também. ® As pregas vocais aduzem, levando à oclusão transitória das vias respiratórias superiores. ® Os músculos expiratórios contraem-se, gerando pressões intratorácicas positivas de até 300 mmHg. ® Com a liberação súbita da contração laríngea, fluxos expiratórios rápidos são gerados, excedendo o “envelope” normal do fluxo expiratório máximo visto na curva de fluxo-volume. ® A contração do músculo liso brônquico junto com a compressão dinâmica das vias respiratórias estreita os lumens das vias respiratórias e maximiza a velocidade de exalação (até 180 km/hora). ® A energia cinética disponível para desalojar o muco da parte interna das paredes das vias respiratórias Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 2 é diretamente proporcional ao quadrado da velocidade do fluxo expiratório. ® Uma respiração profunda que precede uma tosse otimiza a função dos músculos expiratórios. ® Uma série de tossidas repetitivas em volumes pulmonares sucessivamente mais baixos limpa o ponto de velocidade expiratória máxima progressiva- mente mais para a periferia pulmonar. TOSSE PREJUDICADA A tosse fraca ou ineficaz compromete a capacidade de limpar as infecções do trato respiratório inferior, predispondo a infecções mais graves e suas sequelas. Vários dispositivos e técnicas de assistência foram desenvolvidos para melhorar a força da tosse, variando de simples (imobilização dos músculos abdominais com um travesseiro firmemente preso para reduzir a dor pós-operatória ao tossir) a complexos (dispositivo mecânico de auxílio à tosse aplicado via máscara facial ou tubo traqueal que aplica um ciclo de pressão positiva seguida rapidamente por pressão negativa). A tosse pode não conseguir limpar as secreções apesar de uma capacidade preservada de gerar velocidades expiratórias normais, devido a secreções anormais das vias respiratórias como a bronquiectasia devido à fibrose cística ou anormalidades estruturais das vias res- piratórias como traqueomalacia com colapso expiratório durante a tosse. TOSSE SINTOMÁTICA A tosse pode ocorrer no contexto de outros sintomas respiratórios que, juntos, conduzem a um diagnóstico, como quando a tosse é acompanhada por respiração ofegante, dificuldade de respirar e opressão torácica após exposição a um gato ou outras fontes de alergia. A tosse pode ser o sintoma dominante ou único da doença e pode ser de duração e gravidade suficientes que o alívio é procurado. A duração da tosse é a pista para sua etiologia. Tosse aguda . < 3 semanas de duração . Infecção do trato respiratório . Aspiração . Inalação de agentes químicos nocivos ou fumaça. Tosse subaguda . 3-8 semanas de duração . Comum ser o resíduo de uma traqueobronquite, como na coqueluche ou “síndrome tússica pós-viral” Tosse crônica . 8 semanas de duração . Doenças cardiopulmonares — incluindo etiologias inflamatórias, infecciosas, neoplásicas e cardiovasculares. . Avaliação inicial com exame + radiografia torácica normal = provável asma variante da tosse, refluxo gastresofágico, drenagem nasofaríngea e medicações (IECA) são as causas mais comuns de tosse crônica. A tosse de menos de 8 semanas de duração pode ser a manifestação inicial de uma doença que cause tosse crônica. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 3 AVALIAÇÃO DA TOSSE CRÔNICA Anamnese . Início da tosse . Fatores de melhora e piora . Produção de secreção Exame físico . Doença cardiopulmonar – presença de sibilância ou crepitações . Canais auditivos e membranas timpânicas, percursos nasais (rinite) e unhas (baqueteamento) Exames complementares . Radiografia de tórax . Exame do escarro expectorado (purulência: bactéria; mucoide: malignidade e bronqueite neutrofílica vs eosinofílica; presença de sangue) Tosse crônica com radiografia torácica anormal . IECA: o mecanismo da tosse por inibidor da ECA pode envolver sensibilização das terminações nervosas sensoriais devido ao acúmulo de bradicinina. . Drenagem pós-nasal: causa tosse como resposta ao estímulo de receptores sensoriais da via de reflexo da tosse na hipofaringe ou aspiração de secreções drenadas na traqueia. As pistas para esta etiologia incluem sintomas de gotejamento pós-nasal, limpeza frequente da garganta e espirro e rinorreia. . Refluxo gastroesofágico: o refluxo dos conteúdos gástricos no esôfago inferior pode desencadear a tosse por meio de vias reflexas iniciadas na mucosa esofágica. O refluxo no nível da faringe com aspiração consequente dos conteúdos gástricos causa uma bronquite química e possível pneumonite que pode provocar a tosse por dias após o evento da aspiração. . Asma: a tosse por asma é comum em crianças. TRATAMENTO A tosse idiopática crônica é lamentavelmente comum. . Cócegas ou sensibilidade na área da garganta . Mais frequente nas mulheres . Costuma ser “seca” ou produtora de quantidades escassas de escarro mucoide . Pode ser exaustiva, interferir com o trabalho e causar embaraço social Quando a patologia cardiopulmonar subjacente grave foi excluída, uma tentativa na supressão da tosse é apropriada. Medicamentos Narcóticos supressores da tosse — agem no centro da tosse, no tronco encefálico. Tendência de causar tontura e constipação e seu potencial para dependência limitam o uso de longo prazo. . Codeína . Hidrocodona Inibidor da tosse . Dextrometorfano: inibidor da tosse vendido sem receita médica, que age centralmente, com poucos efeitos colaterais e menor eficácia comparado com os narcóticos supressores da tosse. Supressor da tosse não narcótico . Benzonatato: inibe a atividade neural dos nervos sensoriais no trajeto do reflexo de tosse. Não costuma ter efeitos colaterais,mas a sua efetividade na inibição da tosse é variável e imprevisível. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 4 PNEUMONIA É uma infecção do parênquima pulmonar. Em relação a etiologia, é classificada em: . Pneumonias adquiridas na comunidade (PAC) . Pneumonias adquiridas nos hospitais (PAH) . Pneumonias associadas ao respirador (PAR) . Pneumonias associadas aos serviços de saúde (PASS): combinação de vários fatores de risco FISIOPATOLOGIA A pneumonia acontece a depender principalmente desses dois fatores: ® Proliferação dos patógenos microbianos nos espaços alveolares ® Resposta do hospedeiro a estes agentes patogênicos Porta de entrada mais comum: aspiração das secreções orofaríngeas — patógenos são inalados na forma de gotículas contaminadas. Mais comum: . Durante o sono (especialmente nos idosos) . Pacientes com níveis deprimidos de consciência Casos raros: disseminação hematogênica (endocardite da valva tricúspide) ou por extensão direta dos espaços pleural ou mediastinal infectados. Defesa do hospedeiro . Pelos e conchas nasais das narinas: retêm as partículas inaladas maiores antes que elas possam chegar às vias respiratórias inferiores. . Árvore traqueobrônquica: a sua arquitetura retém partículas no revestimento das vias respiratórias. É onde a atividade mucociliar e os fatores antibacterianos locais eliminam ou destroem os patógenos potenciais. . Reflexo de engasgo e o mecanismo da tosse . Flora normal: está aderida às células da mucosa da orofaringe — os componentes são notavelmente invariáveis e impedem que as bactérias patogênicas se liguem, reduzindo o risco de pneumonia causada por estas bactérias mais patogênicas. . Macrófagos alveolares: eliminam e destroem patógenos. . Proteínas A e D do surfactante: possuem propriedades intrínsecas de opsonização ou atividade antibacteriana ou antiviral . Sistema elevatório mucociliar ou vasos linfáticos: eliminam os patógenos e não causam mais risco de infecção. A pneumonia evidencia-se apenas quando a capacidade de os macrófagos alveolares ingerirem ou destruírem os microrganismos é suplantada. Quando isso acontece, os macrófagos alveolares ativam a resposta inflamatória para reforçar as defesas das vias respiratórias inferiores. A resposta inflamatória do hospedeiro, mais do que a proliferação dos microrganismos, desencadeia a síndrome clínica da pneumonia: . Liberação dos mediadores inflamatórios (IL-1, TNF) provoca febre . IL-8 e o fator de estimulação das colônias de granulócitos estimulam a liberação dos neutrófilos e sua atração ao pulmão causando leucocitose periférica e secreções purulentas aumentadas . Mediadores inflamatórios liberados pelos macrófagos e pelos neutrófilos recém- recrutados: causam extravasamento alveolocapilar — na pneumonia este processo fica localizado (ao menos inicialmente) O extravasamento capilar é responsável pelos infiltrados radiográficos e pelos estertores detectáveis à ausculta. A hipoxemia é atribuída ao preenchimento dos espaços alveolares. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 5 . Eritrócitos conseguem atravessar a membrana alveolocapilar e isto causa hemoptise . Redução da complacência pulmonar por extravasamento capilar, hipoxemia, hiperestimulação do centro respiratório, secreções profusas, broncoespasmo — causam dispneia. PATOLOGIA Fase inicial . Edema com presença de exsudato proteináceo, e geralmente de bactérias, nos alvéolos . Fase raramente evidenciada porque rapidamente é seguida da fase de hepatização vermelha . Histologicamente, observa-se congestão vascular com fluido proteináceo, neutrófilos disseminados e muitas bactérias nos alvéolos. . Hepatização vermelha . Espaços alveolares estão preenchidos por neutrófilos, eritrócitos e fibrina. Hepatização cinzenta . Não há eritrócitos recém-chegados no material extravasado — hemácias que já estavam presentes estão desintegradas e degradadas . Os neutrófilos são as células predominantes . A deposição de fibrina é abundante . Bactérias desapareceram . Essa fase corresponde à delimitação bem- sucedida da infecção e à melhora da troca gasosa Fase final — Resolução . Macrófagos reaparecem como células predominantes no espaço alveolar . Neutrófilos, bactérias e fibrina foram eliminados e a resposta inflamatória regrediu CLASSIFICAÇÃO DA PNEUMONIA De acordo com a distribuição das lesões no território pulmonar, as pneumonias podem ser: . Pneumonia lobar: processo inflamatório tem disseminação relativamente uniforme nos lobos pulmonares, dando ao parênquima padrão homogêneo de acometimento. O microrganismo mais associado à pneumonia lobar é o Streptococcus pneumoniae, frequentemente associado as PAC. . Pneumonia lobular ou broncopneumonia: focos inflamatórios múltiplos que acometem lóbulos pulmonares — disseminação do agente através das pequenas vias aéreas distais. Acomete mais comumente crianças, idosos ou indivíduos debilitados. . Pneumonia intersticial: reação inflamatória que afeta predominantemente o interstício pulmonar. Diversos vírus, e Mycoplasma sp. são agentes infecciosos associados a pneumonias com padrão intersticial. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 6 ETIOLOGIA A Pneumonia Adquirida no Hospital (PAH) é semelhante a Pneumonia Associada ao Respirador (PAR), as diferenças principais são as frequências mais altas dos patógenos não MDR (sem resistência aos múltiplos fármacos) e as melhores condições de imunidade dos pacientes não intubados. Os únicos patógenos que podem ser mais comuns na população sem PAR são os anaeróbios. O risco mais alto de microaspiração pelos pacientes não intubados e as pressões mais baixas de oxigênio nas vias respiratórias inferiores destes indivíduos aumentam as chances de infecção por anaeróbios. Embora sejam mais comuns nos pacientes com PAH, os anaeróbios geralmente são apenas contribuintes das pneumonias polimicrobianas, exceto nos pacientes que aspiraram volumes expressivos ou quando há obstrução intestinal/íleo. A Pneumonia Adquirida na Comunidade (PAC) tem agentes etiológicos como bactérias, fungos, vírus e protozoários. Como por exemplo, o hantavírus, metapneumovírus, os coronavírus, Staphylococcus aureus resisentes à meticilina (MRSA), Streptococcus pneumoniae, Klebsiella pneumoniae e Haemophilus influenzae – estes são os mais comuns. A Pneumonia Associada aos Serviços de Saúde (PASS) representa uma transição entre a PAC clássica e a PAH típica. ® A incidência dos patógenos MDR na PASS era tão ou mais alta que na PAH/PAR. ® Em particular, o MRSA era mais comum na PASS que na PAH/PAR tradicional. Entre os agentes etiológicos potenciais da PAR estão patógenos bacterianos com ou sem resistência a múltiplos fármacos (MDR). O grupo dos patógenos não MDR é praticamente idêntico ao dos microrganismos associados à PAC grave e é comum que estes patógenos predominem, caso o paciente desenvolva PAR nos primeiros 5 a 7 dias depois da internação hospitalar. A maioria dos hospitais tem problemas com P. aeruginosa e MRSA, enquanto os outros patógenos MDR frequentemente são específicos de cada instituição. Em casos menos comuns, os fungos ou os vírus patogênicos causam PAR, que geralmente ocorre nos pacientes com imunodepressão grave. Em casos raros, os vírus que circulam nas comunidades causam miniepidemias, geralmente quando são introduzidos pelos profissionais de saúde. Curso de Medicina | MARC I BrunaFranco Teotonio | TURMA IV 7 Os pacientes institucionalizados têm riscos mais altos de infecção pelo vírus influenza e outros patógenos atípicos que causam pneumonia. Os pacientes que fazem terapia de infusão domiciliar ou diálise crônica provavelmente se encontram sob risco especial de pneumonia por MRSA, mas podem não ser mais suscetíveis à infecção por Pseudomonas ou Acinetobacter que os demais indivíduos que desenvolvem PAC. PNEUMONIA BACTERIANA ADQUIRIDA NA COMUNIDADE (PBAC) A maioria das PAC apresenta etiologia bacteriana. Não incomumente, a infecção bacteriana sobrepõe-se a uma infecção viral das vias aéreas superiores. . Início abrupto . Febre alta . Calafrios . Dor torácica pleurítica . Tosse produtiva mucopurulenta . Alguns pacientes podem ter hemoptise. S. pneumonie é a causa mais comum de PAC — a pneumonia pneumocócica é discutida como protótipo desse subgrupo. As infecções pneumocócicas ocorrem com maior frequência em subgrupos de pacientes: 1. Com doenças crônicas concomitantes, como insuficiência cardíaca, DPOC ou diabetes; 2. Com defeitos imunoglobulínicos adquiridos ou congênitos, como a síndrome da imunodeficiência adquirida [AIDS]. 3. Com função esplênica diminuída ou ausente — por exemplo, anemia falciforme ou após esplenectomia. Apresenta maior probabilidade porque o baço contém a maior coleção de fagócitos e, por isso, é o principal órgão responsável pela remoção dos pneumococos sanguíneos. O baço é também um importante órgão na produção de anticorpos antipolissacarídeos — tais imunoglobulinas são predominantes na defesa contra bactérias encapsuladas. Pode ocorrer o padrão de pneumonia intersticial e lobular – os lobos inferiores e lobo médio direito costumam estar envolvidos. Antes da descoberta dos antibióticos, as pneumonias pneumocócicas envolviam a quase totalidade ou 100% dos lobos, evoluindo através de quatro estágios: congestão, hepatização vermelha, hepatização cinza e resolução. A antibioticoterapia precoce altera ou para a progressão típica. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS A apresentação da PAC pode ser indolente ou fulminante e sua gravidade pode variar de branda aos casos fatais. Os vários sinais e sintomas dependentes da progressão e da gravidade da infecção incluem alterações constitucionais e manifestações clínicas limitadas aos pulmões e às estruturas relacionadas. Em vista da fisiopatologia da doença, algumas dessas anormalidades são esperadas. . Febre . Taquicardia . Calafrios . Sudorese . Tosse: seca ou produtiva com escarro mucoide, purulento ou sanguinolento . O paciente pode ser incapaz de pronunciar frases inteiras ou apresentar dispneia grave . Acometimento da pleura, o paciente pode referir dor torácica pleurítica . 20% dos pacientes: queixas gastrintestinais como náuseas, vômitos e/ou diarreia. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 8 . Outros sintomas podem ser fadiga, cefaleia, mialgias e artralgias. DIAGNÓSTICO DA PNEUMONIA ® O paciente tem pneumonia? ® Em caso afirmativo, qual é sua etiologia? Em geral, a primeira pergunta é respondida com base nos exames clínicos e radiográficos, enquanto a última depende das técnicas laboratoriais complementares. Anamnese e exame físico As anormalidades do exame físico podem variar com a gravidade da condensação pulmonar e a existência ou ausência de derrame pleural significativo. ® É comum observar aumento da frequência respiratória e utilização dos músculos acessórios da respiração. ® A palpação pode detectar acentuação do frêmito toracovocal e a percussão pode evidenciar submacicez e macicez, que refletem a condensação pulmonar ou o líquido pleural subjacente, respectivamente. ® A ausculta pode detectar estertores, sopros brônquicos e possivelmente atrito pleural. A apresentação clínica pode não ser tão evidente nos pacientes idosos que apresentam confusão mental de início súbito ou agravada e poucos sinais clínicos adicionais. Os pacientes mais graves podem ter choque séptico e indícios de falência de órgãos. O diagnóstico diferencial inclui distúrbios infecciosos e não infecciosos como bronquite aguda, exacerbações agudas da bronquite crônica, insuficiência cardíaca, embolia pulmonar e pneumonite pós-radiação. A história detalhada tem importância fundamental. Por exemplo, uma doença cardíaca diagnosticada pode sugerir agravamento do edema pulmonar, enquanto um carcinoma preexistente pode indicar lesão pulmonar secundária à radioterapia. Os indícios epidemiológicos como viagem às áreas com patógenos endêmicos conhecidos podem alertar o médico para algumas possibilidades específicas. Radiografia do tórax Os achados radiográficos servem como parâmetro para comparações futuras e podem incluir fatores de risco sugestivos de maior gravidade como cavitações ou padrão multilobular. Em alguns casos, os resultados das radiografias sugerem o diagnóstico etiológico. Por exemplo, pneumatoceles indicam infecção por S. aureus, enquanto lesões cavitárias nos lobos superiores sugerem tuberculose. Curso de Medicina | MARC I Bruna Franco Teotonio | TURMA IV 9 Tomografia computadorizada (TC) A TC raramente é necessária, mas pode ser útil nos casos suspeitos de pneumonia obstrutiva causada por um tumor ou corpo estranho. Exames laboratoriais . Coloração GRAM e cultura do escarro: auxiliar a identificação de alguns patógenos – bactérias gram-negativas e gram-positivas. . Hemoculturas: restringir o tratamento antibiótico. . Testes para antígenos: detecção de antígenos pneumocócicos principalmente. . PCR: amplificar o DNA ou RNA do microrganismo e verificar também a carga bacteriana – está associada ao alto risco de choque séptico. . Sorologia: a elevação de quatro vezes no título dos anticorpos IgM específicos entre as amostras de soro das fases aguda e de convalescença geralmente é considerada diagnóstica da infecção pelo patógeno em questão. TRATAMENTO DA PNEUMONIA O custo do tratamento hospitalar é cerca de 20 vezes maior que o do tratamento ambulatorial e a internação hospitalar é responsável pela maioria dos gastos acarretados pela PAC. Desse modo, a decisão de internar um paciente com PAC no hospital tem implicações consideráveis. Alguns pacientes podem ser tratados em casa, enquanto outros certamente necessitam de hospitalização, mas esta decisão é difícil em alguns casos. Os recursos que permitem avaliar objetivamente o risco de desfechos desfavoráveis, inclusive doença grave e morte, podem reduzir as internações hospitalares desnecessárias. Como o médico raramente conhece a etiologia da pneumonia antes de iniciar o tratamento, o esquema antibiótico inicial geralmente é empírico e tem como propósito cobrir os patógenos mais prováveis. Em todos os casos o tratamento inicial deve ser o menos dispendioso possível.
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