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PROPEDÊUTICA C L Í N I C A REFERÊNCIAS: AUTOR: Patologia Oral e Maxilofacial - Neville Terapia Medicamentosa em Odontologia - Andrade Brenno Diniz Brandão E - B O O K VOLUME 01 CAPÍTULO 01 Consulta odontológica inicial: Anamnese: Classificações(ASA-OS): ASA - I: ASA - III: ASA - IV: ASA - V: ASA - VI: ANAMNESE DIRIGIDA: ASA - II: A base da consulta odontológica inicial é a anamnese, que tem por finalidade agrupar as informações necessárias para formar uma ou mais hipóteses diagnosticas do paciente. Além disso, ela permite que o cirurgião-dentista comece a traçar o perfil do paciente que será tratado sob seu cuidados profissional. Durante esse processo é recomendado que o paciente seja submetido a uma classificação de acordo com seu estado de saúde em geral ou categoria de risco. As classificações adotadas seguem o sistema da Associação Americana de Anestesiologistas que classifica os pacientes com base no estado físico. Paciente saudável, que não apresenta anormalidade, pouca ou nenhuma ansiedade. Paciente portador de doença sistêmica moderada ou de menor tolerância que o ASA I, por apresentar maior grau de ansiedade ou medo ao tratamento odontológico. Podendo exigir algumas alterações no plano de tratamento. → Troca de informações com o médico; →Menor tempo para sessões de atendimento; →Atenção a posição dele na cadeira; →Protocolo de sedação mínima; →Menores volumes de soluções anestésicas. Paciente portador de doença sistêmica severa, que limita suas atividades, é fundamental o contato direto com o médico, pois essa classe de paciente apresentar maior risco durante o atendimento odontológico. Paciente acometido de doença sistêmica severa sob constante risco de morte, logo, tratamentos eletivos devem ser atrasados, apenas urgências são atendidas mas com medidas conservadoras dentro de ambiente hospitalar. Paciente que se encontra em fase terminal, com uma expectativa de vida menor que 24h. Cuidados paliativos são adequados no intuito de amenizar a dor e melhoria da qualidade de vida. Paciente que se encontra com morte cerebral declarada. Quando o paciente relata alguma doença de ordem sistêmica, a anamnese deve ser direcionada ao problema relatado. →Como está o controle atual da sua doença? → Você faz o uso periódico de alguma medicação? →Teve alguma complicação recente? → Se medicou hoje? 02 Consulta odontológica inicial: Exame físico: Avaliação dos sinais vitais: Pulso arterial: Frequência respiratória: O exame físico é algo imprescindível durante o nosso processo de consulta inicial, tendo em vista que as estruturas anatômicas nos dão sinais da possível situação do paciente e auxiliam no fechamento da hipótese diagnóstica. Vale ressaltar que o exame físico é dividido em cinco etapas, sendo elas: →Inspeção; →Palpação; →Percussão; →Auscultação; →Olfação. Você deve avaliar: →Volume do pulso como forte (cheio) ou fraco (filiforme); →Ritmo cardíaco como regular ou irregular; →Frequência cardíaca (número de batimentos) por 1 min ou, no mínimo, 30s, neste caso multiplicando o resultado por 2. Você irá contar o número de incursões respiratórias, observando a elevação e o abaixamento da caixa torácica sem tirar os dedos da artéria carótida ou radial e após 30s ou 1 min anote esse número. Termos importantes: →Bradipneia: FR baixa; →Taquipneia: FR alta; →Dispneia: Dificuldade respiratória; →Apneia: Parada respiratória. Tabela de FC em repouso: Tabela de FR em repouso: A avaliação dos sinais vitais são feitos em quatro passo, sendo eles: →Pulso arterial; →Frequência respiratória; →Pressão arterial(PA); →Temperatura. Esses dados devem ser descritos no prontuário clínico do paciente. Coloque a ponta (polpa) de dois dedos (médio e indicador) sobre o local, pressionando o suficiente para sentir a pulsação. 03 Clique aqui para ver o vídeo ou escaneie o QR code ao lado: Clique aqui para ver o vídeo ou escaneie o QR code ao lado: Consulta odontológica inicial: Pressão arterial sanguínea: Notas: Antes de aferir a PA do paciente é importante manter ele em repouso por 5-10 min, antes de iniciar o procedimento, lembre de orientar para que ele não fique falando durante a execução e após a aferição anote no prontuário clínico os valores das pressões sistólica e diastólica. 04 Clique aqui para ver o vídeo ou escaneie o QR code ao lado: CAPÍTULO 02 Câncer bucal: Introdução: Etiologia(Causas): Características clínicas:Os cânceres orais correspondem a menos de 3% de todos os cânceres, além disso, ele é o oitavo câncer mais comum em homens e o décimo quinto mais comum em mulheres e, mundialmente, é o décimo primeiro câncer mais comum. A causa do carcinoma espinocelular oral é multifatorial, sendo assim, nenhum agente ou fator (carcinógeno) etiológico único tem sido claramente definido ou aceito. Fatores extrínsecos quanto intrínsecos podem estar atuando e mais do que um único fator é preciso para gerar tal malignidade. Fatores extrínsecos: →Tabaco com fumaça; →Álcool; →Luz Solar; →Sífilis. Fatores intrínsecos: →Estados sistêmicos/generalizados; →Desnutrição Geral; →Anemia por deficiência de Ferro. Obs. A hereditariedade parece não desempenhar um papel principal na causalidade do carcinoma oral. Outros fatores são: →Tabaco sem fumaça; →Sache de betel; →Agentes fenólicos; →Vírus oncogênico; →Imunossupressão; →Oncogenes e genes supressores de tumor; →Radiação. O câncer oral é mais comum entre homens idosos, eles geralmente tem ciência de uma alteração em um sítio de câncer oral por 4 a 8 meses antes de buscar a ajuda, isso ocorre pelo fato de existir dor mínima durante a fase inicial do crescimento e isso pode explicar a demora na procura dos cuidados profissionais. Obs. O profissional de saúde precisa estar atendo e ter um alto grau de suspeita quanto à natureza maligna das lesões, para evitar que a mesma continue avançando e que uma biópsia seja realizada o quanto antes. O câncer oral pode se apresentar de várias formas, dentre elas: Exofitica: aumento de volume, vegetante, papilífera e/ou verruciforme. Endofítica: invasiva, escavada e ulcerada. 05 Carcinoma do vermelhidão do lábio: Câncer bucal: Leucoplásica: mancha branca. Eritoplásica: mancha vermelha. Eritroleucoplásica: Mancha com áreas vermelhas e brancas. 06 Os casos leucoplásicos e eritroplásicos provavelmente ocorrem em fases iniciais, que ainda não produziram um aumento de volume ou ulceração, e as características clínicas são idênticas às descritas para as lesões pré-malignas da leucoplasia e da eritroplasia. O padrão de crescimento endofítico tem uma área central deprimida, de formato irregular, ulcerada, com uma borda “em rolete” de mucosa normal, vermelha ou branca. A borda em rolete resulta da invasão do tumor para o interior do tecido e para as laterais abaixo do epitélio adjacente. A destruição do osso subjacente, quando presente, pode ser dolorosa ou completamente indolor e aparecerá nas radiografias como uma radiolucidez “em roído de traça” com margens mal definidas ou bordas irregulares na imagem. É encontrado em pessoas de pele clara ou com uma grande exposição à radiação UV proveniente da luz solar ou com uma história de dano agudo solar em uma fase precoce da vida, 60% dos indivíduos afetados possuem ocupações que envolvem atividades ao ar livre, e pode surgir no local em que o paciente segura um cigarro, charuto ou cachimbo. Câncer bucal: Metástase: Carcinoma intraoral: Carcinoma orofaríngeo: 07 Quase 90% das lesões estão localizadas no lábio inferior, e se apresenta como uma ulceração endurecida, indolor, crostosa e exsudativa. O tumor é caracterizado por uma taxa de crescimento lenta e a maioria dos pacientes tem estadociente da existência de um “problema” na área por 12 a 16 meses antes do diagnóstico. O sítio mais comumente acometido pelo carcinoma intraoral é a língua, geralmente as superfícies lateral posterior e ventral seguido por palato mole, gengiva, mucosa jugal, mucosa labial e palato duro. O carcinoma da mucosa do palato mole e orofaringe possui a mesma aparência clínica básica dos carcinomas anteriormente descritos. O tamanho do tumor é tipicamente maior do que o dos carcinomas localizados mais anteriormente e a proporção de casos com metástases a distância e cervicais quando do momento do diagnóstico é maior. Como regra geral, quanto mais posterior ou inferior for a localização do tumor orofaríngeo, maiores são a lesão e a chance de disseminação linfática no momento do diagnóstico. A disseminação metastática do carcinoma espinocelular oral ocorre principalmente através dos vasos linfáticos para os linfonodos cervicais ipsilaterais. Linfonodo cervical com depósito metastático de carcinoma: →Consistência de firme a pétrea; →Indolor e mostra-se aumentado; →Fixo durante a palpação. Câncer bucal: Estadiamento: Características histopatológicas: 08 A disseminação extracapsular é uma característica microscópica ligada a um prognóstico desfavorável e tem um risco aumentado de recidiva locorregional, metástase a distância e menores taxas de sobrevida. Os sítios mais comuns de metástases a distância são: →Pulmões →Fígado; →Ossos. Obs. Porém qualquer parte do corpo pode ser afetada. A metástase não é um evento precoce para os carcinomas da cavidade oral propriamente dito contudo, devido ao atraso no diagnóstico, cerca de 21% dos pacientes apresentam metástases cervicais ao diagnóstico. O tamanho do tumor e a extensão da disseminação metastática do CEO são os melhores indicadores do estado do paciente. O processo de quantificar esses parâmetros clínicos é chamado de estadiar a doença. O protocolo de estadiamento mais popular é o sistema tumorlinfonodos- metástase (TNM). Esse protocolo de estadiamento depende de três características clínicas básicas: →T: Tamanho do tumor primário, em centímetro; →N: Envolvimento de linfonodos locais; →M: Metástases a distância. Uma vez determinados os três parâmetros, seus valores são registrados conjuntamente a fim de determinar o estágio adequado. Obs.Quanto maior for o estágio da classificação pior será o prognóstico O carcinoma espinocelular surge a partir de um epitélio de superfície displásico e é caracterizado histopatologicamente por ilhas e cordões invasivos de células escamosas epiteliais malignas. Quando um tumor é biopsiado e felizmente encontra-se em seu mais precoce momento de invasão, os adjetivos superficialmente invasivo ou microinvasivo geralmente são utilizados. A invasão é representada pela extensão irregular do epitélio lesional através da membrana basal para o interior do tecido conjuntivo. As células pavimentosas individuais e as ilhas ou os cordões de células são observados como se tornando entidades independentes no interior do tecido conjuntivo, sem adesão ao epitélio da superfície. As células e os aumentos de volume celulares em invasão podem estender se profundamente no interior do tecido adiposo, músculo e osso subjacentes, destruindo o tecido original à medida que progridem. Câncer bucal: Diagnóstico: Tratamento e prognóstico: 09 As células lesionais podem circundar e destruir vasos sanguíneos e podem invadir o interior da luz de veias e vasos linfáticos. Independentemente do tumor ser superficial ou profundamente invasivo, as células lesionais geralmente mostram: →Citoplasma eosinofílico abundante; →Relação núcleocitoplasma aumentada; →Pleomorfismo celular e nuclear; →Hipercromatismo nuclear; →Núcleos grandes. O produto normal do epitélio pavimentoso é a ceratina, e pérolas de ceratina (focos arredondados de camadas concêntricas de células ceratinizadas) podem ser produzidas no interior do epitélio lesional. Células isoladas também podem sofrer ceratinização celular individual. O diagnóstico do carcinoma espinocelular quase sempre é feito pela microscopia óptica de rotina. O carcinoma da região do vermelhão do lábio é geralmente tratado pela excisão cirúrgica com excelentes resultados. Somente 8% dos tumores apresentam recidiva e as taxas de sobrevida de 5 de anos são de 95% a 100%. As lesões no vermelhão do lábio superior parecem possuir um comportamento biológico diferente dos de lábio inferior. O estadiamento clínico da doença, guia o tratamento dos carcinomas espinocelulares intraorais que consiste na excisão cirúrgica ampla (radical), radioterapia ou na combinação de cirurgia e radioterapia. A localização do tumor pode influenciar o plano de tratamento. Ex: Lesões orofaríngeas geralmente recebem radioterapia. É utilizada uma variedade de agentes quimioterápicos como terapia adjuvante. A quimioterapia tipicamente é administrada em conjunto com a radiação, como quimioterapia de indução seguida por quimiorradioterapia concomitante ou como terapia paliativa. Para carcinomas intraorais pequenos, uma única modalidade de tratamento é geralmente escolhida. Pacientes com lesões maiores ou com lesões que apresentem linfonodos clinicamente palpáveis requerem terapia combinada e na suspeita de metástase local para linfonodos, uma dissecção radical ou uma dissecção radical modificada no pescoço deve ser realizada. Fig. 10-117 Carcinoma Epidermoide Bem Diferenciado. B, Visão em maior aumento exibindo células epiteliais displásicas com a formação de pérolas de queratina. Câncer bucal: 10 O prognóstico para a sobrevida no câncer oral depende do estadiamento do tumor. A taxa de sobrevida relativa de 5 anos para o carcinoma intraoral varia de 53% a 68% se o tumor for relativamente pequeno e não tenha ocorrido metástase no momento do diagnóstico (estágios I e II). A taxa de sobrevida relativa de 5 anos para o carcinoma intraoral é de 41% quando o tumor for ≥4 cm sem metástase ou com metástase em um único linfonodo regional ipsilateral (estágio III). A taxa de sobrevida relativa de 5 anos é de somente 27% quando o tumor tiver invadido estruturas adjacentes, tiver metastatizado para um sítio distante ou estiver associado à metástase regional para múltiplos linfonodos (estágio IV). Apesar dos avanços no tratamento e na compreensão dos mecanismos moleculares subjacentes envolvidos na patogênese do câncer oral, as taxas de sobrevida ao longo das últimas décadas não têm melhorado bastante e têm permanecido no intervalo de 50% a 59%. Desse modo, o diagnóstico precoce e a prevenção são essenciais para a melhora no desfecho desses pacientes. Notas: CAPÍTULO 03 Lesões orais pré-malignas: Introdução: Incidência e prevalência: Leucoplasia: Diagnóstico: Tecido benigno, morfologicamente alterado, que possui um risco maior do que o normal de transformação maligna. leuco: branco \ plakia:mancha A OMS define como “uma placa ou mancha branca que não pode ser definida clínica ou patologicamente como qualquer outra doença”. Obs. Termo estritamente clínico. Não necessariamente está associado a uma alteração tecidual histopatológica específica. Lesão oral pré-cancerosa mais comum, representando 85% de tais lesões. Seu diagnostico é bem diferente pois não depende de características definidas, mas por exclusão de outras lesões que aparecem como placas brancas na mucosa oral. Dentre elas: →Líquen plano; →Ceratose friccional; →Ceratose da bolsa de tabaco; →Estomatite nicotínica; →Leucoedema; →Nevo branco. A coloração clínica é resultante de um espessamento da camada superficial de ceratina e isso dá a impressão de ser branca quando úmida ou de um espessamento da camada espinhosa, mascarando a vascularização normal (vermelhidão)do tecido conjuntivo subjacente. Geralmente, encontra-se epitélio displásico ou carcinoma invasivo em 5% a 25% dos espécimes de biópsia de leucoplasia, sendo que 1/3 dos carcinomas orais têm leucoplasia em suas proximidades. Além disso, lesões leucoplásicas são monitoradas por longos períodos em estudos. Seu potencial de transformação maligna está em torno de 4%, já os subtipos clínicos específicos ou fases, apresentam taxas de 47%. Vale ressaltar que esses números podem ser artificialmente baixos, pelo fato de várias lesões serem removidas cirurgicamente no início do acompanhamento. Obs. Forte predileção pelo gênero masculino (70%), mas a doença é diagnosticada mais rápida do que no passado. 11
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