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Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS CONDUTA INVESTIGATIVA NOS NÓDULOS TIREOIDIANOS: Os nódulos tireoidianos são achados bastante comuns, encontrados em 5% das mulheres e 1% dos homens em todo o mundo (percentual ainda mais alto em regiões com carência de iodo). Em sua maioria, apresentam-se como lesões benignas (nódulo coloide, cisto, adenoma folicular), porém também podem representar formações malignas primárias (carcinomas e linfomas) ou metastáticas. Fatores de risco associados à malignidade em pacientes com nódulos de tireoide O ponto de corte empregado para indicação de acompanhamento e investigação por punção aspirativa por agulha fina (PAAF) dessas lesões é o tamanho ≥ 1 cm da nodulação. Nódulos < 1 cm que apresentem características de alto risco para malignidades (hipervascularização ao Doppler, microcalcificações ou histórico de irradiação cervical prévia) também devem ser avaliados. DIAGNÓSTICO: Alguns fatores epidemiológicos devem ser considerados durante a análise de um nódulo tireoidiano, como: Idade: apresentações malignas são encontradas mais comumente em jovens, ainda que o prognóstico seja pior em idosos; Sexo: as lesões isoladas são mais frequentes em mulheres, ao passo que malignidades afetem 2 a 3 vezes mais homens; Síndromes genéticas associadas a câncer de tireoide; Histórico de exposição à radiação na infância/adolescência. Durante a avaliação clínica, a presença de dor e crescimento rápido pode refletir não somente formações cancerosas, mas também hemorragias no interior do nódulo. A rouquidão também é um importante alarme, sugerindo compressão do nervo laríngeo recorrente. Laboratorialmente, a maior parte dos pacientes com câncer de tireoide encontra- se em estado eutireoideo, porém como a tireoidite de Hashimoto pode levar ao surgimento de linfomas, a solicitação de TSH, T4 livre e anti-TPO é recomendada. Diversas referências apontam, inclusive, a dosagem hormonal como 1º passo na investigação diagnóstica. Nesse contexto, a presença de hipertireoidismo (mesmo que subclínico), sugere a realização de Nódulos malignos podem ser (nem sempre são) firmes, irregulares e fixos, porém a associação com linfonodo cervical ipsilateral palpável é o achado de maior confiabilidade para a presença de neoplasia Nódulos identificados incidentalmente numa PET-scan (hipermetabólicos) têm elevadas chances de tornarem-se neoplásicos, de modo que a PAAF é sempre indicada Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS cintilografia tireoidiana, buscando por adenomas hipofuncionantes. Valores normais de TSH, por sua vez, implicam em recomendação para ultrassonografia. Algoritmo para investigação diagnóstica dos nódulos de tireoide EXAMES DE IMAGEM: A USG de tireoide é a técnica mais indicada para confirmação da presença e localização de um nódulo apoio dúvidas no exame físico, sendo possível detectar formações > 3 mm. Esse exame permite a classificação do nódulo como sólido (menor potencial de malignidade), cístico ou misto (associado a neoplasias). Lesões suspeitas também tendem a ser hipoecoicas, com limites imprecisos e calcificação fina. Com base nesses achados, foi estabelecida a classificação TI- RADS para determinação das próximas etapas clínico-diagnósticas. Classificação de TI-RADS para nódulos de tireoide A vascularização dos nódulos pode ser avaliada no momento de realização da USG por meio da técnica Doppler. Assim, estabeleceu-se a classificação de Chammas, sugestiva do risco de malignidade: I: Ausência de vascularização; II: Vascularização periférica; III: Vascularização periférica ≥ vascularização central; IV: Vascularização central > vascularização periférica; V: Vascularização apenas central. Características ultrassonográficas dos nódulos de tireoide benignos e malignos A cintilografia, como mencionado anteriormente, apresenta valor diagnóstico apenas na presença de TSH baixo, com vistas a estabelecer o grau de captação da glândula, que pode ser “quente” (hipercaptante) em lesões benignas, ou “frio” (hipocaptante) naquelas formações malignas. Apesar desse importante poder de distinção, esse exame não consegue avaliar bem lesões < 1 cm, limitando assim seu uso. Presença de nódulos frio (esq., seta cheia) e quente (dir., seta pontilhada) em cintilografias tireoidianas Júlia Figueirêdo – DESORDENS NUTRICIONAIS E METABÓLICAS PUNÇÃO ASPIRATIVA POR AGULHA FINA (PAAF) : A PAAF é o melhor método para diferenciação entre nódulos benignos e malignos, com sensibilidade e especificidade > 90%, especialmente quando guiada por ultrassom. O material coletado possibilita apenas uma análise citológica (células isoladas), pois a avaliação histológica, que estabelece as características teciduais, só pode ser obtida por via cirúrgica. De forma geral, as indicações para realização de PAAF são descritas por: Nódulos associados à linfadenopatia cervical suspeita; Nódulos > 0,5 cm com características sugestivas de malignidade na USG; Nódulos ≥ 1 cm, sólidos ou não, com microcalcificações; 4. Nódulos mistos ≥ 1,5 cm (associados a características sugestivas de malignidade na USG) ou ≥ 2 cm; Nódulos espongiformes ≥ 2 cm. Os resultados citopatológicos obtidos são utilizados para estratificar a nodulação de acordo com a classificação de Bethseda. Conduta para nódulos de tireoide de acordo com a classificação de Bethseda Um ponto importante a ser considerado na PAAF é a impossibilidade de determinar a origem de nódulos Bethseda IV, pois as células foliculares podem estar presentes tanto em adenomas (benignos) quanto em carcinomas. Nessas situações, podem ser dosados marcadores moleculares de malignidades ou, na impossibilidade de realização desta, a lobectomia para captação de amostra histopatológica. Caso um nódulo sem indicação para PAAF tenha sido puncionado, com resultado benigno, é necessário fazer acompanhamento com USG a cada 6 a 18 meses. Na presença de crescimento acelerado, o procedimento deve ser repetido imediatamente
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