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A abordagem analítica do direito patrimonial com suporte da Tecnologia da Informação

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Curso de Direito - Parte Especial - Livro I - Do Direito das Obrigações - Prof. Ovídio Mendes - Fundação Santo André 1 / 11
A abordagem analítica do direito patrimonial com suporte da Tecnologia da Informação
O direito patrimonial apresenta uma estrutura binária de seus elementos que se propaga na hipótese de
solução contenciosa dos conflitos. Ao credor se opõe o devedor; na ação, aos fatos deve corresponder a
fundamentação jurídica; aos pedidos opõem-se a impugnação, e assim sucessivamente.
Na área da Administração e Controle de Qualidade é conhecido o Diagrama de Ishikawa, uma ferramenta
altamente eficaz utilizada em ações de melhoria e controle de qualidade. O diagrama consiste na
representação gráfica da causa de um problema e o correspondente efeito. Pelo agrupamento e
visualização das várias causas que estão na origem de qualquer disputa ou de um processo que se
pretende acompanhar analiticamente, a ferramenta pode ser facilmente adaptada para o âmbito jurídico
como se mostra na representação a seguir:
Diagrama de Ishikawa aplicado ao Direito
Tendo por motivação a abordagem analítica dos conflitos para o completo entendimento de seus elementos
principais, o Diagrama de Ishikawa permite uma visualização rápida e eficaz dos interesses em disputa. A
abordagem analítica é importante elemento a propiciar o desenvolvimento de uma experiência jurídica
profissional, entendida como a habilidade de antever com razoável chance de correção os modos como as
decisões são tomadas pelos juízes frente a doutrina e à jurisprudência. Por seu lado, uma experiência
jurídica consistente é elemento de fundamental importância na prestação de serviços com alto padrão de
qualidade e, como consequência, efetiva captação de clientes.
Como exemplo será realizado o estudo de um acórdão aleatoriamente selecionado da jurisprudência dos
tribunais brasileiros mas, antes, é necessário o conhecimento da estrutura dos acórdãos.
Estrutura típica dos acórdãos
Um acórdão é dividido, sequencialmente, em ementa (síntese dos interesses em disputa), descritivo do
acórdão (ou simplesmente acórdão), relatório (narrativa dos fatos que motivam a ação e da sentença
proferida em primeiro conta a qual se insurge o autor do recurso), voto (fundamentação jurídica para o voto
proferido pelo relator) e dispositivo (resultado do julgamento do recurso, dando provimento, provimento
parcial ou negando provimento).
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Passo I – Identificação do fato e fundamentos jurídicos do pedido.
Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido são requisito essenciais da petição inicial, documento que
origina o processo (inciso III do artigo 319 do atual Código de Processo Civil).
Inicia-se pela narrativa dos fatos (eventos empíricos) que embasam a pretensão a ser pleiteado em juízo e
para tais fatos, em sequência, faz-se a narrativa das razões que os conectam de forma relevante à
normatividade jurídica. Essas razões são deduzidas da doutrina, da jurisprudência, dos princípios de direito,
e diferem da fundamentação legal, que é o texto de lei.
Fato e fundamento jurídico não são elementos opostos, mas de natureza complementar. Na versão do
diagrama de Ishikawa proposta como ferramenta analítica no contexto jurídico, o Fato é representado na
parte superior do diagrama e a fundamentação jurídica na parte oposta inferior.
Fato e fundamento jurídico no diagrama de Ishikaws
No acórdão objeto de análise, os fatos estão narrados no Relatório e podem ser resumidos da seguinte
forma: Ação de cobrança julgada procedente para condenar o apelante ao saldo devedor de contrato de
empréstimo com multas e juros. O apelante defende que as parcelas do empréstimo não foram
descontadas por culpa do banco e que a notificação extrajudicial não lhe foi entregue pessoalmente.
É importante notar que o texto a ser inserido do diagrama de Ishikaws deve ser fortemente sintético (para
facilitar a visualização), mas de modo a permitir identificar claramente o conteúdo tratado. Assim, os fatos
podem ser resumidos para a seguinte forma: Cobrança por inadimplimento de empréstimo bancário.
Os fundamentos jurídicos do pedido também estão presentes no Relatório e consistem na afirmação do
cumprimento da obrigação de fazer pelo devedor (disponibilização da prestação em conta-corrente) sem
que o credor a tenha recebido por única e exclusiva culpa deste. Além disso, o credor notificou a pessoa
errada em lugar do devedor, fato que o exime de culpa. Resumindo: Credor não recebeu prestação por
culpa própria, pois recursos foram disponibilizados.
Fatos e fundamentos jurídicos do acórdão em análise
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Passo II – Identificação do pedido mediato, do pedido imediato e da contestação
O pedido mediato representa a busca pela satisfação da pretensão pelo Juízo. O pedido imediato é a
decisão favorável representada na sentença no primeiro grau e no provimento do recurso no segundo
grau.
Pedido mediato, imediato e contestação
No acórdão em análise, o pedido mediato está contido na parte final do Relatório, onde se lê “... a fim de
que seja aplicada a multa no mínimo possível, em razão da situação de precariedade em que está vivendo ”.
De forma resumida: Requer a aplicação de multa mínima.
O pedido imediato é a reforma da sentença e também está contido na parte final do Relatório,
antecedendo imediatamente ao pedido mediato.
A contestação (no acórdão contrarrazões) também está explícita no Relatório, onde se lê: “Contrarrazões
às fls. 154/171, pelo não provimento do recurso”. Resumidamente: Não provimento do recurso.
Pedido mediato, imediato e contrarrazões
Passo III – Identificação do julgamento e sua fundamentaçãoConteúdo disponibilizado em http://www.e-law.net.br. Apoiamos e produzimos todos nossos conteúdos com emprego de softwares livres.
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Sentença e apelação
O resultado do julgamento está contido no Dispositivo do acórdão, enquanto os fundamentos do voto está
fundamentado na parte identificada como “Voto” do acórdão. A fundamentação deve ser resumida ao seu
elemento central, que no presente caso foi expressa da seguinte forma: “O princípio da boa-fé objetiva, que
rege as relações contratuais, inclusive as de consumo, impõe às partes uma atuação pautada nos deveres
de honestidade, lealdade e informação, consoante estabelecem o artigo 422 do Código Civil e artigo 4º,
inciso III, do CDC. Nesses termos, cabia ao devedor em percebendo a suspensão dos descontos em seu
contracheque procurar imediatamente a instituição financeira para regularizar os pagamentos e não
simplesmente se manter inerte, beneficiando-se após ter sido contemplado com a disponibilização do
numerário contratado”. Em resumo: o apelante agiu com má-fé na relação contratual. Daí o resultado do
julgamento: recurso não provido.
Resultado do recurso
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