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04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 1/13 Unidade 2 - Conhecimento em ação: a prática de ensino Paola Lemes Iniciar Introdução Graças ao estudo da Unidade anterior, agora já possuímos um panorama histórico da construção do entendimento do que é Ciência e de como ela funciona, além de um conhecimento introdutório sobre importantes pontos direcionadores do ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Nesta unidade serão aprofundadas as temáticas norteadoras do ensino de ciências, primeiramente na Educação Infantil e posteriormente no Ensino Fundamental, cada um com base em suas respectivas normas disponíveis nos documentos o�ciais do MEC-Ministério da Educação. É importante ressaltar que, mesmo que cada etapa da educação básica possua suas diretrizes contendo as especi�cidades para a faixa etária correspondente, o processo de ensino aprendizagem como um todo precisa seguir as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCNs). Estas diretrizes são normas obrigatórias que orientam o currículo e os conteúdos mínimos exigidos com base na Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei nº 9394/96), a legislação que regulamenta o sistema de ensino (público e privado) no Brasil. Mas como praticar uma alfabetização cientí�ca que atenda aos padrões de qualidade e interdisciplinaridade exigidos por lei desde a formação inicial dos nossos alunos? A princípio, será discutida a abordagem utilizada na Educação Infantil (de zero a seis anos de idade): Natureza e Sociedade, com base no terceiro volume do Referencial Curricular Nacional da 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 2/13 1. Natureza e sociedade A Educação Infantil é ministrada em creches, pré-escolas e entidades equivalentes, para crianças na faixa etária entre zero e seis anos. São competências desta etapa do ensino inserir as crianças no universo escolar, contribuindo para o desenvolvimento de uma rotina de estudos, hábitos e atitudes cidadãs, bem como das habilidades motoras, entre outras, auxiliando a criança na construção de sua identidade, formação pessoal e social. Assim, além da introdução de conteúdos relativos à linguagem oral e escrita, música, artes visuais, movimento e matemática, aqui são também apresentados temas relativos à natureza e sociedade. Fenômenos naturais e fenômenos sociais são indissociáveis. Logo sua abordagem na educação infantil não poderia ser realizada de forma isolada. É importante que o educador tenha em mente que o processo ensino aprendizagem é, ou ao menos deveria ser, completamente integrado e global, sendo que todos os eixos temáticos estão inter-relacionados. Crianças nesta faixa etária possuem uma enorme curiosidade e capacidade investigativa, típicos da infância, momento em que estão iniciando seu processo de conhecimento de mundo. A escola é o primeiro contato das crianças com diferentes grupos socioculturais, os quais possuem conceitos, valores, representações e ideias de mundo muito distintos. 1.1. Ensino de natureza e sociedade na educação infantil As re�exões feitas neste tópico são fundamentadas principalmente nas diretrizes do Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil – Volume 3, o qual trata do tema “Conhecimento de Educação Infantil, que diz respeito ao conhecimento de mundo pelas crianças. Em seguida, abordaremos a prática de ensino relativa a esta abordagem. E, como dar prosseguimento a esta construção de conhecimento no múltiplo mundo do Ensino Fundamental, esta etapa que envolve inúmeras mudanças, tanto no modo de pensar dos alunos quanto no modo de ensinar e aprender? Para ajudar nesta resposta, faremos uma re�exão baseada nos conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a disciplina de Ciências Naturais. Aqui também serão discutidos aspectos da prática de ensino para esta disciplina. Vamos juntos? Bons estudos! 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 3/13 Mundo”. Este referencial é o principal documento direcionador do ensino infantil, apontando metas de qualidade que contribuem para o desenvolvimento integral da identidade das crianças. Estas diretrizes seguem aquelas estabelecidas na Lei de Diretrizes e Bases (LBD) e auxiliam as instituições e os educadores a concretizarem o caráter socializador dessa etapa da educação, ampliando a realidade social e cultural dos educandos. Um dos tópicos mais importantes trabalhados na educação infantil é o desenvolvimento da noção de tempo e espaço. Como veremos mais adiante, algumas práticas arraigadas na cultura educacional brasileira de modo geral levam as crianças a ter uma compreensão limitada destes aspectos, uma vez que sua capacidade de abstração costuma ser subestimada pelos educadores. Existe uma ideia pré-concebida de que “a criança é um livro em branco”, ou seja que o seu pensamento/entendimento limita-se a elementos do seu entorno, materialmente acessíveis, concretos e conhecidos. Consequentemente, há um sentimento de que a compreensão de conceitos, lugares e histórias distantes no tempo e espaço estaria além das capacidades cognitivas das crianças. O resultado é uma restrição nos conteúdos abordados, que acabam por não estimular uma formação plural, que envolva diferentes tipos de relações sociais. Entretanto o contato com múltiplas culturas e grupos sociais é totalmente acessível por meio da tecnologia atual e é parte fundamental de uma formação cidadã. Você quer ver? Palestra Professor José Pacheco no TEDxPetrópolis, “Novas construções sociais de aprendizagem” Assista clicando aqui . É evidente o aumento na preocupação com a temática da inclusão de diferentes grupos sociais na educação. Esta preocupação levou a uma mudança de cenário que se iniciou há aproximadamente duas décadas e que segue em curso até os dias atuais, quando uma série de pesquisas e consultas públicas culminaram na publicação de pareceres do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que regulamentam as diretrizes da educação indígena (1999), educação quilombola (2012), educação no campo (2001), educação nas prisões (2010), educação especial (2001), educação para populações em situação de itinerância (2011), entre outras situações especí�cas. Ações extremamente importantes para atingir a universalização do ensino e ampliar o entendimento de mundo dos indivíduos em um país miscigenado como é o Brasil. Você quer ler? https://www.youtube.com/watch?v=-AgRdue4Zj4 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 4/13 q Acesse a página do MEC com os pareceres que regulamentam as diretrizes de ensino para os diversos grupos étnicos e sociais brasileiros. Para ler, clique aqui. Frente a essa demanda nacional e, por que não, global, claramente exposta através das mudanças recentes na legislação, o ensino plural de natureza e sociedade na educação infantil se faz fundamental. O Brasil possui uma gigantesca e peculiar diversidade biológica, com biomas exclusivos. A diversidade social e cultural é diretamente proporcional a essa diversidade biológica e potencializada pela história de colonização pela qual o país passou. Assim, em cada região desenvolveram-se usos particulares dos recursos naturais, seja na alimentação ou no atendimento a outras necessidades básicas (energia, minérios, lazer, etc). Todas essas particularidades devem ser consideradas. Crianças menores realmente têm suas noções de mundo atreladas à realidade conhecida, pelo menos em um primeiro momento. Porém, essas noções podem e devem ser ampliadas conforme aumenta o domínio da linguagem e a interação com o meio. Essas noções são representadas por signi�cados construídos culturalmente e, à medida que são apresentadas a diferentes realidades ao redor do país em que vivem, os critérios de agrupamento de concepções das crianças nãosão mais su�cientes, e começa o processo de ressigni�cação ou reconstrução de paradigmas. Isso provoca uma mudança na estrutura de pensamento da criança: a compreensão plural dos objetos e das linguagens que as rodeia. É quando elas aprendem a confrontar as próprias hipóteses com as de outrem, bem como com as hipóteses de grupos sociais diferentes no tempo e no espaço. A percepção dessa multiplicidade de relações entre natureza e sociedade provoca naturalmente o desenvolvimento de habilidades “cientí�cas” nas crianças, como a identi�cação de atributos dos seres vivos e processos de transformação da natureza. Mediada pelo educador, a criança precisará se expressar por diferentes linguagens para nomear, representar e comunicar o mundo. O acesso ao conhecimento cientí�co será mediado pelo mundo social e cultural, ganhando propósito e interesse dos alunos. É importante a escolha de assuntos relevantes dentro do contexto social dos alunos, que uma vez esclarecidos possam extrapolar a compreensão para demais realidades. Entre as habilidades importantes a serem desenvolvidas estão a capacidade de observação, a capacidade de relatar acontecimentos, formular hipóteses, fazer previsões simples dentro de um determinado cenário, tudo isso em diferentes contextos históricos e sociais. Trocar ideias, confrontar, debater, argumentar, incentivar a curiosidade, a crítica, a refutação e a reformulação de conceitos e ideias pré concebidas. Também vale ressaltar que a complexidade e o domínio desses ensinamentos não serão completamente consolidados pelos alunos de forma imediata nesta etapa da educação, mas http://portal.mec.gov.br/busca-geral/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 5/13 terão seus alicerces bem estabelecidos para que o processo continue, não somente ao longo das demais etapas da educação básica, mas também na vivência do aluno fora dos muros da escola. 2. Práticas do ensino de natureza e sociedade A educação infantil geralmente utiliza ferramentas e conteúdos padronizados para o desenvolvimento de habilidades motoras, hábitos e atitudes essenciais nas crianças, uma vez que representa o primeiro contato destas com o universo educacional fora de casa. Entre as práticas e ideias correntes mais comuns estão ações como copiar, repetir, desenhar e colorir. Porém é importante ter em mente que o método de ensino industrial baseado na repetição apresenta limitações e há diversas maneiras de contorná-lo. Como mencionado anteriormente, uma delas é considerar o saber pertinente à individualidade de cada criança em cada contexto social. Neste sentido algumas práticas recorrentes devem ser evitadas. Entre estas, podemos citar práticas comuns de tentativa de inclusão de grupos sociais em datas comemorativas que geralmente são feitas de maneira descontextualizada, gerando uma concepção inadequada da diversidade de realidades culturais, sociais, geográ�cas e históricas (exemplo: dia do índio, dia das mães ou dos pais). É preciso atentar-se também para o incentivo a determinadas práticas que possam conter viés moral, como conceitos de limpo e sujo, bonito e feio, bom e mau, certo e errado, que possam ser preconceituosas. Ainda que educar não seja um processo neutro, em alguns momentos o educador precisa abstrair sua subjetividade para não reforçar estereótipos nos alunos. Você quer ler? O Blog WPensar traz re�exões sobre como abordar o dia do índio da maneira correta. O texto está disponível aqui . É interessante evitar experiências pontuais de observação de animais, plantas ou experimentos que têm roteiros engessados e pré-estabelecidos, onde as crianças apenas reproduzem as etapas. Geralmente, nestas situações o problema investigado não �ca explícito, a explicação do aluno para tal fenômeno não é valorizada, tampouco suas ideias sobre os resultados obtidos no experimento. A repetição de roteiros e atividades prontos sem contextualização ou re�exão não é https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/dia-do-indio-na-escola/ 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 6/13 uma prática que leva ao desenvolvimento das habilidades necessárias nos dias atuais e menos ainda às habilidades do futuro. Conhecimentos sobre a sociedade são derivados das ciências humanas, já conhecimentos sobre a natureza são derivados das ciências naturais. Ambas envolvem uma pluralidade de fenômenos e acontecimentos físicos, biológicos, históricos, geográ�cos e culturais, ou seja, uma ótima possibilidade de integrar a interdisciplinaridade e reverter a fragmentação dessas disciplinas, que geralmente é feita nos anos posteriores. A construção desse repertório de fenômenos naturais e sociais vem acompanhada da pluralidade de visões e modos de explicar e representar esses fenômenos. O contato com as explicações cientí�cas é extremamente importante. Porém, é importante estimular a construção de novas formas de pensar, explicar e compreender os eventos. Também é bastante comum a transmissão de conceitos ou termos técnicos (da Física, Química ou Biologia) em detrimento das formulações e classi�cações já compreendidas pelos alunos para comparação. É fato que o processo de decorar conteúdos, também herança do modelo industrial de ensino, não gera resultados positivos. Habilidades técnicas (manuais e que envolvem memorização) serão muito brevemente, se já não estão sendo, desenvolvidas por máquinas e computadores. Aos humanos cabe o desenvolvimento de habilidades humanas, como a consciência e o pensamento crítico e criativo. Culturas de povos antigos ou conhecimento popular (senso comum) propõem respostas diferentes para questões do mundo cuja lógica também deve ser avaliada, daí a importância de uma abordagem historiográ�ca correta que envolva a apresentação da história da ciência. Apresentação de mitos e lendas pode ser uma importante ferramenta para conhecer diferentes interpretações do mundo. Interpretações de mundo que mudam no tempo e no espaço. É preciso associar estas interpretações com o conhecimento cientí�co, o que no futuro pode permitir novas teorias ou a modi�cação das teorias existentes. A Ciência moderna apresenta um modo particular de produção do conhecimento: o método cientí�co, que deve ser contextualizado frente a outras formas de compreensão do mundo. Você quer ler? "O potencial didático do folclore como ferramenta no ensino de zoologia na educação básica: uma proposta estimuladora" (Salgado & Magalhães) Revista Acadêmica Multidisciplinar. Universidade Estadual de Maringá (UEM). N. 34, 2016. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/329184045_O_potencial_didatico_do_folclore _como_ferramenta_no_ensino_de_zoologia_na_educacao_basica_uma_proposta_estimuladora Acesso em agosto de 2019. https://www.researchgate.net/publication/329184045_O_potencial_didatico_do_folclore_como_ferramenta_no_ensino_de_zoologia_na_educacao_basica_uma_proposta_estimuladora 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 7/13 As crianças apresentam compreensões de mundo diferentes em cada etapa do desenvolvimento, conforme há a transformação do pensamento, da linguagem e da expressão. O acesso a diferentes fenômenos estimula a capacidade de reunir informações, construir um repertório e organizar explicações. Nos primeiros anos de vida predomina o desenvolvimento dos sentidos, por isso os estímulos devem vir por meio de cores, formas, sons e odores. Há um grande avanço também no desenvolvimento motor: a criança está aprendendo a movimentar-se no espaço e a manipular objetos. Frequentemente prática a repetição de ações para observar suas consequências e tirar conclusões. Assim, conforme são apresentadas experiências diferentes e de maior complexidade, a criança deverá rever e reconstruir suas conclusões,que tendem a ser igualmente mais numerosas e complexas. É fundamental destacar também a importância do brincar e do contato direto com a natureza. Dentro deste tópico: a importância do faz de conta no desenvolvimento da habilidade de abstração, essencial para o aprendizado de temas mais complexos da ciência no futuro, como célula, átomo, molécula, entre outros. É necessário um estímulo à capacidade de desvincular dos signi�cados imediatos e atribuir novos. Atualmente, muitos fatores externos contribuem para que as crianças cresçam em um mundo distante do contato com a natureza. Entre tantos motivos, a expansão urbana se destaca. No Brasil, pelo menos 80% da população mora em áreas urbanas e, nesse contexto, as crianças crescem cercadas por prédios, grades, paredes e muros. Porém, mais importante do que ressaltar como pode ser prejudicial a falta da natureza no cotidiano de uma criança, é preciso apontar quantos benefícios o contato com o meio ambiente pode trazer e ajudar no crescimento. Segundo a pesquisadora Maria Isabel Barros, “os benefícios variam de acordo com a idade, mas em contato com a natureza a criança desenvolve o brincar mais criativo e autêntico, descobre dentro de si o que a motiva”. Você quer ver? Léa Tiriba, educadora-ambientalista, professora da Escola de Educação da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) destaca a importância de toda a sociedade rea�rmar o seu compromisso com a proteção do meio ambiente, o cuidado com a natureza e a inserção da infância neste processo. O vídeo está disponível aqui . 2.1. Ensinando na prática https://www.youtube.com/watch?v=eO1RneRWLXI 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 8/13 Para crianças de zero a três anos de idade, o educador deve promover a participação das crianças em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos. A exploração de diferentes objetos, de suas propriedades e de relações simples de causa e efeito; promover o contato com pequenos animais e plantas; promover o conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas. Neste momento a construção do próprio brinquedo e resgate de "brincadeiras antigas", que estimulem o desenvolvimento motor e conhecimento do próprio corpo, tal como "Pé de lata" e etc. Na faixa etária dos quatro aos seis anos de idade aprofundam-se os conteúdos indicados para as crianças de zero a três anos, ao mesmo tempo em que outros são acrescentados. Os conteúdos nesta etapa são organizados em cinco blocos: “Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e trabalhar”; “Os lugares e suas paisagens”; “Objetos e processos de transformação”; “Os seres vivos” e “Fenômenos da natureza”. Falando de crianças, podemos utilizar também recursos como �lmes infantis que abordem o tema "Natureza e Sociedade Humana". A organização dos conteúdos em blocos visa contemplar as principais dimensões contidas neste eixo de trabalho, oferecendo visibilidade às especi�cidades dos diferentes conhecimentos e conteúdos. Os conteúdos, sempre que possível, deverão ser trabalhados de maneira integrada, evitando-se fragmentar a vivência das crianças. Os procedimentos indispensáveis para a aprendizagem das crianças neste eixo de trabalho e que se aplicam a todos os blocos abordados incluem a formulação de perguntas; a participação ativa na resolução de problemas; o estabelecimento de algumas relações simples na comparação de dados; o confronto entre suas ideias e as de outras crianças; formulação coletiva e individual de conclusões e explicações sobre o tema em questão; utilização, com ajuda do professor, de diferentes fontes para buscar informações, como objetos, fotogra�as, documentários, relatos de pessoas, livros, mapas etc.; utilização da observação direta e com uso de instrumentos, como binóculos, lupas, microscópios etc., para obtenção de dados e informações; conhecimento de locais que guardam informações, como bibliotecas, museus etc.; leitura, construção e interpretação de registros, como desenhos, fotogra�as e maquetes; registro das informações, utilizando diferentes formas: desenhos, textos orais ditados ao professor, comunicação oral registrada em gravadores ou em fontes digitais como podcasts e vídeos etc. Você quer ver? Sugestões de vídeos divertidos e educativos no canal Manual do Mundo. Disponível aqui . https://www.youtube.com/user/iberethenorio 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 9/13 3. Ciências naturais O ensino de ciências naturais no ensino fundamental deve dar seguimento e aprofundar os conhecimentos adquiridos na educação infantil. O desenvolvimento cognitivo aqui observado permite a inserção de conceitos mais complexos na realidade dos educandos. Faremos aqui um panorama da organização do ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais e �nais do Ensino Fundamental, baseado no Livro 4 dos Parâmetros Curriculares Nacionais. 3.1. Ensino de ciências naturais para o ensino fundamental O ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é dividido em blocos temáticos. Essa divisão visa evitar que os assuntos sejam tratados de maneira isolada, pois, devido a sua organização, que não segue um padrão rígido, permite-se o estabelecimento de diferentes sequências dos conteúdos e que o educador enfatiza conteúdos de maior importância no contexto local dos alunos, além de possibilitar conexões entre os demais blocos e áreas do conhecimento. Entretanto, os blocos apresentam temais centrais que devem nortear o foco da discussão. Os blocos temáticos propostos para o ensino fundamental são: (1) Ambiente; (2) Ser Humano e Saúde; (3) Recursos Tecnológicos e (4) Terra e Universo. Sendo que os três primeiros blocos são desenvolvidos durante todo o ensino fundamental, no ciclo I (1º ao 5º ano) e no ciclo II (6º ao 9º ano), enquanto o quarto bloco é trabalhado apenas no Ciclo III, último ciclo da educação básica, ou seja, no Ensino Médio, o qual não será tratado aqui. Os blocos temáticos apresentam sugestões de conteúdos bem como perspectivas de abordagem que permitem diversas interpretações e formas de trabalhar, garantindo a autonomia do educador. A gama de assuntos que podem ser trabalhados é gigantesca, podendo partir de temas já consagrados, como poluição ou energia, até aqueles mais recentes, como inovações tecnológicas e redes sociais. No primeiro bloco, “Meio Ambiente”, são tratados assuntos que relacionam, como visto anteriormente, sociedade e meio ambiente, enfatizando as necessidades humanas, baseadas em seus conhecimentos e valores. É importante ressaltar aqui a questão do desenvolvimento tecnológico e a dependência direta que esta atividade humana tem do conhecimento sobre recursos naturais e as transformações no ambiente provocadas por ela. Fatores econômicos, políticos, sociais e históricos envolvidos também devem ser levantados. De forma geral, o processo ensino-aprendizagem deve caminhar para buscar o restabelecimento da relação entre o ser humano e a natureza. 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 10/13 O segundo bloco, “Ser Humano e Saúde”, é orientado para o entendimento do corpo humano como uma unidade integrada ao meio ambiente, e não alheio a este. Aqui são importantes os estudos sobre as relações �siológicas e anatômicas de uma maneira contextualizada, para que o aluno compreenda as transformações de energia. Entretanto, o estudo não deve se limitar à memorização de estruturas, aparelhos e sistemas, mas sim expandir-se para a suas interações com o meio, as quais interferem na manutenção e integridade do corpo. É importante que o educador observe seus alunos e tente identi�car aspectos como carência nutricional, afetiva e social, uma vez que estes interferemaspectos na arquitetura, funcionamento e consequentemente no desempenho cognitivo do indivíduo, re�etindo a história de vida do sujeito. O terceiro bloco, “Recursos Tecnológicos”, aborda as transformações de recursos naturais em inovações tecnológicas que permitem o desenvolvimento das sociedades humanas, bem como suas implicações sociais e demais impactos causados. É necessário atentar-se para o caráter pragmático deste bloco em relação aos demais, os quais envolvem discussões acumuladas. Aqui deve ser enfatizada a necessidade de se compreender a utilização e a aplicação de recursos tecnológicos. Reconhecer a importância da tecnologia frente às revoluções da humanidade e estimular o pensamento criativo e inovador para que se busque alternativas tecnológicas mais e�cazes, baratas e sustentáveis que atendam às demandas atuais e futuras. 4. Práticas de ensino de ciências naturais Para se discutir as práticas de ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é necessário fazer um breve panorama do desenvolvimento cognitivo dos alunos ao longo desta etapa da educação, uma vez que inclui crianças com uma variação de idades considerável. Há uma mudança bastante evidente nas concepções de mundo dos alunos ao longo dos Ciclos I e II. É natural que crianças menores, até cerca de oito anos, apresentem explicações subjetivas e fantasiosas para os fenômenos que presenciam. A partir desta idade, a racionalidade começa a preponderar em suas concepções de mundo, fase em que há um grande desenvolvimento da linguagem oral, descritiva e narrativa. Neste contexto, nas séries do Ciclo I, é enriquecedor trabalhar com os alunos a construção de relatos de observações da natureza ou de experimentos e diferentes maneiras de comunicá-las aos colegas. Observar, comparar, descrever, narrar, desenhar e perguntar são modos de buscar e organizar informações sobre temas especí�cos, alvos de investigação pela classe. Tais procedimentos por si só não permitem a aquisição do conhecimento conceitual sobre o tema, mas são recursos para que a dimensão conceitual, a rede de ideias que confere signi�cado ao tema, possa ser trabalhada pelo professor. 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 11/13 Quando iniciam o Ciclo II, ou seja, por volta dos 11 anos de idade, os alunos já devem possuir um repertório de informações quantitativamente e qualitativamente mais elaborado, além de possuir um maior domínio das habilidades de leitura e escrita, ainda que nem todos estejam efetivamente alinhados. Consequentemente ao aumento do repertório de informações, aumenta também o estabelecimento de relações entre estas informações, o que permite diversi�car as fontes e as formas de representação e linguagem utilizadas, alargando a compreensão de mundo do indivíduo. O estabelecimento de regularidades nas relações de causa e efeito, forma e função, dependência e sincronicidade ou seqüência é possível de ser realizado pela comparação de eventos, objetos e fenômenos, sob orientação do professor, que oferece informações e propõe investigações aos alunos. 4.1 Ensinando na prática Aqui serão destacadas algumas das principais estratégias que podem ser utilizadas na abordagem dos assuntos de todos os blocos temáticos, não se limitando a aulas práticas propriamente ditas, mas que podem ser trabalhadas nas mais diversas situações de aprendizagem propostas. A primeira dessas estratégias é a problematização. O professor poderá promover a desestabilização dos conhecimentos prévios dos alunos, criando situações em que se estabeleçam os con�itos necessários para a aprendizagem — aquilo que estava su�cientemente explicado não se mostra como tal na nova situação apresentada. Coloca-se, assim, um problema para os alunos, cuja solução passa por coletar novas informações, retomar seu modelo e veri�car o limite dele. Uma outra estratégia, importantíssima para desenvolvimento do pensamento cientí�co, é estimular a busca de informações em variadas fontes. São modalidades desse procedimento: observação, experimentação, leitura, entrevista, excursão ou estudo do meio. É importante que se tenha claro que a construção do conhecimento não se faz exclusivamente a partir de cada um desses procedimentos. Eles se constituem, como o próprio nome diz, em modos de obter informações. Ao estudar o tema a ser investigado por sua classe, o professor veri�ca no conhecimento estabelecido uma rede de ideias implicada no tema em questão e seleciona quais noções pretende desenvolver com seus alunos. As noções escolhidas nortearão o professor na elaboração de problematização às propostas de observação, experimentação e outras estratégias para a busca de informações. O professor deve ter clareza de que são as teorias cientí�cas que oferecem as referências para que os alunos elaborem suas reinterpretações sobre os temas em estudo, num processo contínuo de confronto entre diferentes ideias. É papel do professor trazer elementos das teorias cientí�cas e outros sistemas explicativos para sua classe sob a forma de perguntas, nomeações, indicações para observação e experimentação, leitura de textos e em seu próprio discurso explicativo. É nesse 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 12/13 processo intrinsecamente dinâmico de busca de informações e confronto de ideias que o conhecimento cientí�co se constrói. Síntese Nesta unidade você pôde conhecer um pouco dos documentos publicados pelo ministério da educação e que norteiam os princípios do ensino de natureza e sociedade na educação infantil e do ensino de ciências naturais para o ensino fundamental. Ademais, re�etimos sobre uma importante parte da formação docente: a prática de ensino. Ao �nal desta unidade você deverá avaliar se foi possível: ● Conhecer o Referencial Curricular Nacional: ensino de Natureza e Sociedade para a Educação Infantil; ● Compreender a importância do ensino de sociedade e natureza desde a infância; ● Conhecer as práticas do ensino de natureza e sociedade indicadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais: ensino de Natureza e Sociedade para a Educação Infantil; ● Compreender a importância das práticas de ensino de sociedade e natureza desde a infância; ● Conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais para o Ensino Fundamental I; ● Conhecer a política nacional que guia o ensinamento de ciências naturais; ● Compreender a importância do ensino de ciências naturais para os alunos do Fundamental I; ● Conhecer as práticas do ensino de ciências naturais indicadas pelos Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais para o Ensino Fundamental I; ● Compreender a importância das práticas de ensino de ciências naturais; ● Elaborar atividades práticas de ensino para ambas as disciplinas Na próxima unidade faremos um mergulho na relação entre o uso dos recursos naturais, a biodiversidade, a conservação ambiental e a ciência. Até lá! Download do PDF da unidade Bibliografia BRASIL Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : ciências naturais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1997. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf > http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf 04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2 https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 13/13 BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infanti l. Brasília. MEC/SEF, 1998. v.3. p.163-204. Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf > http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf
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