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Unidade 2 Met e Prat Ciências

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04/05/2022 09:23 Su-BL2- EDU_MEPCIN_19_E_2
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Unidade 2 - Conhecimento em ação: a
prática de ensino
Paola Lemes
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Introdução
Graças ao estudo da Unidade anterior, agora já possuímos um panorama histórico da construção
do entendimento do que é Ciência e de como ela funciona, além de um conhecimento
introdutório sobre importantes pontos direcionadores do ensino de Ciências Naturais nos anos
iniciais do Ensino Fundamental.
Nesta unidade serão aprofundadas as temáticas norteadoras do ensino de ciências,
primeiramente na Educação Infantil e posteriormente no Ensino Fundamental, cada um com base
em suas respectivas normas disponíveis nos documentos o�ciais do MEC-Ministério da Educação.
É importante ressaltar que, mesmo que cada etapa da educação básica possua suas diretrizes
contendo as especi�cidades para a faixa etária correspondente, o processo de ensino
aprendizagem como um todo precisa seguir as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica (DCNs). Estas diretrizes são normas obrigatórias que orientam o currículo e os conteúdos
mínimos exigidos com base na Lei das Diretrizes e Bases da Educação (LDB, Lei nº 9394/96), a
legislação que regulamenta o sistema de ensino (público e privado) no Brasil.
Mas como praticar uma alfabetização cientí�ca que atenda aos padrões de qualidade e
interdisciplinaridade exigidos por lei desde a formação inicial dos nossos alunos? A
princípio, será discutida a abordagem utilizada na Educação Infantil (de zero a seis anos de idade):
Natureza e Sociedade, com base no terceiro volume do Referencial Curricular Nacional da
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1. Natureza e sociedade
A Educação Infantil é ministrada em creches, pré-escolas e entidades equivalentes, para crianças
na faixa etária entre zero e seis anos. São competências desta etapa do ensino inserir as crianças
no universo escolar, contribuindo para o desenvolvimento de uma rotina de estudos, hábitos e
atitudes cidadãs, bem como das habilidades motoras, entre outras, auxiliando a criança na
construção de sua identidade, formação pessoal e social. Assim, além da introdução de conteúdos
relativos à linguagem oral e escrita, música, artes visuais, movimento e matemática, aqui são
também apresentados temas relativos à natureza e sociedade.
Fenômenos naturais e fenômenos sociais são indissociáveis. Logo sua abordagem na educação
infantil não poderia ser realizada de forma isolada. É importante que o educador tenha em mente
que o processo ensino aprendizagem é, ou ao menos deveria ser, completamente integrado e
global, sendo que todos os eixos temáticos estão inter-relacionados. Crianças nesta faixa etária
possuem uma enorme curiosidade e capacidade investigativa, típicos da infância, momento em
que estão iniciando seu processo de conhecimento de mundo. A escola é o primeiro contato das
crianças com diferentes grupos socioculturais, os quais possuem conceitos, valores,
representações e ideias de mundo muito distintos.
1.1. Ensino de natureza e sociedade na educação
infantil
As re�exões feitas neste tópico são fundamentadas principalmente nas diretrizes do Referencial
Curricular Nacional da Educação Infantil – Volume 3, o qual trata do tema “Conhecimento de
Educação Infantil, que diz respeito ao conhecimento de mundo pelas crianças. Em seguida,
abordaremos a prática de ensino relativa a esta abordagem.
E, como dar prosseguimento a esta construção de conhecimento no múltiplo mundo do Ensino
Fundamental, esta etapa que envolve inúmeras mudanças, tanto no modo de pensar dos alunos
quanto no modo de ensinar e aprender? Para ajudar nesta resposta, faremos uma re�exão
baseada nos conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) para a disciplina de
Ciências Naturais. Aqui também serão discutidos aspectos da prática de ensino para esta
disciplina.
Vamos juntos?
Bons estudos!
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Mundo”. Este referencial é o principal documento direcionador do ensino infantil, apontando
metas de qualidade que contribuem para o desenvolvimento integral da identidade das crianças.
Estas diretrizes seguem aquelas estabelecidas na Lei de Diretrizes e Bases (LBD) e auxiliam as
instituições e os educadores a concretizarem o caráter socializador dessa etapa da educação,
ampliando a realidade social e cultural dos educandos.
Um dos tópicos mais importantes trabalhados na educação infantil é o desenvolvimento da noção
de tempo e espaço. Como veremos mais adiante, algumas práticas arraigadas na cultura
educacional brasileira de modo geral levam as crianças a ter uma compreensão limitada destes
aspectos, uma vez que sua capacidade de abstração costuma ser subestimada pelos educadores.
Existe uma ideia pré-concebida de que “a criança é um livro em branco”, ou seja que o seu
pensamento/entendimento limita-se a elementos do seu entorno, materialmente acessíveis,
concretos e conhecidos. Consequentemente, há um sentimento de que a compreensão de
conceitos, lugares e histórias distantes no tempo e espaço estaria além das capacidades
cognitivas das crianças. O resultado é uma restrição nos conteúdos abordados, que acabam por
não estimular uma formação plural, que envolva diferentes tipos de relações sociais. Entretanto o
contato com múltiplas culturas e grupos sociais é totalmente acessível por meio da tecnologia
atual e é parte fundamental de uma formação cidadã.
Você quer ver?
Palestra Professor José Pacheco no TEDxPetrópolis, “Novas construções sociais de
aprendizagem” Assista clicando aqui .
É evidente o aumento na preocupação com a temática da inclusão de diferentes grupos sociais na
educação. Esta preocupação levou a uma mudança de cenário que se iniciou há
aproximadamente duas décadas e que segue em curso até os dias atuais, quando uma série de
pesquisas e consultas públicas culminaram na publicação de pareceres do Ministério da Educação
e Cultura (MEC) que regulamentam as diretrizes da educação indígena (1999), educação
quilombola (2012), educação no campo (2001), educação nas prisões (2010), educação especial
(2001), educação para populações em situação de itinerância (2011), entre outras situações
especí�cas. Ações extremamente importantes para atingir a universalização do ensino e ampliar o
entendimento de mundo dos indivíduos em um país miscigenado como é o Brasil.
Você quer ler?
https://www.youtube.com/watch?v=-AgRdue4Zj4
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q
Acesse a página do MEC com os pareceres que regulamentam as diretrizes de ensino
para os diversos grupos étnicos e sociais brasileiros. Para ler, clique aqui.
Frente a essa demanda nacional e, por que não, global, claramente exposta através das
mudanças recentes na legislação, o ensino plural de natureza e sociedade na educação infantil se
faz fundamental. O Brasil possui uma gigantesca e peculiar diversidade biológica, com biomas
exclusivos. A diversidade social e cultural é diretamente proporcional a essa diversidade biológica
e potencializada pela história de colonização pela qual o país passou. Assim, em cada região
desenvolveram-se usos particulares dos recursos naturais, seja na alimentação ou no
atendimento a outras necessidades básicas (energia, minérios, lazer, etc). Todas essas
particularidades devem ser consideradas.
Crianças menores realmente têm suas noções de mundo atreladas à realidade conhecida, pelo
menos em um primeiro momento. Porém, essas noções podem e devem ser ampliadas conforme
aumenta o domínio da linguagem e a interação com o meio. Essas noções são representadas por
signi�cados construídos culturalmente e, à medida que são apresentadas a diferentes realidades
ao redor do país em que vivem, os critérios de agrupamento de concepções das crianças nãosão
mais su�cientes, e começa o processo de ressigni�cação ou reconstrução de paradigmas. Isso
provoca uma mudança na estrutura de pensamento da criança: a compreensão plural dos objetos
e das linguagens que as rodeia. É quando elas aprendem a confrontar as próprias hipóteses com
as de outrem, bem como com as hipóteses de grupos sociais diferentes no tempo e no espaço.
A percepção dessa multiplicidade de relações entre natureza e sociedade provoca naturalmente o
desenvolvimento de habilidades “cientí�cas” nas crianças, como a identi�cação de atributos dos
seres vivos e processos de transformação da natureza. Mediada pelo educador, a criança
precisará se expressar por diferentes linguagens para nomear, representar e  comunicar o
mundo. O acesso ao conhecimento cientí�co será mediado pelo mundo social e cultural,
ganhando propósito e interesse dos alunos.
É importante a escolha de assuntos relevantes dentro do contexto social dos alunos, que uma vez
esclarecidos possam extrapolar a compreensão para demais realidades. Entre as habilidades
importantes a serem desenvolvidas estão a capacidade de observação, a capacidade de relatar
acontecimentos, formular hipóteses, fazer previsões simples dentro de um determinado cenário,
tudo isso em diferentes contextos históricos e sociais. Trocar ideias, confrontar, debater,
argumentar, incentivar a curiosidade, a crítica, a refutação e a reformulação de conceitos e ideias
pré concebidas.
Também vale ressaltar que a complexidade e o domínio desses ensinamentos não serão
completamente consolidados pelos alunos de forma imediata nesta etapa da educação, mas
http://portal.mec.gov.br/busca-geral/323-secretarias-112877938/orgaos-vinculados-82187207/12992-diretrizes-para-a-educacao-basica
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terão seus alicerces bem estabelecidos para que o processo continue, não somente ao longo das
demais etapas da educação básica, mas também na vivência do aluno fora dos muros da escola.
2. Práticas do ensino de natureza e
sociedade
A educação infantil geralmente utiliza ferramentas e conteúdos padronizados para o
desenvolvimento de habilidades motoras, hábitos e atitudes essenciais nas crianças, uma vez que
representa o primeiro contato destas com o universo educacional fora de casa. Entre as práticas e
ideias correntes mais comuns estão ações como copiar, repetir, desenhar e colorir. Porém é
importante ter em mente que o método de ensino industrial baseado na repetição apresenta
limitações e há diversas maneiras de contorná-lo. Como mencionado anteriormente, uma delas é
considerar o saber pertinente à individualidade de cada criança em cada contexto social. Neste
sentido algumas práticas recorrentes devem ser evitadas.
Entre estas, podemos citar práticas comuns de tentativa de inclusão de grupos sociais em datas
comemorativas que geralmente são feitas de maneira descontextualizada, gerando uma
concepção inadequada da diversidade de realidades culturais, sociais, geográ�cas e históricas
(exemplo: dia do índio, dia das mães ou dos pais). É preciso atentar-se também para o incentivo a
determinadas práticas que possam conter viés moral, como conceitos de limpo e sujo, bonito e
feio, bom e mau, certo e errado, que possam ser preconceituosas. Ainda que educar não seja um
processo neutro, em alguns momentos o educador precisa abstrair sua subjetividade para não
reforçar estereótipos nos alunos.
Você quer ler?
O Blog WPensar traz re�exões sobre como abordar o dia do índio da maneira correta. O
texto está disponível aqui .
É interessante evitar experiências pontuais de observação de animais, plantas ou experimentos
que têm roteiros engessados e pré-estabelecidos, onde as crianças apenas reproduzem as etapas.
Geralmente, nestas situações o problema investigado não �ca explícito, a explicação do aluno
para tal fenômeno não é valorizada, tampouco suas ideias sobre os resultados obtidos no
experimento. A repetição de roteiros e atividades prontos sem contextualização ou re�exão não é
https://blog.wpensar.com.br/pedagogico/dia-do-indio-na-escola/
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uma prática que leva ao desenvolvimento das habilidades necessárias nos dias atuais e menos
ainda às habilidades do futuro.
Conhecimentos sobre a sociedade são derivados das ciências humanas, já conhecimentos sobre a
natureza são derivados das ciências naturais. Ambas envolvem uma pluralidade de fenômenos e
acontecimentos físicos, biológicos, históricos, geográ�cos e culturais, ou seja, uma ótima
possibilidade de integrar a interdisciplinaridade e reverter a fragmentação dessas disciplinas, que
geralmente é feita nos anos posteriores. A construção desse repertório de fenômenos naturais e
sociais vem acompanhada da pluralidade de visões e modos de explicar e representar esses
fenômenos. O contato com as explicações cientí�cas é extremamente importante.
Porém, é importante estimular a construção de novas formas de pensar, explicar e compreender
os eventos. Também é bastante comum a transmissão de conceitos ou termos técnicos (da Física,
Química ou Biologia) em detrimento das formulações e classi�cações já compreendidas pelos
alunos para comparação. É fato que o processo de decorar conteúdos, também herança do
modelo industrial de ensino, não gera resultados positivos. Habilidades técnicas (manuais e que
envolvem memorização) serão muito brevemente, se já não estão sendo, desenvolvidas por
máquinas e computadores. Aos humanos cabe o desenvolvimento de habilidades humanas, como
a consciência e o pensamento crítico e criativo.
Culturas de povos antigos ou conhecimento popular (senso comum) propõem respostas
diferentes para questões do mundo cuja lógica também deve ser avaliada, daí a importância de
uma abordagem historiográ�ca correta que envolva a apresentação da história da ciência.
Apresentação de mitos e lendas pode ser uma importante ferramenta para conhecer diferentes
interpretações do mundo. Interpretações de mundo que mudam no tempo e no espaço. É preciso
associar estas interpretações com o conhecimento cientí�co, o que no futuro pode permitir novas
teorias ou a modi�cação das teorias existentes. A Ciência moderna apresenta um modo particular
de produção do conhecimento: o método cientí�co, que deve ser contextualizado frente a outras
formas de compreensão do mundo.
Você quer ler?
"O potencial didático do folclore como ferramenta no ensino de zoologia na educação
básica: uma proposta estimuladora" (Salgado & Magalhães) Revista Acadêmica
Multidisciplinar. Universidade Estadual de Maringá (UEM). N. 34, 2016. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/329184045_O_potencial_didatico_do_folclore 
_como_ferramenta_no_ensino_de_zoologia_na_educacao_basica_uma_proposta_estimuladora
Acesso em agosto de 2019.
https://www.researchgate.net/publication/329184045_O_potencial_didatico_do_folclore_como_ferramenta_no_ensino_de_zoologia_na_educacao_basica_uma_proposta_estimuladora
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As crianças apresentam compreensões de mundo diferentes em cada etapa do desenvolvimento,
conforme há a transformação do pensamento, da linguagem e da expressão. O acesso a
diferentes fenômenos estimula a capacidade de reunir informações, construir um repertório e
organizar explicações. Nos primeiros anos de vida predomina o desenvolvimento dos sentidos,
por isso os estímulos devem vir por meio de cores, formas, sons e odores. Há um grande avanço
também no desenvolvimento motor: a criança está aprendendo a movimentar-se no espaço e a
manipular objetos. Frequentemente prática a repetição de ações para observar suas
consequências e tirar conclusões. Assim, conforme são apresentadas experiências diferentes e de
maior complexidade, a criança deverá rever e reconstruir suas conclusões,que tendem a ser
igualmente mais numerosas e complexas.
É fundamental destacar também a importância do brincar e do contato direto com a natureza.
Dentro deste tópico: a importância do faz de conta no desenvolvimento da habilidade de
abstração, essencial para o aprendizado de temas mais complexos da ciência no futuro, como
célula, átomo, molécula, entre outros. É necessário um estímulo à capacidade de desvincular dos
signi�cados imediatos e atribuir novos.
Atualmente, muitos fatores externos contribuem para que as crianças cresçam em um mundo
distante do contato com a natureza. Entre tantos motivos, a expansão urbana se destaca. No
Brasil, pelo menos 80% da população mora em áreas urbanas e, nesse contexto, as crianças
crescem cercadas por prédios, grades, paredes e muros.
Porém, mais importante do que ressaltar como pode ser prejudicial a falta da natureza no
cotidiano de uma criança, é preciso apontar quantos benefícios o contato com o meio ambiente
pode trazer e ajudar no crescimento. Segundo a pesquisadora Maria Isabel Barros, “os benefícios
variam de acordo com a idade, mas em contato com a natureza a criança desenvolve o brincar
mais criativo e autêntico,  descobre dentro de si o que a motiva”.
Você quer ver?
Léa Tiriba, educadora-ambientalista, professora da Escola de Educação da Universidade
Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) destaca a importância de toda a sociedade
rea�rmar o seu compromisso com a proteção do meio ambiente, o cuidado com a
natureza e a inserção da infância neste processo. O vídeo está disponível aqui .
2.1. Ensinando na prática
https://www.youtube.com/watch?v=eO1RneRWLXI
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Para crianças de zero a três anos de idade, o educador deve promover a participação das crianças
em atividades que envolvam histórias, brincadeiras, jogos e canções que digam respeito às
tradições culturais de sua comunidade e de outros grupos. A exploração de diferentes objetos, de
suas propriedades e de relações simples de causa e efeito; promover o contato com pequenos
animais e plantas; promover o conhecimento do próprio corpo por meio do uso e da exploração
de suas habilidades físicas, motoras e perceptivas. Neste momento a construção do próprio
brinquedo e resgate de "brincadeiras antigas", que estimulem o desenvolvimento motor e
conhecimento do próprio corpo, tal como "Pé de lata" e etc.
Na faixa etária dos quatro aos seis anos de idade aprofundam-se os conteúdos indicados para as
crianças de zero a três anos, ao mesmo tempo em que outros são acrescentados. Os conteúdos
nesta etapa são organizados em cinco blocos: “Organização dos grupos e seu modo de ser, viver e
trabalhar”; “Os lugares e suas paisagens”; “Objetos e processos de transformação”; “Os seres
vivos” e “Fenômenos da natureza”. Falando de crianças, podemos utilizar também recursos como
�lmes infantis que abordem o tema "Natureza e Sociedade Humana".
A organização dos conteúdos em blocos visa contemplar as principais dimensões contidas neste
eixo de trabalho, oferecendo visibilidade às especi�cidades dos diferentes conhecimentos e
conteúdos. Os conteúdos, sempre que possível, deverão ser trabalhados de maneira integrada,
evitando-se fragmentar a vivência das crianças.
Os procedimentos indispensáveis para a aprendizagem das crianças neste eixo de trabalho e que
se aplicam a todos os blocos abordados incluem a formulação de perguntas; a participação ativa
na resolução de problemas; o estabelecimento de algumas relações simples na comparação de
dados; o confronto entre suas ideias e as de outras crianças; formulação coletiva e individual de
conclusões e explicações sobre o tema em questão; utilização, com ajuda do professor, de
diferentes fontes para buscar informações, como objetos, fotogra�as, documentários, relatos de
pessoas, livros, mapas etc.; utilização da observação direta e com uso de instrumentos, como
binóculos, lupas, microscópios etc., para obtenção de dados e informações; conhecimento de
locais que guardam informações, como bibliotecas, museus etc.; leitura, construção e
interpretação de registros, como desenhos, fotogra�as e maquetes; registro das informações,
utilizando diferentes formas: desenhos, textos orais ditados ao professor, comunicação oral
registrada em gravadores ou em fontes digitais como podcasts e vídeos etc.
Você quer ver?
Sugestões de vídeos divertidos e educativos no canal Manual do Mundo. Disponível aqui
.
https://www.youtube.com/user/iberethenorio
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3. Ciências naturais
O ensino de ciências naturais no ensino fundamental deve dar seguimento e aprofundar os
conhecimentos adquiridos na educação infantil. O desenvolvimento cognitivo aqui observado
permite a inserção de conceitos mais complexos na realidade dos educandos. Faremos aqui um
panorama da organização do ensino de Ciências Naturais nos anos iniciais e �nais do Ensino
Fundamental, baseado no Livro 4 dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
3.1. Ensino de ciências naturais para o ensino
fundamental
O ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é dividido em blocos temáticos. Essa
divisão visa evitar que os assuntos sejam tratados de maneira isolada, pois, devido a sua
organização, que não segue um padrão rígido, permite-se o estabelecimento de diferentes
sequências dos conteúdos e que o educador enfatiza conteúdos de maior importância no
contexto local dos alunos, além de possibilitar conexões entre os demais blocos e áreas do
conhecimento. Entretanto, os blocos apresentam temais centrais que devem nortear o foco da
discussão.
Os blocos temáticos propostos para o ensino fundamental são: (1) Ambiente; (2) Ser Humano e
Saúde; (3) Recursos Tecnológicos e (4) Terra e Universo. Sendo que os três primeiros blocos são
desenvolvidos durante todo o ensino fundamental, no ciclo I (1º ao 5º ano) e no ciclo II (6º ao 9º
ano), enquanto o quarto bloco é trabalhado apenas no Ciclo III, último ciclo da educação básica,
ou seja, no Ensino Médio, o qual não será tratado aqui. Os blocos temáticos apresentam
sugestões de conteúdos bem como perspectivas de abordagem que permitem diversas
interpretações e formas de trabalhar, garantindo a autonomia do educador. A gama de assuntos
que podem ser trabalhados é gigantesca, podendo partir de temas já consagrados, como poluição
ou energia, até aqueles mais recentes, como inovações tecnológicas e redes sociais.
No primeiro bloco, “Meio Ambiente”, são tratados assuntos que relacionam, como visto
anteriormente, sociedade e meio ambiente, enfatizando as necessidades humanas, baseadas em
seus conhecimentos e valores. É importante ressaltar aqui a questão do desenvolvimento
tecnológico e a dependência direta que esta atividade humana tem do conhecimento sobre
recursos naturais e as transformações no ambiente provocadas por ela. Fatores econômicos,
políticos, sociais e históricos envolvidos também devem ser levantados. De forma geral, o
processo ensino-aprendizagem deve caminhar para buscar o restabelecimento da relação entre o
ser humano e a natureza.
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O segundo bloco, “Ser Humano e Saúde”, é orientado para o entendimento do corpo humano
como uma unidade integrada ao meio ambiente, e não alheio a este. Aqui são importantes os
estudos sobre as relações �siológicas e anatômicas de uma maneira contextualizada, para que o
aluno compreenda as transformações de energia. Entretanto, o estudo não deve se limitar à
memorização de estruturas, aparelhos e sistemas, mas sim expandir-se para a suas interações
com o meio, as quais interferem na manutenção e integridade do corpo. É importante que o
educador observe seus alunos e tente identi�car aspectos como carência nutricional, afetiva e
social, uma vez que estes interferemaspectos na arquitetura, funcionamento e
consequentemente no desempenho cognitivo do indivíduo, re�etindo a história de vida do
sujeito.
O terceiro bloco, “Recursos Tecnológicos”, aborda as transformações de recursos naturais em
inovações tecnológicas que permitem o desenvolvimento das sociedades humanas, bem como
suas implicações sociais e demais impactos causados. É necessário atentar-se para o caráter
pragmático deste bloco em relação aos demais, os quais envolvem discussões acumuladas. Aqui
deve ser enfatizada a necessidade de se compreender a utilização e a aplicação de recursos
tecnológicos. Reconhecer a importância da tecnologia frente às revoluções da humanidade e
estimular o pensamento criativo e inovador para que se busque alternativas tecnológicas mais
e�cazes, baratas e sustentáveis que atendam às demandas atuais e futuras.
4. Práticas de ensino de ciências
naturais
Para se discutir as práticas de ensino de Ciências Naturais no Ensino Fundamental é necessário
fazer um breve panorama do desenvolvimento cognitivo dos alunos ao longo desta etapa da
educação, uma vez que inclui crianças com uma variação de idades considerável. Há uma
mudança bastante evidente nas concepções de mundo dos alunos ao longo dos Ciclos I e II.
É natural que crianças menores, até cerca de oito anos, apresentem explicações subjetivas e
fantasiosas para os fenômenos que presenciam. A partir desta idade, a racionalidade começa a
preponderar em suas concepções de mundo, fase em que há um grande desenvolvimento da
linguagem oral, descritiva e narrativa. Neste contexto, nas séries do Ciclo I, é enriquecedor
trabalhar com os alunos a construção de relatos de observações da natureza ou de experimentos
e diferentes maneiras de comunicá-las aos colegas. Observar, comparar, descrever, narrar,
desenhar e perguntar são modos de buscar e organizar informações sobre temas especí�cos,
alvos de investigação pela classe. Tais procedimentos por si só não permitem a aquisição do
conhecimento conceitual sobre o tema, mas são recursos para que a dimensão conceitual, a rede
de ideias que confere signi�cado ao tema, possa ser trabalhada pelo professor.
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Quando iniciam o Ciclo II, ou seja, por volta dos 11 anos de idade, os alunos já devem possuir um
repertório de informações quantitativamente e qualitativamente mais elaborado, além de possuir
um maior domínio das habilidades de leitura e escrita, ainda que nem todos estejam
efetivamente alinhados. Consequentemente ao aumento do repertório de informações, aumenta
também o estabelecimento de relações entre estas informações, o que permite diversi�car as
fontes e as formas de representação e linguagem utilizadas, alargando a compreensão de mundo
do indivíduo. O estabelecimento de regularidades nas relações de causa e efeito, forma e função,
dependência e sincronicidade ou seqüência é possível de ser realizado pela comparação de
eventos, objetos e fenômenos, sob orientação do professor, que oferece informações e propõe
investigações aos alunos.
4.1 Ensinando na prática
Aqui serão destacadas algumas das principais estratégias que podem ser utilizadas na abordagem
dos assuntos de todos os blocos temáticos, não se limitando a aulas práticas propriamente ditas,
mas que podem ser trabalhadas nas mais diversas situações de aprendizagem propostas.
A primeira dessas estratégias é a problematização. O professor poderá promover a
desestabilização dos conhecimentos prévios dos alunos, criando situações em que se
estabeleçam os con�itos necessários para a aprendizagem — aquilo que estava su�cientemente
explicado não se mostra como tal na nova situação apresentada. Coloca-se, assim, um problema
para os alunos, cuja solução passa por coletar novas informações, retomar seu modelo e veri�car
o limite dele.
Uma outra estratégia, importantíssima para desenvolvimento do pensamento cientí�co, é
estimular a busca de informações em variadas fontes.  São modalidades desse procedimento:
observação, experimentação, leitura, entrevista, excursão ou estudo do meio. É importante que
se tenha claro que a construção do conhecimento não se faz exclusivamente a partir de cada um
desses procedimentos. Eles se constituem, como o próprio nome diz, em modos de obter
informações. Ao estudar o tema a ser investigado por sua classe, o professor veri�ca no
conhecimento estabelecido uma rede de ideias implicada no tema em questão e seleciona quais
noções pretende desenvolver com seus alunos.
As noções escolhidas nortearão o professor na elaboração de problematização às propostas de
observação, experimentação e outras estratégias para a busca de informações. O professor deve
ter clareza de que são as teorias cientí�cas que oferecem as referências para que os alunos
elaborem suas reinterpretações sobre os temas em estudo, num processo contínuo de confronto
entre diferentes ideias. É papel do professor trazer elementos das teorias cientí�cas e outros
sistemas explicativos para sua classe sob a forma de perguntas, nomeações, indicações para
observação e experimentação, leitura de textos e em seu próprio discurso explicativo. É nesse
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processo intrinsecamente dinâmico de busca de informações e confronto de ideias que o
conhecimento cientí�co se constrói.
Síntese
Nesta unidade você pôde conhecer um pouco dos documentos publicados pelo ministério da
educação e que norteiam os princípios do ensino de natureza e sociedade na educação infantil  e
do ensino de ciências naturais para o ensino fundamental. Ademais, re�etimos sobre uma
importante parte da formação docente: a prática de ensino. Ao �nal desta unidade você deverá
avaliar se foi possível:
●   Conhecer o Referencial Curricular Nacional: ensino de Natureza e Sociedade para a Educação
Infantil; 
●   Compreender a importância do ensino de sociedade e natureza desde a infância; 
●   Conhecer as práticas do ensino de natureza e sociedade indicadas pelos Parâmetros
Curriculares Nacionais: ensino de Natureza e Sociedade para a Educação Infantil; 
●   Compreender a importância das práticas de ensino de sociedade e natureza desde a infância; 
●   Conhecer os Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais para o Ensino Fundamental
I; 
●   Conhecer a política nacional que guia o ensinamento de ciências naturais; 
●   Compreender a importância do ensino de ciências naturais para os alunos do Fundamental I; 
●   Conhecer as práticas do ensino de ciências naturais indicadas pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais: Ciências Naturais para o Ensino Fundamental I; 
●   Compreender a importância das práticas de ensino de ciências naturais; 
●   Elaborar atividades práticas de ensino para ambas as disciplinas
Na próxima unidade faremos um mergulho na relação entre o uso dos recursos naturais, a
biodiversidade, a conservação ambiental e a ciência. Até lá!
Download do PDF da unidade
Bibliografia
BRASIL Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais : ciências
naturais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília : MEC/SEF, 1997. Disponível em <
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf > 
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf
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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial
Curricular Nacional para a Educação Infanti l. Brasília. MEC/SEF, 1998. v.3. p.163-204.
Disponível em < http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf >
http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf

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