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Unidade 4 Met e Prat Ciências

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04/05/2022 09:24 SU-BL2-EDU_MEPCIN_19_E_4
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 1/26
Introdução
O ambiente é a unidade complexa que envolve todos os elementos bióticos e abióticos
existentes. Em uma determinada época de sua existência, a humanidade passou a olhar e
estudar a natureza fragmentando seus elementos. Estamos habituados a aprender desde cedo
a dividir e classi�car os elementos da natureza, um método que pode ter atendido às
demandas durante muito tempo. Entretanto, essa visão provocou uma perda de conexão, o ser
humano acabou por se distanciar de sua origem e passou a se considerar como um elemento
alheio à natureza. O modelo mecanicista, que dicotomiza o pensamento, é parte do problema
que precisa ser superado.
Nesta unidade, faremos uma re�exão sobre a relação da sociedade moderna com a natureza a
partir de alguns conceitos-chave. Primeiramente, será feito um resgate histórico para entender
a relação entre o desenvolvimento da Ciência e o desenvolvimento econômico, sua relação com
o aumento da qualidade de vida das populações e a consequente degradação ambiental que,
historicamente, acompanhou este desenvolvimento.
Em seguida, serão apresentados conceitos referentes às concepções de meio ambiente e o
surgimento da ideia de desenvolvimento sustentável, seguidos de uma discussão a respeito das
Unidade 4 - Educação ambiental
como ferramenta para a
sustentabilidade
Paola Lemes
Iniciar
04/05/2022 09:24 SU-BL2-EDU_MEPCIN_19_E_4
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 2/26
diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Você já havia parado
para pensar nessa questão?
Seguiremos com a apresentação da abordagem da educação ambiental, seus pilares históricos
no Brasil e no mundo e sua importância estratégica como ferramenta de conscientização e
transformação socioambiental aliada ao ensino de ciências naturais. Finalmente, fecharemos a
unidade apresentando as bases legais brasileiras para a conservação do meio ambiente e
pensando em alternativas para diminuir os impactos e os vestígios deixados pela sociedade de
consumos que somente começaram a ser questionados muito recentemente.
Vamos juntos?
Bons Estudos!
1. O papel da Ciência para o
desenvolvimento econômico
A relação de culto entre o homem e a natureza e a visão de natureza como mãe provedora
foram, por muitos séculos, permeadas por certa relação com o elemento divino: a natureza era
vista como uma divindade, da qual provinham todos os deuses, bem como os recursos
necessários à existência.
Como já discutimos brevemente em unidades anteriores, embora a exploração da natureza
aconteça desde tempos imemoriais, essa visão de mundo intensi�cou-se a partir da expansão
da visão mecanicista de mundo inserida pelo racionalismo cartesiano e concretizada com a
revolução trazida pela matemática newtoniana no século XVIII. Neste momento, a sociedade
ocidental moderna inaugura uma nova visão de natureza: a natureza como objeto, uma fonte
inesgotável de recursos que poderiam ser explorados e dominados pelo homem.
Figura 1. Réplica das representações artísticas encontradas no Caldeirão de Gundestrup (150 a. C), exemplo
conhecido do trabalho de prata da Idade do Ferro na Europa, mostrando relação de dominação do homem com os
elementos da natureza. Fonte: Blog História Ancestral
04/05/2022 09:24 SU-BL2-EDU_MEPCIN_19_E_4
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 3/26
Essa mudança de paradigma interferiu fortemente na relação humana com a natureza, já
perdura por mais de dois séculos e revolucionou o mundo em que vivemos em diversos
aspectos, inclusive na concepção de Ciência, na formação dos cientistas e na fragmentação dos
saberes (por exemplo, a dicotomia entre ciências da natureza, ciências exatas e ciências
humanas). As inovações tecnológicas trouxeram a Ciência para toda parte: há Ciência nas
construções que elaboramos, nas comunidades que criamos, no alimento que consumimos e
no modo como entendemos a natureza e até nosso próprio corpo.
Figura 2. O Homem Vitruviano, de Leonardo da Vinci (1490), analisando as proporções do corpo humano masculino.
Fonte: Pinterest.
A Ciência está sempre questionando por que as coisas são como são e como podem ser
melhoradas. O que somos no grande plano do universo. Questiona de onde viemos e para
onde iremos. Abrange desde as profundezas do universo, até o dispositivo que você está
usando para acessar este trabalho. A partir da era moderna e, principalmente, durante o
iluminismo, as revoluções cientí�cas trouxeram ideias sobre cálculo, a teoria atômica e a
gravidade. A revolução industrial, por meio das inovações tecnológicas, provocou uma explosão
de produção, crescimento e desenvolvimento social.
O modo de funcionamento iterativo da Ciência, aliado ao seu método repetível e falseável,
favoreceu a criação e o aperfeiçoamento de tecnologias, que podem ser substituídas ao
tornarem-se obsoletas. Revolucionou os meios de transporte, inicialmente, cobrindo a Europa
com uma malha ferroviária, que se expandiu para o mundo, posteriormente, desenvolvendo
carros e aviões. Revolucionou a agricultura, permitindo que aumentássemos exponencialmente
a nossa produção de alimentos, contrariando as antigas previsões demográ�cas. E mais
recentemente, na era digital, os cientistas ajudaram a conceber a internet como a conhecemos,
04/05/2022 09:24 SU-BL2-EDU_MEPCIN_19_E_4
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 4/26
para compartilharmos ideias e mais pesquisas. Os avanços na medicina e na agricultura
salvaram mais vidas humanas do que aquelas perdidas em todas as guerras.
Figura 3. Lente de contato smart, com câmeras integradas já são uma realidade. Fonte: Ipnoze
Saiba mais
Veja mais inovações cientí�cas e tecnológicas que você nunca imaginou aqui:
https://socienti�ca.com.br/2019/04/20/selecionamos-os-maiores-avancos-cienti�cos-
de-2019-ate-agora/
1.1. Qualidade de vida
Qualidade de vida é um conceito bastante subjetivo, cuja concepção pode englobar diferentes
interpretações e visões de mundo. Porém, restringindo-nos à concepção da sociedade ocidental
moderna, podemos dizer que, em grande parte do tempo, este conceito esteve amparado na
capacidade econômica ou �nanceira dos indivíduos. Por muitos anos, sua de�nição esteve
atrelada ou foi confundida com a de�nição de crescimento ou desenvolvimento econômico que
será discutida mais adiante.
Mais recentemente, com a construção da ideia de desenvolvimento social e humano, a
distinção torna-se mais clara. Assim, a qualidade de vida pode ser entendida como um método
de avaliar as condições de vida de um ser humano, ou seja, o conjunto de condições que
contribuem para o bem-estar físico e espiritual dos indivíduos em sociedade.
Como é possível avaliar a qualidade de vida da população em um determinado país ou
território? O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), proposto pela Organização das Nações
Unidas busca responder a essa questão. O IDH foi criado em 1990 e consiste em uma média
https://socientifica.com.br/2019/04/20/selecionamos-os-maiores-avancos-cientificos-de-2019-ate-agora/
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https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 5/26
aritmética de indicadores em três campos distintos: economia, saúde e educação. A pesquisa é
feita anualmente e a pontuação varia entre 0 e 1.
O Brasil possui um IDH de 0,759 ocupando a 79° posição no ranking global, no ano de 2018.
Essa avaliação resulta na classi�cação dos países como desenvolvidos, em desenvolvimento ou
subdesenvolvidos.
Saiba mais
Veja o último ranking de IDH aqui: https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-
noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm
Os indicadores da educação medem a taxa de alfabetização e a escolarização da população em
geral. Os indicadores da saúde avaliam a expectativa de vida dos indivíduos, ou seja, quanto
tempo se espera queuma pessoa vá viver em determinado país. O cálculo da longevidade é
fortemente in�uenciado pela mortalidade infantil e re�ete com clareza as condições de saúde
do local avaliado. Os indicadores da economia consideram o PIB per capita em dólares
americanos, deste modo, a diferença do poder de compra entre os diferentes países é
eliminada por reconhecer as diferenças no custo de vida.
Figura 4. Índice de Desenvolvimento Humano mundial em 2018. Fonte: publicado pelo jornal Diário Zona Norte.
Desde o seu surgimento, o IDH tem ajudado a avaliar a condição dos países em atender suas
demandas. Entretanto, é preciso destacar que a complexidade do mundo extrapola estes três
componentes e que essa maneira de avaliar a qualidade de vida possui graves limitações, como
o fato de desconsiderar completamente o impacto ambiental causado. É preciso ter em mente
que o IDH é uma das maneiras padronizadas de se medir o bem-estar da população, não
retratando necessariamente a absoluta realidade de um país.
1.2. Degradação ambiental
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2018/09/14/idh-2018-brasil-ocupa-a-79-posicao-veja-a-lista-completa.htm
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https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 6/26
A sociedade ocidental moderna vem sofrendo vários tipos de análises críticas, dessas, três
podem ser destacadas, devido a sua importância frente ao movimento ambientalista: (1) a
desigualdade social promovida pelo sistema vigente; (2) a expansão do modo de vida capitalista
(principalmente europeu), como se fosse o único, muitas vezes, não respeitando outras formas
de existência de outras culturas; (3) o esclarecimento de que a sociedade ocidental moderna
tem limites na sua relação com a natureza. O modelo de desenvolvimento atual que bene�cia
uma pequena parcela da humanidade mostra-se insustentável e não pode ser generalizado e
nem expandido.
Figura 5.  Degradação ambiental ameaça saúde do planeta. Fonte: Conexão Planeta.
Desde a primeira revolução industrial, no século XVIII, há uma massiva emissão de gases do
efeito estufa, devido à expansão da utilização de máquinas movidas à vapor, proveniente da
utilização de carvão mineral como combustível. No �nal do século XIX, o surgimento de novas
tecnologias promoveu uma transformação nas fontes de energia e deu início à corrida do
petróleo. Paralelamente ao aumento das demandas, ocorreu um aumento do impacto
ambiental. No século XX, a visão de natureza predominante até então passa a ser questionada
com o surgimento do movimento ambientalista.
Você quer ver?
No Brasil, um dos exemplos mais clássicos e bem-sucedidos dessa mudança de visão
é o caso da Cidade de Cubatão, considerada por anos, a mais poluída do mundo e que
conseguiu reverter quase que totalmente este quadro. Veja mais no documentário
dirigido por Bo Landim “Cubatão, vale da morte”, de 1987, disponível aqui:
https://www.youtube.com/watch?v=s6zzwvK0R5E
https://www.youtube.com/watch?v=s6zzwvK0R5E
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https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 7/26
Aprendemos desde cedo que problemas ambientais como desmatamento e poluição são
provenientes do crescimento das cidades e da expansão da atividade industrial. Recentemente,
as evidências da degradação ambiental causada pelo setor primário da economia têm
aumentado paulatinamente. Entretanto, mais do que conhecer os impactos ambientais e suas
fontes de origem, é importante lembrar que a questão ambiental e a degradação perpassam
uma mera mudança de hábitos de consumo. A degradação ambiental está diretamente
relacionada à ideia de expansão, que é o cerne do modelo econômico atual. Enquanto esta
concepção não for mudada, pouco poderá ser feito a respeito.
2. Desenvolvimento e meio
ambiente
A Conferência das Nações Unidas Sobre o Meio Ambiente realizada em junho de 1972 em
Estocolmo e o Relatório do Clube de Roma suscitaram um grande debate nos meios intelectuais
e políticos, levando a sociedade a um modo de pensar alinhado às demandas ambientais, a
partir da década de 80.
Entretanto, apenas em meados dos anos 90, o termo desenvolvimento foi atrelado à discussão.
Quando falamos em desenvolvimento, a primeira ideia que nos vem à mente relaciona-se com
crescimento econômico e aumento de renda. O crescimento econômico quando relacionado
com o desenvolvimento leva a crença que por si só pode proporcionar uma vida melhor para os
cidadãos. No entanto, o crescimento econômico é apenas um dos componentes necessários
para o processo de desenvolvimento, o qual somente ocorre junto a outros fatores como o
social, ambiental e político.
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Estes fatores precisam estar inter-relacionados e tem que agir de maneira integrada para
proporcionar desenvolvimento pleno. Durante o desenvolvimento da sociedade moderna,
criou-se um conceito de qualidade de vida atrelado ao consumo e ao acúmulo de riquezas e
capital. Porém, novas abordagens propõem que a riqueza genuína não dependa de posses
comerciais ou bens de consumo, valorize as relações sociais pací�cas e uma existência digna.
Evidências empíricas comprovam que o crescimento econômico isoladamente não conduz ao
desenvolvimento ou ao progresso, ainda que o crescimento material e aumento quantitativo
sejam necessários para o desenvolvimento humano genuíno. Na maioria dos países em
desenvolvimento, o PIB cresceu entre o pós-guerra até 1972, não signi�cando aumento do bem-
estar social ou maior desenvolvimento.
Figura 6. Desenvolvimento sustentável: a saúde do planeta está em nossas mãos. Fonte: Global Success Foundation.
Neste contexto, é interessante mencionar o Modelo de desenvolvimento autêntico proposto
por Goulet (1997), no qual uma sociedade é mais desenvolvida não quando seus cidadãos
podem ter mais, mas sim, quando todos podem ser mais. Ainda segundo este autor, as
sociedades permanecerão subdesenvolvidas enquanto um pequeno grupo de indivíduos ou
alguns grupos privilegiados possuírem abundância de bens e facilidades, ao custo da privação
das necessidades básicas da maior parcela da população. Amartya Sen (2000) de�ne
desenvolvimento como um processo de expansão da liberdade, requerendo, assim, a remoção
de quaisquer formas de privação da mesma: pobreza e tirania, carência de oportunidades
econômicas, destituição social sistêmica, negligência dos serviços públicos ou interferência
excessiva de estados repressivos.
O papel instrumental da liberdade diz respeito ao modo como os diferentes tipos de direitos,
oportunidades e habilitações contribuem para o alargamento da liberdade humana,
promovendo o desenvolvimento.
Existem pelo menos cinco tipos de liberdades vistas como perspectivas instrumentais: (1)
liberdade política; (2) poder econômico; (3) oportunidades sociais; (4) garantia de transparência
e (5) proteção e segurança. Em um modelo de desenvolvimento baseado na liberdade, os
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dispositivos econômicos respeitam as oportunidades que os indivíduos dispõem para utilizar os
recursos econômicos para consumo, produção ou troca.
O crescimento econômico, além de aumentar os rendimentos privados, permite a expansão
dos serviços sociais pelo estado, paralelamente, o aumento das oportunidades sociais contribui
para o desenvolvimento econômico. Nurkse (1957) discorre sobre como os países têm
di�culdades para sair da pobreza “uma constelação circular de forças, tendendo a agir e reagir
uma sobre a outra de tal modo a conservar um país sob um estado de pobreza”. Para que um
país possa começar a vencer a pobreza material, intelectual e tecnológica é necessário quebrar
o círculo vicioso da pobreza. Por meio de políticas programadas de desenvolvimento e com a
conscientização da população.
2.1. Desenvolvimento sustentável
Desenvolvimentosustentável pode ser entendido como um modelo de desenvolvimento global
amparado na preocupação com a principal fonte recursos naturais: a natureza. Como já citado
em outras unidades, o entendimento da produção humana como causa da degradação
ambiental veio em 1972, na Conferência de Estocolmo. Entretanto, o conceito de
desenvolvimento sustentável é utilizado pela primeira vez em 1987, com a percepção do
Relatório de Brundtland, em inglês, “ Our common future ”. Este documento apresenta a
proposta de busca por um equilíbrio econômico e ambiental.
Podemos dizer que havia uma espécie de paradoxo: a produção precisa aumentar para atender
a demanda da população, porém, a produção é a principal causa da degradação, assim, é
necessário conciliá-la com a preocupação ambiental. As propostas do Relatório de Brundtland
baseiam-se em três pilares principais, conservar as terras aráveis para manter seu potencial
agrícola, conservar as áreas de �oresta e manter a água limpa. O conceito mais aplicável da
carta é onde as nações começam como a preocupação com o desenvolvimento. Como
satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras
de suprir as suas próprias necessidades? A resposta não é tão complexa: fazendo uso
controlado da matéria prima, respeitando sua capacidade de reposição e a regeneração dos
recursos naturais.
Segundo as Nações Unidas, o desenvolvimento sustentável tem três pilares principais (1) o
crescimento econômico; (2) a inclusão social e (3) a proteção ambiental. Estes pilares,
entretanto, não são simplesmente categorias, ambos se relacionam entre si e têm aspectos em
comum. Para garantir a inter-relação que impulsionará a agenda, duas dimensões críticas
foram adotadas (1) parceria: para fortalecer o trabalho em conjunto e (2) paz: para fortalecer a
justiça e a existência de instituições sólidas.
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Para compreender as dimensões do desenvolvimento sustentável, precisamos analisar a
adoção da agenda 2030 e seus 17 objetivos, nos quais a comunidade mundial rea�rmou seu
compromisso com a garantia de desenvolvimento econômico sustentado e inclusivo, a inclusão
social e a proteção ambiental, sendo feitos de forma colaborativa e pací�ca. Agenda 2030 é
universal, transformadora e baseada em direitos. É um plano de ação ambicioso para países,
organismos da ONU e todos os outros agentes de desenvolvimento envolvidos.
Figura 7. Os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Fonte: ecycle.
Como uma das tendências atuais, os já conhecidos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável
(ODS) nos inspiram a pensar criativamente sobre os desa�os atuais da sustentabilidade, para
desenvolver parcerias e tomar decisões concretas. Os ODS´s possuem cinco componentes, os
cinco P’s: pessoas, prosperidade, parceria, planeta e paz. Representam uma abordagem
holística para entender e enfrentar problemas, fazendo as perguntas certas, nos momentos
adequados. Para alcançar a resolução, é necessário considerar os diversos desa�os e tentar
entender a relação e o impacto entre eles. Entender as interdependências auxilia a encontrar a
raiz dos problemas e a criar soluções de longo prazo.
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Figura 8. Os cinco P’s da agenda 2030 da ONU. Fonte: Pinterest.
2.2. Diferenças entre crescimento e
desenvolvimento
O conceito de crescimento econômico diz respeito ao aumento contínuo da riqueza de um país
ao longo do tempo. Este crescimento econômico re�ete no aumento da renda per capita da
população, na elevação do produto agregado do país e se manifesta no aumento contínuo do
Produto Interno Bruto (PIB), variável quantitativa que avalia a renda agregada da população.
Para falar de aumento de renda e da produção nacional, precisamos resgatar os fatores de
produção: a terra, o capital e o trabalho. Estes são componentes essenciais para o aumento da
capacidade produtiva e do crescimento econômico ao longo do tempo. Crescimento econômico
é uma meta da política macroeconômica.
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Figura 9. Variação do PIB em algumas das principais economias do mundo. Fonte: G1.
A ênfase desse crescimento poderá acontecer em curto prazo, com o incentivo ao aumento de
consumo da população, (por exemplo, facilitando o crédito) ou com o incremento dos gastos do
governo. E poderá acontecer também em longo prazo, por meio de medidas mais duradouras
que atuem nos fatores de produção. O crescimento econômico depende também de outros
fatores, como o crescimento populacional, a acumulação de capital e o desenvolvimento
tecnológico, elementos que incrementam a força vital de trabalho do país, consequentemente,
elevando sua capacidade produtiva. Entretanto, o aumento da população deve ser
acompanhado pelo aumento do crescimento econômico e aumento da renda per capita .
Outro fator importante para um país elevar sua taxa de crescimento é a capacidade de poupar
e �nanciar novos investimentos, aumentando a produção de capital, para a produção de bens e
serviços su�cientes para atender a demanda social como um todo. O progresso tecnológico
integrado aos processos de produção permite a transformação dos processos e técnicas de
produção tradicionais, consequentemente aumentando a produtividade e o trabalho e
melhorando os índices de crescimento. É importante ressaltar que não se pode falar em
crescimento econômico e progresso tecnológico sem considerar a educação, com ênfase na
formação de capital humano, na acumulação de conhecimento e na geração de novas
tecnologias.
O conceito de desenvolvimento econômico extrapola a ideia de crescimento e da quantidade de
bens e serviços produzidos por uma economia, implicando em mudanças de caráter qualitativo,
ou seja, na qualidade de vida da população. Para avaliar a qualidade de vida e o
desenvolvimento econômico de uma população, as Nações Unidas propuseram o Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH), que considera uma série de fatores não necessariamente
ligados à renda como condições sanitárias, expectativa de vida ao nascer, potencial cientí�co e
tecnológico, distribuição de renda, taxas de natalidade e mortalidade, entre outros. Estes
fatores permeiam três dimensões: uma vida longa e saudável, o acesso ao conhecimento e um
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padrão de vida decente, que, indiretamente, relacionam-se a concentração de renda (PIB per
capita), conhecimento, alimentação e saúde.
Figura 10. Tirinha ilustrando a diferença entre crescimento econômico e desenvolvimento social. Fonte: Reticências
Políticas.
3. Educação ambiental
Educação é a maneira como o homem aprende, entra em contato com o outro e com a
natureza, respeitando cada cultura. Educar é um processo que faz parte da vida em
comunidade. Como já mencionado anteriormente, o surgimento do movimento ambientalista
no século XX in�uenciou fortemente a visão de natureza pelo ser humano e,
consequentemente, a maneira como o conceito de natureza é trabalhado na educação básica.
Foi em 1972, na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, ocorrida em
Estocolmo na Suécia, que surge a proposta da educação ambiental.
Três anos depois, em 1975, ocorre em Belgrado, na Sérvia, um seminário internacional que cria
o primeiro e um dos mais importantes documentos sobre a educação ambiental: a Carta de
Belgrado, que propõe a adoção de uma nova ética global, voltada para o combate à fome, à
miséria, ao analfabetismo, à poluição e à exploração do homem pelo homem. Neste momento,
questões sociais passaram a ser consideradas juntamente com as questões ambientais. Na
cidade de Tbilisi, na Rússia em 1977, chefes de estado de 50 países reúnem-se na primeira
conferênciainternacional de educação ambiental, rea�rmando as posições do evento anterior
em Belgrado e con�rmando a necessidade de considerar de forma igualitária o meio cultural,
social e ecológico nas diferentes abordagens humanas.
A Conferência de Tbilisi estabeleceu as diretrizes que �zeram a educação ambiental ser
concebida dentro de um novo ângulo, como um projeto transformador da sociedade, crítica e
politicamente. Entretanto, durante muitos anos e, principalmente nos países mais
desenvolvidos, a educação ambiental era vista apenas como ferramenta de preservação da
natureza.
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A partir de 1992, com a ocorrência da Conferência RIO-92, uma abordagem crítica que integra
também o meio social começou a ganhar espaço, principalmente entre os países em
desenvolvimento, consolidando o conceito de desenvolvimento sustentável. Foi produzido
também neste evento o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, que
consolida a educação ambiental como ferramenta de conscientização.
Figura 11. Educação Ambiental como instrumento transformador da realidade. Fonte: Fia.
Neste contexto, a educação ambiental, não deve ser entendida como uma disciplina escolar,
mas sim, deve ser trabalhada de maneira permanente, na educação formal e não formal e
voltada para a vida. Deve ser um componente essencial em todas as etapas da educação básica,
desde a educação infantil até o ensino superior. Segundo Philippi Junior (2014), a educação
ambiental é entendida como educação política de formação para a cidadania ativa, visando
uma ação transformadora da realidade socioambiental.
No Brasil, temos a Lei 9795/99 que institui a Política Nacional de Educação Ambiental. O Brasil
foi o primeiro país da América Latina a reconhecer a educação ambiental como instrumento
para buscar padrões mais sustentáveis de sociedade. Segundo essa lei:
“Entendem-se por educação ambiental os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade
constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a
conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua
sustentabilidade.” Política Nacional de Educação Ambiental - Lei nº 9795/1999, Art 1º.
Você quer ler?
Você pode conferir algumas outras de�nições de educação ambiental segundo outros
documentos e conferências importantes no site do ministério do meio ambiente
(MMA): http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental 
http://www.mma.gov.br/educacao-ambiental/politica-de-educacao-ambiental
04/05/2022 09:24 SU-BL2-EDU_MEPCIN_19_E_4
https://ambienteacademico.com.br/course/view.php?id=12367 15/26
3.1. O ensino de Ciências Naturais como
estratégico para a educação
A educação ambiental nasce em um contexto de defesa do meio ambiente e da necessidade de
mudança de um paradigma. Todo processo de mudança de hábitos em uma sociedade acaba
necessariamente passando por uma etapa de convencimento, que é por si só, um processo
educativo. No ano de 1993, surge no Brasil o projeto de lei que dá origem à Política Nacional de
Educação Ambiental (PNEA) e, em 1994, é assinado pelo presidente da república o Programa
Nacional de Educação Ambiental a ser desenvolvido em parceria pelos ministérios da Educação
(MEC), do Meio Ambiente (MMA) e da Ciência e Tecnologia (MCTIC). As perspectivas de ação do
programa envolvem o aprofundamento e sistematização da educação ambiental para as
futuras gerações tendo o sistema escolar como instrumento. Em 1997, há o surgimento da
Rede Brasileira de Educação Ambiental (REBEA) e inicia-se o processo de reorientação curricular
por meio dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) que introduzem o tema Meio Ambiente
como um dos temas transversais.
Após a publicação da Política Nacional de Educação ambiental em 1999, as autoridades
começam a compreender o caráter integrador deste tema e a buscar a transversalidade entre
diferentes setores da educação forma e não formal. Segundo Fábio Feldmann, ambientalista e
ex-secretário estadual do meio ambiente, de maneira geral, devido a diversos fatores, o
movimento ambientalista caminhou de forma mais efetiva na educação não formal, um
equívoco que precisa ser corrigido. É preciso trabalhar na capacitação de professores de todos
os níveis de ensino para que a educação ambiental desempenhe seu papel transformador da
realidade.
De forma prática e devido ao modelo de ensino atual em que as disciplinas ainda são
ministradas de forma fragmentada, apesar dos esforços para promoção da
interdisciplinaridade, a maioria dos conteúdos relativos à temática ambiental recai sobre a
disciplina de ciências naturais. Deste modo, devem ser abordados grandes temas atuais, de
conhecimento dos alunos como mudança climática, uso de plástico, etc. São questões
apresentadas pela mídia e que acabam por suscitar o interesse dos alunos. Entretanto, é
necessário atentar para a falta de neutralidade das informações e para o risco de
manipulações, uma vez que há uma grande quantidade de informações disponíveis que, muitas
vezes, não possuem evidências cientí�cas, fazendo com que informações ambientais incorretas
ou enviesadas sejam amplamente compartilhadas.
O ensino de ciências naturais é considerado estratégico para a introdução do conceito de
educação ambiental, pois seu eixo de trabalho permite a utilização de métodos de ensino que
promovem resultados bastante positivos. A aula de ciências possibilita a criação ou a retomada
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de vínculos afetivos com a natureza e com o ambiente de estudo, desenvolvendo a capacidade
de preocupação com aquele ambiente e, consequentemente, extrapolando essa preocupação
para uma escala maior. É importante ressaltar que atividades dinâmicas que envolvam a
participação ativa dos estudantes costumam promover maior engajamento do que abordagens
discursivas e expositivas.
Entretanto, promover a reconexão dos alunos com o ambiente natural é uma tarefa
extremamente desa�adora, uma vez que vêm de uma vida urbana, vivendo dentro de
condomínios fechados e shoppings. O educador precisa de roteiros de atividade muito bem
estabelecidos para possibilitar a construção de uma percepção ambiental nos educandos para
promover a transformação de sintonia entre o ambiente urbano e o ambiente natural. O
trabalho de educação ambiental está incluso no processo ensino aprendizagem, e como tal não
é constituído apenas de transmissão de informação e, sim, com um conjunto de percepções
corporais, promovendo sensações que acabam se tornando memórias afetivas e, di�cilmente,
serão esquecidas.
4. Conservação e proteção
ambiental
Um dos modos mais tradicionais que a sociedade atual encontrou para praticar minimamente a
proteção ambiental diminuindo os seus impactos no desenvolvimento econômico foi a
implementação de unidades de conservação. Mas o que vem a ser este termo? Nas unidades
passadas já discutimos a sua diferença com o termo “preservação ambiental”, que é
basicamente permitir o uso da área e dos recursos de forma controlada e regulamentada. A
Constituição Federal de 1988 implementa a obrigatoriedade do estabelecimento de áreas de
proteção ambiental em todos os estados da federação, as quais só podem ser suprimidas ou
alteradas perante a Lei. Neste contexto, as Unidades de Conservação são uma das categorias
de espaços territorialmente protegidos e consagrados pela Constituição Federal.  A Lei 9985 de
2000, que regulamenta o Sistema Brasileiro de Unidades de Conservação (SNUC) de�ne
unidade de conservação como o espaço territorial e seus recursos naturais, incluindo as águas
jurisdicionais, instituído pelo poder público que tenha a �nalidade de conservação.
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Figura 12. Unidades de conservação brasileiras em 2016. Fonte: Instituto Chico Mendes de Conservação da
Biodiversidade (ICMBio).
Existem duas Categorias de Unidades de conservação: (1) as unidades de proteção integral e (2)
as unidades de uso sustentável. Nas unidades de proteção integral, os ecossistemas devem ser
mantidos sem alterações causadas pela interferência humana direta, entretanto, o uso indireto
dos recursos é permitido. O uso indireto não envolve consumo, coleta, extrativismo ou
qualquer tipo de dano ou destruição aos recursos naturais naquele território.
Existem cinco tipos de unidades de conservação de proteção integral:
1.   Estação Ecológica – EE 
2.   Reserva Biológica – REBIO 
3.   Monumento Nacional – MONA 
4.   Parque Nacional – PARNA 
5.   Refúgio da Vida Silvestre – RVS
Com relação à segunda categoria, as unidades de conservação de uso sustentável, a exploração
é permitida, entretanto, de forma que garanta a perenidade dos recursos renováveis e dos
processos ecológicos, garantindo sua renovação natural. Portanto, o objetivo básico das
unidades de conservação de uso sustentável é garantir a compatibilidade da conservação
ambiental com a utilização adequada de parte dos recursos disponíveis, considerando,
principalmente, a existência de povos tradicionais que necessitam daqueles recursos para sua
subsistência.
Existem sete tipo de unidades de conservação de uso sustentável:
1.   Área de Proteção Ambiental – APA 
2.   Área de Relevante Interesse Ecológico – ARIE 
3.   Floresta Nacional – FLONA 
4.   Reserva Extrativista – RESEX 
5.   Reserva de Fauna – REFAU 
6.   Reserva de Desenvolvimento Sustentável – RDS 
7.   Reserva Particular do Patrimônio Natural – RPPN
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Mais recentemente, em 2012, foi promulgada a Lei 12651, a Lei de Proteção da Vegetação
Nativa, (LPVN), conhecida popularmente como o Novo Código Florestal Brasileiro, a qual
implementa outras duas categorias de áreas protegidas, a Área de Preservação Permanente
(APP) e a Reserva Legal (RL), que podem estar ou não inseridas nas categorias de unidade de
conservação citadas anteriormente.
4.1 Diminuindo os vestígios da sociedade de
consumo
Podemos dizer que atualmente vestir, comer, calçar, se divertir são atos de consumo.
Historicamente remontamos a origem da transformação dos modos de consumo à perspectiva
da revolução industrial que não revolucionou apenas as máquinas com relação à produção em
massa, mas trouxe uma série de outros elementos que revolucionaram também a relação com
o consumo. Um dos pontos foi o transporte em massa: a produção em massa acabava por fazer
com que nem tudo o que era produzido em uma determinada região pudesse ser consumido
pela comunidade local, o que levou a demanda de transporte desses produtos para outras
regiões do país e até do mundo. Outro elemento decorrente disso foi o surgimento do modelo
de venda em massa.
Remontando às antigas maneiras de consumo, podemos pensar no funcionamento de uma
feira livre onde o vendedor é o intermediador da compra, o que se torna inviável num modelo
de vendas em massa. Aí temos o surgimento do “autosserviço”, com produtos embalados,
organizados em gôndolas onde o consumidor escolhe o que precisa sem a necessidade da
intervenção de um vendedor. Fechando essa equação temos a �gura do consumidor, que foi
introduzida a partir do momento em que havia a segurança de uma produção em massa feita
pelas fábricas, juntamente à segurança do transporte e da venda.
Paralelamente, havia certa segurança quanto à estabilidade do trabalho nas fábricas, que
garantia recursos �nanceiros ao trabalhador em troca do trabalho prestado. Situação que se
contrapõem aos modelos anteriores, onde podemos ter como exemplo a produção de
alimentos em uma fazenda, a qual estava sujeita a boas condições climáticas, ao alimento da
época e não havia garantia ou segurança quanto à quantidade e qualidade da produção. Deste
modo, com a junção dos elementos produção, distribuição e venda praticados em massa
adicionada à �gura do consumidor temos o estabelecimento da sociedade de consumo.
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Figura 13. Sociedade do consumo acaba por transformar os consumidores em mercadorias. Fonte: Provocações
Filosó�cas.
Você quer ler?
Você pode re�etir mais sobre o assunto com os textos disponíveis na página “
Provocações Filosó�cas ”. Disponíveis no link:
https://provocacoes�loso�cas.com/consumo-logo-existo-a-sociedade-de-consumo-
por-bauman-e-baudrillard/ 
A princípio, se olharmos rápido, não há grandes problemas. Porém, analisando mais
profundamente essa relação, veremos que a sociedade de consumo é baseada num modelo de
economia linear de extração, produção, distribuição, consumo e descarte, que é insustentável
em um planeta com recursos �nitos. E, recentemente, a crise em que esse sistema se encontra
passou a ser mais debatida. Assim, a busca por alternativas para mudar a visão da sociedade de
consumo atual para modelos de produção e consumo mais sustentáveis torna-se mais
frequente. 
Mas a�nal, o que é ser sustentável no consumo?
As alternativas com resultados mais efetivos incluem revisitar os nossos hábitos de consumo e
fazer escolhas mais inteligentes. Ser mais seletivo antes de comprar, exercitar a capacidade de
negociação e valorização do próprio dinheiro. Não comprar coisas que não precisamos, e, ao
invés disso, buscar no produto comprado uma garantia de bem-estar e experiências
memoráveis.
Deste modo, incentiva-se a valorização da qualidade em detrimento da ostentação ou imagem
transmitida pelo produto utilizado. É interessante optar por modelos de produtos básicos e
https://provocacoesfilosoficas.com/consumo-logo-existo-a-sociedade-de-consumo-por-bauman-e-baudrillard/
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duradouros, validados pela crítica. Poupar de maneira desordenada pode não ser a melhor
opção, uma vez que diminui a circulação de capital no mercado, provocando o esfriamento da
economia e o favorecimento da in�ação. A força está no equilíbrio. O consumo em menor
quantidade, com qualidade e consciência potencializa a satisfação, preenche as necessidades,
evitando gastos e compras desnecessárias e por impulso.
Consumir de maneira responsável pensando nas consequências de seus atos de compra na
qualidade de vida do planeta e na vida das futuras gerações é um desa�o diário. A�nal, optar
por produtos mais duráveis, ao invés de descartáveis e analisar a história da empresa da qual
está comprando exige um esforço contínuo, uma vez que o consumo permeia praticamente
todas as atividades do nosso cotidiano.
Pergunte-se: Esta empresa merece receber o seu dinheiro? Qual a preocupação desta empresa
com o meio ambiente e com a qualidade de vida de seus funcionários? Esta empresa pratica
trabalho escravo? Você compraria cosméticos de empresas que testam seus produtos em
animais, sendo que há alternativas?
Trata-se de avaliar os impactos do consumo em nossa sociedade, saúde e meio ambiente.
Quando consumimos um produto de uma empresa, estamos contribuindo com o seu
fortalecimento no mercado e apoiando a sua maneira de agir e produzir. Somos conscientes no
consumo quando escolhemos de qual empresa comprar, ou seja, qual empresa queremos
ajudar a fortalecer, baseados em sua conduta ética e socioambiental.
Escolhendo empresas sustentáveis, ajudaremos a tirar do mercado empresas com maus
hábitos e apoiaremos aquelas que contribuem com o desenvolvimento sustentável. Por outro
lado, consumir de forma inconsciente pode ajudar a �nanciar trabalho escravo, desmatamento,
poluição e crueldade contra animais.
Figura 14. Seis perguntas do consumo consciente. Fonte: Instituto Akatu.
Comprar apenas aquilo que se necessita ajuda a diminuira demanda por recursos naturais
(reduzir), ao consumir faça com o que o produto dure mais (reutilizar) e ao descartar separe os
materiais recicláveis e destine os rejeitos (material não reciclável) da maneira correta. É
importante ressaltar que na sociedade de consumo os produtos são feitos para serem vendidos
e não para atenderem às demandas ou necessidades dos consumidores.
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Deste modo, é necessária uma re�exão sobre a sustentabilidade em todas as etapas do
processo produtivo. Essa re�exão também passa por um processo de autoconvencimento: é
necessária uma mudança de hábitos, que é um processo lento, não desista!
Síntese
A expansão do modelo econômico atual vem, desde meados do século passado, chocando-se
com os limites do planeta. Se o sistema não se expande, ele entra em crise. E a expansão traz a
degradação ambiental. Reverter essa situação é um dos maiores desa�os da nossa era e sua
resolução é um fator crucial para outras crises atuais, como a desigualdade social. Se a
humanidade se mantiver na rota da rede corporativa internacional, o colapso ambiental é
certeiro.
Entretanto, poucas coisas conhecidas no nosso planeta são ilimitadas e podemos dizer que a
criatividade humana está entre elas. A criatividade e a capacidade e inovação associadas a
novas metodologias de ensino podem representar uma das poucas saídas que temos. Re�ita e
reinvente-se!
Ao �nal desta unidade, você deverá avaliar se é capaz de:
Relacionar as intersecções entre crescimento econômico e qualidade de vida;
Relacionar as intersecções entre crescimento econômico e degradação dos recursos naturais;
Entender o papel da ciência para a degradação dos fatores ambientais;
Discutir as relações entre desenvolvimento e meio ambiente;
Compreender as diferenças entre crescimento econômico e desenvolvimento;
Entender o signi�cado do desenvolvimento sustentável;
Compreender a importância da abordagem sobre educação ambiental no ensino de ciências;
Relacionar o conceito de educação ambiental com as ações de sustentabilidade;
Discutir o processo pedagógico para criar cidadãos críticos e mais responsáveis com o meio;
Compreender a relação intrínseca entre conservação ambiental, saúde humana, consumo e
qualidade de vida.
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GOULET, D. Desenvolvimento autêntico : fazendo-o sustentável. In: Cavalcante, C. Meio
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