Prévia do material em texto
Anti-inflamatórios Qualquer estímulo, seja ele de natureza química, física ou mecânica, capaz de iniciar um processo inflamatório no organismo desencadeará, de forma mais ou menos extensa, a produção de uma série de mediadores químicos, que terão sua ação centrada principalmente sobre eventos vasculares ou celulares. O processo inflamatório agudo caracteriza-se pela curta duração e apresenta os sinais cardeais da inflamação, quais sejam: dor, calor, rubor e tumor, além da perda da função; O processo inflamatório crônico, além de perdurar por um período indeterminado, não apresenta um padrão tão estereotipado, e varia de acordo com os tipos de mediadores celulares e humorais envolvidos. Mediadores químicos • Origem tissular: aminas vasoativas, fator de ativação plaquetária (PAF), eicosanoides, citocinas, radicais livres superóxidos, óxido nítrico e neuropeptídios; • Origem plasmática: sistema de coagulação, sistema complemento e sistema das cininas. Eiconasoide • referese aos lipídios insaturados, derivados da cisão do ácido araquidônico, a partir de enzimas específicas. • Uma lesão qualquer que danifique a membrana das diferentes células do organismo será capaz de liberar frações de fosfolipídios, denominado ácido araquidônico, por meio da ação enzimática da fosfolipase A2 (FLA2). • O ácido araquidônico, quando liberado, não tem ação inflamatória; entretanto, os produtos de sua degradação, formados mediante ação de enzimas denominadas ciclooxigenase (COX) e lipooxigenase (LOX), são mediadores químicos fundamentais para o desenvolvimento do processo inflamatório. • A quebra do ácido araquidônico pelas COX origina as prostaglandinas (PGs), prostaciclina (também chamada PGI2 ) e tromboxanos (TX). Por sua vez, as LOX dão origem aos leucotrienos (LT), às lipoxinas (LXA4 e LXB4 ) e às hepoxifilinas. • A quebra do ácido araquidônico pelas COX origina a prostaglandina G2 (PGG2 ) e a prostaglandina H2 (PGH2 ). Posteriormente, estas PGs são degradadas em prostaglandina D2 (PGD2 ), prostaglandina E2 (PGE2 ), prostaglandina F2α (PGF2α ), prostaciclina (PGI2 ) e tromboxano A2 (TXA2 ). • As PGI2 são produzidas preferencialmente no endotélio, enquanto as TXA2 são obtidas preferencialmente a partir das plaquetas, via COX1. • As LOX são encontradas nas células plaquetárias, pulmonares e leucocitárias, originando os LTs. As modificações decorrentes da liberação dos mediadores químicos levam ao intumescimento tecidual, devido ao extravasamento de proteínas plasmáticas, com consequente saída de água para o tecido e a penetração de células inflamatórias, que têm como principal objetivo debelar o agente causador da lesão, bem como reparar o tecido lesionado. Dinâmica do processo inflamatório Após a liberação de mediadores químicos, iniciase a fase vascular, caracterizada por vasodilatação (que confere o aspecto avermelhado ao tecido inflamado e promove o calor na região) e aumento da permeabilidade vascular; estes eventos facilitam a passagem de proteínas plasmáticas para o tecido, carreando, consequentemente, uma grande quantidade de água, o que, por sua vez, origina o edema. A fase celular ocorre concomitantemente à fase vascular devido às alterações do fluxo sanguíneo, o que, por sua vez, resulta em marginação leucocitária no leito vascular e a passagem destes para o tecido por meio de diapedese. Este mecanismo é auxiliado pela expressão de moléculas de adesão específicas na superfície de células endoteliais (moléculas de adesão intracelular), moléculas de adesão de células vasculares1, integrinas e selectinas. Estas, promovem a aderência dos leucócitos à parede vascular, facilitando a migração para o tecido extravascular. Se o processo não caminhar para a resolução, poderá ocorrer supuração, ou seja, os microrganismos superam as defesas orgânicas, lisando as células leucocitárias e formando o pus, ou então poderá haver cronificação do processo. Quando o processo inflamatório é muito exacerbado, o órgão afetado poderá ter sua função comprometida. Nestes casos, devem ser utilizadas substâncias que modulem o processo inflamatório. Dor e febre • Os AINEs também são utilizados no combate à dor e à febre. • O processo febril ocorre quando os leucócitos, que estão fagocitando partículas estranhas, liberam pirogênios endógenos (citocinas), que, após liberados, ligamse a receptores endoteliais cerebrais, ou interagem com células da micróglia, ativando a formação de ácido araquidônico, via PLA2 . Então, a COX2 cerebral produz PGE2 , que, por sua vez, aumenta a temperatura corporal, por desregular o funcionamento hipotalâmico. A temperatura permanecerá elevada até que não mais exista PGE2 , ou até que o patógeno desapareça. • A dor periférica é iniciada por bradicinina e histamina e amplificada pela ação das PG, principalmente a PGE2 e a PGI2 , por meio de sua ligação a receptores nociceptivos, verificando-se a diminuição do limiar doloroso e a promoção de descargas elétricas, mediante variação no potencial de repouso dos nociceptores. Esta ação resulta em estímulos dolorosos, em função da estimulação de regiões talâmicas. Características gerais dos AINES – anti- inflamatórios não esteroidais • Caráter periférico: ações antiinflamatórias, analgésicas, antitrombóticas e antiendotóxicas; • Sistema nevoso central: ação antipirética e analgesia Estas ações decorrem, em grande parte, da ação inibitória sobre as enzimas que degradam o ácido araquidônico: a COX e a LOX. A produção de eicosanoides, em particular, poderá ser inibida por diferentes processos, entre os quais se encontra a inibição da liberação de ácido araquidônico, o antagonismo de receptores, a inibição de eventos de transdução que ocorrem após a ocupação dos receptores ou a inibição da atividade oxigenase dos ácidos graxos. • Os AINEs têm maior efeito sobre a dor somática do que sobre a dor visceral, principalmente aquelas associadas a processos inflamatórios. Os AINEs têm como vantagem sobre os analgésicos opioides o fato de não produzirem sedação ou ataxia, além de permitirem a recuperação mais rápida da anestesia; também não são passíveis de promover tolerância ou dependência farmacológica. • A ação anti-inflamatória dos AINEs é particularmente importante em processos inflamatórios de tecidos moles, sendo muito utilizados no tratamento dos distúrbios musculoesqueléticos. • Ação antineoplásica; atenuação da progressão de doenças neurodegenerativas, naquelas de caráter endotóxico, na aterosclerose e nos estados alérgicos das vias respiratórias, uma vez que estas afecções têm em comum o processo inflamatório como base. Farmacocinética • a absorção desta classe de substâncias, de maneira geral, ocorra de forma rápida • a forma de sais sódicos torna-se mais bem absorvida pelo organismo de animais monogástricos, haja vista que nestas espécies animais a absorção ocorre no intestino, onde o pH é mais elevado; • os AINEs encontramse, em sua maior porcentagem, ligados às proteínas plasmáticas (96 a 99%); portanto, o volume de distribuição é pequeno, permanecendo no plasma e fluidos extracelulares, principalmente por estarem em sua maior parte na forma ionizada. Os AINEs são, na maioria, ácidos fracos, possuindo como característica grande afinidade por locais inflamados, cujo pH (baixo), de maneira geral, favorece a alta concentração local destas substâncias. Farmacodinamica • bloquear as COX. • a maioria dos AINEs inibe especificamente a via COX; entretanto, existem AINEs que inibem, preferencialmente, a via LOX. • Alguns são capazes de inibir simultaneamente a COX e a LOX: AINE de ação dupla • a maioria dos medicamentos antiinflamatórios classicamente utilizados na terapêutica bloqueiam tanto a COX1 como a COX2; • os principais e mais utilizados AINEs, ainda hoje, atuam por meio da inibição preferencial da COX1em detrimento da COX- 2; efeitos relacionados: gastrites difusas, erosões gástricas, ulcerações, gastrenterite hemorrágica fatal, falhas renais agudas, lesões renais crônicas, síndromes necróticas e nefrites; Estes efeitos colaterais iniciam-se em função da inibição da síntese de algumas classes de PGs; a ação inibitória irreversível de alguns AINEs sobre os TXs causa aumento de sangramentos, uma vez que a coagulação e a agregação plaquetária encontram-se comprometidas. • A COX2 é responsável por ações fisiológicas mantenedoras da homeostase em diferentes tecidos, sendo a sua inibição capaz de gerar efeitos colaterais importantes. No SNC, sobretudo na medula espinal, a COX2 é expressa de forma fisiológica e auxilia nas funções cerebrais normais da atividade sináptica, consolidação da memória e hiperemia funcional. ação fisiológica da COX2 sobre o tecido ósseo. No tecido renal, é responsável pela manutenção dos níveis de reabsorção de sódio e água; No sistema vascular produz prostaciclina (produz efeitos vasodilatadores e que evita a agregação plaquetária). • Devido aos danos renais induzidos pelos AINEs em geral, devem-se evitar as associações destas substâncias com outras que possam induzir nefrotoxicidade. Principais AINEs utilizados na medicina veterinária Estas PGs normalmente apresentam ação vasodilatadora nos rins, além de estarem envolvidas na liberação de renina e na transferência de eletrólitos. A inibição neste nível promove a diminuição do fluxo sanguíneo renal e na filtração glomerular, sendo esta diminuição do fluxo sanguíneo renal um dos fatores que leva aos graves danos renais e problemas orgânicos verificados nos casos de intoxicação. Na mucosa estomacal, a ação vasodilatadora fisiológica das PGs, principalmente da PGE2 , proporciona um sistema de tamponamento pelo bicarbonato que consegue atenuar a ação corrosiva do ácido clorídrico (HCl) presente no suco gástrico; quando estas PGs são inibidas pelas substâncias antiinflamatórias, ocorre a erosão da mucosa devido à não neutralização do HCl. Derivados de ácido carboxilico • Salicilatos AAS: utilização pelo potencial terapêutico e menor toxicidade; ✓ propriedades analgésicas, antiinflamatórias e antipiréticas, além de também promover a inibição da agregação plaquetária; ✓ O ácido acetilsalicílico é bem absorvido pelo trato gastrintestinal, pois se apresenta na forma não ionizada no estômago. ✓ O ácido acetilsalicílico em dose baixa produz ações analgésicas, antipiréticas e antiagregante plaquetária, já causando ações ulcerativas gastrintestinais, sangramentos e reações de hipersensibilidade; doses elevadas, além de inibirem a COX, são capazes de inibir a via da 5LOX, o que se reflete na ação antiinflamatória; doses tóxicas podem gerar febre, acidose metabólica, hipoprotrombinemia, bem como falha renal e respiratória, o que resulta em fatalidade. • Ácidos acéticos Diclofenaco: Anti-inflamatório de ação equipotente sobre a COX1 e a COX2. Possui alta potência anti-inflamatória e analgésica, sendo esses efeitos semelhantes àqueles dos “coxibes”, grupo de AINEs que agem como inibidores seletivos da COX2; • Acidos propionicos Ibuprofeno: Inibe a COX1 e a COX2, além de também inibir a ativação e a agregação de neutrófilos, a geração de radicais livres e a liberação de enzimas lisossomais. ✓ Não é indicado para uso em pequenos animais; Carprofeno: possui ação antiedematosa e analgésica, embora tenha fraca ação no que se refere à inibição enzimática. ✓ um dos AINEs mais seguros; ✓ cães e equinos; ✓ parece ser também bastante efetivo para utilização em gatos. • Fenamatos Acido tolfenamico: mecanismo de ação parece estar relacionado com a inibição tanto da COX como da 5LOX. ✓ Equinos, cães e gatos. Derivados de ácido enólido • Pirazolonas Fenilbutazona: tem a propriedade de diminuir a produção de superóxidos (ação antioxidante), sendo também um inibidor irreversível da COX. • Oxicans Meloxican: inibidor de TX e PG, com excelentes propriedades antipirética e analgésica; inibidor preferencial da COX2. Coxibes: AINEs inibidores seletivos da COX2; ações analgésicas e antitérmicas; inibem seletivamente a PGI2. Anti-inflamatórios esteroidais As glândulas adrenais, presentes em todos os animais vertebrados, são responsáveis, em sua porção cortical, pela produção dos hormônios esteroides, sintetizados a partir do colesterol. Esses hormônios, também chamados de corticosteroides ou corticoides, podem ser classificados como mineralocorticoides (produzidos pela zona glomerulosa), glicocorticoides (produzidos principalmente pela zona fasciculata) e esteroides sexuais, notadamente andrógenos (produzidos principalmente pela zona reticulata). • Os mineralocorticoides, cujo principal representante é a aldosterona, interferem na manutenção do equilíbrio hídrico e eletrolítico. • Os glicocorticoides afetam marcadamente o metabolismo de carboidratos e de proteínas, e seus principais representantes no reino animal são a hidrocortisona (cortisol) e a corticosterona. Os glicocorticoides apresentam atividade anti-inflamatória e imunossupressora Relação estrutura-atividade e classificação Estes esteroides podem ser divididos de acordo com a duração de seus efeitos (efeitos rápido, intermediário e prolongado: • Aqueles de ação rápida, como a hidrocortisona e a cortisona, apresentam potência menor do que os de ação mais prolongada; • Glicocorticoides extremamente potentes e de longa duração, como a betametasona e a dexametasona, apresentam estas características graças a sua ligação reduzida com proteínas plasmáticas, menor velocidade de excreção e (provavelmente) maior afinidade aos receptores; • Os esteroides de ação intermediária, como a prednisona, a prednisolona, a metilprednisolona e a triancinolona, se mostram extremamente adequados às terapias crônicas. Fisiologia dos esteroides adrenais • Os corticosteroides são sintetizados e liberados quando necessário, não sendo estocados nas células adrenais. O principal estímulo para a sua secreção é o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), ou corticotropina, produzido por células basófilas da adenohipófise. A secreção do ACTH é regulada parcialmente pelo hormônio liberador de corticotropina (CRH), de origem hipotalâmica, e parcialmente pelas concentrações sanguíneas de glicocorticoides; • A secreção de CRH, por sua vez, é controlada pelos níveis de glicocorticoides, por estímulos do sistema nervoso central e, em menor extensão, pelos níveis de ACTH. • O colesterol é um intermediário obrigatório na síntese de corticosteroides, fornecendo o seu núcleo básico, o ciclopentanoperidrofenantreno. Embora o córtex adrenal possa sintetizá-lo a partir de acetato, a grande maioria (60 a 80%) do colesterol deriva de fontes exógenas. • Biotransformação e excreção A biotransformação dos glicocorticoides se dá principalmente no fígado, onde eles sofrem processos de oxidação, redução, hidroxilação e conjugação, sendo inativados, em sua maioria, embora alguns, como a cortisona e a prednisona, usem as vias metabólicas hepáticas para se tornarem ativos (hidrocortisona e prednisolona), por meio de processos de redução. Propriedades fisiológicas e farmacológicas Dada a presença de receptores para os glicocorticoides em virtualmente todos os tecidos, os seus efeitos acometem a globalidade das células do organismo de alguma maneira, fisiológica ou farmacologicamente, na dependência da dose utilizada. • Efeitos metabólicos gerais São agentes hiperglicemiantes, obtendo este efeito por meio de: inibição da captação e da utilização periférica da glicose (antagonizando a ação da insulina); e promoção da gliconeogênese, a partir de aminoácidos e ácidos graxos livres. O cortisol e alguns glicocorticoides sintéticos, em concentrações farmacológicas,podem apresentar alguns efeitos mineralocorticoides, promovendo retenção de sódio, excreção de potássio e expansão do volume extracelular; A corticoidoterapia também incrementa a diurese por aumento da taxa de filtração glomerular, pela inibição dos efeitos do hormônio antidiurético (ADH) nos túbulos distais e ductos coletores renais, além de apresentar efeito inibitório na expressão gênica do ADH; O metabolismo do cálcio também é afetado pelos esteroides adrenais, pelo aumento da excreção urinária, causado pela diminuição da reabsorção renal, com consequente hipercalciúria; • Efeitos nos sistemas orgânicos No trato gastrintestinal, observam-se aumento da secreção de ácido gástrico, de pepsina e do suco pancreático; redução do crescimento e da renovação das células gástricas, bem como redução da produção de muco; O crescimento e o desenvolvimento corpóreo podem ser afetados quando da exposição excessiva aos glicocorticoides, dada a diminuição da secreção do hormônio de crescimento (GH); Na pele, os glicocorticoides, quando em doses farmacológicas, inibem a síntese de material conjuntivo (colágeno e ácido hialurônico, principalmente), com consequente diminuição da espessura dérmica, tornando difícil a cicatrização; promovem atrofia e fraqueza muscular; aumentam a reabsorção óssea, aumentando a competência osteoclástica; aumentam o débito cardíaco e o tônus vascular. Pode causar hipertensão arterial, hipocortisolismo e hipotensão. Observa-se efeito supressor em sua própria secreção; tireotropina (TSH), GH, hormônio foliculoestimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e prolactina, também podem ter as suas taxas de secreção severamente comprometidas; No hipogonadismo secundário à utilização exagerada de glicocorticoides, observam-se, clinicamente, atrofia testicular, diminuição da libido, ciclos estrais irregulares, anestro persistente, infertilidade, dentre outros. • Efeitos anti-inflamatórios e imunossuperessores Eles são capazes de bloquear desde as manifestações mais precoces do processo inflamatório, como dor, calor e rubor, até as mais tardias como reparação e proliferação tecidual; afetam todos os tipos de resposta inflamatória, sejam elas suscitadas por patógenos invasores, estímulo físico ou químico, ou por uma reação imunológica inapropriada, como por exemplo as hipersensibilidades e as doenças autoimunes; Nos leucócitos atuam de forma a diminuir a migração de neutrófilos para o sítio de lesão, ao mesmo tempo que estimula a sua liberação pela medula óssea, o que resulta em neutrofilia. A incapacidade de penetrar no local da lesão provavelmente se deve a mudanças conformacionais da superfície celular, promovidas pelos glicocorticoides. No sistema linfoide, sabe-se que doses farmacológicas de glicocorticoides levam à linfopenia; No processo inflamatório, sua atuação se dá por meio da atuação no metabolismo dos mediadores imunoestimulantes e pró inflamatórios. Assim, um dos mais importantes efeitos se dá pela inibição do fator de transcrição nuclear NFκB, que aumenta a transcrição de genes de citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, moléculas de adesão celular, fatores de complemento, imunorreceptores e enzimas importantes no processo inflamatório, como a ciclo- oxigenase 2 (COX2). O complexo GCGR inibe diretamente o NFκB via interação proteínaproteína, bem como aumenta a expressão de um fator inibitório do NFκB, o IkBα. Também no metabolismo do ácido araquidônico, caracterizado por uma série de eventos desencadeados a partir de uma lesão na membrana celular e cujos produtos finais desta cascata são as prostaglandinas do grupo 2 (PG2), os leucotrienos e os tromboxanos, os glicocorticoides agem de forma a inibir a ação de enzimaschave como a fosfolipase A2 e a ciclooxigenase Preparações farmacológicas • Não diferem muito da estrutura molecular do cortisol endógeno. • Os corticosteroides se apresentam em pós cristalinos, de coloração branca ou amarelada; são inodoros e estáveis ao ar e, na sua maioria, insolúveis em água, mas há alguns ésteres hidrossolúveis; • A maioria dos glicocorticoides são insolúveis em água, não podendo ser administrados por via intravenosa; • Glicocorticoides mais comumente prescritos: hidrocortisona (cortisol), a cortisona, a prednisolona, a prednisona, a metilpredinisolona, a triancilona, a betametasona a dexametasona. Vias de administração • A via tópica é útil em determinadas situações em que há a necessidade de se obterem altas concentrações de corticosteroides em uma área restrita, com o mínimo de efeitos colaterais. • Visando-se a efeitos sistêmicos, dá-se preferência à via oral, devido ao fato de se poder controlar a dose, uma vez que a maioria dos medicamentos esteroides orais são de efeito intermediário (como a prednisolona e a prednisona), podendo ser interrompida assim que aparecerem os efeitos colaterais; • Na via intravenosa é indicado o uso de esteroides de alta solubilidade, isto é, sob a forma de fosfatos ou succinatos; Indicações terapêuticas • A principal indicação para os glicocorticoides é a terapia de reposição para os casos clínicos de insuficiência adrenal, isto é, nas situações de hipoadrenocorticismo; • a grande maioria dos casos de uso de glicocorticoides é dirigida para fins anti-inflamatórios e imunossupressores. Antimicrobianos São substâncias químicas usadas para combater os microrganismos. Os antimicrobianos inespecíficos atuam nos microrganismos em geral, quer sejam patogênicos, ou não; pertencem a este grupo os antissépticos e os desinfetantes. Os antimicrobianos específicos atuam em microrganismos responsáveis pelas doenças infecciosas que acometem os animais; são os quimioterápicos e os antibióticos. Antibiótico: substâncias químicas produzidas por microrganismos que têm a capacidade de, em pequenas doses, inibir o crescimento ou destruir microrganismos causadores de doenças. Atividades bacteriostática e bactericida dos antimicrobianos Quando o antimicrobiano inibe a multiplicação da bactéria, mas não a destrói, é chamado de bacteriostático; com a suspensão da exposição ao antimicrobiano a bactéria volta a crescer. Já o antimicrobiano bactericida exerce efeito letal sobre a bactéria, sendo esse efeito irreversível. As atividades bacteriostática e bactericida do antimicrobiano dependem de sua concentração no local. Alguns antimicrobianos inibem o crescimento bacteriano em determinada concentração, a concentração inibitória mínima (CIM), e necessitam de uma concentração maior para matar o microrganismo, a concentração bactericida mínima (CBM). Quanto maior a distância entre esses valores, diz-se que o antimicrobiano tem atividade bacteriostática; por outro lado, quanto mais próximos forem esses valores, diz-se que o antimicrobiano tem atividade bactericida. Atividades de concentração tempo-dependentes Concentração dependentes: quanto maior o nível sérico acima da CIM, maior a taxa de erradicação das bactérias, a qual, por outro lado, cai na medida em que diminui o nível do antimicrobiano. Tempo-dependentes: o fator de maior importância para determinar a eficácia é o período de tempo que a concentração plasmática fica acima da CIM de uma dada bactéria (T > CIM). O fato de se aumentar a concentração do antimicrobiano várias vezes acima da CIM não promoverá aumento significativo na capacidade de destruir o microrganismo; Para os antimicrobianos tempodependentes, o tempo que a bactéria fica exposta ao agente é mais importante que a concentração do antimicrobiano necessária para matar o microrganismo. Fatores determinantes na prescrição de antimicrobiano O agente etiológico (microrganismo) deve ser identificado, sempre que possível. Quando não for possível, deve- se presumi-lo, considerando dados como quadro clínico, localização do processo infeccioso, faixa etária, achados epidemiológicos e laboratoriais.Seria desejável determinar a sensibilidade do agente etiológico aos antimicrobianos, coletando-se material do animal com o processo infeccioso e encaminhando-o ao laboratório para o isolamento e identificação do patógeno e posterior realização do antibiograma. Associações de antimicrobianos • Infecções mistas; • Evitar o aparecimento de resistência na bactéria; • Maior efeito terapêutico; • Infecções graves de etiologia desconhecida; • Para obter-se sinergismo, isto é, quando a atividade antimicrobiana da associação é maior do que aquela obtida quando cada um deles é usado isoladamente. Classificação • Interferem na síntese ou função da parede celular • Interferem na síntese de ac nucleicos • Interferem na síntese proteica Antibióticos que interferem na síntese da parede celular A parede celular é uma estrutura fundamental para a manutenção da vida da bactéria, pois o meio interior da bactéria é hiperosmolar em relação ao meio exterior, a supressão da sua síntese conduz à desintegração da célula. Portanto, os antimicrobianos que inibem a síntese da parede celular são bactericidas. A parede celular é constituída de peptidoglicano (também chamado de mureína ou mucopeptídio) Na parede celular das bactérias grampositivas (coram em roxo) existe apenas uma camada homogênea e espessa de peptidoglicano. Nas bactérias gramnegativas (coram em vermelho) a camada de peptidoglicano (folheto interno) é mais delgada e sobre esta existe uma camada constituída de lipopolissacarídeos (LPS) e lipoproteínas (folheto externo); a coesão entre os dois folhetos se dá por meio de ligações covalentes entre as lipoproteínas do folheto externo e os peptidoglicanos. Nas bactérias grampositivas, cerca de 90% da parede celular é composta pelo peptidoglicano; Nas bactérias gramnegativas, apenas cerca de 10% da parede corresponde ao peptidoglicano; Betalactamicos: penicilinas e cefalosporinas • impedem a síntese da parede celular, interferindo na última etapa da síntese do peptidoglicano; inibem a atividade da transpeptidase e de outras enzimas chamadas de proteínas de ligação da penicilina (PLP). Essas proteínas de ligação da penicilina catalisam as ligações cruzadas das unidades poliméricas de glicopeptídios que formam a parede celular. Causas de insucesso na terapia: Deve ser ressaltado que, quando ocorre a resistência bacteriana, o antimicrobiano atua como agente seletor, isto é, age sobre as bactérias sensíveis e observa-se, consequentemente, a proliferação das resistentes. • tempodependente Os antibióticos que interferem na síntese da parede celular da bactéria também são: bacitracina, glicopeptídios (vancomicina, teicoplanina e avoparcina) e fosfomicina. Antibióticos que interferem na síntese de ácidos nucleicos Os antibióticos que interferem na síntese de ácidos nucleicos de maior interesse terapêutico são: actinomicinas, griseofulvina, rifamicinas e novobiocina. • Rifamicina: Inibe a atividade RNApolimeraseDNAdependente. As rifamicinas entram na célula bacteriana e formam complexos estáveis com a subunidade beta das RNApolimerasesDNAdependentes dos microrganismos. Essa ligação resulta em enzimas inativas e inibição da síntese de RNA (RNA mensageiro, RNA ribossômico e RNA transportador), inibindo a síntese proteica em todos os estágios. Antibióticos que interferem na síntese proteica • Aminoglicosídeos (bactericida), macrolídios, lincosamidas, pleuromutilinas, estreptograminas, tetraciclinas e anfenicois. • Aminoglicosídeos: são antibióticos bactericidas que interferem na síntese proteica ligandose à subunidade 30 S do ribossomo, e para exercerem esse efeito há necessidade de penetrarem na célula bacteriana. É por isso que antimicrobianos que interferem na síntese da parede celular, com os antibióticos betalactâmicos, são associados aos aminoglicosídios para obter efeito sinérgico, uma vez que facilitam a entrada desses últimos no interior da bactéria. Age em bactérias aeróbicas gram negativas e estafilococos. • Macrolídeos: impedem a síntese proteica bacteriana ao se ligar à subunidade 50 S do ribossomo. O local de ligação dos macrolídios no ribossomo é próximo daquele no qual se liga o cloranfenicol, podendo ocorrer antagonismo, caso sejam associados. Os macrolídios inibem a translocação do RNA transportador no sítio aceptor do aminoácido, interferindo na adição de novos aminoácidos e, dessa forma, impedindo a síntese proteica da célula do microrganismo. • Tetraciclina: antibióticos bacteriostáticos que inibem a síntese proteica dos microrganismos sensíveis, ligando-se aos ribossomos. Estes antibióticos, após penetrarem no interior da bactéria por um processo mediado por carreador, ligam-se reversivelmente à subunidade 30 S do ribossomo do microrganismo, impedindo que o RNAtransportador (RNAt) se fixe ao ribossomo e, com isto, a síntese proteica é inibida. Antifungicos As infecções por fungos em pelos, unhas/garras, pele e mucosas são denominadas micoses superficiais; Micoses subcutâneas: a esporotricose, a cromomicose e os micetomas; Os fungos são considerados como patógenos primários quando produzem a doença em hospedeiro hígido; por outro lado, quando causam a moléstia em um indivíduo debilitado, são denominados oportunistas; Os fungos possuem parede celular constituída de quitina e celulose, têm vacúolos de reserva de glicogênio que atuam como fonte de energia, aparelho de Golgi e outras organelas intracitoplasmáticas, flagelos aquáticos, uma membrana que separa e individualiza bem o núcleo (carioteca) e septos que promovem a divisão do micélio. Estes microrganismos, portanto, são eucariotas e diferem das bactérias, pois possuem núcleo organizado, circundado por membrana nuclear. Suas paredes são compostas de polímeros de polissacarídeos como glucano, celulose e quitina; ao passo que os ácidos teitoicos e murânicos, encontrados nas paredes das bactérias, estão ausentes. Os principais agentes químicos usados como antifúngicos em Medicina Veterinária são: os imidazóis (cetoconazol, miconazol, clortrimazol, econazol), os triazóis (itraconazol e fluconazol) e a flucitosina. Entre os antibióticos antifúngicos, destacamse a anfotericina B, a nistatina e a griseofulvina. Antibióticos que interferem na permeabilidade da membrana celular: anfotericina B, nistatina (antifúngicos) e Polimixina Azois • imidazóis, que têm um anel com dois azotos, e triazóis, que apresentam um anel com três átomos de azoto imidazois: cetoconazol, clotrimazol, miconazol e econazol; triazois: fluconazol, itraconazol, terconazol, voriconazol, ravuconazol e posaconazol. • Os azóis são compostos fungistásticos e atuam ao nível do citocromo P450, por inibição da 14α desmetilase, que é responsável pela transformação do lanosterol em ergosterol, inibindo, assim, a síntese da membrana celular, o que impede o crescimento do organismo. • Imidazois: realizam alteração da permeabilidade de membrana. Esta alteração ocorre pela inibição da síntese do ergosterol, pois os imidazóis se ligam às enzimas do citocromo P450 do fungo e inibem a desmetilação do lanosterol, um precursor do ergosterol. Cetoconazol: A absorção do cetoconazol é facilitada por pH ácido; assim, o aumento do pH estomacal, por administração de antiácidos e antagonistas histaminérgicos H2 (p. ex., cimetidina e ranitidina), diminui a absorção deste antifúngico. ➢ O cetoconazol se distribui em saliva, pele, ossos e fluidos pleural, sinovial e peritoneal. ➢ Micoses superficiais como profundas; • Triazois: interferem na síntese do ergosterol, na membrana fúngica. Por outro lado, diferentemente dos imidazóis; os triazóis têm alta afinidade pelo P450 fúngico, não apresentando a menor afinidade pelo P450 de mamíferos. Itraconazol: tem maior espectro de ação, é mais efetivo em doses menores e tem menores manifestações de efeitos colaterais. Fluconazol: atinge concentraçõeselevadas no líquido cefalorraquidiano, sendo, portanto, o medicamento de escolha para o tratamento da maioria das meningites fúngicas. Antibióticos antifúngicos Há os poliênicos, como a anfotericina B e a nistatina, e os antibióticos não poliênicos, como griseofulvina. Polienicos: varias duplas ligações atuam como antifúngicos, através de ligações irreversíveis aos esteroides da membrana celular, permitindo que íons K + e Mg 2+ saiam da célula. Com a saída destes íons (principalmente do K + ), há o comprometimento do metabolismo celular. • Anfotericina B e Nistatina Não polienicos • Griseofulvina: este antifúngico penetra na célula fúngica, causa a ruptura do fuso mitótico, por ligarse a uma proteína associada aos microtúbulos; este processo inibe a mitose do fungo e, consequentemente, impede o crescimento deste microrganismo. A griseofulvina causa, ainda, alterações morfogenéticas na parede celular. Antileishmania Paciente com resposta TH1 produz intereferons, intereleucinas e fazem o recrutamento de várias células: macrófagos, linfócitos tcd8, linfócitos do tipo b (recrutamento dos anticorpos) Citocinas produzidas pelas células Th1 ativam macrófagos e participam na geração de células Tc, resultando em uma resposta imune mediada por células. Contrariamente, citocinas produzidas pelas células Th2 ajudam a ativar células B, resultando na produção de anticorpos. Além disso, citocinas Th2 também ativam granulócitos. TH2 pacientes com sinais clínicos decorrentes da deposição de imunocomplexos desencadeiam o aparecimento dos sinais clínicos: inflamação característicos da leishmaniose. Não basta somente baixar a carga parasitária é necessário saber se o animal está transmitindo. Sinais clínicos: lesões de pele, falha de pelo... Fármacos Anfotericina B • Antibiótico antifúngico • Farmacodinâmica Incorpora-se ao lipossoma Absorção pelo sistema reticulo-endotelial do parasito causando a morte do parasita • Farmacocinética Administração parenteral IV Excreção renal e biliar • Efeitos colaterais Nefrotoxicidade • Levar em consideração se o animal está apresentando sinais clínicos (TH2) e ter a cautela se o animal não desenvolveu uma glomerulonefrite. Uma vez que ha vasta capilarização do rim. Exames de creatinina É importante colher a urina para detectar a presença de proteinúria (UPC -proteina e creatinina na urina) Superior a 0,5 – proteinurico Menor que 0,2 – não proteinurico Entre esses valores – paciente em observação Animais apresentando poliuria jamais devem tomar afotericina b Aloporinol • Leishmaniostático – inibe o crescimento do protozoário (inibe a replicação) • 10-20 mg/kg, SID ou BID, VO, contínuo • Farmacodinâmica Hidrolise – alopurinol nucleosídeo (análogo de adenina) Incorpora-se ao RNA da leishmania – inibição de crescimento. • Farmacocinética Administração oral Excreção renal • Efeitos colaterais Xantinúria – calculo de xantina ✓ A urinálise consegue detectar o nível de cálculo de xanturia A resposta imune frente à infecção é considerada protetora quando predominantemente mediada por células Th1 com estímulo à produção de citocinas indutoras de atividade anti-Leishmania pelos macrófagos. Por outro lado, a resposta imune predominantemente mediada por células Th2 induz produção de citocinas que estimulam linfócitos B com marcada resposta humoral produtora de anticorpos anti-Leishmania, que não tem eficácia protetora contra a infecção. • Em casos de pacientes estabilizados o veterinário consegue baixar a dose para menos que 10 mg. Levamisol – não é imunomodulador • Geralmente precede o uso do alopurinol • Reação AG → proteína total= albumina/ globulina O numero alto de globulina indica alto nível de imunoglobulina indicando a deposição de imunocomplexos • Antinematódeo – imunoestimulante (1/4 dose) • 0,5 – 1 mg/ kg, dias alternados, VO, constante • Farmacodinâmica Desconhecida Aumento da atividade proliferativa de linfócito T – aumento da atividade fagocitaria de macrófago Avaliação de medula e do sangue periférico • Farmacocinética Administração oral Biotransformação hepática Excreção renal Domperidona • Antagonista dopaminérgico • Imunomodulador estimulante • 0,5 – 1 mg/kg, bid, VO, 30 dias Repetir o protocolo a cada 4-6 meses • Farmacodinâmica: estimulador da hematopoiese e atividade leucocitária (linfócitos T) Indicado para animais com panlicocitopenia • Farmacocinética: administração oral metabolismo hepático excreção renal (31%) e fecal (66%) Imunomoduladores supressores • controlar a produção de imunocomplexos ideal que a albumina esteja superior a 0,6 • prednisona 0,5 – 1 mg/kg sid /bid, 5 dias • Dexametasona 0,2 mg/kg, IV Sessões alternadas de quimioterapia com anfotericina B Imunoterapia • Usar o recurso da vacina: proteína recombinante e saponina – realizando a amplificação da resposta imune • Saponina vai estimular a atividade celular • Em animais portadores utiliza-se doses duplas • 2 frascos em 3 doses duplas • Intervalo de 21 dias • Reforço semestral • Data primeira dose – duplo • A cada 6 meses Miltefosina (milteforan) • Farmacodinâmica Inibidor enzimático – fosfolipase C Indução do apoptose – alterações na sinalização celular Impede a penetração da Leishamania nos macrófagos • 2 mg/kg, VO, sid, 28 dias • Farmacocinética Administração oral Excreção fecal Excreção renal – insignificante • Efeitos colaterais Vômitos Diarréia Terapias adjuvantes • Coleira • Fluidoterapia • Transfusão sanguínea • Antibacterianos Marbofloxacina – 2mg/kg, SID, VO, 28 dias Enrofloxacina – 20 mg/kg, SID, VO, 30 dias