Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Técnica dietética Carne bovina Docente: Julia Geminiani Andrade Baptista julia.baptista@estacio.br • Carne é o conjunto de tecidos de cor e consistência características que recobre o esqueleto dos animais. Comercialmente, são todas as partes dos animais que servem de alimento ao homem, inclusive as provenientes de aves, caças e peixes. • Os cortes de carne apresentam tecido muscular, conjuntivo, gordura (tecido adiposo) e, às vezes, ossos, além de características sensoriais distintas. Já os órgãos internos, normalmente chamados de vísceras, também podem ser classificados como carne Carnes Valor nutricional • Fontes de proteínas de alto valor biológico • 5 a 30% de gorduras • Vitaminas A e de complexo B • Minerais: Ferro, Cálcio, Zinco, Magnésio, Sódio e Potássio • Os músculos são órgãos ativos do movimento, altamente especializados, com capacidade de contrair-se e relaxar que diferem quanto ao tamanho e formato. • A unidade fundamental do tecido muscular é chamada de fibra, o conjunto de fibras é denominado feixe muscular e o conjunto de feixes é chamado de músculo. Os feixes de fibras microscópicas possuem forma tubular que se afina nas extremidades. • Quanto à fibra muscular, outros fatores que também influenciam a maciez da carne são a espécie do animal, sua alimentação e a atividade física. Tecido muscular • O tecido muscular é constituído de compostos nitrogenados, derivados de nucleoproteínas, ácido láctico, minerais, que dão origem às bases purínicas, ácido úrico, creatinina. Quando a carne é cozida, parte dessas substâncias que é solúvel vai para o meio de cocção e dá sabor à preparação. Tecido muscular Tendões: cor esbranquiçada e consistência rija 30% de colágeno e 1% de elastina Colágeno e elastina: insolúveis em água fria → Cocção por calor seco: dessecam e endurecem → Cocção por calor úmido: tecido tendinoso aumenta de volume, amolece e o colágeno é hidrolisado Gelatina (solúvel em água quente) Tecido conjuntivo ou conectivo Ligamentos: amarelados e de maior elasticidade 7 a 8% de colágeno e 30% de elastina Elastina: tecido elástico, flexível e aspecto brilhante Não é amaciado pela cocção Tecido conjuntivo ou conectivo Maciez • Tempo de cozimento: quanto maior o tempo de cozimento, maior a rigidez provocada pelo endurecimento proteico, devido à coagulação de proteínas miofibrilares. • Temperatura de cozimento: o calor (57 a 60ºC) transforma o colágeno em gelatina, processo facilitado pela ação de ácidos, auxiliando no amaciamento da carne. Carnes ricas em tecido conjuntivo a cocção deve ser lenta, úmida e em temperatura reduzida. Tecido adiposo (gordura) A gordura nas carnes normalmente está localizada nas células do tecido conjuntivo, sendo os principais depósitos: • ao redor dos órgãos internos • entre os músculos (intrafascicular) – marmoreio (carnes + macias e suculentas) • em volta destes • diretamente sob a pele Tecido adiposo (gordura) • Melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne • diminui o tempo de cocção e as perdas de sucos por evaporação. O tecido adiposo funde a aproximadamente 50ºC (antes de a proteína coagular), assim a gordura liquefaz-se, produzindo o “goteio”. Observa-se que a perda de gordura não é total, porque ela fica retida na estrutura celular, mesmo depois da subdivisão ou da cocção, ex.: torresmo Carnes - maciez • Teor de tecido conjuntivo e tamanho dos feixes musculares • Presença de gordura • Grau de contração muscular, associado ao rigor mortis e à maturação do músculo • Capacidade de retenção de água (quanto maior, mais macia será a carne). • Processo de cocção: é preciso cuidado com o excesso de calor por causa da produção de substâncias indesejadas como aminas heterocíclicas (mutagênicas e carcinogênicas) e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos (carcinogênicos – fumaça). Coloração Mioglobina (músculos) Oximioglobina (vermelho púrpura) (Vermelho brilhante) Exposição ao oxigênio Escurecimento carne crua - redução do ferro e formação de metamioglobina (oxidação) Durante o cozimento, o calor age sobre a hemoglobina decompondo-a em hematina, de cor marrom. Rigor mortis ou rigidez cadavérica • Rigor mortis: deposição muscular de ácido lático promove interação permanente entre filamentos de actina e miosina provocando perda de elasticidade encurtamento dos músculos e aumento da tensão. Glicogênio no músculo Desdobramento após abatimento → glicose + ácido láctico Rigor mortis (rigidez cadavérica) Maturação Enzimas como as catepsinas começam a ser liberadas devido à perda da integridade das membranas, e degradam a estrutura proteica, além disso a ação do ácido lático é reversível, agindo sobre as proteínas, hidrolisando-as, promovendo o amaciamento das carnes e o desenvolvimento do sabor. As carnes devem permanecer em temperatura de 1 a 2ºC por cerca de 14 dias, além disso é preciso deixar a carne em repouso (pendurada na vertical) por determinado tempo, para que os músculos sejam distendidos e não se contraiam totalmente, pois no abate eles podem ficar rijos, duros e contraídos. Maturação à vácuo Carne embalada à vácuo em sacos plásticos • Proteção contra contaminação e conservação da coloração, sabor e valor nutritivo • Validade de até 60 dias a 0°C Características da carne Para compra: Devem apresentar cor viva e odor próprio. Caso estejam arroxeadas, acinzentadas e esverdeadas, com manchas de sangue, traumas, resíduos de couro e pelos, descongeladas ou não, com odor forte e desagradável não devem ser adquiridas nem utilizadas na alimentação. O tecido deve ceder ao toque e voltar imediatamente ao normal Temperatura de armazenamento 0 a 4ºC. Conservação Congelamento: precipitação e desidratação de proteínas perda do turgor e capacidade de embebidação. Congelamento rápido → formação de cristais pequenos, com perda mínima nutrientes. Congelamento lento → a água contida no alimento formará cristais grandes, que destroem as células e facilitam a perda de água, sais e albumina. Degelo • Degelo: aumenta a vulnerabilidade para contaminação • Carne descongelada nunca deve ser congelada novamente Mercados? Transporte? Carnes - amaciamento Ação mecânica: • Batedor de bife (uso doméstico) • Equipamento com lâminas que seccionam as fibras das carnes Carnes - amaciamento Ação enzimática: • Enzimas naturais ou industrializadas → desorganização estrutural das fibras Papaína → mamão Bromelina → abacaxi Ficina → Figo Carnes - amaciamento Ação química: • Vinha d’alhos (temperos e vinagre ou vinho) • pH ácido → hidrolise das proteínas (continuação da maturação natural conferida pelo ácido láctico) Carnes – sentido do corte Carnes – sentido do corte O corte da carne deve ser sentido oposto ao das fibras musculares seccionando-as. Isso porque caso o corte siga o sentido da fibra ao ser coccionada a mesmo se retrai e a carne fica endurecida. Assim sabe à faca seccionar a fibra enquanto que na mastigação é feita apenas a separação das mesmas. Carnes – preparo Variáveis: • Volume total • Formato • Espessura • Presença ou não do osso • Carne congelada ou resfriada • Revestimento de camada de gordura ou gordura entre os feixes musculares Cocção de carnes • destruição de microrganismos, • coagulação de proteínas • abrandamento do tecido conjuntivo • desenvolvimento de sabor. A aplicação de calor deve variar entre úmido e seco de acordo com o tipo de corte. Carnes – temperatura de cocção • Ao ponto → 60 – 70°C • Bem passada → 70 – 80°C • Muito bem passada → 80 – 90°C Carnes magras e gordas • Carnes gordas: quando a quantidade de gordura excede em 50% o valor calórico proveniente da gordura. • Carnes magras: quando a quantidade de gordura não excede em 50% o valor calórico proveniente da gordura. Carnes de primeira, segunda e terceira • Carnes de primeira são aquelas mais macias, localizadas em partes do corpo dos bois que são menos utilizadas, e destamaneira proporcionam carnes de maior qualidade e com bem menos gordura. • Carnes de segunda são as que se localizam em partes mais expostas dos animais e tendem a ser um pouco mais duras. • Carnes de terceira são as que possuem uma grande quantidade de gordura e nervos. Quarto dianteiro • Peito (1): constituído de músculos e fibras duras • Pescoço (2): um dos cortes com mais gordura • Cupim (3): corte com bastante gordura • Acém (4): corte do lombo do boi, dura e gordurosa • Braço, pá ou paleta (5): formado por músculos, com muitos nervos e gordura • Ossobuco, músculo (6): formado por músculos, consistência rija Quarto traseiro • Ponta de agulha (9): constituída pelas últimas costelas, músculos duros, fibras grossas e compridas • Filé mignon (12): corte mais macio localizado no dorso do animal • Fraldinha ou vazio(16): parede de carne que forra o abdômen. • Contra filé (11): carne macia, de forma redonda • Capa de filé (7): textura desigual e diversos nervos • Alcatra (14): forma alongada e fibras semelhantes às do coxão mole • Patinho (17): parte menos macia que a alcatra • Coxão duro ou chã de fora (18): músculo grande, um pouco fibroso • Coxão mole ou chã de dentro (19): músculo interior da perda, arredondado, com fibras curtas e de consistência macia Quarto traseiro • Lagarto (20): parte da coxa, formato arredondado e alongado. Magro, com fibras longas e pouca gordura • Aba de filé (8): corte menos macio que o filé mignon • Maminha (15): corte tem sabor suave e textura macia • Picanha (13): tem uma espessa camada de gordura, responsável pelo sabor, suculência e maciez • Filé de costela (18): usada no preparo de ensopados Vísceras Órgãos internos de coloração vermelho-escura • Fígado, coração, rins, língua: contêm alto teor de Ferro, vitaminas do complexo B e vitaminas A. • Miolos: ricos em lipídios • Estômago e intestino (dobradinha) Carnes – temperatura de cocção ✓ Bifes → ↑ temperaturas: coagulação superficial ↓ Formação de crosta ↓ Interior úmido e suculento Calor seco – sela-se a carne de um lado, vira-se a carne e sela-se o lado oposto. Preparo – especifico de cada corte BIFES • Fatiamento no sentido transversal à fibra • Manter um pouco de gordura → sabor e maciez • Espessura: 1 a 1,5cm O tempero deve ser adicionado apenas no momento do preparo para evitar que a carne perca seu suco. Bife grosso com 2cm de espessura, redondos. Bifes grossos e redondos contornados com uma fatia de bacon. Cocção m temperatura mais amena com aumento gradativo para obter coloração dourada. Roda-se o espeto para garantir a cocção de todos os lados. A subdivisão da carne facilita sua cocção conferindo sabor aos ingredientes que se juntam à preparação. As carnes ensopadas, no geral, são preparadas em calor misto. Com refogado inicial e adição de líquidos de cozimento posteriormente. Prato húngaro com mistura de carne bovina e suína. Permite ampla variedade de preparos. Cortes Preparações Patinho Assado, bife, almondegas, bife rolê, cubos, moído Coxão duro ou chã de fora Cozido, moído, caldo, ensopado, bife rolê, rosbife Coxão mole ou chã de dentro Assado, bife a rolê, refogado, à milanesa, estrogonofe, espetinho, picado, moído Lagarto Assado, bife, rosbife, carpaccio, bife rolê Músculos Sopa, ensopado, moído, caldo, cozido Maminha de alcatra Assado, bife, grelhado Picanha Assado de panela, churrasco, espeto Cupim Churrasco, assado, bife Bisteca / chuleta Grelhada, na chapa, cozida Tutano Cozido, sopa, caldo Cortes Preparações Pescoço Sopa, cozido Acém Ensopado, refogado, assado de panela, picado Peito Cozido, sopa, moído, carne recheada Braço, pá ou paleta Ensopado, molho, moído, sopa, caldo, picado Fraldinha Ensopado, refogado, assado de panela, espetinho, churrasco Ponta de agulha Ensopado, sopa Filé mignon Bife alto Filé de costelas Ensopado, churrasco, cozido Contrafilé Bife na chapa ou grelhado, rosbife, estrogonofe, churrasco, escalope, medalhão Capa de filé Assado, refogado, ensopado Alcatra Bife de chapa ou grelhado, refogado, assado, picadinho, espeto, escalope, medalhão, churrasco Carne de sol • Culinária sertaneja nordestina • Carne salgada e exposta ao sol forte • Secagem rápida, formação de capa protetora → parte de dentro úmida e suculenta • Grelhada ou frita • Preparações: Maria Isabel, paçoca, carne de sol com aipim Carne seca • Carne salgada e armazenada em local seco • Desidratação ao sol • Cozimento demorado • Preparações: arroz carreteiro, feijoada, carne seca desfiada (Roupa velha) Mocotó • Obtido pelo cozimento das cartilagens e dos tendões das patas • Cozido, caldo ou geleia Timo • Glândula no pâncreas e na garganta do animal jovem • Iguaria bastante apreciada • Ris de veau Tutano • Medula dos ossos (fêmur e tíbia) • Componente de molhos e acompanhamentos • Músculo + osso = ossobuco Técnica dietética Carne bovina Docente: Julia Geminiani Andrade Baptista julia.baptista@estacio.br
Compartilhar