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Carnes, aves e pescados Ítalo – Técnica Dietética → Carne é um alimento de origem animal sendo um conjunto de tecidos de cor e consistência características que recobre o esqueleto dos animais; → São oriundas de ambientes terrestres e aquáticos; → Comercialmente, todas as partes comestíveis servem de alimento ao homem; → São variados os tipos de carnes como: Carnes vermelhas: Bovina, suína, ovina etc. Aves: Frango, pato, peru, ganso, avestruz... Pescados: Peixes, camarão, lagosta, ostras etc. Caça: Animais não domésticos (porco-do-mato, paca, tatu, javali, capivara, cutia...) → As carnes são, portanto, consumidas em todo mundo e por diferentes povos. O DECRETO Nº 30.691, DE 29 DE MARÇO DE 1952 DEFINE CARNE COMO: ‘ ‘Massas musculares maturadas e demais tecidos que as acompanham, incluindo ou não a massa óssea correspondente, que procede de animais abatidos sob inspeção sanitária’’ . • As carnes são ricas em: 1. Proteínas de alto valor biológico (10 a 20%); 2. Gorduras (5 a 30%); 3. Vitaminas (principalmente do complexo B: B1, B2, B12 e niacina) e a Vitamina A; 4. Minerais (ferro, cálcio, fósforo, além de zinco, magnésio, sódio e potássio). o OBS1: O valor calórico da carne não está relacionado à localização do corte e, sim, ao total de calorias, que varia em função da quantidade de gordura. o OBS2: Todas as carnes possuem valor nutritivo semelhantes. • A carne magra apresenta em torno de: → Água: Em torno de 75%; → Proteínas: Em torno de 21% a 22%; → Gordura: Em torno de 1% a 2%; → Minerais: Em torno de 1%; → Carboidratos: Menos de 1%. • Qual a diferença de carne gorda e carne magra? → Carne gorda: Possui quantidade de gordura >50% do valor calórico; → Carne magra: Possui quantidade de gordura <50% do valor calórico; • Podem ser influenciados por: → Raça do animal. → Idade do animal. → Sexo do animal: Fêmeas– Carne mais macia. → Castração. → Sistemas de criação: Pastagem, confinamento. → Quanto o músculo é exigido: Asas das aves e as patas dianteiras de bois são menos macios. → Gordura: Abranda a resistência da carne. → Quantidade de tecido conjuntivo: Cozido longamente, ele se transforma em uma gelatina que torna a carne macia e suculenta, além de enriquecer o molho. • A estrutura das carnes é bem peculiar, é composto basicamente por: 1. Tecido muscular : Constituído de fibras musculares que contém pigmentos, sais inorgânicos, substâncias extrativas, glicogênio, proteínas e etc. 2. Tecido conjuntivo : Composto por ligamentos (cor amarelada, maior elasticidade) e tendões (cor esbranquiçada, consistência rija, maior concentração de colágeno); → Sendo o tecido conjuntivo fonte de aminoácidos essenciais; → Possui também um alto teor de ferro, zinco, além de vitaminas do grupo B, especialmente a vitamina B12. o OBS.1: Todos esses nutrientes possuem alto índice de absorção; 3. Tecido adiposo : Maior ou menor quantidade (animal magro ou gordo) é constituído fundamentalmente de gordura (75 a 90%); 4. Gordura: Localiza-se entre as células do tecido conjuntivo, entre órgãos internos, e ao redor dos músculos. → A gordura melhora o sabor, a suculência e a maciez da carne cozida, reduz o tempo de cocção e diminui perdas de sucos por evaporação; 5. Ossos: Em animais maduros os ossos são duros, quebradiços e brancos, já em animais novos os ossos são maleáveis, menos quebradiços e apresentam um tom róseo; 6. Cartilagem: É uma variedade de tecido conjuntivo, de cor cinzenta ou branca que forra as extremidades dos ossos. Com o desenvolvimento dos ossos ela desaparece. Ex.: orelha de porco e peito de aves. Em animais novos é flexível e macia, já em animais maduros é mais dura; o OBS.2: Toda essa estrutura, possui uma grande influência na maciez e nas técnicas de cocção empregadas durante o preparo destes alimentos. • Pigmentos: A Hemoglobina e mioglobina dão cor a carne, onde a hemoglobina transporta oxigênio na corrente sanguínea, já a mioglobina (cor vermelho purpura) retém o oxigênio nos tecidos (músculos), para ser usado na contração muscular. Carnes, aves e pescados Ítalo – Técnica Dietética → Após ser cortada, a carne bovina entra em contato com o oxigênio e após 35-40 minutos, ela adquire coloração vermelho- brilhante (oximieglobina); LOGO: MIOGLOBINA + OXIGÊNIO = OXIMIOGLOBINA → Após certo período, a carne escurece novamente devido o período de desidratação; → Quando a carne cortada é submetida a temperaturas elevadas maiores que 64°C, a hemoglobina se transforma em uma coloração marrom (hematina); LOGO: HEMOGLOBINA + COCÇÃO > 64°C = HEMATINA → Em carnes frescas, a descoloração ocorre pela formação da metamioglobina, pigmento de cor vermelho-marrom, isso ocorre quando a carne é armazenada em temperaturas inadequadas; → A formação da metamioglobina é acelerada por: Contaminação microbiana, temperaturas elevadas, congelamento, desnaturação das proteínas tais como: sal, luz UV e etc... → OBS: Tanto a mioglobina como a oximioglobina podem sofrer oxidação e formar a metamioglobina. LOGO: MIOGLOBINA + O2 → Oximioglobina + Oxidação = METAMIOGLOBINA IMPORTANTE: A descoloração devido à formação da metamioglobina pode ser evitada na carne moída congelada com a adição de ácido ascórbico. O PIGMENTO DA CARNE MALPASSADA (Oximioglobina), e PIGMANTO DA CARNE COZIDA EM TEMPERATURAS ELEVADAS (Hemicroma). O pigmento vermelho presente na carne malpassada é o mesmo da carne crua—oximioglobina. À medida que a carne é cozida a temperaturas elevadas, a proporção de oximioglobina diminui. O pigmento formado é o hemicroma (cor parda a marrom). Neste pigmento, a globina da oximioglobina é desnaturada e o ferro é oxidado, passando do estado ferroso para férrico. DE MODO GERAL SOBRE AS PIGMENTAÇÕES TEMOS • Carnes que possuem menos pigmentos: Porco, peixes e carnes novas; • Pigmento predominante no animal vivo: A mioglobina (vermelho-púroura) existe em equilíbrio com a oxiemoglobina (vermelho brilhante), a oxiemoglobina é a forma oxigenada da mioglobina; • Pigemento predominante após a morte: Mioglobina; • Oximioglobina após o co rte por curto período: Desidratação; • Acima de 64°c : Hematina (marrom); • Carnes frescas armazenadas em ambientes inadequados: metamioglobina; Carcaça (ossos) Sangue Cabeça Pulmão (bofe) Cérebro (miolos) Rins Orelhas Moela (parte do sist. digest. aves) Pescoço Intestinos (tripas) Língua Rabo Estômago (bucho) Testículos Coração Úbere Fígado • Segundo a Portaria nº 5, de 8 de novembro de 1988, da Secretaria de Inspeção de Produto Animal, a maneira de retalhar o animal pode variar de acordo com: → De um país para o outro; → De um açougue para o outro; → Varia também a nomenclatura usada para cada corte; → Os cortes mais macios são considerados de 1ª categoria, já os menos macios são de 2ª e 3ª categorias. Essa divisão não significa que os mais macios sejam mais nutritivos e saborosos, pois todas as carnes possuem valor nutritivo semelhantes. • Os agentes amaciadores são: mecânica, enzimática e química. • Ação mecânica : → Pode-se usar o batedor de bifes para amaciar a carne; → Em cozinhas industriais o amaciamento é realizado com um equipamento que contém várias lâminas que seccionam as fibras da carne, tornando-as mais macias; Carnes, aves e pescados Ítalo – Técnica Dietética → Chamados de tenderização, são usados na preparação de bifes feitos com cortes de carnes mais rijas; → Normalmente, são utilizados utensílios cujo papel é romper as fibras musculares, impedindo grande parte de seu encolhimento pelo calor; → Esses métodos produzem amaciamento, mas podem aumentar a perda de sucos da carne; → É comum a prática de bater bifes para ficarem macios. No entanto, esse procedimento promove o rompimentode células, de fibras e, consequentemente, tem-se a liberação de moléculas de água que estavam alojadas nessas estruturas. A perda de tais moléculas leva ao comprometimento da suculência dos bifes. • Ações enzimática : → Utilizam-se enzimas naturais como a papaína, a bromelina, a ficina, actinidina ou também enzimas industrializadas, que promovem uma desorganização estrutural da fibra, fazendo com que haja aumento da acidez, resultando em uma consistência gelatinosa. → A técnica consiste em manter a carne em contato com partes ou com os sucos dessas frutas ou com soluções de enzimas industrializadas. • Ações química : → Um dos processos comuns de amaciamento é deixar a carne em vinha d’alhos (temperos + vinagre ou vinho) por algum tempo. → O pH ácido da vinha d’alhos hidrolisa as proteínas, continuando a maturação natural conferida pelo ácido lático; → É mais usada para carnes de aves; → O tempo de exposição varia de acordo com o tamanho das peças; → É um método eficaz; → Além de amaciar, confere sabor característico. • Objetivos da cocção: → Destruir germes patogênicos; → Coagular as proteínas (temperatura= 57ºC-60ºC); → Abrandar o tecido conjuntivo sem agir sobre as proteínas miofibrilares (temperaturas > 100ºC); → Abrandar o tecido conjuntivo, porém ocorrem perdas do valor nutritivo (destruição da arginina, lisina, histidina, cistina, leucina e fenilalanina); → Desenvolver sabor agradável. • Cuidados no pré-preparo das carnes: Deve-se cortar a carne para bifes ou ‘‘tournedos’’ sempre seccionando as fibras musculares, pois se o bife for tirado no sentido horizontal, ao retrair-se, na cocção, torna a preparação dura. • O cozimento da carne: → É a última etapa da transformação da carne antes do consumo, que resulta da transformação das propriedades físico-químicas das proteínas em maciez da carne; → O cozimento provoca tanto um endurecimento como um amaciamento da carne, tais fenômenos estão em função da temperatura, tempo e tipo de corte; → O cozimento transforma o colágeno em gelatina (cocção úmida), desnaturando das proteínas miofibrilares com liberação de sucos, ocasionando em perda de peso da carne; • Para uma escolha de cocção ideal deve-se escolher primeiro o corte correto e o método de preparo. Vejamos a cocção que se enquadra melhor nos tipos de carne: → Cocção em calor úmido: Nesta cocção envolve as carnes de cortes com pouco colágeno, que são as carnes menos macias, como: paleta, acém, fraldinha, peito, coxão duro; → Cocção seco: Nesta cocção envolve as carnes de cortes mais macios como: Alcatra, peito de frango, peixes, filé mignon, contrafilé, patinho/lombo, costelas; Podendo assim nesta cocção: grelhar, fritar e assar; → Cocção misto: Envolve as carnes que ficaria muito macia e apetitosa apenas empregando calor seco, como exemplo refogar a carne; • Temperaturas de cocção adequadas para as carnes: → Ao ponto: 60 a 70°C; → Bem passada: 70 a 80°C; → Muito bem passada: 80 a 90°C; • O rigor mortis ocorre quando as fibras musculares esgotam sua energia e seus mecanismos de contração muscular entram em colapso. Ocorre, então, um movimento de contração e travamento dos filamentos proteicos. Deste modo, as carcaças são penduradas de tal modo que: → A maioria de seus músculos sejam distendidos pela gravidade; → Os filamentos proteicos não possam contrair-se e se sobrepor em grande quantidade; → Assim, os filamentos proteicos se ligam com enorme força uns aos outros e a carne se torna excepcionalmente dura. • O endurecimento inevitável causado pelo rigor mortis pode ser acentuado pelo controle inadequado da temperatura e, às vezes, é responsável pela excessiva dureza das carnes vendidas no varejo. 1. pH abaixo de 6: Carne boa para processamento e consumo; 2. pH entre 6 e 6,2: Carne para consumo imediato; 3. pH acima de 6,4: Revela o início do processo de decomposição. → Evitar a compra de carne in natura sem refrigeração e em condições de armazenamento inadequadas em feiras livres; → Manter carnes em baixas temperaturas: 4 a 5°C ou menos (até 5 dias); → Congelamento até -18°: por no máximo 18 meses; Carnes, aves e pescados Ítalo – Técnica Dietética • As aves podem ser domésticas ou de caça , são exemplos: Frango, peru, marreco, ganso, galinha d’angola, pombo, perdiz, codorna. • É a ave mais comum e pode ser classificado em quatro grupos, conforme o tamanho e a idade do animal: → Frango de leite ou galeto: Aproximadamente 600g de peso e três meses de idade. → Frango comum: Chega a pesar mais de 1kg e tem entre 3 e 7 meses. → Galo e galinha: Aves adultas com mais de 7 meses e cerca de 1,5kg. → Frango capão: É o frango castrado para que possa engordar mais. → Possui um teor proteico semelhante ao de outras carnes. → As aves mais novas têm menos tecido conjuntivo e menos gordura. → Ao escolher aves novas, aperte delicadamente o osso do peito, que deve ser flexível. → Escolha as aves com pele úmida, de cor homogênea e sem sinais de machucados ou de penas. O corpo deve ser compacto, cheio e bem formado. O peito deve ser firme. → Verifique se as pernas são flexíveis e se a pele está intacta. → A ave deve ter cheiro de fresca e o odor da embalagem deve desaparecer rapidamente. → As aves congeladas devem estar com embalagem intacta e fechada, não devendo apresentar cristais de gelo ou descoloração. Observe a data de validade. → Retirar o miúdo. → Para descongelar, deve ficar sob refrigeração de 1ºC a 5ºC por 3 a 5 horas longe de carnes cozidas. → Cozinhe a ave dentro de 12h após o degelo e não deve ser recongelada. → Quando pronta, para ser armazenada sob refrigeração, deve ser resfriada rapidamente. Dura de 2 a 3 dias. → Peito: Corte com pouca gordura e tecido conectivo. Utilizado em recheios e sopas, bem como um filé grelhado, frito à milanesa ou à doré ou até mesmo assado, quando com cobertura. → Coxa: Corte com mais gordura. Usado assado, com ou sem osso. Quando desossado, pode ser grelhado ou frito. Também é utilizado sob calor úmido, ensopado ou guisado. → Sobrecoxa: Corte também com muita gordura. Utilizado como a coxa. → Asa: Corte gorduroso, principalmente pela pele que o envolve. Utilizado assado, frito, sob calor úmido, em sopas e ensopados. → Pé: Utilizado em sopas e ensopados, pois necessita de cocção lenta. → Pescoço: Utilizado cozido e servido em sopas e aperitivos. Apresenta muito osso. • São todos os animais aquáticos que servem de alimento para o homem. → Marinhos (água salgada): Pescado, merluza, sardinha, atum, bacalhau, linguado, tainha, cação, namorado, badejo, corvina, salmão, cavala, bonito, camarão, lula, lagosta, siri, polvo e ostra. → Água-doce: Pirarucu, lambari, pintado, dourado, traíra, curimbatá, pacu, surubim, tambaqui e tucunaré. Podem ser classificados em: Peixes, mariscos, cetáceos e quelônios. → Peixes: Possuem esqueletos cartilaginosos ou ósseos e apresentam guelras. Ex.: Tubarão, pescado, badejo. → Mariscos: Possuem carapaças duras e pigmento esverdeado (crustáceos). Ex.: Camarão, lagosta. Apresentam conchas ou não (moluscos). Ex.: Escargot, mexilhões, ostras. Moluscos que não apresentam conchas, possuem coluna vertebral cartilaginosa, como lula e polvo. → Cetáceos: São mamíferos, dos quais pode-se aproveitar o óleo, a pele e os ossos. Ex.: Baleias. → Quelônios: Apresentam carne com carapaça. Ex.: Tartaruga. • Podem ser usados em molhos, à doré, empanados, fritos, grelhados, caldos, ensopados, espetos, assados, recheados, à milanesa, casquinhas e gratinados. • Sabe-se que o pescado é tido como o alimento que mais é susceptível à ação microbiana. Vários são os processos que concorrem para a deterioração dos pescados: Carnes, aves e pescados Ítalo – Técnica Dietética → Ação do suco digestivo: Enquanto o animal estávivo, a parede do intestino resiste a eles, mas depois de morto, as paredes são destruídas e os sucos digestivos chegam aos tecidos. → Enzima nos tecidos: Quando o peixe morre, elas se tornam destrutivas, amolecendo, digerindo e desintegrando a carne. Desenvolvimento bacteriano está presente no trato intestinal, guelras. Vale ressaltar que a deterioração microbiana de pescados acelera o processo de deterioração natural, pela autólise. → Peixe: Superfície lisa com escamas aderidas; relativo brilho; olhos brilhantes; salientes e transparentes; odor suave; carne firme; ventre roliço e firme; guelras róseas ou vermelhas. → Crustáceos: Aspecto geral brilhante e úmido; corpo curvado naturalmente e firme; carapaça ardente; olhos vivos, cheiro suave e característico. → Moluscos: Vivos, com valvas fechadas e retenção de água incolor, cheiro agradável, carne úmida, bem aderente ao corpo, aspecto esponjoso, de cor clara. → Polvo, lula: Pele lisa e úmida, olhos vivos, carne consistente e elástica. → Camarões: Carne firme, cheiro e sabor agradável.
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