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Juliana Silva XXIII | 1 Endocrinologia Hipertireoidismo O hipertireoidismo ocorre devido a hiperfunção da glândula tireoide. Tireotoxicose: A tireotoxicose é o efeito do excesso de hormônio tireoidiano (efeito tóxico), como taquicardia, aumento da pressão sistólica. Logo, se tiver hipertireoidismo, vai ter uma tireotoxicose. Mas nem toda tireotoxicose será por hipertireoidismo. Apresentação do hipetireoidismo ➤ Bócio difuso ➤ Bócio nodular O mais comum é o bócio difuso tóxico ⇢ tóxico quer dizer que tem excesso de hormônio Quadro laboratorial TSH indetectável ou muito baixo T3 aumentado T4 aumentado T4 livre aumentado Até pode ter um hipertireoidismo subclínico, ou seja, TSH indetectável e T3 e T4 normais, mas é algo muito raro Etiologias Doenças auto-imunes: • Doença de Graves (mais comum) ⇢ bócio difuso, tóxico, relacionado com o anticorpo anti-receptor de TSH (TRAb). Mais frequente • Doença de Graves neonatal ⇢ raro, quando a mãe que tem Graves passa os anticorpos para o bebê, dura apenas 2 meses • Tireoidite pós-parto • Tireoidite silenciona Bócio multinodular tóxico • Hipertireoidismo decorrente do aumento de produção hormonal causada pelos nódulos da tireoide Hipertireoidismo primário Tireotoxicose sem necessariamente hipertireoidismo Juliana Silva XXIII | 2 Endocrinologia • Pessoa mais velha que tem nódulos benignos há muito tempo, que vão sofrendo mutações e se tornam autônomos, ou seja, passam a produzir hormônios independente do estímulo de TSH. • Mais frequente em idosos. • TRAb negativos Adenoma tóxico (doença de Plummer) • Bócio uninodular tóxico (nódulo único relativamente grande, mas benigno) • É uma mutação no receptor do TSH ⇢ esse receptor está autônomo, não precisa do TSH para se ativar, está constantemente ativo. Faz com que haja um aumento da produção hormonal. • Acomete mais jovens, tanto homem como mulher (+ em mulher). • TRAb negativos Causas raras • Fenômeno de Jod-Basedow ⇢ indivíduo exposto a um excesso de iodo pode produzir excesso hormonal • Hipert ireo id ismo por amiodarona ⇢ amiodarona é um antiarritmico que contém muito iodo • Tireoidite subaguda de Quervain ⇢ granulosa e dolorosa • Hipertireoidismo factício ⇢ pessoa toma h o r m ô n i o d e t i r e o i d e e p r o v o c a hipertireoidismo (Síndrome de Münchhausen) • Adenocarcinoma de tireóide ⇢ é uma célula pouco capaz de produzir hormônio, é muito raro causar hipertireoidismo, de regra causa hipotireoidismo - excesso de T3 sem excesso de T4 • Hipertireoidismo central • Struma ovarii ⇢ teratomas de ovários que produzem hormônios de tireoide • Hipertireoidismo por hCG ⇢ mola hidatiforme ou coriocarcinoma = o hCG é tão parecido com o TSH que pode estimular a produção de hormônios tireoidianos Todo excesso de hormônio não vem do hipertireoidismo. Logo, podemos ter um quadro de inflamação da tireoide, libera hormônio o qual irá causar tireotoxicose. Nem toda tireotoxicose vem de um hipertireoidismo. Juliana Silva XXIII | 3 Endocrinologia Doença de Graves ➤ Afeta principalmente mulheres entre 20 e 50 anos, provavelmente por ação do estrogênio ➤ Antecedente tabagismo ⇢ mais comum na doença de graves ➤ Cerca de 25% dos pacientes apresentam remissão espontânea da doença e os demais seguem para períodos de remissão ou exacerbação ➤ Tem-se a produção de imunoglobulinas (anticorpos) capazes de ativar o receptor do TSH ➤ Dá retração palpebral ⇢ esclera fica aparecendo mais e o olho fica mais saltado para frente - proptose ocular ➤ Aumento do volume da musculatura intraorbitária ⇢ empurra o globo ocular para frente ➤ No paciente com doença de Graves alguns tem + para anticorpo anti-peroxidase ⇢ indica que irão evoluir para tireoidite de Hashimoto Anticorpos anti-receptor de TSH ⇢ ativa a tireoide ⇢ aumentados. Não tem processo inflamatório na tireoide ➤ Se não tiver TSH indetectável, pode ser doença de graves, pois o bócio difuso pode não ter TSH indetectável. ➤ Tem muita proliferação de tecido, então as células foliculares estarão bem proliferadas, tem hipertrofia e hiperplasia da glândula, por isso causa um bócio difuso Hipertireoidismo subclínico ➤ Mais raro do que o hipotireoidismo secundário ➤ TSH a 0,1 a 0,4 mL ➤ Tem um T4 pouco aumentado ➤ Deve-se tratar, pois senão pode causar morte, principalmente de doença cardiaca. ➤ Aumenta o risco de fraturas, principalmente de quadril e coluna, se não tratar Doença auto-imune da tireoide caracterizada por hipertireoidismo (bócio difuso) + oftalmopatia + dermopatia infiltrativa Na tireoidite de Hashimoto, ela não se transforma em Doença de Graves! Juliana Silva XXIII | 4 Endocrinologia Hipertireoidismo no idoso ➤ O multinodular tóxico, no idoso, é mais comum do que a Doença de Graves ➤ Em pacientes com mais de 55 anos: • Bócio multinodular tóxico 43% • Doença de Graves 21% • Adenoma tóxico (Plummer) 12% • Iatrogênico 16% • Outros 8% Manifestações clínicas ➤ Tremores de extremidades ➤ Sudorese ➤ Emagrecimento ⇢ perde mais massa magra do que gorda ➤ Cansaço ➤ Insônia ➤ Aumento da frequência de evacuações ➤ Diarréia ➤ Irregularidade menstrual ⇢ ( de atraso até amenorréia) ➤ Cabelos finos e lisos ➤ Pele sedora e úmida ➤ Intolerância ao calor ➤ Palpitações ➤ Bócio ➤ Batequiamento de dedos ➤ Proptose ocular (Graves) ⇢ avanço do globo ocular para frente ➤ Mixedema pré tibial ⇢ aspecto de casca de laranja. É típico da doença de graves (no começo só fica vermelho e inchado, aí começa a ficar como se fosse uma casca de laranja) Podemos ter hipertireoidismo com bócio nodular uni ou multinodulares e bócio difuso Juliana Silva XXIII | 5 Endocrinologia Observação! Não confund i r com m i x e d e m a t o s o d o hipotireoidismo com o mixedema pré-tibial do hipertireoidismo (doença de Graves) A alteração ocular se dá porque atrás do globo ocular (na musculatura orbitária) tem edema, depósito de glicosaminoglicanos, inflamação. Isso porque também tem a doença auto-imune nessa região, porém, é inflamatória nessa região. Já, na tireoide, não é inflamatória, é um anticorpo fazendo o papel de TSH apenas, não causa inflamação na glândula É um anticorpo contra a musculatura retrorbitária, alterando a motilidade do olho, o posicionamento do globo ocular. Pode ir tão para frente que estica o nervo óptico e pode perder a visão. 30% das pessoas que tem doença de Graves tem exoftalmopatia de Graves Cintolografia O indivíduo ingere iodo e 24 horas depois passa uma câmera para ver onde o iodo irradia Juliana Silva XXIII | 6 Endocrinologia ➤ A - Normal ⇢ captação de cerca de 30% ➤ B - Doença de Graves ⇢ captação grande de iodo em uma superfície maior. Além disso, vai ter um bócio (um lobo estará maior que o ou tro ) . Essa captação é de 80% aproximadamente ➤ C - Bócio multinodular tóxico ⇢ vários nódulos que captam iodo. A captação estará maior em vários focos (onde tem os nódulos) ➤ D - Adenoma tóxico ⇢ um único nódulo que capta muito iodo e o resto não está captando, porque o TSH está baixo, assim, o resto do tecido tireoidiano não irá captar. Avaliação laboratorial O hipertireoidismo é diagnosticado pelo TSH també, porém a doença aparece mais rápido, de forma mais abrupta do que no hipotireoidismo, o TSH estará indetectável TSH: indetectável ou diminuído T3, T4 e T4 livre: aumentados Anticorpos anti-tireoidianos: positivos anti- peroxidase e anti-tireoglobulina TRAb (anti- receptor de TSH) Se tiver TSH normal e T3 e T4 aumentados ⇢ desconfiar que há excesso de TBG (principalmente aquelas que usam anticoncepcional). A cintilografia só cabe se tiver um quadro laboratorial de hipertireoidismo com presença de nódulo (para tirar a dúvida se é Graves ou apenas um bócio nodular tóxico) Doença de Plummer É um problema no receptor de TSH, que sofre váriasmutações diferentes. Ou seja, o receptor se ativa sozinho, não precisa de TSH, forma hormônios tireoidianos Tratamento Clínico: tenta tratar de 12-24 meses Cirurgia: se o bócio é muito grande, ja faz cirurgia. Risco de lesão da paratireoide (hipoparatireoidismo) e o nervo laríngeo recorrente Iodo radioativo: dá hipotireoidismo - tomar cuidado em não dar quando está descompensado ⇢ dar apenas para pacientes controlados. Queima mais do que se quer - tem pouca recidiva TRAb positivo, TSH indetectável e bócio difuso: Doença de Graves. Doença de Graves Juliana Silva XXIII | 7 Endocrinologia No Brasil, nos casos de Doença de Graves, insiste em tratar clinicamente, e em 2/3 dos casos tem- se sucesso. Se é Plummer ou bócio multinodular tóxico, o tratamento deve ser cirúrgico e/ou iodo radioativo. Sempre começa com clínico antes da cirurgia. ➤ Dá uma droga anti-tireoidiana e espera por remissão. Desvantagens da cirurgia: A maior parte dos casos vai ficar com hipotireoidismo, principalmente se for câncer, porque será feito uma tireoidectomia. Quando tem doença de Graves, quer tirar um pedaço, e deixar o outro pedaço funcionante, mas pode ter recorrência. Além disso, a cirurgia pode lesar alguma estrutura, como a paratireoide, nervo laríngeo recorrente, corda vocal, por exemplo Tratamento clínico ➤ Propiltiouracil ⇢ tem que dar 2/3 vezes no dia. Na gravidez usamos ela. ➤ Metimazol (tapazol) ⇢ 1x ao dia, é o mais usado São duas drogas que vão reduzir a liberação do hormônio tireoidiano, só que demora umas duas semanas para controlar → só faz efeito em 10-14 dias. Escolhemos uma das duas! Como o hormônio tireoidiano tem efeito catecolaminérgico, ou seja, aumenta os efeitos das catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) nos tecidos, principalmente no coração. Então, o paciente tem taquicardia, agitação, tremor, etc. por isso que é necessário receitar um betabloquear (propanolol - β1 e β2) para esse paciente. Tomar cuidado com asmático, dar apenas β1, porque o β2 pode causar broncoespasmo. Depois que o hormônio da tireoide ↓, tem a chance de sair de um hipertireoidismo, passar pelo normal, e induzir um hipotireoidismo. Nesse caso, depois de um tempo, associa-se o anti- tireoidiano com a levotiroxina, mas esse Tratamento inicial anti-tireoidiano + beta-bloqueador Juliana Silva XXIII | 8 Endocrinologia tratamento nunca pode ser de imediato, sempre após um tempo (2 meses), após estabilizar o paciente. Terapia combinada (Metilmazol + L-tiroxina) ⇢ na hora que o hormonio tireoidiano reduziu podemos combinar Não pode suspender os anti-tireoidianos antes de pelo menos 12 meses, porque teria uma remissão do quadro. O beta-bloqueador pode tomar até quando melhorar os sintomas e o hormônio da tireoide voltar aos níveis normais. Tempo de tratamento: 12 a 24 meses Remissão: 60% Um bócio muito grande ou um paciente que não responde ao tratamento, já é indicativo para cirurgia ou iodo radioativo, não esperar anos. Observação: Deve-se pedir um hemograma para o paciente, porque as drogas anti-tireoidianas podem causar leucopenia (0,5%) Tratamento depois de normalizar ou caminhar para hipotireoidismo: anti-tireoidiano + L-tiroxina
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