Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dermatologia Estética Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Esp. Flavia Maria Pirola Pelá Revisão Textual: Prof.ª Esp. Kelciane da Rocha Campos Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento • Introdução; • Teorias do Envelhecimento; • Envelhecimento Extrínseco; • Rugas. · Compreender a fisiopatologia das disfunções estéticas faciais, sinais e sintomas; · Desenvolver a habilidade de aprender continuamente, buscando aperfeiçoamento baseado em evidências científicas durante a sua formação inicial e ao longo da sua vida profissional; · Desenvolver o pensamento científico, apoiando-se na produção de novos conhecimentos. OBJETIVO DE APRENDIZADO Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento Introdução “Saber envelhecer é obra-prima da sabedoria e um dos capítulos mais difíceis na grande arte de viver.” Herman Melville O envelhecimento é um processo sistêmico global, ao qual todos os seres vivos estão sujeitos. Acontece progressivamente com o passar dos anos, e suas consequ- ências podem ou não ser perceptíveis. É um processo que se inicia desde o nascimento, mas se torna mais evidente após a terceira idade. E a qualidade do envelhecimento está relacionada diretamen- te com a qualidade de vida à qual o organismo foi submetido. O envelhecimento cutâneo apresenta alterações gradativas que modificam o aspecto da pele. A pele, por ser um órgão notoriamente mais extenso, representa o mais importante parâ- metro indicativo do processo de envelhecimento. A pele, como qualquer outro órgão do corpo, começa a envelhecer a partir dos vinte anos, devido às mudanças celulares, muitas delas programadas geneticamen- te, como mostra a figura 1. Cutícula Ácido hialurônico Colágeno Fibra elástica células de gordura Pele mais jovem Envelhecimento e pele mais jovem Pele envelhecida Epiderme Derme Hipoderme Músculos Figura 1 – Comparação de uma pele jovem e de uma envelhecida Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images 8 9 Modifi cações da Pele com o Envelhecimento • De lgada, enrugada, seca e ocasionalmente escamosa; • A córnea fi ca mais permeável; • Diminui a espessura da derme; • Aumento da queratinização da epiderme; • As fi bras colágenas se tornam mais grossas e as fi bras elásticas perdem parte de sua elasticidade; • Diminui a gordura subcutânea da face; • Atrofi a dos melanócitos, levando a cabelos brancos e pele manchada; • Diminuem os receptores sensitivos; • Diminuem o número e a função das glândulas; • *Peles expostas a intempéries mostram os sinais mais acentuados. Fatores Desencadeantes • Fotoenvelhecimento • Excesso de mímica facial (desgaste das fi bras elásticas) • Exageros: fumo, álcool, stress, má alimentação, hábitos desregrados, etc. Teorias do Envelhecimento Como aludido anteriormente, o envelhecimento é um processo de degradação progressiva e diferencial que, apesar de muito abordado e estudado, ainda não usu- frui de uma teoria que consiga explicitar, de forma completa, a sua ocorrência e desenvolvimento. Contudo, existem várias teorias assomadas até então, que tentam aclarar o processo de envelhecimento, que estarão contidas basicamente em dois grupos de teorias que tentam explicar esse complexo processo. O primeiro grupo in- clui as teorias que postulam um determinado programa genético e cronológico para a gradual mudança no fenótipo, denominado envelhecimento intrínseco. O enve- lhecimento intrínseco é decorrente do desgaste natural do organismo, causado pelo passar dos anos, sem a interferência de agentes externos, e equivale ao envelheci- mento de todos os órgãos, inclusive a pele. A aparência é a da pele idosa encontrada na face interna do braço, próxima à axila. É uma pele fina, com pouca elasticidade, mais flácida e apresentando finas rugas, porém sem manchas ou alterações da sua superfície. O segundo grupo assume a exposição repetitiva às influências danosas, as quais são a explicação para as mudanças que levam ao envelhecimento, denominado envelhecimento extrínseco. O envelhecimento extrínseco, ou fotoenvelhecimento, é aquele decorrente do efeito da radiação ultravioleta do sol sobre a pele durante toda a vida. O sol, que propicia momentos de lazer e que dá o bronzeado que aprendemos a considerar como modelo de saúde e beleza, é também o principal responsável pelo envelhecimento cutâneo, pois é a sua ação acumulativa sobre a pele que faz surgirem os sinais da pele envelhecida.Envelhecimento Intrínseco O envelhecimento intrínseco ou cronológico (figura no link) está relacionado à idade e à genética do indivíduo, já esperado e inevitável, que leva às mudanças na 9 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento aparência e função normais da pele, devido à passagem do tempo, do desgaste natural do organismo (células, órgãos e pele), sem a interferência de agentes ex- ternos, e embora apresente certo sincronismo, não ocorre necessariamente ao mesmo tempo que o envelhecimento dos demais tecidos do organismo humano. Envelhecimento intrínseco, disponível em: https://goo.gl/bCL76J Ex pl or Com o envelhecimento, as células diminuem a capacidade de captação de nu- trientes, de replicação e de reparo de lesões. A pele fica lisa e sem deformações, com linhas de expressão acentuadas. No envelhecimento intrínseco ou cronológico, ocorre degeneração e a diminui- ção da síntese de fibras colágenas, elásticas e reticulares. O adelgaçamento da pele torna-a mais permeável, mais ressecada e marcada por rugas. Ocorre diminuição da vascularização do tecido e diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas. Ocorre também achatamento da junção dermo- epidérmica, comprometendo a homeostase dos tecidos adjacentes. Há redução de melanócitos ativos, diminuindo a proteção contra os raios ultra- violetas. Outra função que entra em declínio é a síntese de vitamina D, diminuindo a capacidade de proteção da epiderme contra agentes externos e principalmente contra a radiação ultravioleta. O envelhecimento é geneticamente programado por um tipo de relógio bio- lógico, que pode se localizar em toda a célula ou influenciar outros tecidos, esse relógioé chamado de telômero, ilustrado pela figura 2. Cada vez que a célula se divide, o telômero se encurta ligeiramente, porém garantindo que a informação genética relevante seja copiada para a célula duplicada. Como os telômeros não se regeneram, chegam a um ponto em que, de tão encurtados, não permitem mais a ideal replicação cromossômica, e a célula perde sua capacidade de divisão, desen- cadeando o processo de envelhecimento. (uma região de sequências nucleotídicas repetitivas em cada extremidade de um cromossoma) Cromossomo Centrossoma Guanina Adenina Timina Citosina Célula Figura 2 – Representação de um telômero Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images 10 11 Outro fator importante que deve ser levado em consideração no processo de en- velhecimento intrínseco é a presença de radicais livres. Os r adicais livres referem-se a átomos ou moléculas altamente reativas e recebem esse nome devido ao fato de possuírem um par de elétrons independentes não pareados, que orbitam em torno do núcleo do átomo com muita energia livre (figura 3). É este não emparelhamento de elétrons da última camada eletrônica que confere alta reatividade a esses átomos ou moléculas, que para tornarem-se estáveis, precisam doar ou retirar um elétron de outra molécula ou átomo. Logo, rear ranjam com moléculas adjacentes, fazendo com que tenham grande capacidade de ligação aos tecidos e agem sobre as células alterando as características moleculares de suas membranas, oxidando quimica- mente ou enzimaticamente os componentes celulares, provocando alterações e disfunções que se acumulam, até o ponto em que a célula morre. Com a idade, isso tende a acontecer muito frequentemente em um número cada vez maior de célu- las, por efeito de acumulação que envolve também alterações e perda das funções biológicas de proteínas, como colágeno e proteoglicanas, resultando em aumento da flacidez da pele. Antioxidante elétron radical livre célula Figura 3 – Formação de radical livre Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images Os da nos induzidos pelos radicais livres podem afetar muitas moléculas biológicas, incluindo as organelas e componentes celulares. Destacam-se proteínas, ácidos nuclei- cos, moléculas componentes do citosol e os lipídios da membrana celular, carboidratos e as vitaminas presentes nos alimentos. Dentre os componentes do meio extracelular tecidual, que são facilmente vítimas dos radicais livres, destacam-se principalmente o colágeno e o ácido hialurônico. Evidências têm sido acumuladas indicando que uma dieta rica em antioxidantes reduz os riscos das principais doenças humanas. Os ra dicais livres, quando em produção equilibrada, são importantes para a de- fesa do organismo contra agentes estranhos, auxiliando a atividade dos neutrófilos 11 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento e macrófagos, já que apresentam uma atividade bactericida pela degradação oxi- dativa dos lipídeos, proteínas e DNA microbianos. Em contrapartida, as espécies reativas de oxigênio também podem ser prejudiciais ao metabolismo orgânico, quando ocorre um aumento excessivo na sua produção ou diminuição de agen- tes antioxidantes. Em qualquer uma dessas situações, começa a predominar um excesso de radicais livres no organismo, o que é denominado, então, de estresse oxidativo. As fontes dos radicais livres podem ser endógenas, associadas a reações metabólicas de oxidação na mitocôndria, fagocitose durante o processo de inflama- ção, ativação do metabolismo do ácido araquidônico, além das enzimas que podem indiretamente produzir espécies reativas de oxigênio, como, por exemplo, a enzi- ma xantina oxidase, que converte xantina a ácido úrico provenientes da ingesta de purinas e também converte oxigênio a radicais superóxido durante esse processo. Há também os fatores exógenos que podem produzir radicais livres, como a radia- ção ultravioleta (em especial o UVA, que agride com mais intensidade a pele por fotossenssibilização), pesticidas, poluição, tabaco, dieta, estresse, medicamentos antitumorais e estilo de vida não saudável. Os antioxidantes possuem funções muito benéficas ao organismo para proteção contra os radicais livres, sendo sua função primária o fornecimento de elétrons no intuito de reduzir a velocidade de iniciação e/ou propagação dos processos oxidativos (figura 4), minimizando estes danos às moléculas e estruturas celulares. Impedem a formação destes agentes nocivos, principalmente pela inibição das re- ações em cadeia com ferro, cobre e zinco. Também, interceptam os radicais livres gerados pelo metabolismo celular ou por fontes exógenas, impedindo o ataque sobre os lipídeos, os aminoácidos das proteínas, a dupla ligação dos ácidos graxos poliinsaturados e as bases do DNA, reparando as lesões e evitando a formação de mais lesões e perda da integridade celular. Os antioxidantes obtidos da dieta, tais como as vitaminas C, E e A, os flavonoides e carotenoides são extremamente im- portantes na intercepção dos radicais livres. AntioxidanteRadical livre elétron não reparado Figura 4 – Ação dos antioxidantes sobre os radicais livres Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images 12 13 As alterações clínicas estão elucidadas na Tabela 1 abaixo: Tabela 1 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema tegumentar com o envelhecimento intrínseco LOCAL DA PELE ALTERAÇÕES CLÍNICAS Epiderme • Diminuição da capacidade de renovação celular • Menos células de Langerhans (menos defesa) • Menos melanócitos • Diminuição da espessura • Menor capacidade mitótica da camada basal • Perda de consistência da junção dermo-epidérmica (sensação de pele em excesso) Derme • Menor número de fibroblastos • Diminuição do número de proteínas (colagénio e elastina) • Diminuição do número de células Anexos cutâneos • Despigmentação do pelo (branqueamento) • Perda de pelo ou cabelo • Diminuição da microcirculação • Diminuição da produção de suor e sebo • Diminuição da sensação de estímulos (por perda dos corpúsculos de Pacini e Meissner) Envelhecimento Extrínseco O envelhecimento extrínseco é um tipo de envelhecimento cutâneo em que os fatores influentes não são a idade, mas sim fatores externos ao organismo, como radiações ultravioletas, radiações ionizantes, ozônio e poluentes ambientais. Inicial- mente, denominou-se de fotoenvelhecimento, pois acredita-se, ainda hoje, que o principal agente causal seja a radiação, nomeadamente a radiação ultravioleta (UV) e infravermelha (IV). No entanto, existem inúmeros fatores hoje conhecidos e com- provados como influentes e geradores de alterações significativas ao nível cutâneo conduzindo a manifestações clínicas de envelhecimento, designadamente fatores como o tabaco, a poluição ambiental, o estilo de vida (exercício físico, alimentação, consumo de álcool), o stress fisiológico e físico. A radiação ultravioleta (UV) é uma radiação emitida pelo sol e constituinte do espectro eletromagnético, tendo a mesma velocidade que a radiação visível, va- riando apenas em comprimento de onda, pois possui um comprimento de onda mais curto do que a radiação visível. A radiação UV subdivide-se em radiação UVA, UVB e UVC. A primeira, UVA, é a que tem maior comprimento de onda, estando ligada principalmente ao bronzeamento. Incide com a mesma intensidade ao longo de todo o dia e de todo o ano. Subdivide-se em UVA-I e UVA-II, sendo que é a UVA-II que causa maior dano, pois possui um comprimento de onda mais curto (320-340 nm), tendo uma maior capacidade de penetração (menor comprimento de onda, maior profundidade de penetração cutânea), conforme mostra a figura 5. A radiação UVB é uma radiação menos penetrante, no entanto pode ser mais carcinogênica, pois tem um comprimento de onda menor que a UVA. Ao contrário da radiação UVA, esta radiação tem intensidade variável ao longo do dia, com o pico entre as 10h e as 16h. No que se refere às radiações UVC, estas são extrema- mente nocivas, no entanto são totalmente retidas na camadado ozônio. 13 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento UVA raios UVB raios Pele sem proteção Epiderme Derme camada subcutânea Figura 5 – Ação dos tipos de radiação na pele Fonte: Adaptada de iStock/Getty Images A radiação solar não apresenta apenas efeitos maléficos, uma vez que depende- mos dela diariamente a fim de podermos garantir a homeostasia do nosso corpo. É necessária para a produção de melanina e de vitamina D, estimulação da circula- ção, ação bactericida e também melhoria do humor. Como referido, a radiação solar (principalmente os raios ultravioletas) é o prin- cipal indutor do fotoenvelhecimento ou também denominado, por essa razão, en- velhecimento actínico. Contudo, a radiação solar não é somente composta por radiações UV. O espectro da radiação solar abrange comprimentos de onda entre os 290 até aos 4000 nm, é dividido em radiação UV (290-400 nm), radiação visível (400-760 nm) e radiação infravermelha ou IV. Acredita-se que as radiações IV podem ser benéficas até um dado limite, podendo contribuir independentemente para o envelhecimento cutâneo. Conforme já mencionado, além do fotoenvelhecimento, pode-se destacar ou- tros fatores do envelhecimento extrínseco, como o estresse ambiental (calor, frio, poluição), as condições físicas individuais (nutricionais, doenças associadas), as con- dições psicológicas e os hábitos de vida de cada indivíduo. Além disso, outro fator de grande relevância no processo de envelhecimento da pele é o tabagismo (figura no link). O fumo possui mais de 4 mil substâncias nocivas à saúde, contudo a mais deletéria de todas para a pele é a nicotina. Ela é responsável pela vasoconstrição, que gera diminuição do fluxo sanguíneo, tornando a oxigenação celular mais com- plicada. Além da nicotina, outro complicador para a oxigenação dos tecidos é a produção de monóxido de carbono liberado pela queima do fumo. Com isso, a diminuição da vascularização dos tecidos de forma crônica gera lesões das fibras elásticas e diminuição da síntese de colágeno, além de estimular a produção de leucócitos, causando a liberação de radicais livres e aumentando o grau de envelhe- cimento. Por fim, o tabaco, juntamente com a radiação UV, contribui para o en- velhecimento extrínseco, e quando conjugados num mesmo indivíduo, os sinais de fotoenvelhecimento aparecem mais precocemente e mais evidentes. No entanto, 14 15 os mecanismos de ação que relacionam os dois fatores ainda não são completa- mente entendidos. Representação de um dos fatores do envelhecimento extrínseco, disponível em: https://goo.gl/beRHMXEx pl or Tabela 2 – Alterações histológicas e estruturais da constituição do sistema tegumentar com o envelhecimento extrínseco LOCAL DA PELE ALTERAÇÕES CLÍNICAS Epiderme • Menor quantidade de células de Langerhans (menos defesa) • Alterações nos melanócitos resultando manchas senis • Aumento da espessura. Espessamento actínico (ação do sol): resulta por aumento da mitose e menor descamação córnea • Achatamento da lâmina dermo-epidérmica (sensação de excesso de pele) semelhante ao intrínseco Derme • Alteração principal a nível das fibras: • Fibras de elastina sofrem processo de elastose solar, proliferando de forma amorfa • Fibras de colágeno degradadas devido à estimulação de metaloproteinases • Fibroblastos em menor número Além da classificação das rugas, Richard Glogau elaborou uma classificação do fotoenvelhecimento que varia do tipo I ao tipo IV, conforme descrito na tabela 3: Tabela 3 – Classifi cação de Glogau de Fotoenvelhecimento Cutâneo LESÃO DESCRIÇÃO CARACTERÍSTICAS Tipo I (leve) Sem rugas • Fotoenvelhecimento inicial • Alterações suaves da pigmentação • Sem a presença de queratoses • Vincos mínimos • Faixa etária: 20 a 30 anos • Necessária mínima ou nenhuma maquiagem • Mínimas cicatrizes de acne Tipo II (moderada) Rugas dinâmicas • De inicial a moderado fotoenvelhecimento • Lentigos senis precoces visíveis • Início de aparecimento de vincos relacionados ao sorriso • Faixa etária:30 a 40 anos • Uso de maquiagem (base) leve • Cicatrizes moderadas de acne Tipo III (avançada) Rugas dinâmicas e estáticas • Visíveis discromias e telangectasias • Queratoses visíveis • Fotoenvelhecimento avançado • Faixa etária: 50 anos ou mais • Necessidade de forte quantidade de base (maquiagem) • Presença de cicatrizes de acne que a maquiagem não encobre Tipo IV (grave) Rugas dinâmicas e estáticas • Grande fotoenvelhecimento • Pele com coloração amarelo-acinzentado • Tendência a degeneração tumoral • Rugas generalizadas • Faixa etária: 60 a 70 anos • Maquiagem não pode ser aplicada: resseca e fragmenta • Cicatrizes profundas e muito aparentes de acne 15 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento Rugas As rugas são sulcos ou pregas na superfície da pele (figura 6) e correspondem a um dos parâmetros mais visíveis do envelhecimento cutâneo, resultando do proces- so natural de envelhecimento, expressões faciais, exposição solar, fumo, hidratação inadequada, entre outros fatores. Figura 6 – Representação das rugas Fonte: iStock/Getty Images Os principais sinais do envelhecimento são as rugas, hipercromias, pele seca, perda de luminosidade e ptose tissular. Esses sinais são consequências do processo fisiológico de declínio das funções do tecido conjuntivo, no qual o colágeno vai tornando-se mais rígido, com uma porcentagem perdida anualmente e uma dimi- nuição no número de ancoragem de fibrilas; as fibras elásticas perdem força pela diminuição da elasticidade pelo processo de glicação (elucidado no link a seguir); há uma diminuição das glicosaminoglicanas, associada a uma redução da água, que, por sua vez, diminui a adesão, migração, desenvolvimento e diferenciação celular. Sequência da glicação, disponível em: https://goo.gl/UikDxm Ex pl or Essa decadência do tecido conjuntivo impossibilita a manutenção de uma cama- da de gordura uniforme sobre a pele, e a degeneração das fibras elásticas, somada à menor velocidade de troca e oxigenação dos tecidos, leva a uma desidratação da pele, resultando em rugas. Quando classificadas clinicamente, as rugas podem ser: superficiais e profundas. As superficiais são aquelas que desaparecem com o estiramento da pele, diferindo das profundas, que não sofrem alteração quando a pele é estirada. As rugas recebem ainda outra classificação: rugas estáticas, dinâmicas e gravi- tacionais. As estáticas são consequências da fadiga das estruturas que constituem 16 17 a pele, em decorrência da repetição dos movimentos e aparecem mesmo na au- sência deles. As dinâmicas ou linhas de expressão surgem como consequência de movimentos repetitivos da mímica facial e aparecem com o movimento. Já as rugas gravitacionais são consequentes da flacidez da pele, culminando com a ptose das estruturas da face. Tratamento Prevenir o Envelhecimento Precoce Médico • Toxina botulínica • Preenchimentos • Peelings • Laser • Cirurgia plástica • Mesoterapia • Manchas (esfoliantes e despigmentantes) Estética • Massagem (DLM) • Eletroterapia: » Eletrolifting ou galvanopuntura » Correntes excitomotoras » Microcorrentes » Microdermoabrasão » Peeling ultrassônico » Laser (*olhos e tireóide) » Luz Intensa Pulsada » Carboxiterapia » Radiofrequência » Jato de plasma » Ultrassom microfocado » Microagulhamento / Dermapen » Endermologia » Hidratação/ Nutrição e Lifting » Orientações de AVD (Atividade física/ alimentação/cosméticos, etc.) 17 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Envelhecimento cutâneo STEINER, D.; ADDOR, F. Envelhecimento cutâneo. Grupo GEN: 2014. Pele: estrutura, propriedade e envelhecimento HARRIS, M. I. N. C. Pele: estrutura, propriedade e envelhecimento. São Paulo: Senac, 2003. Leitura Bases biomoleculares do fotoenvelhecimento https://goo.gl/Zh9jdx O envelhecimento na atualidade: aspectos cronológicos,biológicos, psicológicos e sociais https://goo.gl/rco8KC 18 19 Referências ALLEN, J., (2001). Ultraviolet Radiation: How it affects life on Earth? Earth Ob- servatory - Nasa. BAUMANN, L. Dermatologia cosmética: princípios e prática. Rio de Janeiro: Revinter, 2004. BEYLOT, C. Skin aging: clinicopathological features and mechanisms. Annales de Dermatologie et de Verenologie. 135. 2008. pp. 157-161. BIANCHI, M. L. P.; ANTUNES, L. M. G. Radicais livres e os principais antioxidan- tes da dieta. Rev Nutr, v. 12, n. 2, p. 123-130, 1999. BOISNIC, S.; BRANCHET, B. M. Cutaneous chronologic aging. EMC – Derma- tologie Cosmetolologie. V. 2, n. 4, p. 232-41, 2005. BORGHETTI, G. S.; KNORST, M. T. Desenvolvimento e avaliação da estabilidade física de loções O/A contendo filtros solares. Revista Brasileira de Ciências Far- macêuticas, São Paulo, v. 42, n. 4, out./dez. 2006. BOUKAMP, P. (2001) Clin. Exp. Dermatol. 26: 562-5. CARRUTHERS, J. A.; WESSEIS, N. V.; FLYNN, T. C. Intense Pulsed Light and Butolinum Toxin Type A for the Aging Face. Cosmetic Dermatology, v.16 (S5): p. 2-16, 2003. FARINATTI, P. T. V. Teorias biológicas do envelhecimento: do genético ao estocás- tico. Rev Bras Méd Esporte, v. 8, n. 4, p. 129-138, 2002. GONZALES, D. C. et al. Bioquímica do envelhecimento. 2001. Disponível em: <http://www.sbbq.org.br/revista/mtdidaticos/Env.pdf>. GUIRRO, E. & GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional. 3ª ed. São Paulo: Manole, 2002. GUIRRO, E. C. O. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, pa- tologias. São Paulo: Manole, 2004. HIRATA, L. L.; SATO, M. E. O.; SANTOS, C. A. M. Radicais livres e o envelheci- mento cutâneo. Acta Farmacêutica Bonaerense, v. 23, n. 3, p. 418-424, 2004. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2004. KIN, H. H. et al. Aumenatation og UV –induced skin wrinkling by infrared irradia- tion in hairless mice. Mechanisms og ageing and development, v. 126, n. 11, p. 1170-7, 2005. KRUTMANN, J. The role of UVA rays in skin aging. Eur J. dermatol., v. 11, p. 170-1, 2001. 19 UNIDADE Envelhecimento Cutâneo e Fotoenvelhecimento MACIEL, D.; OLIVEIRA, G. G. Prevenção do envelhecimento cutâneo e atenua- ção de linhas de expressão pelo aumento da síntese de colágeno. In: KEDE, M. P.; SABATOVICH, O. Dermatologia estética. São Paulo: Atheneu, 2003 MAIO, M. Tratado de medicina estética. V. 1. 2ª ed. São Paulo: Roca, 2011. MORITA, A., et alii. Molecular basis of tobacco smoke-induced premature skin aging. Journal of Investigation Dermatology. 2009: 14, p. 53-55. NALIN, A. L. Envelhecimento cutâneo. In: BORGES, F. S. Terapêutica em Esté- tica: conceitos e técnicas. São Paulo: Phorte, 2016. p.49-62. RIEGER, M. Envelhecimento intrínseco. Cosmetics & Toiletries (ed. português), v. 8, n. 4, 1996. SADICK, N. S. A Structural Approach to Nonablative Rejuvenation. Cosmetic Dermatology, v.15 (12): p. 39-43, 2002. SAMPAIO, S. A. P.; RIVITTI, E. A. Dermatologia. São Paulo. Atheneu, 2001. SANTORO, M.; SILVA, F. C.; KEDOR-HACKMANN, E. R. M. Preparação e aná- lise de emulsão com filtros UV e IV. Cosmetics and toiletries, São Paulo, v. 13, p. 46-54, 2001. SCHNEIDER, C. D.; OLIVEIRA, A. R. Radicais livres de oxigênio e exercício: me- canismos de formação e adaptação ao treinamento físico. Rev Bras Med Esporte, v. 10, n. 4, p. 308-313, 2004. SCOTTI, L.; VELASCO, M. V. R. Envelhecimento cutâneo à luz da cosmetolo- gia. São Paulo: Tecnopress, 2003. YAAR, M.; GILCHREST, B. S. Photoaging: mecanismo, prevention and therapy. The British Jounal of Dermatology, v. 157, n. 5, p. 874-87, 2007. YAAR, M. Oncogeneses and tumor supressor genes. In: FREINKEI, R. K.; WOO- DLEY, D. T (Ed). The Biology of skin. New York: The Parthernon Group, 2001. p.365-85. 20
Compartilhar