Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO I - RELAÇÕES JÚRIDICAS INTERNACIONAIS Conceito O Direito Internacional Público é o ramo do Direito que visa regular as relações internacionais e a tutelar temas de interesse internacional, norteando a convivência entre os membros da sociedade internacional, que passam assim, a ser também sujeitos de direito internacional público. Em síntese, o Direito internacional público é um conjunto de regras e princípios que regulam a sociedade internacional. Atores dos Direito Internacional Público É formado por uma sociedade internacional e esta, por sua vez, é composta por sujeitos do direito internacional que são os: Estados; Organizações internacionais; e Indivíduos. Os dois primeiros (Estados e organizações internacionais) são os únicos capazes de celebrar tratados e formam os Sujeitos Clássicos do Direito Internacional. Os sujeitos do direito internacional são aqueles capazes de serem titulares de direitos e obrigações. Além dos sujeitos do direito internacional há os atores que são todos aqueles que participam de alguma forma das relações jurídicas e políticas internacionais, esse atores são: Corporações transnacionais (empresa); ONG’s (organizações internacionais não governamentais); e Santa Sé (organização política e igreja católica). O direito internacional Público trata da Sociedade, já o direito internacional privado trata das relações jurídicas no âmbito privado, contém um elemento de extremidade, ou seja, que está fora do Brasil. Doutrina Nas palavras do renomado professor Marcelo D Varella, em sua obra “Direito Internacional Público”: “Os sujeitos de direito internacional são os Estados e as Organizações Internacionais. Sujeitos de direito são aqueles capazes de ser titulares de direitos e obrigações. No direito internacional, ainda centrado no Estado, apenas os Estados e Organizações Internacionais (formadas por Estados) têm essa capacidade. No entanto, é perceptível a atribuição de alguns direitos a indivíduos, como a capacidade postulatória em tribunais internacionais para a proteção de direitos humanos; a empresas, em órgãos internacionais de solução de controvérsias sobre investimentos; ou a organizações não governamentais, em diferentes instâncias. A teoria diverge sobre a natureza jurídica dessa participação. Alguns autores defendem que se trata de um direito atribuído pelos Estados e que, portanto, haveria novos titulares de direito. Outros consideram que se trata de um direito do Estado, exercido na prática por terceiros e, portanto, o Estado continuaria sendo o único titular. A consideração de indivíduos como sujeitos de direito internacional é antiga e deriva das origens do direito internacional no direito natural. O positivismo jurídico nos séculos XIX e XX enfraqueceu a ideia e na maioria dos Estados hoje não se admite a consideração de indivíduos ou empresas como sujeitos de direito internacional. A emergência de teorias universalistas de direitos humanos procura reavivar a importância dos indivíduos e a possibilidade de exigir seus direitos em nome próprio e não em nome da humanidade ou de Estados.” “Atores internacionais são todos aqueles que participam de alguma forma das relações jurídicas e políticas internacionais. A expressão compreende os Estados, as Organizações Internacionais, as organizações não governamentais, as empresas, os indivíduos e outros. A expressão atores internacionais é, portanto, mais ampla que sujeitos de direito internacional e, então, mais adequada para compreender estas outras categorias.” __________________________________________________________________________________________ Tratados Internacionais Os tratados internacionais são instrumentos necessários para o estabelecimento do equilíbrio entre as nações, sempre dependente da harmonia de expectativas. A existência de conflitos e necessidade de solução de controvérsias é parte inseparável das relações entre os países, da mesma forma que acontece no convívio entre as pessoas. https://direito.legal/direito-publico/direito-internacional/resumo-de-direito-internacional-publico-e-direito-interno/ http://www.marcelodvarella.org/ Por esse motivo, entende-se que, desde os tempos mais remotos da história humana, os povos criaram estruturas análogas aos modernos sistemas de relações exteriores para comercializar bens, edificar obras ou terminar guerras. Com o propósito de defender os elementos essenciais para a compreensão e equilíbrio entre as nações, a existência dos tratados internacionais tem sido mencionada por diversos autores durante a história. Registros feitos por historiadores, igreja e corpos diplomáticos das nações podem ser encontrados descrevendo as relações entre as nações e os processos para a harmonização das expectativas de cada povo. O que é um tratado internacional? Um tratado internacional é a formalização de um pacto celebrado entre países ou grupos étnicos com o propósito de instituir a paz e o equilíbrio econômico, definir fronteiras físicas, organizar atividades comerciais, estabelecer regras ambientais ou promover a paz. Para conceitualizar o instrumento, vale recorrer à história: Entre 1618 e 1648, ocorreu na Europa um dos mais devastadores conflitos da história, a Guerra dos Trinta Anos. Motivado inicialmente por disputas entre católicos e protestantes, o confronto evoluiu para outros interesses como a expansão de territórios e a busca pelo domínio político da região. Após provocar a morte de aproximadamente oito milhões de pessoas, o esforço de guerra passou a ser percebido como um custo extremamente alto e as nações desejaram a paz. Realizada após um longo e complexo processo, a assinatura dos Tratados de Münster e Osnabruque em 1648, a chamada Paz de Vestfália, encerrou a Guerra dos Trinta Anos. Entretanto, apesar de ser considerada por alguns juristas como a fundação do Direito Internacional, a carta não representa com certeza o princípio da história dos tratados internacionais. O registro mais antigo de tratado internacional que existe está escrito em três pedaços de tábuas de barro – dois deles expostos no museu arqueológico de Istanbul e um no museu estatal de Berlin. É a versão Hitita do Tratado de Kadesh, que contempla os termos para a paz entre o Egito e o Império Hitita, celebrado no século XIII a.C. pelo faraó Ramsés II e o rei Hatusil III. Desde então, a figura dos tratados internacionais tem evoluído com o passar dos anos até a sua estrutura atual, conforme definida pela Convenção de Viena de 1969. O instrumento pode ser apresentado na forma de um único documento, ou ser produto de um conjunto de documentos pertinentes ao mesmo assunto. O tratado internacional basicamente se caracteriza pelo interesse de duas nações em estabelecer os termos de um entendimento comum. O atendimento às demandas conjuntas é comparado com a análise das restrições internas presentes nos países e, então, se busca um termo possível que satisfaça os requisitos essenciais de cada parte. Fruto de diversas reuniões, estudos, análises e validações, o texto presente nos documentos assinados deve refletir, ao mesmo tempo, o anseio das nações sem ferir o interesse das pessoas que serão por ele afetadas. Qual a importância de um tratado internacional? O relacionamento entre as nações tende a ser extremamente complexo, e é essa a razão pela qual existem conjuntos de códigos, leis, regras e procedimentos diplomáticos que exigem a contribuição de pessoas especializadas. Os tratados internacionais possuem como função principal ordenar o entendimento entre as partes envolvidas, a fim de equilibrar o atendimento às demandas de cada povo ou nação. Conforme escreveu o Jurista francês Charles Rousseau em sua obra Direito Internacional Público, “o tratado internacional impõe uma regra de conduta obrigatória para os Estados signatários”. Essa capacidade de imposição define o papel que os tratados internacionais representam no conjuntodas leis que regem os países. Na hierarquia das leis brasileiras, por exemplo, os tratados ratificados e publicados são admitidos como lei. Assim, havendo alguma divergência entre um tratado e uma norma interna, se mantém o tratado. Especificamente para os casos de tratados sobre os direitos humanos, após a publicação, são equiparados às emendas constitucionais – revestidos, portanto, de uma importância ainda maior. Quem pode assinar um tratado internacional? https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia/guerra-dos-trinta-anos-conflito-entre-catolicos-e-protestantes-marcou-europa-de-1618-a-1648.htm https://www.infoescola.com/historia/paz-de-vestfalia/ https://blog.juridicocerto.com/2016/10/o-que-voce-precisa-saber-sobre-direito-internacional.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Museus_Arqueol%C3%B3gicos_de_Istambul https://www.smb.museum/en/home.html https://www.smb.museum/en/home.html https://www.estudopratico.com.br/tratado-de-kadesh-versoes-o-acordo-e-negociacoes/ https://www.egitoantigo.net/ramses-ii-farao-do-egito-antigo.html https://pt.wikipedia.org/wiki/Hatusil_III https://www.infoescola.com/direito/convencao-de-viena-sobre-o-direito-dos-tratados/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Charles_Rousseau A partir do início até sua conclusão, o processo solene passa por quatro fases. São elas: 1. As negociações iniciais e assinatura: nessa primeira fase, com o auxílio do corpo diplomático, os representantes das nações discutem os termos e apresentam as demandas de cada parte 2. Aprovação no parlamento de cada nação: finalizada a primeira parte, o texto é submetido à aprovação parlamentar, que não poderá incluir alterações no texto original 3. Ratificação ou adesão ao texto: por meio da autorização do poder legislativo, o texto é ratificado e o país adere aos termos estabelecidos 4. Decreto e promulgação do texto na Imprensa Oficial do Estado: última etapa do processo, é por meio dela que o tratado internacional passa a ter vigência interna e externa. Tanto a primeira como a última fase requerem a assinatura de uma pessoa com autoridade para decidir em nome da nação. No Brasil, qualquer autoridade pode assinar um ato internacional, desde que tenha recebido carta de plenos poderes do Presidente da República referendada pelo Ministro das Relações Exteriores. Em todo o mundo, incluindo o Brasil, os Chefes de Estado, Chefes de Governo e os Ministros de Relações Exteriores estão dispensados da apresentação da carta de plenos poderes, por ser parte de suas funções naturais a representação da nação perante outros países. Diferença entre convenção e tratado Apesar de os termos se confundirem na nomenclatura oficial, existe uma definição clara dos papéis de cada instrumento. Os documentos assinados em conferências internacionais que tratam de assuntos de interesse geral são denominados convenções. São acordos firmados entre dois ou mais países a respeito dos mais diversos temas: como transporte, comércio, trabalho, entre outros. Dentre as convenções que o Brasil é signatário, destaca-se a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher, mais conhecida como a Convenção de Belém do Pará. Essa convenção, assinada em 9 de junho de 1994, inspirou e deu origem à Lei Maria da Penha, marco legal no enfrentamento da violência doméstica. Enquanto as convenções são base para a elaboração das leis, o texto dos tratados é incorporado de forma integral ao conjunto de leis que regem as nações. No máximo, pode haver a exclusão de alguma cláusula no caso de tratados entre mais de uma nação. Como exemplo podemos citar o Tratado de Assunção assinado em 26 de março de 1991, originalmente entre a Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai – hoje contando com mais de dez países latino americanos. Apesar de alvo de críticas na atualidade, o documento foi assinado com a esperança de trazer crescimento econômico para as nações signatárias. Depois de ratificado, promoveu mudanças significativas nas legislações tributárias, comerciais e de trânsito de mercadorias e pessoas entre os países que aderiram. Tipos de tratados Existem diversos tipos de tratados que podem ser celebrados entre os países, sendo possível destacar algumas formas de distinção. A forma mais comum é pelo número de países que assinam o documento. Um tratado que envolva dois países é um tratado bilateral, enquanto um que envolva vários países é um tratado multilateral. https://blog.clippingcacd.com.br/cacd/o-que-faz-um-diplomata/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Presidente_do_Brasil https://pt.wikipedia.org/wiki/Minist%C3%A9rio_das_Rela%C3%A7%C3%B5es_Exteriores_(Brasil) https://fia.com.br/blog/mobilidade-urbana/ https://fia.com.br/blog/reforma-trabalhista/ http://www.compromissoeatitude.org.br/convencao-interamericana-para-prevenir-punir-e-erradicar-a-violencia-contra-a-mulher-convencao-de-belem-do-para-1994/ https://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/95552/lei-maria-da-penha-lei-11340-06 https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Assun%C3%A7%C3%A3o Uma outra forma de classificação é a por temas. Essa abordagem tende a ser bastante variada e, em cada momento da história, é possível identificar tendências que promovem a predominância de determinados tipos de tratados. No período pós Segunda Guerra Mundial, por exemplo, foi estabelecida a maioria dos tratados de paz e de garantias aos países envolvidos em conflitos. Nos anos 70, com a crise do petróleo e o acirramento da competição entre as nações para a proteção dos fundamentos econômicos, foram abundantes os tratados definindo regras para o comércio internacional. Mais recentemente, a preocupação ambiental tem sido motivo de tratados para a proteção dos recursos essenciais e da sustentabilidade. Podemos ainda citar outros tipos de tratados, como os que são celebrados para o combate à corrupção, ao terrorismo e à proteção dos direitos humanos, entre outros. Uma outra classificação possível é relacionada aos procedimentos necessários para a vigência dos tratados internacionais. Em algumas nações, com destaque para a Índia, o agente plenipotenciário tem poder de ratificar alguns tipos de tratados internacionais, sem a necessidade de passar pelo poder legislativo antecipadamente. Ainda que sujeito à consulta parlamentar posterior, o tratado internacional passa a ter efeitos imediatos com validação interna e externa. Essa classificação sugere a forma simplificada do rito para a celebração do tratado internacional, contemplando somente duas fases: a assinatura que já ratifica e a publicação que o torna vigente. Efeitos dos tratados internacionais Os efeitos dos tratados internacionais no conjunto de leis são variados de acordo a cada nação. Nos países da península ibérica, os tratados internacionais são recepcionados de maneira plena a partir de sua publicação oficial. Na Alemanha, a aceitação depende da consulta ao poder legislativo antes da ratificação. Lá, os tratados internacionais são incorporados ao Estado como determinações que devem ser lembradas nas ocasiões necessárias. Na Argentina, a Constituição determina que os tratados sejam considerados hierarquicamente superiores até mesmo à própria carta magna. No Brasil existe uma distinção entre os tipos de tratados e os efeitos que exercem na legislação local. Conforme determina a Constituição Federal de 1988, para os tratados internacionais que tratem de qualquer tema, assinados pelos agentes plenipotenciários, o ritual de aprovação pelo legislativo será o de votação por maioria simples nas duas casas, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal. Entretanto, por meio da emenda constitucional número 45 de 2004, os tratados internacionais que versem sobre os direitos humanos deverão ser aprovados por três quintos dos membros de cada casa em dois turnos de votação. Sendo o critério de autorização mais complexo, o resultado da aprovaçãoe ratificação desses tratados produz uma posição mais alta das leis resultantes, na hierarquia das leis nacionais. As determinações dos tratados internacionais publicados por esse rito são equiparadas à própria constituição. Apesar do ritual que procura compatibilizar da melhor forma possível os anseios da população com os tratados celebrados por uma nação, existem com frequência conflitos entre as demandas, e as soluções são por via de regra polêmicas. Um exemplo recente de conflito aconteceu nas eleições presidenciais brasileiras de 2018, quando a candidatura do ex- presidente Lula foi rejeitada com base na Lei da Ficha Limpa. Fruto de um projeto de lei do Juiz Marlon Reis entre outros juristas renomados, o texto original contou com cerca de 1,6 milhão de assinaturas de cidadãos que pediam uma política mais justa e idônea. https://www.sohistoria.com.br/resumos/oquefoisegundaguerra.php https://acervo.oglobo.globo.com/fatos-historicos/opep-mergulha-mundo-na-crise-do-petroleo-nos-anos-70-causando-recessao-10230571 https://fia.com.br/blog/sustentabilidade/ https://www.infoescola.com/geografia/peninsula-iberica/ http://www2.planalto.gov.br/conheca-a-presidencia/acervo/constituicao-federal https://pt.wikipedia.org/wiki/Luiz_In%C3%A1cio_Lula_da_Silva https://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_da_Ficha_Limpa https://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A1rlon_Reis Aprovada pela Câmara e pelo Senado com sanção presidencial, a promulgação da Lei foi louvada como marco da história da nação. O ponto polêmico da sua aplicação, contudo, é a determinação de tornar inelegível por oito anos um candidato que for condenado em segunda instância por órgão colegiado, mesmo que ainda exista a possibilidade de recursos. Em oposição a essa determinação, o Tratado de San José, ratificado pelo Brasil em 1992, definiu que só pode ser impedida a candidatura de um cidadão que esgotou todos os recursos possíveis de se defender. A decisão final sobre o assunto coube ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que julgou por 6 votos a 1 pela inelegibilidade do candidato, promovendo os efeitos da lei local em detrimento do tratado internacional. Não diferente do Brasil, os Estados Unidos também têm os seus desafios na administração dos efeitos dos tratados internacionais e dos conflitos com a defesa da soberania nacional. A discussão recente com a China, incluindo a exigência de mudanças e ameaças em se retirar da Organização Mundial do Comércio, não são práticas isoladas do governo atual. É uma face conhecida da estratégia diplomática do país há décadas. Considerando os tratados que versam sobre os direitos humanos, os Estados Unidos é a nação que ratificou o menor número de tratados internacionais, dos 18 tratados que foram publicados pelas Nações Unidas, o país assinou somente cinco. Haveria ainda outros exemplos de conflitos, envolvendo temas complexos como meio ambiente, comércio e desarmamento nuclear, nos quais a obrigatoriedade do cumprimento dos tratados tem gerado discussões e polêmicas. Essas ocorrências demonstram os maiores desafios para que o estabelecimento de tratados internacionais produza efeitos plenos entre as leis das nações. Vigência dos tratados internacionais Cumpridos os passos de assinatura, aprovação, ratificação e publicação, conforme definidos pela Constituição, tem início a vigência das determinações dos tratados internacionais no corpo legal da nação. A determinação do prazo inicial de vigência, por via de regra, vem definida na própria redação do decreto. Pode ser de um mês, seis meses ou um ano da data da ratificação ou da adesão, por exemplo. Entretanto, por definição do Supremo Tribunal Federal (STF), os tratados só entram em vigor após a publicação do decreto no Diário Oficial da União. É esperada que ocorra a sincronia da vigência no plano interno e externo, entretanto, pode acontecer descasamentos. Poderá também ocorrer a cassação da vigência de um tratado ou suspensão da aplicação como consequência da sua violação. Exemplo recente dessa situação é o conflito entre os Estados Unidos e a Rússia em torno do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como tratado INF (do inglês Intermediate-range Nuclear Forces), O tratado foi firmado em 1987 pelo Presidente Reagan e pelo Secretário Geral Soviético Gorbachev e previa a eliminação dos mísseis balísticos e de cruzeiro, nucleares ou convencionais, cujo alcance estivesse entre 500 e 5.500 km. Em outubro de 2018, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que se retiraria do tratado por haver detectado que a Rússia havia descumprido os seus termos. Em meio às acusações trocadas, o efeito prático da cessão de vigência do tratado é o retorno da corrida armamentista que durante muitos anos foi combatida pelos líderes mundiais. O que é ratificação de um tratado? A fase da ratificação do tratado internacional é a responsável por internalizar os termos do texto no direito nacional dos países signatários, ao mesmo tempo em que confere validade no âmbito internacional. Apesar de ainda ser de competência do Poder Executivo, a ratificação somente pode ser levada a cabo se for autorizada pelo Poder Legislativo nas duas casas, tanto na Câmara como no Senado. http://www.pge.sp.gov.br/centrodeestudos/bibliotecavirtual/instrumentos/sanjose.htm http://www.tse.jus.br/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Organiza%C3%A7%C3%A3o_Mundial_do_Com%C3%A9rcio http://portal.stf.jus.br/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_For%C3%A7as_Nucleares_de_Alcance_Intermedi%C3%A1rio https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_For%C3%A7as_Nucleares_de_Alcance_Intermedi%C3%A1rio https://seuhistory.com/biografias/ronald-reagan https://pt.wikipedia.org/wiki/Mikhail_Gorbatchov https://pt.wikipedia.org/wiki/Donald_Trump https://www.infoescola.com/historia/corrida-armamentista/ A rejeição é possível se, durante o trâmite das aprovações, não houver a aceitação dos deputados ou senadores. Nesse caso, o Presidente da República, mesmo sendo um agente plenipotenciário, não poderá ratificar o tratado internacional. Em uma situação mais extrema, mas possível, ainda que autorizado pelo Poder Legislativo, o Presidente da República poderá se recusar a ratificar o tratado, e nesse caso também, o documento não produzirá efeito. Exemplos de tratados internacionais Alguns tratados internacionais marcaram períodos históricos por sua importância nos processos decisórios das nações, permitindo por meio da leitura de seus registros perceber as forças que atuavam, os sucessos e desafios na aplicação do instrumento para definir as fronteiras, estabelecer nações e buscar a paz. Parte da história da formação do Brasil como nação, o Tratado de Tordesilhas, assinado em 1494 pelos reis de Portugal e de Castela, estabeleceu o marco regulatório dos esforços para o desenvolvimento do continente sul-americano. Símbolo da transferência do poder da igreja para o poder do estado, ao permitir aos governantes a assunção da responsabilidade pela boa condução dos esforços no desenvolvimento das novas terras, o tratado ilustra a transição da Idade Média para a Idade Moderna. O Tratado de Paris, assinado em 1783, é o mais antigo e ainda válido tratado assinado pelos Estados Unidos. Por meio dele foi estabelecido o fim da Revolução Americana e o estabelecimento dos Estados Unidos como nação. Por esse motivo, é considerado um dos mais importantes tratados da história mundial. A negociação dos termos, conduzida pelo brilhante Benjamin Franklin, entre outros estadistas, permitiu a independência das treze colônias norte-americanas em termos extremamente favoráveis. O Tratado de Versalhes aparece na história como um esforço dos países europeus em promover a paz, após o final da Primeira Guerra Mundial em 1919. Ao impor a exigência pela reparação aos danos provocados à Alemanha, colocando o povo alemão em uma condição extrema de restrições, o tratado acabou por fomentar o surgimento deum novo conflito. A análise histórica do pensamento permitiu aos estadistas a compreensão da necessidade de se atentar para os anseios da população e de buscar termos que sejam suportáveis pelos cidadãos. Conclusão Como você pode perceber, o assunto tratados internacionais é bastante complexo. As variáveis que definem cada característica, a aplicação e os processos desde as discussões iniciais até a publicação são comumente descritas por meio de termos jurídicos, o que dificulta a compreensão para o público leigo. Entretanto, o tema possui grande relevância para as pessoas. Por meio da assinatura de um tratado, um Presidente da República pode trazer grandes contribuições para o progresso da nação. Mas, para tanto, deve existir na população a capacidade de entender os impactos e as condições de participar ativamente do processo, buscando manifestar aos representantes do povo os anseios dos cidadãos. Por não serem limitados ao universo público, o entendimento dos efeitos dos tratados internacionais deve também ser compreendido pelos gestores de empresas. Com tópicos voltados para negociações internacionais e globalização, a Pós-Graduação em Diplomacia e Empreendedorismo Corporativo da Fundação Instituto de Administração (FIA) oferece aos alunos uma visão holística do mercado e dos seus elementos influenciadores. __________________________________________________________________________________________ Sujeitos de Direito Internacional Público https://www.todamateria.com.br/tratado-de-tordesilhas/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Portugal https://pt.wikipedia.org/wiki/Reino_de_Castela https://www.sohistoria.com.br/ef2/medieval/ https://www.suapesquisa.com/historia/idade_moderna.htm https://www.suapesquisa.com/historia/idade_moderna.htm https://en.wikipedia.org/wiki/Treaty_of_Paris_(1783) https://en.wikipedia.org/wiki/American_Revolution https://www.ebiografia.com/benjamin_franklin/ https://pt.wikipedia.org/wiki/Tratado_de_Versalhes_(1919) https://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/ https://www.sohistoria.com.br/ef2/primeiraguerra/ https://fia.com.br/blog/gestor/ https://fia.com.br/pos-graduacao/diplomacia-empreendedorismo-corporativo/ https://fia.com.br/pos-graduacao/diplomacia-empreendedorismo-corporativo/ Para entender a dinâmica do direito internacional público é preciso voltar ao tempo. Para ser mais exato, ao ano 1648, data em que foi assinado o Tratado de Westfália, momento em que surge o Estado moderno, garantindo-lhe pela primeira vez, igualdade em plano internacional. Entretanto, com o passar dos anos e com o fim da Segunda Guerra Mundial, alguns episódios históricos aconteceram, como a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) e de outras organizações, que ganharam o seu espaço no cenário internacional. Hoje, para que possamos entender as relações internacionais, é preciso conhecer os sujeitos do direito internacional público. Os sujeitos do direito internacional público Falar em sujeitos no Direito, é compreender que essas pessoas possuem personalidade jurídica, ou seja, a capacidade de adquirir direitos e contrair obrigações. Entenda que nem todos possuem essas prerrogativas, somente aqueles que são considerados "sujeitos de direito". Na seara do direito internacional público, ser sujeito de direito internacional é poder agir, seja atuando como pólo em determinada demanda judicial seja celebrando tratados internacionais. Seguindo essa linha de raciocínio, serão considerados sujeitos de direito internacional público, em regra, segundo a doutrina moderna, os Estados, as organizações internacionais e os indivíduos. Os Estados soberanos Os Estados soberanos possuem personalidade jurídica originária, ou seja, é partindo deles que surgem outros sujeitos do direito internacional, como por exemplo, as organizações internacionais. O Estado é considerado o sujeito mais importante do DIP e é o único que possui plena capacidade jurídica de direito internacional. O que são organizações internacionais? Criadas através de tratados pelos estados soberanos, as organizações internacionais - também conhecidas como organizações interestatais - são instituições criadas com o objetivo de combater problemas comuns entre os estados envolvendo temas importantes, como desenvolvimento econômico, político e social. Perceba que seu surgimento está relacionado à associação voluntária de estados e que resultam em uma entidade de personalidade jurídica distinta de seus membros. É comum que organizações internacionais possuam uma estrutura própria, com organização jurídica definida e órgãos auxiliares. Coletividades não estatais são sujeitos do DIP? As coletividades não estatais são grupos de pessoas que unem-se com um fim específico, seja doutrinário, bélico, ou humanitário. Podemos dividi-las em beligerantes, insurgentes e os movimentos de libertação nacional. Os beligerantes serão assim considerados, quando os estados o reconhecerem como tal. O reconhecimento da beligerância dá aos mesmos a capacidade de celebrar tratados internacionais, além de adquirir outros direitos. Os insurgentes são grupos armados que têm como objetivo derrubar o sistema político presente naquele Estado. Estes só poderão celebrar contratos, por exemplo, após o reconhecimento de sua insurgência. Os movimentos de libertação nacional, embora não possuam todos os elementos necessários para serem considerados um país, são reconhecidos no cenário internacional, podendo inclusive celebrar tratados. A Santa Sé no Direito internacional público, também é sujeito? A Santa Sé no direito internacional público, é a representação do governo da igreja católica. Trata-se de uma figura super interessante dentro do direito internacional público. Segundo a doutrina majoritária, a Santa Sé é considerada sujeito no direito internacional público, assim como os Estados, entretanto, possui uma personalidade jurídica de direito internacional anômala. A mesma é assim chamada pois não possui a presença de todos os elementos característicos dos Estados, como por exemplo, a presença de nacionais. https://www.educamundo.com.br/cursos-online/direito-internacional-publico https://ambito-juridico.com.br/site/ https://www.educamundo.com.br/cursos-online/direito-internacional-publico https://www.educamundo.com.br/cursos-online/direito-internacional-publico https://www.educamundo.com.br/cursos-online/direito-internacional-publico __________________________________________________________________________________________ Imunidade à jurisdição estatal: consulados e embaixadas INTRODUÇÃO O Direito Internacional é o ramo da ciência jurídica composto por normas regulamentadoras das relações jurídicas no cenário global. Nesse panorama planetário, os sujeitos de direito externo, ou internacional, são principalmente os Estados nações – ainda que de maneira mais ampla as Organizações Internacionais sejam alcanças por essa qualidade. Na seara do Direito Internacional Público, os interesses dos atores internacionais são velados ora por regras expressas, ora por costumes capazes dizer o direito. A partir dessa condição, a superação de conflitos entre Estados estrangeiros está diretamente sujeita à arbitragem internacional de organismos supraestatais, em virtude do fenômeno da soberania dos países. Corrobora nesse sentido a ausência de uma legislação internacional planificada, capaz ser aplicada aos mais diversos sujeitos de direito externo, fato gerador de inovações e da diversidade de decisões. Ganha relevo então a questão da imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro. Assim a imunidade jurisdicional desponta como um atributo do poder estatal, derivado da soberania, no sentido da sua preservação perante a jurisdição de outras nações. Portanto, é através do Direito Internacional que se traçam regras de cunho costumeiro, que objetivam regular, dar caráter legal às relações jurídicas entre os indivíduos de direitoexterno igualmente soberanos, visto que o Direito só pode ser dito quando há desnível de atribuições. Entretanto, o conceito de soberania nacional, antes intangível, modificou-se, e ganhou novos contornos, pois o Estado contemporâneo, além da administração da coisa pública, ingressou na esfera privada do direito através da sua presença nos setores econômicos, chamando para si responsabilidades antes exclusiva dos particulares (ALVES, 2006). Os debates doutrinários em torno da imunidade jurisdicional e do seu caráter absoluto não são recentes e não tem regras sistematizadas e unificadas no plano internacional. Sendo a soberania estatal inviolável, há que se falar em relativização da imunidade de jurisdição do estado estrangeiro? Com isso, e em virtude nas novas relações multinacionais, coloca-se um “ponto de interrogação” sobre o que é a imunidade jurisdicional, sob o seu alcance, assim como sob o comportamento tribunais e a sua contribuição jurisprudencial dos para a construção teórica do tema, como será exposto no decorrer desse trabalho. A redação desse artigo tem por escopo condensar entendimentos doutrinários sobre a imunidade de jurisdição, trazendo à tona o atual posicionamento do Poder Judiciário brasileiro através da analise casos, votos e decisões, escolhidos junto ao acervo virtual do Supremo Tribunal Federal. Ademais, é importante esclarecer que esta redação não contempla uma analise das imunidades estendidas aos diplomatas e cônsules, visto que eles já se encontram submetidos a legislação internacional, resultado das Convenções de Viena sobre relações Diplomáticas e Consulares. Em síntese, sem que haja critérios e fundamentações de origem internacional, é inviável aos Poderes Legislativos nacionais promulgar leis que estabeleçam a sobreposição de sua jurisdição em relação à de outros Estados, impossibilitando a execução judicial. Apreciar essas regras e a sua flexibilização é o que se pretende a partir daqui. ASPECTOS HISTÓRICOS O instituto da imunidade jurisdicional, na forma que conhecemos hoje, é resultado do costume internacional par in parem non habet judicium, pelo qual entre iguais não há poder de dizer o direito, base postulatória sob a qual foram erguidas as diretrizes a respeito da imunidade de jurisdição. Contudo, um breve levantamento histórico revela que antes do estabelecimento da imunidade de jurisdição, nesses termos, os povos já exerciam entre si, nas suas relações, esta velha prática costumeira. Em sua origem, fase embrionária da imunidade de jurisdição, reporta-se à Antiguidade Clássica, período cujas tribos helênicas já exerciam diplomacia entre si através da figura de porta-vozes. Acreditava-se que esses enviados, encarregados de negociar dentro do território de outros povos, em nome de um soberano, eram revestidos da imunidade conferida pelas divindades do Panteão, portanto, estavam isentos da submissão à soberania estrangeira. https://jus.com.br/tudo/arbitragem Realizando um salto histórico para a Idade Média, a ideia de imunidade de jurisdição manteve-se sob a perspectiva religiosa. Contudo, com o avanço do Cristianismo, a Igreja e seus membros detinham papel importante na construção moral dos povos que se firmaram no continente Europeu. Portanto, ao longo de séculos a Igreja permaneceu isenta da interferência de poderes seculares. Dessa forma, por gozar de imunidade absoluta, durante o período da Inquisição, a Igreja organizou Tribunais próprios – tribunal do Santo Ofício – para agir e julgar de acordo com a soberania das leis divinas a ela atribuídas. Já na Idade Moderna a imunidade jurisdicional adquire novos contornos, sendo estendida a outros setores do Estado. Nesse período o conceito de soberania é reforçado pelo advento da organização dos Estados Nacionais na Europa, bem como o estabelecimento e apogeu do Antigo Regime, principalmente caracterizado pelas monarquias de origem divina. A figura do rei se confundia com a do Estado nação, assim, a soberania nacional se consubstanciou na soberania do monarca – “L'État c'est moi”. Decorrente dessa política de infalibilidade da realeza, não somente o Estado, mas também o rei, a corte e seus funcionários não poderiam ser alvo de submissão de jurisdição estrangeira ou ordinária. Em virtude dos movimentos revolucionários burgueses regados pelas ideias iluministas, que culminaram na derrocada das monarquias absolutistas e na ascensão classe social burguesa, no século XVIII, o cenário político se modificou refletindo diretamente no novo período normativo que se firmava. O movimento constitucionalista adquiriu força da mesma forma que as bases democráticas. A separação identitária entre o Estado e seus gestores foi efetivada, bem como realizada a distinção das suas funções. Nesse momento, o conceito pós-moderno de imunidade de jurisdição firmou-se no direito à liberdade, oriundo da soberania do Estado de Direito, não mais do governante. Contudo, no tocante às imunidades internacionais, elas se mantiveram invioláveis afinal, cada Estado permaneceu autônomo em relação aos demais quanto aos seus atos de império. A discussão sobre o caráter absoluto da imunidade de jurisdição se estendeu pelo século XX. O mundo se transformou significativamente desde o século passado, as relações internacionais públicas se dinamizaram e trouxeram novos problemas de direitos humanos anteriormente não enfrentados, de modo que, os seguintes embates acadêmicos passaram a questionar o alcance das imunidades internacionais, como também cogitaram a flexibilização do conceito de soberania dos países. O papel de revisão do costume internacional absoluto da imunidade jurisdicional coube aos Tribunais Excelsos dos países onde surgiam demandas judiciais envolvendo particulares em face de estados estrangeiros. No Brasil, não ocorreu de maneira diferente, com destaque para a demanda “Geny de Oliveira versus Alemanha”, julgado em 1989. Trata-se de reclamação trabalhista ajuizada pela senhora Geny de Oliveira em face da Representação Comercial da República Democrática Alemã (RDA), no ano de 1976, na cidade de São Paulo, com resultado judicial inovador para ordenamento pátrio, seguindo a tendência internacional de proteção a diretos humanos – discussões iniciadas formalmente na Convenção Europeia sobre Imunidade de Estado, em 1963. DO ESTADO E SUA SOBERANIA A imunidade de jurisdição é um fenômeno jurídico resultante das categorias Estado e soberania. Como numa “boneca russa”, a concepção da imunidade jurisdicional do estado estrangeiro decorre do desdobramento dessas categorias. O Estado é uma entidade complexa. Estabelecer um conceito para tal que satisfaça todas as correntes doutrinárias é uma tarefa inviável, pois ele pode ser abordado a partir de diversas de perspectivas científicas. Contudo, de antemão, faz-se mister esclarecer que, a projeção de Estado entendido como sociedade organizada politicamente pertence, semanticamente, ao campo do senso comum. Trata-se de uma convenção que semeia a noção de cidadania – ou identidade nacional – entre os sujeitos inseridos em um determinado território. E embora sejam vocábulos usados como sinônimos, Nação não é Estado. Ademais, esta afirmação é voltada apenas para a construção da personificação estatal em seu caráter interno. Em outro sentido, no qual se alinha o tema do trabalho, admitem-se duas correntes de conceituação do ente Estado relacionadas aos seus elementos. A primeira orientação está ligada à noção Força, propriamente política, já a segunda, orientada pela noção de Ordem, de caráter jurídico. Todavia, um seguimento não implica negação do outro. De acordo com a vertente doutrinária vinculada à noção de força, o Estado é conceituado como esta força que se estabelece em relação si próprio e que, de acordo com seus fins, busca a adequação jurídica. Ou seja, o Estado enquanto Força, é materialmente irresistível contornada pelas fronteiras do Direito,como sugeriu Deguit, autor clássico da Ciência Política. ainda que eminentemente político, este conceito não negligencia o caráter jurídico do ente. HELLER não fica distante, dando ao Estado o conceito de unidade de dominação, completando sua conceituação dizendo que ela é independente no exterior e no interior, atua de modo contínuo com meios de poder próprio e é claramente delimitada no pessoal e https://jus.com.br/tudo/direitos-humanos https://jus.com.br/tudo/cidadania no territorial. Todos esses conceitos, na verdade, mantêm a tônica da ideia de força, ainda que associada a outros elementos e disciplinada parcialmente pelo direito. (DALLARI, 2011). Quanto ao seguimento que disciplina o conceito de Estado enquanto ordem é válido admiti-lo como a expressão de um ordenamento jurídico soberano, que tem entre as suas finalidades regular o Direito de um determinado território, ou seja, alcançar e garantir a virtude do bem comum. Infere-se que esta vertente não exclui da sua cadeia teórica a participação da ideia de força na formação do Estado, dando a ela uma posição coadjuvante, como uma das finalidades do Estado. Tendo em vista que existem outros elementos materiais que combinados moldam o Estado, os teóricos do Estado-ordem dão destaque para o elemento jurídico, pois os outros podem existir em outras formas de organização independentes do conceito de Estado. Por isso, todos estes elementos somente são recepcionados como componentes do Estado com a sua consequente integração no bojo da ordem normativa, inclusive a força, que se integraliza como poder estatal. É que o afirma Jellinek, ao conceituar o Estado como uma composição territorial capacitada com poder de mando originário. De acordo com esse entendimento, a base do conceito é a categoria composição, que é uma ordenação jurídica de indivíduos integrados sobre um território. Nos termos do professor Paulo Bonavides, em sua obra Ciência Política, o Estado pode ser expresso da seguinte maneira: “O Estado é a generalização da sujeição do poder ao direito: por uma certa despersonalização”. Desenvolvendo as ideias de Burdeau, intenta então demonstrar que o Estado só existirá onde for concebido como um poder independente da pessoa dos governantes. (BONAVIDES. 2011). Assim, o Estado é compreendido como um ente abstrato, contudo dotado de personalidade própria, tanto interna quanto externamente, pois ele é soberano originalmente a partir do estabelecimento da ordem que conjuga seus demais poderes, permitindo-o agir em torno dos seus próprios fins coletivos. Em face de todas as razões até aqui expostas, e tendo em conta a possibilidade e a conveniência de se acentuar o componente jurídico do Estado, sem perder de vista a presença necessária dos fatores não-jurídicos, parece-nos que se poderá conceituar o Estado como a ordem jurídica soberana que tem por fim o bem comum de um povo situado em determinado território. Nesse conceito se acham presentes todos os elementos que compõem o Estado, e só esses elementos. A noção de poder está implícita na de soberania, que, no entanto, é referida como característica da própria ordem jurídica. A politicidade do Estado é afirmada na referência expressa ao bem comum, com a vinculação deste a um certo povo e, finalmente, territorialidade, limitadora da ação jurídica e política do Estado, está presente na menção a determinado território. (DALLARI. 2011). Nesses termos, a imunidade de jurisdição encontra-se firmada a partir do conceito propriamente jurídico de Estado, pois, de acordo com ele, a soberania da qual decorrem as imunidades está originalmente mesclada na noção de poder, sendo aquela uma manifestação da ordem jurídica. A soberania tem seu conceito afirmado desde o XVI, desde então sendo teoricamente definido, embora somente durante as revoluções burguesas da Europa, que a soberania se desvincula do monarca, mudando sua trajetória no sentido da ideia de soberania popular, rumo à concepção de soberania nacional, ou seja, admitindo-a como expressão de poder de uma ordem. Mas, é no século XIX que a soberania se consolida como expressão de poder, principalmente porque era oportuno às grandes potencias mundiais materializarem fundamentos que as protegessem dos efeitos negativos dos seus atos praticados em relação a outras nações. Durante o século XX, com o aperfeiçoamento conceitual da teoria da personalização do Estado, as distinções básicas entre atos de soberania e demais práticas estatais foram traçadas. “O conceito de soberania é uma das bases da idéia de Estado Moderno, tendo sido de excepcional importância para que este se definisse, exercendo grande influência prática nos últimos séculos, sendo ainda uma característica fundamental do Estado”. (DALLARI. 2011). Quando ao conceito de soberania, há uma gama de entendimentos. Existem autores definem soberania como um poder do Estado, já outros a sustentam como efeito do poder do Estado, entre outros entendimentos, mas todos convergem no sentido de admitir que a soberania é fundamental para a existência e manutenção do Estado. Ainda sobre o conceito de soberania, ele apresenta dois momentos distintos, porém complementares: a soberania interna e a externa. A soberania interna significa o imperium que o Estado tem sobre o território e a população, bem como a superioridade do poder político frente aos demais poderes sociais, que lhe ficam sujeitos, de forma mediata ou imediata. A soberania externa é a manifestação independente do poder do Estado perante outros Estados.” (BONAVIDES, 2011) Portanto, em se tratando de matéria internacional, o conceito de soberania ainda é espinhoso, partindo do pressuposto de que todos os atos dos Estados são passíveis de enquadramento jurídico, tem-se como soberano o poder que decide qual a regra jurídica aplicável em cada caso, podendo, inclusive, negar ajuridicidade da norma. Segundo essa concepção não há Estados mais fortes ou mais fracos, uma vez que para todos a noção de direito é a mesma. A grande vantagem dessa conceituação jurídica é que mesmo os atos praticados pelos Estados mais fortes podem ser qualificados como antijurídicos, permitindo e favorecendo a reação de todos os demais Estados. (DALLARI. 2011). Visto a caracterização do Estado com a presença seus atributos formadores, em especial a soberania, que lhe confere um status de sujeito externo, projetado no cenário internacional. Nesse ambiente é que se fomenta o instituto da imunidade de jurisdição dos Estados, refletindo a inviabilidade de uma nação ser submetida à jurisdição de outro igualmente soberano. DA IMUNIDADE DE JURISDIÇÃO DO ESTADO ESTRANGEIRO Já cediço, a imunidade de jurisdição dos Estados é um instituto foi sendo aprimorado concomitantemente com a consolidação da própria noção de soberania estatal. Porém, quando se fala em imunidade jurisdicional do estado estrangeiro, não infere a existência de uma jurisdição internacional, mas sim, a coexistência de diversas jurisdições nacionais. Para compreender a sua aplicação, esse momento se dedica ao aspecto processual da imunidade de jurisdição. Desde já, é necessário estebelecer um conceito para jurisdição, que pode ser admitida como o poder estatal de “dizer o direito” dentro do limite territorial sob o qual incide a soberania do Estado. Para, a processualística clássica, a jurisdição é a prerrogativa que o Estado possui para apreciar e julgar as demandas que lhes são apresentadas. ... resta agora, a propósito, dizer que a jurisdição é, ao mesmo tempo, poder, função e atividade. Como poder, é manifestação do poder estatal, conceituado como capacidade de decidir imperativamente e impor decições. Como função expressa o encargo que têm os órgãos estatais de promover a pacificação de conflitos interindividuais, mediante a realização do direito justo e através do processo. E como atividade ela é o complexo de atos do juiz no processo, exercendo o poder e cumprindo a funçãoque a lei lhe comete. (GRINOVER. 2013). Tendo como características próprias ser una e indivisível, a jurisdição, mesmo internamente, é submetida a limitações de competência (autolimitação). No aspecto Internacional, as limitações de jurisdição têm outro perfil, visto que entre os Estados de Direito a noção de ordem é mesma, ou seja, não há um estado soberano que possa ter mais alcance de jurisdição em relação ao imperium de outro, pois “nenhum Estado soberano pode ser submetido contra sua vontade à condição de parte perante o foro doméstico de outro Estado” (RESEK, 2011). É justamente esse parâmetro de alcance que interessa ao Direito Internacional, investigar limites de aplicação do direito nacional de um país em relação aos atos de outro. Determinar uma primeira limitação à jurisdição dos estados estrangeiros requer uma maior fundamentação jurídica, visto inexistência de uma legislação positiva capaz de determinar diligências e competências. Essa tarefa restou subsidiada pela doutrina, que passou a investigar níveis de flexibilização da soberania, estabelecendo critérios, então inovadores, que admitem a imunidade jurisdição ora como absoluta, ora como relativa. Esse entendimento doutrinário parte do pressuposto de que o Estado de Direito, originalmente soberano, é dotado de personalidade jurídica própria, sustentando que ele pode assumir posturas tanto do direito público, próprias dos seus poderes, como também do direito privado, como se um particular fosse. Nessa perspectiva instala-se a classificação das práticas estatais em atos de império e dos atos de gestão, pregoados pela Doutrina dos atos do Estado. Os atos império são exclusivos do Estado soberano. O Estado pratica atos que não conferem obediência facultativa aos particulares, portanto são impostos coercitivamente, ou seja, são dotados de supremacia. Os atos de império objetivam a realização de finalidades primárias do Estado pelo Estado. Para o costume internacional, esses atos gozam absolutamente da imunidade de jurisdição. Já os atos de gestão, são aqueles praticados pelo Estado quando comparado a um particular, ou seja, são atos típicos de administração, assemelhando-se aos atos praticados pelas pessoas privadas. Diferentemente dos atos de império, os atos de gestão não implicam na utilização da supremacia do Estado. De acordo com a convicção internacional, os atos de gestão conduzem à relativização da imunidade de jurisdição. Esse modelo de interpretação tem sido acolhido por diversos tribunais, de diversos países, quando são acionados para solucionar conflitos entre o interesse privado e um Estado estrangeiro. ENTENDIMENTO JURISPRUDENCIAL BRASILEIRO Da mesma forma em outros estados, o conjunto normativo pátrio não abriga com unanimidade casos relativos à imunidade de jurisdição absoluta do Estado estrangeiro. Inúmeras são as litigâncias submetidas a analise dos órgãos do Judiciário nas quais figuram como partes da ação outros Estados soberanos. Nos desfechos de tais processos com suas respectivas sentenças, são arguidos variados fundamentos que trazem à tônica da questão uma gama de fontes admissíveis em direito para orientá-las. Contudo, ainda é possível observar decisões desalinhadas, muitas delas divergentes, inclusive na mesma corte, a respeito do mesmo tema, nas mais diversas áreas do Direito. Em outro sentido, na Justiça do Trabalho a imunidade de jurisdição do Estado estrangeiro goza de uniformidade nas decisões prolatadas. No direito brasileiro, a imunidade jurisdicional em matéria trabalhista encontra-se pacificada, sendo afastada a imunidade de jurisdição absoluta do Estado estrangeiro. Desde o julgamento procedente da ação interposta pela Srª. Geny de Oliveira interposta em face da Representação Comercial da República Democrática Alemã (RDA), em 1976, pleiteando a anotação na carteira profissional de seu falecido marido dos dados relativos ao contrato de trabalho entre o de cujus e a mencionada representação, tanto o Supremo Tribunal Federal quanto o Superior Tribunal Federal têm decido de maneira colinear as causas de natureza trabalhista em que a parte reclamada é outro Estado soberano. Portanto, nesses casos, o caráter absoluto da imunidade jurisdicional é afastado, podendo o caso ser apreciado de acordo com as normas nacionais. Ainda que os efeitos vinculantes das suas súmulas não se produzam, as sentenças após o precedente julgado são todas no mesmo sentido, recomendada para casos futuros, criando-se uma nova regra. Nesse âmbito, em sede de leanding case, relata o Ministro aposentado do STF, Francisco Resek em voto: “Aquela antiga e solida regre costumeira de direito internacional público, a que repetidamente este Plenário se referiu, deixou de existir na década de setenta. Em 1972 celebrou-se uma convenção europeia sobre imunidade do Estado à jurisdição domestica dos demais Estados (European Convetion on State Imunity, Basiléia, 16 de maio de 1972). Nessa convenção, que é casuística como diversos textos de igual origem, talvez o leitor não possa detectar o substrato filosófico da fronteira que se terá estabelecido entre aquilo que é alcançado pela imunidade e aquilo que não o é mais; entre o que os Estados pactuantes entenderam estar no domínio dos atos de império e no dos atos de mera gestão.” (STF, AC 9.696-3 – SP, Rel. Min. Sydney Sanches, LTr55-01/45). Nesses termos, o orientando seu voto a partir da convenção europeia sobre imunidade jurisdicional doméstica dos países soberanos, o ministro Resek identifica a aplicação da teoria dos atos de Estado na determinação do alcance da imunidade de jurisdição, corroborando para o alinhamento jurisprudencial brasileiro com o movimento de relativização do instituto e seus princípios. Assim, os atos derivados de relações laborais entre particulares e entidades de direito externo, tutelando o negócio jurídico da relação, foram dissociados de outros atos tipicamente praticados pelo governo enquanto império. Completa o ministro em seu voto: “Bem antes da celebração desse tratado já fermentava em bom numero de países, a tese de que a imunidade não se deveria mais admitir como absoluta (grifos do autor). A imunidade deveria comportar temperamentos. Naquela época o Supremo, embora ciente dessa realidade, preservava sua postura fiel à tradição da imunidade absoluta.” (STF, AC 9.696-3 – SP, Rel. Min. Sydney Sanches, LTr55-01/45). Para demonstrar a aplicação desse esse entendimento enquanto jurisprudência posterior, citaremos o Recurso Ordinário 33/ STJ, RJ 2003/0235440-6, cuja ministra relatora é Nancy Andrighi: A imunidade de jurisdição de Estado estrangeiro não alcança litígios de ordem trabalhista decorrentes de relação laboral prestada em território nacional e tendo por reclamante cidadão brasileiro aqui domiciliado. - O julgamento da ação trabalhista ajuizada antes do advento da Constituição Federal de 1988 deve obedecer ao disposto no art. 27, § 10 do A.D.C.T. c/c art. 125, II, da E.C. 1/69. A competência da Justiça do Trabalho só se confirma com o advento da atual Constituição Federal, precisamente em seu art. 114. - Precedentes do STJ e STF. Recurso ordinário parcialmente provido. (STJ - RO: 33 RJ 2003/0235440-6, Relator: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 02/06/2005, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJ 20.06.2005 p. 262RST vol. 196 p. 147) No mesmo sentido, também arguindo a distinção entre atos de império dos atos de pura gestão, expressa a decisão em Recurso Ordinário do TRT da 10ª região, 2ª turma, cuja relatora é Desembargadora Maria Piedade Bueno Teixeira: A imunidade absoluta do Estado Estrangeiro restou flexibilizada pelo Direito Internacional para submetê- lo à jurisdição doméstica nos atos de pura gestão, eis que nesses casos se equipara ao particular. Caso contrário, estar-se-ia referendando o enriquecimento sem causa do Estado alienígena. Não há mais de se falar em imunidade de jurisdição de EstadoEstrangeiro nos casos em que este atue na esfera privada, afastada, portanto, do plano das relações diplomáticas e consulares (TRT-10 - RO: 186200501810003 DF 00186-2005-018-10-00-3, Relator: Desembargadora Maria Piedade Bueno Teixeira, Data de Julgamento: 15/02/2006, 2ª Turma, Data de Publicação: 24/03/2006). Cediço que os casos de natureza trabalhistas não são os únicos a serem submetidos à apreciação dos tribunais. Notadamente, diversas decisões são prolatadas em diversos segmentos do Direito. Contudo, a mesma uniformidade da seara trabalhista não se estende à outras áreas do Direito. Isto é, em linhas gerais não se verifica uma consolidação de entendimentos, embora seja um fenômeno constante nas decisões que tratam das imunidades do Estado estrangeiro fundamentos no sentido de se afastá-las. Na esfera Civil, o Recurso Ordinário 26 RJ 2003/0049144-3 do STJ, ao tratar de responsabilidade civil, versa: A imunidade de jurisdição só abarca os atos praticados de jure imperii, daí excluídos, portanto, aqueles praticados de jure gestionis, vez que equiparados estes aos atos corriqueiros das vidas civil e comercial comuns. (Precedentes: RO 72/RJ, Rel. Min. JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, QUARTA TURMA, DJe de 08/09/2009; e RO 6/RJ, Rel. Min. GARCIA VIEIRA, PRIMEIRA TURMA, DJU de 10/05/1999). Hodiernamente não se há de falar mais em imunidade absoluta de jurisdição, vez que se admite seja a mesma excepcionada nas hipóteses em que o objeto litigioso tenha como fundo relações de natureza meramente trabalhista, comercial ou civil, como ocorre na hipótese dos autos, onde o que pretende o autor da demanda é obter reparação civil pelo suposto descumprimento de contrato verbal celebrado (STJ - RO: 26 RJ 2003/0049144-3, Relator: Ministro VASCO DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS), Data de Julgamento: 20/05/2010, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 07/06/2010). CONSIDERAÇÕES FINAIS Dada a construção histórica, doutrinária e jurisprudencial sobre a matéria da imunidade jurisdicional do Estado estrangeiro, pode-se extrair que, a carência de normas positivas de alcance internacional ainda gera entendimentos diversos a respeito da imunidade jurisdicional. Embora, após as Convenções de Viena a produção normativa dela advinda tenha esclarecido pontos importantes a respeito do principio da imunidade jurisdição do Estado estrangeiro, o tema não se encontra completamente regulamentado, guiado principalmente pelo costume internacional com base no direito das gentes, fato que se reflete na fundamentação das decisões, tarefa que tenta mitigar desencontros doutrinários no próprio caso concreto. Outro aspecto enfrentado na caracterização da imunidade jurisdicional continua sendo a distinção entre os atos e de império e os atos e mera gestão para se adotar uma postura absoluta ou relativa em relação à aplicação do instituto. Mas, a doutrina recentemente tem prestigiado o entendimento assentado no afastamento do caráter absoluto da imunidade de jurisdição. As questões atinentes à infração da soberania estatal continuam sendo remodeladas, de modo que atos gravosos de outros países soberanos em relação aos súditos nacionais não deixem de receber tutela judicial. __________________________________________________________________________________________ Organizações Internacionais As organizações internacionais são sujeitos secundários do Direito Internacional Público, isso significa que, segundo Soares (2002), são entidades criadas a partir da vontade de Estados, para defender seus interesses, e só então adquirem personalidade jurídica derivada dos mesmos. Para Del’olmo (2006) as organizações internacionais, são interestatais ou intergovernamentais, desta forma necessitam da criação por Estados e por meio de Tratados. Bregalda (2009) diz que os organismos internacionais, que surgiram em meados do século XX, são pessoas ou grupos criados pelos próprios sujeitos de direito internacional, reconhecendo-os como pessoas internacionais, com capacidade de ter direitos e assumir obrigações na ordem internacional. Mazzuoli define as organizações como: Assim, também podem ser considerados sujeitos do Direito Internacional Público, na atualidade, além dos Estados soberanos, as organizações internacionais intergovernamentais (v. G., as Nações Unidas, que têm capacidade jurídica para celebrar tratados de caráter obrigatório, regidos pelo Direito Internacional, com os Estados e com outros organismos internacionais), bem como os indivíduos, embora o campo de atuação destes últimos seja mais limitado, sem, contudo, perder ou restar diminuída sua importância. (MAZZUOLI, 2011, p. 66) Desta forma é possível notar que diferentes autores definem as organizações internacionais como dependentes da criação por meio dos Estados para só então passar a ter o direito a exercer papel de personalidade internacional, e serem reconhecidas para então negociar tratados e defenderem seus interesses. Características das Organizações Internacionais https://jus.com.br/tudo/responsabilidade-civil http://www.jusbrasil.com.br/busca?s=jurisprudencia&q=titulo:RO%2072/RJ http://www.jusbrasil.com.br/busca?s=jurisprudencia&q=titulo:RO%206/RJ Para a criação de uma organização Internacional, é necessário a elaboração de um tratado de criação para então passarem a ter personalidade internacional independentemente de seus membros. Conforme Mazzuoli cita no trecho: Os tratados internacionais são incontestavelmente, a principal e mais concreta fonte do Direito Internacional Público na atualidade não apenas em relação à segurança e estabilidade que trazem nas relações internacionais, mas também porque tornam o direito das gentes mais representativo e autêntico a, medida em que se substanciam na vontade livre e conjugada dos Estados e das Organizações Internacionais, sem a qual não subsistiriam. (MAZZUOLI, 2011, p. 114) Ainda segundo o autor, as organizações internacionais devem possuir um estatuto interno, órgãos internos e funcionarem na forma estabelecida pelo tratado de criação, desta forma, passíveis de responsabilidade internacional. Segundo Silva (2008) toda organização internacional, para ser considerada como tal, deve apresentar no mínimo, uma Assembleia Geral e Secretariado Permanente. Outras características completam a definição das organizações: Ordenamento Jurídico Próprio – As Organizações têm um ordenamento jurídico próprio. Personalidade Jurídica de Direito Internacional Público – As Organizações podem celebrar tratado em nome próprio, por meio de seus representantes. Existência de órgãos próprios e permanentes – Para a Organização funcionar deve ter uma estrutura administrativa, no entanto geralmente as Organizações têm pelo menos três órgãos: Conselho: Funciona como órgão executivo, onde as decisões mais importantes são feitas; Assembleia: Todos os membros participantes da Organização participam; Secretaria: órgão que organiza as reuniões, o arquivo, faz o funcionamento burocrático. Poderes próprios – A Organização deve ter poderes para agir, poder está submetida ao critério da soma zero (para um ganhar o outro deve perder), desta forma os Estados devem abrir mão da Soberania para a Organização ganhar poder. Sede própria – Ainda não existe alguma Organização exclusivamente virtual, toda Organização tem seu prédio próprio. Qualquer Estado pode se tornar membro de uma organização internacional uma vez que esteja dentro dos objetivos da mesma. Caso o objetivo de uma organização seja destinado a membros da região europeia, por exemplo, o Brasil não poderá participar. É o que ocorre no caso da OTAN, o Brasil não pode se tornar membro, pois ela se destina aos países banhados pelo Atlântico Norte. (SILVA, 2008) No que diz respeito à autonomia, segundo Bregalda (2009) decorre do reconhecimento da personalidade jurídica internacional das organizações internacionais, possui ordem jurídica própria,determinando como cada um dos órgãos irá executar suas atividades. As organizações internacionais têm o direito de legação, ou seja, envio e recebimento de representantes e agentes diplomáticos independentes dos Estados membros. (MAZZUOLI, 2011) Embora o seu orçamento dependa da contribuição dos Estados pertencentes à organização internacional possui independência para decidir como irá utilizar seus recursos financeiros, mediante procedimentos próprios e comprovação de finalidade. (MAZZUOLI, 2011, p. 114) Este trabalho irá estudar três organizações Internacionais: Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD) e a Organização Mundial do Comércio (OMC). Organizações Internacionais são entidades formadas por Estados e que são detentoras de personalidade jurídica de Direito Internacional. Isto significa que as ONGs, (Organização Não-Governamental), não são Organizações Internacionais, pois nenhum Estado está diretamente ligado a elas. São formadas por cidadãos ou empresas, como por exemplo, a Fundação Ayrton Sena, a Organização Roberto Marinho, etc. As ONG’s são pessoas jurídicas de Direito Público Interno, e não de Direito Internacional, podendo, como qualquer empresa, atuar em vários países, assim como existe a Ford do Brasil, a Ford da Argentina, etc. Organizações Internacionais, portanto, são somente aquelas formadas por Estados que se reúnem, e que apresentam determinadas características: – Toda Organização Internacional pesegue uma finalidade, assim como os Estados, mas cada uma tem uma finalidade própria, diferente, as mais diversas possíveis. Varia desde uma organização como a ONU, que tem um objetivo genérico, que é garantir a paz entre os povos, até organizações que tem objetivos bastante específicos, como por exemplo, a UPI, (União Postal Internacional), que tem por objetivo regular o tráfico de correspondências internacionais. Esta organização dita as regras de como um Estado manda para outro uma correspondência internacional. Existem mais de 500 Organizações Internacionais, cada uma com uma finalidade diferente. Algumas são totalmente independentes das outras. Por exemplo, a OEA, Organização dos Estados Americanos, é totalmente independente da ONU, da União Européia, do Conselho da Europa, e de todos as outras, embora essas organizações apresentem características semelhantes, perseguindo finalidades muito genéricas. Mas existem também organizações que tem finalidades específicas subordinadas a ONU, como, por exemplo, a UNICEF, que é uma agência da ONU. O que define se a organização é uma Organização Internacional de personalidade jurídica ou uma ONG é o seu Estatuto. O estatuto é um tratado internacional e adquire algumas características, e dentre elas sempre deve existir aquela que diz como os Estados vão aceitar ou não aquele tratado, e como comunicam uns aos outros que o aceitaram ou não. Os tratados constitutivos das Organizações Internacionais são bastante parecidos com Constituições dos países. Os estatutos têm repartição de competência, tem Secretaria Geral e todo o chefe de Organização Internacional chama-se Secretário Geral. Os Estatutos dizem ainda dos instrumentos que devem ser usados para que os Estados cheguem a um acordo. Estatutos dizem ainda qual o quorum necessário para se aprovar determinada decisão, e alguns exigem até consenso para aprovação. A decisão tomada terá que ser seguida por todos os países que fazem parte da organização, não importando se votaram favoravelmente ou não, porque não será a decisão de nenhum país, mas decisão da Organização. Membros permanentes do Conselho da ONU são: Inglaterra, Estados Unidos, França, China e Rússia. A aprovação de qualquer decisão na ONU exige a aprovação desses 5 Estados. Se um não aprovar, não importa se todos os outros membros, permanentes ou não aprovem, a decisão será rejeitada. Significa que dentre os votos da maioria é indispensável a presença dos 5 membros permanentes, tanto para aprovação como para rejeição de alguma decisão. Os critérios para aprovação são a conjugação de dois requisitos: mais da metade dos participantes e a adesão dos 5 países permanentes. Todo país que é membro de uma organização internacional tem algumas obrigações, dentre elas a de custear o funcionamento desta organização: pagamento de funcionários, etc. Nenhum Estado é excluído de uma organização internacional sem que queira, ou que deixe de cumprir pressupostos estatutários, como por exemplo, para se pertencer ao Mercosul tem que ser país de regime democrático de governo. Na OPEP, como outro exemplo, que é uma organização dos países exportadores de petróleo, ser exportador deste produto é pressuposto indispensável. Um país que queira sair de uma organização internacional deve pagar tudo o que deve a ela, e “denunciar” o estatuto. A “denúncia” é o mecanismo próprio do Direito Internacional Público para que o Estado deixe de se obrigar pelo Tratado. Só pode, porém, fazer esta denúncia depois de ter permanecido 5 anos como membro. Tem que comunicar sua intenção 6 meses antes do desligamento, antes do término do ano orçamentário, para que a organização possa cobrar o seu débito porventura existente. De uma forma geral, organizações internacionais não se extinguem nunca, mas pode haver a substituição de uma organização por outra, com os mesmos objetos e os mesmos membros, por se tornarem inadequadas para uma determinada realidade política. Fazer um novo estatuto é mais fácil do que adequar um antigo já pronto. Isto aconteceu com a Liga das Nações que se transmudou na ONU. Assim, estigmas porventura existentes na organização extinta não contaminam a nova organização. Organizações Internacionais são Sujeito de Direito Internacional Público, o que significa que podem atuar segundo as regras do Direito Internacional Público, negociando tratados, um Estado com outro Estado, o que implica que um Estado reconhece, reciprocamente, o outro como Estado soberano. As organizações Internacionais gozam das prerrogativas garantidas por esse Direito Internacional, como o direito de conceder aos seus funcionários imunidade diplomática, etc., e podem ainda ser membro de outra organização internacional. ALCANCE TERRITORIAL DAS DIVERSAS ORGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS Embora diversas organizações internacionais, como a OTAN, A OEA e outras possam ter o mesmo objetivo, o seu alcance territorial será diverso. A LIGA ÁRABE também tem o mesmo objetivo da ONU, mas difere em seu alcance territorial. O alcance territorial a ONU é muito grande, pois quase todos os países do mundo dela fazem parte, enquanto que o alcance territorial da OTAN é restrito aos países que são banhados pelo Oceano Atlântico Norte, Estados Unidos, Canadá e os países europeus banhados pelo Atlântico Norte. A OEA tem como participantes apenas de 27 a 30 Estados. Objetivos das Organizações Internacionais: Os objetivos das organizações internacionais são diversos, expressos sempre em seus estatutos. Os Estatutos nem sempre são assim chamados: podem ser chamados de Carta, de Constituição, etc. Esses instrumentos têm a natureza jurídica de um tratado internacional e apresentam requisitos comuns. Os tratados internacionais são discutidos entre os Estados, antes da sua implantação: os Estados discutem sobre o que desejam daquela organização internacional, quais os objetivos que desejam atingir e que São difíceis de serem atingidos sem colaboração de outros que comunguem com eles. por exemplo: O Brasil deseja criar normas de unificação de das regras gramaticais da Língua Portuguesa, e em discussão com outros países, descobre que Portugal, Angola e outros também gostariam disto. Resolvem então, em conjunto, fazer um tratado internacional sobre o tema, e criaram uma comunidade que se chama Palopis, atuante, e na qual o Brasil goza da vantagem de possuir a maior população a falaro idioma português. Dentro de uma organização internacional acontece, assim, um desequilíbrio, no funcionamento da organização, quando um Estado consegue impor sua vontade aos demais, em função de alguma prerrogativa que apresenta a mais do que os outros. O objetivo das organizações internacionais, em última análise, é o de harmonizar interesses comuns entre os Estados que participam de uma mesma entidade. O Estatuto é importante não só porque traz os objetivos da organização como também porque diz quais são os Estados que a fundaram. Funcionamento da organização internacional: Toda organização internacional deve apresentar, no mínimo, para ser considerada como tal, dois órgãos: – Assembléia Geral; – Secretariado Permanente. Assembléia Geral: É a reunião de todos os associados-membros para a discussão de assuntos de interesse. Normalmente essas Assembléias reúnem-se apenas uma vez por ano, durante uma ou mais semanas, dependendo da quantidade dos assuntos a serem tratados. Nestas reuniões, todos os Estados têm o direito de falar e de votar, direito de voz e voto. Participam das reuniões, discutem os assuntos em pauta e, eventualmente, tomam decisões por meio do voto. Essas decisões podem ser tomadas por maioria simples, por maioria qualificada ou por consenso, dependendo do estabelecido no estatuto. Além da reunião da Assembléia Geral obrigatória, não há impedimento para que seja convocada Assembléia Geral Extraordinária, quantas forem aquelas julgadas necessárias e desejadas pelos Estados. É a reunião de vários Estados com objetivos comuns para tomar decisões conjuntas. São semelhantes á pessoas jurídicas, e esta semelhança não se restringe ‘a perseguição de objetivos comuns; também se assemelham pela tomada de decisões, que terão que ser seguidas por todos, após votada dentro da forma predeterminada pelo Estatuto. Existem mecanismos de pressão política para forçar Estados perdedores em uma votação a cumprirem o acordado, e, em alguns casos, o próprio Estatuto pode estabelecer multas. Na existem, porém, formas de execução, como no direito privado. Em casos extremos, O Estado resistente pode deixar, através da Denuncia, a instituição, ou, se previsto no Estatuto, pode ser excluído da mesma, por decisão da maioria, o que é raríssimo de ocorrer. Secretariado permanente: É o secretariado permanente que gerencia a organização internacional, com pessoal que trabalha na organização a título pessoal, convocando as assembléias, organizando atas, etc. O secretário-geral é eleito pela assembléia geral, sendo um cargo remunerado, como todos os outros funcionários. É escolhido por suas qualidades pessoais; aqueles que desejam lá trabalhar devem enviar currículo, e se aprovados, nela ingressam, Os cargos mais elevados necessitam ser eleitos. Pode ser funcionário de carreira ou não. Normalmente os secretários gerais são sempre de países pequenos e o são por duas eleições consecutivas. Hoje, são cogitados para o cargo de secretário-geral da ONU, Tony Blair, (dificilmente será eleito, )o Ministro das Relações exteriores da Tailândia, (agora seria a vez de um asiático), etc. A conformação básica das organizações internacionais é a Assembléia Geral e o Secretariado permanente. Entretanto, algumas organizações apresentam outros órgãos como é o caso da própria ONU que tem um Conselho de Segurança, que tem um Comitê de Codificação para o Direito Internacional, Comitê de Direitos Humanos, Alto Comissariado par Refugiados, Conselho de desenvolvimento Econômico e Social, enfim, uma série de departamentos dentro da ONU para cada das parcelas dos objetivos que ela persegue. Para que estas organizações funcionem, embora não tenham um território específico, normalmente estão onde foi fundada. A ONU tem a característica de ser descentralizada, com a sede administrativa e a sede da assembléia geral em Nova York,, alguns outros órgãos funcionam em Genebra e outros na Holanda, na Haia. A sede da organização é estabelecida em tratado próprio, não no Estatuto. É um tratado bilateral, feito com o país que irá fornecer o território para a sede, feito após o início do funcionamento da organização. Este tratado se chama “Acordo de Sede”. A ONU tem tratados com outros países, com instalação de escritórios, inclusive no Brasil, na Argentina. Isto se tornou necessário com o desenvolvimento das atividades. Também a OEA tem sede descentralizada, uma parte funciona em Washington e outra no Rio de Janeiro. O Comitê Jurídico Interamericano da OEA, onde se discutem as questões jurídicas dos estados americanos situa-se no Rio de Janeiro. O Estado que cede o território para instalação da sede da organização tem a vantagem, normalmente, de abatimento na sua cota orçamentária, pois os estados-membros rateiam o orçamento anual de funcionamento da organização, embora de forma desproporcional: São os Estados que anunciam para a organização qual é a sua disponibilidade para pagamento. É ato de vontade de cada Estado, que a isso se obrigam. À medida que entram novos Estados para a organização, a parte de cada um diminui. São feitas reuniões apenas para discussão do orçamento, com a apresentação feita pelo secretário geral dos gastos previstos para o próximo ano, e os Estados decidem qual o valor de cota, mas os Estados podem optar por pagar menos que os valores estipulados por cota, desde que negociem com outros para que estes outros cubram o que faltar. Se todos os Estados se insurgirem com o valor da cota, por acharem-na elevada, são feitos cortes no orçamento para adequá-lo ‘a vontade dos associados-membros. O secretariado permanente tem número variado: na ONU são aproximadamente 5000 funcionários, enquanto que na Haia são apenas 12, dependendo da necessidade. Os Estados-membros não são obrigados a receber escritórios das organizações, e, quando isto é necessário, faz-se com o Estado receptor um novo “Acordo de Sede.”, onde se estabelece se o escritório será permanente ou qual o tempo em que permanecerá naquele Estado. Ter um escritório internacional em uma determinada região trará desenvolvimento para essa região, pois ela irá receber funcionários estrangeiros que recebem em dólar, e que movimentam a economia, e postos de trabalho são abertos. Sempre é um privilégio político. Os funcionários principais de organizações internacionais, aqueles que participam das negociações entre os Estados, têm o status de diplomatas. Recebem passaportes internacionais que são especiais (não passam por fila em aeroportos), recebem tratamento privilegiado nos aviões, etc. Os estados-membros das organizações internacionais devem manter um representante junto à organização internacional, um embaixador. Um mesmo embaixador pode ser embaixador do seu país junto a duas ou mais organizações, desde que situadas em uma mesma região de um país-séde. Mas isto depende da conveniência do país. O Brasil tem 3 embaixadores nos Estados Unidos: um embaixador junto à ONU, um embaixador junto À OEA e um terceiro embaixador junto ao Governo Americano. Também na Suíça o Brasil tem mais de um: tem um embaixador junto à ONU e um embaixador junto ao governo suíço e ao OMC. Isto acontece para não haver acúmulo excessivo de atribuições sobre uma mesma pessoa. Normalmente são os Estados que se organizam para criar as organizações internacionais, e o número delas depende dos interesses dos vários Estados que se unem com um mesmo objetivo. Com a ONU ocorreu um fenômeno: Depois de instituída, começou a se especializar, e passou a criar várias agências especializadas, como por exemplo, tinha um escritório que só cuidava de questões referentes à saúde, outro que só cuidava das questões referentes à alimentação, outro de crianças, outro ainda do patrimônio artístico e cultural, etc. Isto se desenvolveu de tal forma que passou a exigir uma atenção especial, de maneira tal que, em determinado momento a própria
Compartilhar