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1 Farmacologia – Vitor Benincá Causas da hipertensão essencial ou primária: Distúrbios renais, doenças renovasculares, distúrbios hormonais (suprarrenal), distúrbios neurogênicos, distúrbios da tireoide e paratireoide, distúrbio da aorta e hematológicos, toxemia da gestação (pré-eclampsia), induzido por fármacos Causas da hipertensão secundária (decorrente a outro problema em algum órgão: débito cardíaco aumentado, distensibilidade aórtica diminuída. As células justaglomerulares possuem diversos receptores B1-adrenergicos que liberam renina na arteríola aferente. Esse sistema renina- angiotensina-aldosterona regula a pressão. Estimulação da liberação de renina: a queda na pressão sanguínea, queda no volume de líquido aumenta a atividade simpática. Isso aumenta o angiotensinogênio, que provoca a liberação de angiotensina que provoca a vasoconstrição. A Inibição da liberação de renina ocorre da maneira oposta Fármacos DIURÉTICOS O mecanismo exato envolvido na redução da pressão arterial pelos diuréticos não está bem estabelecido. Inicialmente os diuréticos tiazídicos diminuem o volume extracelular pela interação com um cotransportador de NaCl (SLC12A3) sensível à tiazidas no túbulo contorcido distal, amentando a excreção de Na+ e resultando em diminuição do débito cardíaco. O efeito hipotensor durante a terapia a longo prazo parece ser devido à redução da resistência vascular; o débito cardíaco retorna a valores anteriores aos do tratamento e o volume extracelular permanece um tanto reduzido Classe de diuréticos: Benzotiadiazinas e compostos relacionados (tiazidas), Diuréticos de alça, Diuréticos poupadores de potássio Tiazidas: Agem impedindo a reabsorção de Na+ no túbulo contorcido distal. Promovem “leve” diurese. Permitem ação anti-HAS lenta, são melhor indicados em pacientes com renina baixa, negros e idosos Indicado para crises hipertensivas crônicas Efeitos adversos Hipocalemia, hipomagnesemia, aumento cálcio Aumento LDL (obesos) Intolerância glicose (diabéticos) Impotência sexual Hiperuricemia (pacientes com gota) Hidroclorotiazida (acima de 25mg, só se aumenta efeitos colaterais e não aumenta a ação), clotalidona Diuréticos de alça Agem no ramo ascendente da alça de Henle, inibindo a proteína responsável pelo transporte de Na/K/2 Cl São os diuréticos mais potentes, de ação rápida, podendo agir mesmo que a função renal esteja comprometida Farmacologia Aula 1 e 2 2 Farmacologia – Vitor Benincá É indicado para crises hipertensivas agudas Efeitos adversos Depleção de fluido com desidratação e hipotensão Altas doses estão relacionadas com ototoxicidade (“dependência”) Furosemida Poupadores de potássio Espironolactona É um antagonista da aldosterona que bloqueia seus receptores no túbulo contorcido distal, facilitando a excreção de Na+ e retenção de K+. Se o sódio não entra, o potássio não sai. Modificações do potássio estão associadas a parada cardíaca. Pacientes usando diuréticos de alça ou tiazidicos, é adicionado a espironolactona, visando avisar efeitos colaterais dos outros diuréticos. Espironolactona possui com efeito colateral o aparecimento de ginecomastia. Isso pode ocorrer pois o receptor de testosterona estar bloqueado, então a testosterona aumenta no sangue, podendo sofrer ação da enzima aromatase, sendo transformado em estrogênio. Amilorida Age nos túbulos coletores, impedindo a reabsorção de Na+ e eliminação de K+. Pois bloqueia a bomba de reabsorção de sódio. Esses medicamentos não são usados como anti- hipertensivos, eles são usados associados aos outros diuréticos, sendo utilizados em pacientes vulneráveis a hipocalemia inibidores do Sistema Simpático Central É provável que a metilnorepinefrina atue como agonista dos receptores α2-adrenérgicos no tronco encefálico para atenuar o efluxo de sinais adrenérgicos vasoconstritores para o sistema nervoso simpático periférico Na queda de pressão, o tronco cerebral nota isso pelos barorreceptores e aumenta a secreção de Epinefrina e norepinefrina. Se a concentração de Epinefrina for alta no tronco, entende-se que a periférica está elevada, portanto o organismo diminui a secreção de Epinefrina (elas são produzidas nas suprarrenais) Clonidina e Alfa-metildopa (no organismo é transformado em metilnorepinefrina) Deprimem o tônus simpático por ação agonista nos receptores pré-sinápticos α- 2-adrenérgico do SNC Essa estimulação diminuiria a eficácia da liberação de noradrenalina nos nervos terminais em resposta à despolarização Elas reduzem o nível de renina plasmática por mecanismo ainda não esclarecido Alfa-metildopa Droga de escolha para gestantes, pois causam poucas alterações hidroeletrolíticas e vasculares Efeitos adversos: sedação, tonturas, cefaléia Clonidina Possui efeito colateral de rebote após a suspensão da droga de maneira abrupta. Isso ocorre pq o desligamento do receptor ocorre rápido, então o tronco “percebe” a queda abrupta de epinefrina 3 Farmacologia – Vitor Benincá Usado em HAS e crises hipertensivas (crises é um pouco menos preferível devido ao efeito rebote) Bloqueadores pós-ganglionares neuronais São drogas que diminuem a pressão arterial, por dificultarem a liberação fisiológica normal de noradrenalina nos neurônios simpáticos pós-ganglionares A reserpina é o representante no nosso meio Reserpina A droga bloqueia a capacidade das vesículas neurotransmissoras de captar e armazenar aminas biógenas Isso resulta em depleção de noradrenalina, adrenalina e serotonina dos neurônios periféricos e centrais Efeitos adversos: sedação, pesadelos, distúrbios mentais (depressão com componente psicótico que pode levar ao suicídio), efeitos extrapiramidais, distúrbios gastrointestinais Drogas de ação periférica Beta-bloqueadores B1 → inotropismo B2 → cronotropismo O antagonismo dos receptores β – adrenérgico afeta a regulação da circulação por vários mecanismos, incluindo redução da contratilidade do miocárdio e do débito cardíaco Reduz a secreção de renina, com consequente queda dos níveis de angiotensina II Efeitos adversos Fadiga, letargia (devido à queda do debito cardíaco) Broncoconstrição (contraindicado a pacientes com asma ativa) Diminuição da liberação de insulina (contraindicado à diabéticos) Visão turva, queda da pressão ocular (pode ser utilizado no glaucoma) Propanolol, atenolol, metoprolol... Alfa1-Bloqueadores Prazozina, terazosina e a doxazosina São droga que bloqueiam os receptores α-1 adrenérgicos, levando a uma potente vasodilatação arterial com queda da resistência vascular periférica, que geralmente está aumentada na hipertensão arterial O bloqueio não seletivo α-1 e α-2 produz taquicardia reflexa, retenção de sódio e água, o que tem limitado seu uso crônico Uma importante preocupação sobre o uso dos α1-bloqueadores para hipertensão é o denominado fenômeno de primeira dose, no qual ocorre uma hipotensão ortostática sintomática dentro de 30-90 minutos após a dose inicial ou aumento da dose. Por isso é orientado para o paciente deitado e seu ortostatismo deve ser gradual Vasodilatadores Diretos São drogas que têm um efeito relaxador direto no músculo liso vascular, sem intermediação de receptores específicos O resultado da vasodilatação da arteríola pré-capilar é a queda na RVP Hidralazina e minoxidil Hidralazina Mecanismo de ação Ainda não foram bem estabelecidos Inibição dos locais de armazenamento intracelular 4 Farmacologia – Vitor Benincá induzidas pelo IP3, abertura dos canais de K+ ativados por Ca2+ e ativação de uma via do ácido araquidônico (COX gerando prostaciclinas) A vasodilatação induzidapela hidralazina desencadeia uma grande estimulação do SNS, com aumento da FC, contratilidade cardíaca e aumento da atividade da renina Farmacocinética VO e EV Após a VO é metabolizada (acetilada) no intestino e no fígado, o que contribui para baixa biodisponibilidade (16-35%) [Máxima] = 30-120 min T1/2 = 1 hora embora seu efeito hipotensor dure cerca de 12 horas Obs: taquifilaxia Usos Terapêuticos Utilizado em crises hipertensivas durante a gestação. Na “não-crise” se usa a Alfa-Metildopa Efeitos Adversos Cefaleia, náuseas, hipotensão arterial, taquicardia. É a cefaleia pulsátil por vasodilatação das artérias cerebrais. Cuidar em paciente com doença arterial coronariana devido à resposta do SNS Reações imunológicas (LES após uso prolongado, vasculite...) Minoxidil O seu efeito parece resultar da abertura dos canais de potássio modulado por ATP, produzindo efluxo de K+, nas membranas das células dos músculos lisos, promovendo o relaxamento muscular. Também produz reflexos simpáticos Assim como a hidralazina, ele dilata as arteríolas, mas não as veias Apenas via oral Reações adversas: taquicardia, palpitações, cefaleia, hipertricose (aumento do tamanho dos pelos) Nitroprussiato É um nitrovasodilatador, é metabolizado pelos vasos em seu metabólito ativo, o óxido nítrico Dilata tanto as arteríolas quanto as vênulas, e a resposta hemodinâmica à sua administração resulta de uma combinação de acúmulo venoso e redução da impedância arterial (PA) Utilizado em UTIs e sala de emergência, pois tem um início de ação em 30s. O efeito máximo se dá em 2 minutos. Agente deve ser administrado na forma de infusão intravenosa contínua. Início de ação 30 segundos, efeito máximo 2 minutos, desaparece 3 minutos após término da infusão Composto sofre decomposição quando exposto luz (fotossensível) Bloqueadores (antagonista) dos canais de cálcio Na hipertensão arterial em fases iniciais ou nos jovens, prevalece a resposta mediada pelos receptores beta (aumento da frequência cardíaca e de renina plasmática) com resistência periférica global normal Nas fases avançadas ou nos idosos a mediação é feita pelos alfa -1 e 2 pós- sinápticos e dependentes do influxo de cálcio, com aumento da RV Mecanismos de ação Na HA essencial , o aumento da RVP depende do fluxo de cálcio aumentado Os ACC diminuem as concentrações de cálcio livre intracelular, principalmente através desse influxo, levando a uma potente vasodilatação arteriolar Essas drogas por um lado, diminuem a vasoconstrição, via influxo de cálcio na musculatura lisa do vaso, por outro, aumentam via barorreceptores a 5 Farmacologia – Vitor Benincá atividade do SNS e aldosterona, levando a vasoconstrição Verapamil Tem afinidade aumentada pelo miocárdio, incluindo o tecido de condução É um depressor do miocárdio Anti-hipertensivo potente quando em associações Diltiazen São menos depressores do miocárdio, com efeito na HÁ Diidropiridínicos: Nifedipina, Anodipino Possuem VO, podem ser usados na hipertensão Inibidos da Enzima de Conversão Angiotensina A angiotensina II aumenta a PA por diferentes mecanismos: Ação vasoconstritora direta Interação com o sistema simpático por vários mecanismos locais Exacerbação da resposta estímulo alfa- adrenérgico Estímulo à produção de aldosterona Hipertrofia vascular Mecanismo de ação dos IECAs O desaparecimento da Angiotensina II é principal responsável pelo efeito Pacientes brancos jovens e de meia – idade respondem melhor à IECA Além disso, existe uma exacerbação do sistema cinina-calicreína que promove vasodilatação através do fator relaxante derivado do endotélio (EDRF) e de prostaciclinas Efeitos adversos Hipotensão, hiperpotassemia, deterioração da função renal são causados pelo bloqueio da produção de angiotensina II (em algumas doenças renais preexistentes) Tosse seca não-produtiva ocorre me até 10 % dos pacientes. Isso ocorre porque a degradação de bradicininas e prostaglandinas é inibida. Eles são mediadores inflamatórios, e o aumento deles provoca uma inflamação pulmonar (Pneumonite), provocando tosse. Contra-indicações: gestantes, anúria neonatal (devido a hiperpotassemia), estenose bilateral de artéria renal EX: Captopril, enalapril, ramipril... Captopril, por ser de 8/8h, é mais difícil para o uso crônico Bloqueador do receptor da angiotensina II (AT1) O sistema renina-angiotensina tem sido há muito tempo implicado na fisiopatologia da HA Locais de receptores para AII são encontrados em vários órgãos, que estão envolvidos na homeostase da circulação. Agem no córtex adrenal, vasos sanguíneos, rins, terminações nervosas noradrenérgicas Modo de ação Antagonista total, competitivo e específico do receptor da angiotensina II Antagoniza as respostas endógenas da AII, levando principalmente à vasodilatação, excreção de sódio e diminuição atividade noradrenérgica Diferentemente dos IECA, essa droga não interfere nos sistemas cininas e das prostaciclinas Não se faz associação de IECA com BRA, pois não aumenta a ação, apenas os efeitos colaterais (principalmente a hiperpotassemia) Contraindicações: gestantes pelo risco de malformações, insuficiência hepática Efeitos adversos: semelhantes aos IECA, exceto tosse Os BRA têm um benefício em relação aos IECA, pois usa-se 1x ao dia e não causam tosse. Tanto os IECAs quanto os BRAs têm a mesma intensidade de ação. Ex.: Losartana 6 Farmacologia – Vitor Benincá Inibidores diretos da renina Principal fármaco: Alisquireno Ele inibe a atividade catalítica da renina de forma direta e competitiva, diminuindo Angiotensina I, angiotensina II e aldosterona. É pouco absorvido e tem biodisponibilidade de 3% T1/2 = 24 horas Excreção biliar Usos terapêuticos Importância incerta no tratamento da hipertensão Contraindicada associação com outros fármacos que atuem no SRAA É mais forte que o IECA e BRA
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