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1 Khilver Doanne Sousa Soares PAC & IVAI (Pneumonia Adquirida na Comunidade; Infecção de Vias Aéreas Inferiores) As infecções das vias aéreas inferiores podem ser divididas em bronquite aguda (ou traqueobronquite aguda), exacerbação aguda de bronquite crônica (doença pulmonar obstrutiva crônica [DPOC]) e pneumonia. A pneumonia é uma infecção do parênquima pulmonar envolvendo os bronquíolos, os brônquios e, ocasionalmente, a pleura. Pode ser classificada em comunitária ou nosocomial, dependendo do local de adoecimento. A pneumonia adquirida na comunidade (PAC) é aquela que acomete o indivíduo fora do ambiente hospitalar ou que surge nas primeiras 48 horas da admissão. A doença é mais frequente nos extremos de idade (< 5 anos e > 70 anos); são a segunda causa de internação hospitalar entre todas as doenças, principalmente nos meses de inverno. A principal bactéria implicada na etiologia da PAC é o Streptococcus pneumoniae (pneumococo) (22%), as bactérias gram- negativas - Haemophylus influenzae, 4%, e Moraxella catarrhalis - e atípicas - Mycoplasma pneumoniae, 18%, Chlamydophila (ou Chlamydia) pneumoniae, 16%, Legionella sp. Patógenos mais comuns na pneumonia adquirida na comunidade (em ordem decrescente) *Influenza A e B, adenovírus, VSR, parainfluenzae metapneumovírus humano; UTI, Unidade de Terapia Intensiva; VSR, vírus sincicial respiratório. A bronquite aguda é caracterizada por tosse secundária à inflamação autolimitada das vias aéreas de grosso calibre, na ausência de pneumonia. Afeta 5% dos adultos anualmente, principalmente nos meses de outono e inverno - os agentes virais (influenza A e B, parainfluenza, VSR, coronavírus, adenovírus e rinovírus) são as principais etiologias da bronquite aguda, porém são isolados em apenas 37% dos casos. As bactérias, principalmente os “germes atípicos” (Bordetella pertussis, Chlamydophila pneumoniae e Mycoplasma pneumoniae), são as responsáveis pela minoria dos casos. Anamnese e Exame Físico Os achados clínicos mais frequentes são: tosse seca ou produtiva (82%), febre (78%), dispneia (40-90%), taquicardia (65%) e estertores (80%). Os agentes atípicos são: M. pneumoniae, C. pneumoniae e Legionella, porém dirigir uma estratégia terapêutica de acordo com a apresentação clínica e radiológica (“típica” ou “atípica”) tem demonstrado falha terapêutica em muitos casos, não sendo indicada. 2 Khilver Doanne Sousa Soares Sintomas da pneumonia VAI, via aérea inferior. Os sintomas iniciais da bronquite aguda assemelham-se aos das infecções das vias aéreas superiores (IVAS). A persistência de tosse por mais de 5 dias sugere fortemente o diagnóstico da bronquite aguda O escarro é purulento em 50% dos casos. A tosse, característica da doença, pode persistir por 4 ou mais semanas (geralmente, 10-20 dias). O diagnóstico da bronquite aguda é basicamente clínico. Deve ser diferenciada da bronquiolite, da asma brônquica, das bronquiectasias, da bronquite crônica e da coqueluche. Na beira do leito, a presença de tosse sem anormalidades dos sinais vitais (taquicardia, taquipneia e febre) sugere bronquite aguda, e não pneumonia, exceto em pacientes idosos. Exames Complementares Radiografia torácica: de todos, é o exame complementar mais importante, essencial para o diagnóstico, avaliação da gravidade e detecção de complicações da pneumonia. Em pacientes com PAC de baixo risco (sem necessidade de internação hospitalar), exames adicionais à radiografia torácica são desnecessários. Progressão radiológica após a admissão ocorre com qualquer etiologia e não deve ser um indicativo de mudança no regime terapêutico, desde que esteja havendo melhora do quadro clínico. A resolução radiológica ocorre de maneira relativamente lenta, muito tempo depois da recuperação clínica, e a resolução completa das alterações ocorre em 2 semanas, após a apresentação inicial na metade dos casos, e em 6 semanas, em dois terços dos casos. Testes indicados para pacientes com pneumonia adquirida na comunidade 3 Khilver Doanne Sousa Soares Exames Laboratoriais O hemograma geralmente não é necessário em pacientes ambulatoriais. Em circunstâncias especiais, pode auxiliar a definir o local de tratamento - ambulatorial ou hospitalar, lembrando-se de que leucopenia (< 4.000 cel/mm3) e plaquetopenia (< 100.000 cel/mm3) são fatores de prognóstico desfavorável. Exames de Pesquisa Etiológica Na suspeita de pneumonia, amostras de escarro devem ser enviadas para bacterioscopia pelo método de Gram e cultura em pacientes internados com PAC, que são capazes de expectorar material purulento e não tenham recebido antibiótico prévio (ou foram tratados, mas sem melhora com seu emprego). O escarro deve ser rapidamente transportado e processado no laboratório. --------------------------- Escore de avaliação CRB-65: C- Confusão mental; R- Frequência respiratória ≥ 30 ciclos/min; B: pressão arterial sistólica < 90 mmHg ou diastólica ≤ a 60 mmHg; + idade ≥ 65 anos. 4 Khilver Doanne Sousa Soares Testes indicados para pacientes com pneumonia adquirida na comunidade (PAC) Sinais de Alerta Escore para Classificação de PAC – PSI (pneumonia severity index) O escore PSI (Pneumonia severity index)10 (Quadro 155.5) soma pontos em todos os possíveis fatores que traduzam aumento do risco de morte. Classe 1 (sem pontuação), classe 2 (≤ 70 pontos), classe 3 (71-90 pontos), classe 4 (91- 130 pontos) e classe 5 (≥ 131 pontos). O PSI sugere que os pacientes das classes 1 e 2 sejam tratados em regime ambulatorial, os da classe 3 sejam observados por algumas horas para decisão quanto à internação e os pacientes das classes 4 e 5 sejam tratados em regime hospitalar. 5 Khilver Doanne Sousa Soares Tratamento Pacientes ambulatoriais (não necessitam internação hospitalar) 6 Khilver Doanne Sousa Soares Pacientes internados Recomendação de vacinas preventivas 7 Khilver Doanne Sousa Soares Critérios para pneumonia adquirida na comunidade grave (um critério maior e/ou ≥ três critérios menores) Agentes Etiológicos da PAC Os típicos são: pneumococo, Haemophilus, S. Aureus. Os atípicos são: Mycoplasma Pneumoniae, Legionella, Chlamydia Pneumoniae. Quanto ao tratamento, os típicos podem ser tratados com B-lactâmicos ou glicopeptídeos e os atípicos são tratados associando B-lactâmicos + macrolídeos ou utilizando-se quinolona sozinha. Apresentações nos Exames de Imagem Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-10- Cisto-em-pulmao-direito-Crianca-com-pneumatocele- sequela-de-pneumonia_fig4_336681357. Pneumatocele -- > S. Aureus. Nestes casos o agente etiológico faz uma “casinha” no pulmão do paciente. Fonte: https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia- por-agente-etiologico/pneumonia-por-klebsiella- 431#gsc.tab=0. Pneumonia do lobo pesado, tem como principal agente etiológico Klebsiella. Fonte: https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia- redonda/pneumonia-redonda-387#gsc.tab=0. Pneumonia redonda, se apresenta como uma “bola fosca” no pulmão. https://www.researchgate.net/figure/Figura-10-Cisto-em-pulmao-direito-Crianca-com-pneumatocele-sequela-de-pneumonia_fig4_336681357 https://www.researchgate.net/figure/Figura-10-Cisto-em-pulmao-direito-Crianca-com-pneumatocele-sequela-de-pneumonia_fig4_336681357 https://www.researchgate.net/figure/Figura-10-Cisto-em-pulmao-direito-Crianca-com-pneumatocele-sequela-de-pneumonia_fig4_336681357 https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia-por-agente-etiologico/pneumonia-por-klebsiella-431#gsc.tab=0 https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia-por-agente-etiologico/pneumonia-por-klebsiella-431#gsc.tab=0 https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia-por-agente-etiologico/pneumonia-por-klebsiella-431#gsc.tab=0 https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia-redonda/pneumonia-redonda-387#gsc.tab=0https://www.pneumoimagem.com.br/imagem/pneumonia-redonda/pneumonia-redonda-387#gsc.tab=0 8 Khilver Doanne Sousa Soares Fonte: https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/casos/5927 /infiltrado_alveolar_bilateral.htm. Necrose parenquimatosa – pneumonia necrotizante: complicação rara da PAC. Tratamento Simplificado da PAC Em casos típicos: B-Lactâmico ou Macrolídeo. Em casos atípicos ou pacientes com tratamento realizado a menos de 3 meses ou com presença de comorbidades: B-Lactâmico + macrolídeo (associação) ou quinolona sozinha. Em pacientes internados: ceftriaxona, azitromicina ou quinolona. Em pacientes internados na UTI (necessária fazer a cobertura de pseudomonas) sempre se realiza a associação de antibióticos: piperacilina + tazobactam – claritromicina, moxifloxacino; todos EV. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ REFERÊNCIAS GUSSO, Gustavo; LOPES, José Mauro Ceratti; DIAS, Lêda Chaves. Tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação e prática. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2019. https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/casos/5927/infiltrado_alveolar_bilateral.htm https://www.medicinanet.com.br/m/conteudos/casos/5927/infiltrado_alveolar_bilateral.htm
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