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Morte celular - NECROSE med_rabiscos

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RESUMO DE PATOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS 
Células com eosinofilia 
aumentada, perda de 
partículas de glicogênio, 
células mortas substituídas 
por figuras de mielina (massas 
fosfolipídicas) 
® Microscopia eletrônica: 
membrana plasmática e 
organelas descontínuas, 
dilatação acentuada das 
mitocôndrias, figuras de 
mielina intracitoplasmáticas 
® alterações nucleares 
 
 
 
 
MORTE CELULAR 
• Acontece quando as funções vitais de uma célula são 
interrompidas 
• Tipos mais relevantes: necrose e apoptose 
• Necrose ® processo patológico 
• Apoptose ® auxilia muitas funções normais e não é, 
necessariamente, associada à lesão celular 
• A persistência com o dano faz a lesão se tornar irreversível 
 
NECROSE 
• Definição: um tipo de morte onde as funções vitais são 
interrompidas/paralisadas de forma irreversível. Ou seja, 
uma sequência de eventos irreversíveis para aquela célula 
• Morte celular: de uma ou mais células; não significa 
perda de função por inteiro, nem do indivíduo 
• Forma “acidental” e desregulada de morte celular, 
resultante de danos às membranas celulares e perda 
da homeostase de íons 
• Lesão nas membranas grave faz com que as enzimas 
lisossômicas entrem no citoplasma para digerir a 
célula 
• Reação inflamatória da necrose: decorrente dos 
conteúdos celulares perdidos através da membrana 
lesada, para o espaço extracelular, causando uma 
reação no hospedeiro ® inflamação 
 
• Etiologia (causa): diversos fatores/agressões podem levar à 
necrose; de natureza física (queimadura pelo calor, 
radiações, acidente automobilístico), microbiológicas 
(bactérias), químicas (substâncias cáusticas); lembrar que a 
causa da necrose é uma agressão ® mas nem toda agressão 
provoca necrose (depende do grau, do tipo, do indivíduo, 
etc) 
 
Necrose é o padrão de morte celular encontrado em diversas 
agressões comuns, como as que se seguem à isquemia, 
exposição a substancias toxicas, varias infecções e trauma. 
 
Causas da lesão celular 
PRIVAÇÃO DE OXIGÊNIO (HIPÓXIA) 
Causa lesão celular por reduzir a respiração oxidativa aeróbica, 
comprometendo na produção de ATP podendo levar a celular a 
sofrer degeneração hidrópica ($ bomba NaK # água) ou 
esteatose ($ ciclo de Krebs # acetil coa # gordura) 
• Degeneração hidrópica e esteatose ® reversíveis 
• Diminuição da síntese de proteínas: $O2 ® #glicólise (pra 
produzir ATP)® # piruvato ® #ácido lático ® $pH ® $síntese 
proteica por causa da condensação do DNA (não faz 
transcrição)® necrose 
• Aumento dos níveis de cálcio: cálcio é armazenado dentro 
das organelas e, para manter os níveis de cálcio baixos, 
existem as bombas (precisam de ATP pra funcionarem). $ 
O2 #níveis de cálcio: provoca a ativação de fosfolipases e 
proteases (degrada membrana e citoesqueleto) 
• Causas da hipóxia: redução do fluxo sanguíneo (isquemia), 
oxigenação inadequada do sangue devido à insuficiência 
cardiorrespiratória, redução da capacidade de transporte 
de oxigênio do sangue (anemia, envenenamento com 
monóxido de carbono, após grave perda sanguínea) 
AGENTES FÍSICOS 
Trauma mecânico, extremos de temperatura, alterações 
bruscas da pressão atmosférica, radiação e choque elétrico 
AGENTES QUÍMICOS E DROGAS 
Substâncias simples (glicose e sal) em concentrações 
hipertônicas podem lesar a célula e afetar o equilíbrio 
eletrolítico; perigo: arsênio, cianeto, sais mercúricos 
AGENTES INFECCIOSOS: alguns exemplos de agentes biológicos 
causando a lesão ® riquétsias, bactérias, fungos, etc. 
REAÇÕES IMUNOLÓGICAS 
• Reações lesivas aos autoantígenos endógenos (doenças 
autoimunes) 
• Reações imunes a agentes externos (vírus e substâncias 
ambientais) 
DEFEITOS GENÉTICOS: causam lesão devido à deficiência de 
proteínas funcionais, como os defeitos enzimáticos dos erros 
inatos do metabolismo ou o acúmulo de DNA ou proteínas 
modificadas, entre outros, disparando morte celular quando são 
irreparáveis 
DESEQUILÍBRIOS NUTRICIONAIS 
• Deficiência proteico-calórica (mais em população 
desfavorecida) 
• Anorexia nervosa (inanição autoinduzida) 
• Excesso também é problemático! 
• Excesso de colesterol ® aterosclerose 
 
Quando falta oxigênio existe um determinado ponto de não 
retorno (se ultrapassa é irreversível). Onde fica esse ponto? 
Quando o pH começa a cair, DNA condensa e o cálcio começa a 
aumentar (não é um ponto bem definido, porque cada célula 
responde de uma forma diferente, mas esses fatores são bem 
preocupantes) ® incapacidade de reverter a disfunção 
mitocondrial e alterações profundas na função da membrana 
 
ASPECTOS MICROSCÓPICOS 
• Alterações nucleares (diagnóstico de necrose é dado por 
aqui) ® núcleo contraído e condensado (picnose 
nuclear: condensação ou contração do material nuclear; 
retração nuclear e aumento da basofilia); fragmentação 
do núcleo picnótico em vários pequenos pedaços, que 
ficam soltos pela célula (cariorrexe – fragmentação); 
ausência total de material nuclear em algumas células 
(cariólise); ação enzimática de endonucleases 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
• Alterações citoplasmáticas: existem, mas são visíveis 
apenas ao microscópio eletrônico (citoesqueleto 
degradado, mitocôndria com alterações morfológicas, 
retículo desmanchando) 
morte celular: necrose 
RESUMO DE PATOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS 
TIPOS DE NECROSE 
Relacionado aos aspectos 
macroscópicos do tecido (cor, 
consistência, etc.)® resultado 
da desnaturação de proteínas 
intracelulares e da digestão 
enzimática da célula lesada 
letalmente 
 
NECROSE ISQUÊMICA/COAGULATIVA 
o Associada a isquemia (falta de irrigação sanguínea) 
o Bloqueio da proteólise das células mortas 
o Ex: infarto do miocárdio (obstrução de artéria coronária por placa 
aterosclerótica – miocárdio pode necrosar); é a necrose de uma 
porção do coração causada pela morte de muitas células 
miocárdicas; infiltrado inflamatório (neutrófilos) 
o Necrose renal: coloração branco 
amarelada (creme); a periferia costuma ficar 
eritematosa (avermelhada); consistência é 
firme 
 
Baço com dois grandes focos de 
necrose; amarelada, periferia 
mais vermelha; a do lado 
esquerdo está um pouco mais 
escura (em alguns órgãos a necrose se 
associa com hemorragia, por isso a 
tonalidade mais escura) 
 
NECROSE POR LIQUEFAÇÃO/LIQUEFATIVA 
o Perda total de estrutura, vista 
pela consistência, que se torna 
fluida ® digestão das células 
mortas, transformando o tecido 
em uma massa viscosa líquida 
o Caracterizada pela formação de pus; 
abcesso; perda total da estrutura tecidual 
o A morte por hipóxia de células dentro do SNC com 
frequência se manifesta como necrose liquefativa 
(infarto cérebro) 
 
NECROSE CASEOSA 
o “queijo”; exemplo típico é a tuberculose 
o Área branca central, tecido desmanchando, 
consistência friável (nem firmes, nem 
liquefeitas) 
o Foco de inflamação: granuloma 
 
NECROSE GOMOSA 
o Raramente encontrada porque 
geralmente o paciente trata antes; 
acontece na sífilis terciária 
o Esses focos podem surgir no fígado, 
coração, etc. muito grave 
o Gomoso pois o tecido fica 
semelhante a goma/cola 
 
ESTEATONECROSE 
o Necrose que afeta tecido adiposo; consistência mais 
fluida, meio amarelada, tipo parafina de vela; comum em 
tumores de mama; não deixa de ser uma liquefação do 
tecido adiposo 
 
 
 
Alterações morfológicas na lesão celular 
A lesão reversível é caracterizada por tumefação generalizada da 
célula e organelas (aumento de volume), formação de bolhas na 
membrana plasmática, destacamento dos ribossomos do RE, e 
agregação da cromatina nuclear ® associado à diminuição da 
produção de ATP, perda da integridade da membrana celular, 
deficiência na síntese de proteínas, e danos ao citoesqueleto e ao 
DNA. 
® quando reversível o efeito é a perda de função celular; 
caminhando pra irreversível vai levar à morte celular (alterações 
bioquímicas, ultraestruturais, à microscopia óptica, morfológicas 
macroscópicas 
 
EVOLUÇÃO 
Progressão clínica; o que pode acontecer depois da necrose? 
 
• Regeneração: recuperação/reestabelecimentodo 
padrão morfológico e funcional do tecido ® para isso é 
essencial que o tecido tenha capacidade de responder a 
estímulos regenerativos; precisa de capacidade mitótica. 
Processo inflamatório com macrófago para remover as 
células mortas da área – por meio de mediadores 
químicos induz a proliferação de novas células, ocupando 
o espaço que tinha sido perdido (regeneração; cura 
tecidual); processo inflamatório, irrigação, fagocitose, 
fatores de crescimento 
• Cicatrização: substituição da área necrosada por tecido 
conjuntivo; não há recuperação completa da forma e 
função; ocorre quando a região não tem poder 
proliferativo adequado (coração). Quando ocorre em 
grande área, consegue fazer a limpeza da região, mas por 
a área do foco ser grande, mesmo sendo no fígado, em 
algumas partes tem que depositar fibra colágena, então 
não regenera completo e deixa cicatriz. Levar em conta 
então o tamanho da lesão e a capacidade proliferativa do 
tecido. 
• Encistamento: quando não consegue limpar tudo e ainda 
fica foco de necrose, o processo inflamatório começa a 
depositar fibra colágena na periferia, para isolar 
(encistamento). Isso não resolve o problema; formar 
cápsula fibrosa ao redor da lesão; muito comum no 
pulmão 
• Eliminação: eliminar/destruir/colocar pra fora. Ex: colite 
ulcerativa com focos de necrose na parede intestinal 
próxima a regial do reto; focos de necrose vão 
fragmentando e podem ser eliminados, mas não resolve 
o problema; é ocasional e dependente da proximidade 
com algum ponto de saída do corpo 
• Calcificação: depositar sais de cálcio naquele foco da 
necrose, principalmente fosfato de cálcio; ex: 
aterosclerose tem a presença de placas que possuem na 
porção central focos de necrose, essas placas podem se 
calcificar. A calcificação pode não fazer diferença ou 
atrapalhar. Se for muito pequeno não faz diferença; 
hipótese de jogar sais de cálcio é tentar equilibrar, fazer 
tamponamento 
• Gangrena: quando um foco de necrose sofre a ação de 
um agente exógeno/externo, sobretudo de origem 
bacteriana. Ex: no pé diabético, que é mal irrigado 
 
 
 
As células necróticas são 
incapazes de manter a 
integridade da membrana, e 
seus conteúdos sempre são 
liberados no meio externo, 
provocando inflamação no 
tecido circundante. 
RESUMO DE PATOLOGIA – TAISE TERRA @MED_RABISCOS 
A regeneração é um tipo de cura que resolve o problema. 
Cicatrizar é curar? 
Se tenho uma cicatriz pequena no ventrículo esquerdo após um 
infarto não atrapalha o funcionamento do resto do órgão (quando 
o foco for pequeno). Se tiver uma grande área comprometida do 
infarto, não cura 100%, ficam sequelas. Cicatriz não recupera forma 
e função, o tecido não é o mesmo, tinha músculo e colocou tecido 
conjuntivo; do ponto de vista de funcionamento pode resolver. 
Depende de onde está e do volume que ocupa, regeneração é o 
ideal, mas cicatrização é o que mais acontece. 
 
Lesão reversível 
• Tumefação celular: surge quando as células se tornam 
incapazes de manter homeostase hidroeletrolítica ® 
resultante da falência das bombas de íons (dependentes 
de ATP) na membrana plasmática. Geralmente é a 
primeira manifestação. Quando em muitas células, 
provoca palidez, aumento do turgor e aumento do peso 
do órgão ® alteração hidrópica ou degeneração 
vacuolar 
• Degeneração gordurosa: manifestada pelo surgimento 
de vacúolos lipídicos no citoplasma ® observada 
principalmente em células envolvidas e dependentes do 
metabolismo da gordura, como os hepatócitos e as 
células miocárdicas 
 
A resposta celular ao estímulo nocivo depende do tipo de 
agressão, sua duração e sua intensidade ® variação para ser 
reversível ou irreversível 
 
Mecanismos bioquímicos que podem ser 
ativados por estímulos agressivos (lesões) 
• Redução dos níveis de ATP: redução do fornecimento de 
nutrientes e oxigênio, danos mitocondriais e ação de 
algumas substâncias tóxicas (cianeto). Prejudica a 
atividade da bomba sódio potássio dependente de 
energia da membrana plasmática (#sódio intracelular 
#entrada de água = tumefação celular e dilatação do RE), 
metabolismo celular energético alterado (glicose 
anaeróbica #ácido lático $pH $atividade enzimática), 
influxo de cálcio, redução da síntese proteica, resposta 
de proteína não dobrada, necrose 
• Danos mitocondriais: abertura do poro de transição de 
permeabilidade mitocondrial (perda do potencial de 
membrana), formação de espécies reativas de oxigênio 
devido a fosforilação oxidativa anormal, aumento da 
permeabilidade da membrana pode levar à liberação de 
proteínas que ativam as vias apoptóticas 
• Influxo de cálcio: # cálcio intracelular – nas mitocôndrias 
irá abrir poros de transição de permeabilidade 
mitocondrial; no citosol ativa enzimas deletérias como 
fosfolipases, proteases, endonucleases e ATPases; 
indução da apoptose (ativação das caspases e aumento 
da permeabilidade mitocondrial) 
 
ESTRESSE OXIDATIVO 
Acúmulo de radicais livres derivados do oxigênio 
• Radicais livres ® possuem um único elétron não 
emparelhado em um orbital externo ® altamente 
reativos!!! (atacam e modificam moléculas adjacentes) 
• Podem ser criados por reações autocatalíticas: 
propagação de danos em cadeia 
• Espécies reativas de oxigênio (ERO): geralmente 
produzidas durante a respiração mitocondrial, degradadas 
e removidas pelos sistemas de defesa celulares 
(transitórias) ® aumento da produção ou diminuição da 
eliminação das ERO provoca excesso de radicais livres ® 
ESTRESSE OXIDATIVO 
• Estresse oxidativo pode levar a: lesão celular, câncer, 
envelhecimento e algumas doenças degenerativas como 
Alzheimer 
• As ERO são produzidas também por leucócitos ativados 
(neutrófilos e macrófagos) durante a reação inflamatória, 
auxiliando na destruição de micróbios, remoção de células 
mortas e outras substâncias indesejáveis 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Existe adaptação celular à hipóxia? 
Sim! As adaptações se referem a célula tentar formar energia 
sem oxigênio, quebrando a glicose de forma anaeróbica, 
mesmo que para um baixo rendimento. Além disso, irá inibir 
a síntese de ácidos graxos, triglicerídeos e esteroides; 
passará a gastar muito mais glicogênio para produzir mais 
energia; formará subprodutos tóxicos, como o ácido lático 
(que irá diminui o pH e afetar o funcionamento enzimático). 
• Ativação do HIF-1: regula a transcrição de vários genes, 
inclusive genes de enzimas da glicólise ® indutor do aumento 
da resistência à hipóxia 
• Eritropoietina ® estimulando a eritropoiese 
• Estimulação de Glut-4: quanto mais desse transportador na 
superfície da membrana, mais chances da glicose entrar na 
célula 
• Estímulo do VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular): 
estimula angiogênese; importante pra hipóxia em uma região 
específica 
 
Quando tem infarto do miocárdio (necrose isquêmica), algumas 
condutas terapêuticas podem ser usadas. Quando tem uma área 
infartada a intervenção é pra tentar voltar com o fluxo e tirar a 
obstrução, reestabelecer a circulação (reperfusão). Por que em 
alguns casos a reperfusão é muito bem sucedida e resolve o 
problema, mas em outros o infarto aumenta, o paciente entra em 
colapso cardiorrespiratório e morre?? 
Isso ocorre quando a degeneração é mais intensa, provocada 
pela hipóxia de duração intermediária, devido a formação de 
radicais livres de oxigênio a partir das primeiras moléculas 
de O2 que chegam ao tecido após a recuperação do fluxo 
sanguíneo. Xantina oxidase transforma O2 em superóxido, 
que irá originar outros radicais que vai peroxidar membranas 
e produzir lesões irreversíveis. Outros fatores são: maior 
captação de cálcio pelas células com o retorno do fluxo, 
aumentando a quantidade desse íon nos tecidos; produção 
de radicais livres pelos leucócitos na parede de vasos, 
prontos para exsudar; chegada súbita de plasma, produzindo 
choque osmótico nas células, cujos mecanismos de controle 
de permeabilidade já estão alterados. 
 
 
PRODUÇÃO DE ERO RADIAÇÃO 
TÓXICOS 
REPERFUSÃO 
O2 H2O2 OHSUPERÓXIDO PERÓXIDO DE 
HIDROGÊNIO 
HIDROXILA 
CONVERSÃO A 
H2O2 PELA 
SOD 
DECOMPOSIÇÃO A H2O POR 
GLUTATIONA, PEROXIDASE, 
CATALASE 
PEROXIDAÇÃO LIPÍDICA ® DANO À 
MEMBRANA 
MODIFICAÇÃO DE PROTEÍNAS 
(QUEBRA, MAU DOBRAMENTO) 
DANOS AO DNA ® MUTAÇÕES 
REMOÇÃO DE RADICAIS LIVRES

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